"Levanta, alguém veio te ver!"
Agachada em um canto da sala de detenção e torturada como um animal, o rosto de Maria se iluminou com esperança quando ouviu que alguém havia vindo vê-la.
Em uma vida anterior, após dois anos no centro de detenção e até o fim, foi apenas Sasha quem veio vê-la. Sua visita não foi por cuidado ou piedade, mas para ver quão miserável ela estava e para atormentá-la. Ela nunca a visitou uma vez sequer durante os dois anos, mas apareceu no último dia para dizer coisas que não a deixariam descansar em paz se ela não tivesse renascido.
Maria não esperava que mesmo nesta vida, a pessoa que estaria esperando do outro lado da placa de vidro para falar com ela no centro de detenção seria Sasha. A felicidade que havia brotado dentro dela se desvanecia ao ver quem era. Geist não tinha vindo vê-la nem mesmo desta vez, ela também não tinha notícias de Daniel.
Ela já tinha aprendido sua lição em sua vida passada, por que a história estava se repetindo para lembrá-la de que ninguém se importava com ela?
"Maria, estou tão feliz que você está bem." Como você está?" Sasha sorriu fracamente, fingindo ser uma flor inocente preocupada com Maria.
Ela e Maria sentaram-se cara a cara; as contusões no rosto desta última mostravam que ela não estava tendo uma vida tranquila na detenção. Vendo o olhar miserável de Maria, seu coração estava feliz e alegre. Ela nunca soube que haveria um dia em que veria que Maria estava presa; ela deve ter sofrido muito! Mesmo que ela notasse que Maria não havia recebido uma grande lesão e ainda podia andar e cuidar de si mesma, Sasha estava apenas satisfeita com seu estado atual. Os oficiais disseram que tinham provas fortes contra dela e não havia como ela escapar desta vez e mesmo que de alguma forma conseguisse salvar-se desta, a reputação deve ter sido completamente arruinada na cidade tornando quase impossível para ela começar de novo.
Maria ouviu as palavras desta última e levantou a cabeça e a olhou com olhos frios, "Por que você está aqui? Eu sei que você não está aqui porque se preocupa comigo, você pode parar seu ato. Não está cansada de fingir tanto?"
O sorriso angelical no rosto de Sasha se endureceu por um momento antes de ficar frio e estoico. Sasha se recostou em sua cadeira e cruzou as pernas arrogantemente diante de Maria; ela não estava nem um pouco senhoril como de costume agora e parecia uma pessoa completamente diferente. Maria teria se surpreendido ao vê-la assim se fosse tão ingênua quanto antes, mas como já tinha visto esse lado dela em sua vida passada, isso não teve muito efeito sobre ela.
Sasha disse, "Você está certa, é realmente cansativo fingir ser boa o tempo todo. Não preciso mais manter a farsa e posso deixar de me preocupar com você. Você nunca apreciou meus esforços para te tratar bem de qualquer maneira; você esta presa por um dia inteiro agora e ninguém apareceu, exceto por mim. As pessoas realmente não devem te querer em suas vidas, haha."
Maria apertou a palma da mão em um punho; mesmo que fosse irritante ver Sasha falar, não havia nada que ela pudesse fazer agora. Ela disse, "Você já terminou? Se sim, então por favor vá embora. Não estou com humor para suas besteiras."
Sasha sorriu friamente, ela estava muito deprimida nos últimos dias por causa dela. Ver seu sofrimento realmente estava trazendo alívio para seu coração e ela queria vê-la ainda mais, "Qual é a pressa, você só está focada em me mandar embora. Deixe sua irmã conversar com você! Você realmente pensou que poderia partir assim depois de me intimidar, certo? Karma é uma cadela, sempre volta para morder você. Você costumava ser tão arrogante e sempre me rebaixava só porque recebia um pouco de atenção de Daniel. Onde ele está agora? Ele nem sequer mostrou a cara para você e te abandonou. Você realmente pensou demais em si mesma, parece que você não significa nada para o Daniel."
Maria lançou um sorriso irônico interiormente; o que ela havia feito a ela era nada comparado ao que Sasha havia feito a ela em sua vida passada. Ela culpou Maria pelo assassinato que cometeu, a fez ser prisioneira e nem sequer deixou seu corpo ser cremado adequadamente. Mas nada disso doía mais do que a traição, ela costumava ver Sasha como sua irmã e melhor amiga. Ela tinha o costume de contar tudo o que estava acontecendo em sua vida e buscar refúgio em seus braços, mal sabia que estava abraçando uma serpente venenosa que a morderia no final. Maria podia perdoar qualquer coisa, exceto isso.
Maria já tinha um plano em mente. Ela queria casar Sasha com Ron Jeremiah contra a sua vontade. Ron era um psicopata e ela sabia que ele a trataria da maneira que ela merecia. Maria queria que Sasha vivesse uma vida sendo torturada a tal ponto que preferiria morrer a viver, assim como ela fez no passado.
Maria não mostrou o menor medo; ela olhou para baixo, observando seus dois pulsos que estavam firmemente presos com algemas e disse: "Claro, o karma é cruel, mas só morde quem merece. Daniel não me abandonou, mana; ele simplesmente não sabe que eu fui presa. Assim que ele descobrir, virá me salvar imediatamente. E mesmo que ele não venha me salvar, eu não me importo, porque sei que ele sempre me achou melhor do que você. Ele me ama tanto que, mesmo que eu o afaste, ele ainda voltará para mim. Não importa o que aconteça, ele nunca vai te amar de volta."
Sasha colocou as mãos nos ombros, franziu as sobrancelhas e olhou para Maria, pensando que ela era muito ingênua. Parece que ela não era a única a usar uma fachada e que até Maria tinha seus lados desconhecidos para as pessoas, "Maria, é bom sonhar, mas não é para ser estúpida. Ninguém vai te ajudar, se quisessem, não teriam demorado tanto. Aqui você só pode cuidar de si mesma. Você estava com outro homem na floresta naquela hora do dia, mesmo que nada tenha acontecido entre vocês dois, tenho certeza que você pode imaginar o que os outros vão pensar. As pessoas estão dizendo que ele é o seu namorado e que você traiu Daniel com ele. Você acha que Daniel vai te poupar se ele descobrir isso?”
O que Sasha disse não foi exagero de maneira alguma e Maria também sabia onde estavam os limites de Daniel. Ele era o tipo de homem que jamais toleraria uma traição, especialmente não da parte de Maria.
Felizmente no meio da desgraça, Daniel estava lá naquela noite e era a maior razão para tudo isso estar acontecendo agora. Ela não precisava explicar nada para Daniel, para ser sincera, ela receberia um tratamento muito melhor do que antes por causa do remorso dele. Ela poderia simplesmente ir embora quando ele chegasse e estava apenas esperando que Daniel recebesse a notícia logo.
Os lábios rachados de Maria se curvaram em um sorriso amargo, machucados como se alguém tivesse esmagado seu coração com uma pedra. Ela se levantou da cadeira e olhou para Sasha com olhos consumidos de raiva.
As mãos algemadas foram notadas por Sasha e seu rosto cheio de orgulho era ainda mais intenso. Ela suspirou levemente e seu tom foi grave, "Não tenho mais nada para te dizer. Os policiais me disseram que é impossível salvá-la, pois têm provas muito fortes contra você. Eles me pediram para convencê-la a confessar, para que pudessem reduzir sua sentença. Eu também não quero que você morra, seja obediente e ouça sua irmã. Confesse seus crimes e nos poupe o trabalho."
Os olhos desdenhosos de Maria encararam Sasha por um momento, seu olhar era tão intenso que parecia que ela iria devorar Sasha viva, "Não está querendo? Claro, você não quer que eu morra já que está satisfeita com minha vida ruim. Você quer ver com seus próprios olhos quão miserável meu destino pode ficar, para que possa me pisar e rir."
Maria tocou a campainha e ergueu a mão, indicando que queria encerrar a reunião familiar. Ela estava esperando por Daniel, não por Sasha, e não queria que seu humor se estragasse.
Antes de Sasha sair da sala de interrogatório, ela disse às costas de Maria que estava de partida em um tom de advertência, "Maria, é inútil você perder tanto tempo. Não seja tão teimosa e confesse! Ninguém está vindo te salvar. Você não pode simplesmente matar pessoas e manchar a reputação de nossa família."
Maria olhou para a aparência feia de Sasha com um sorriso, e sua voz era fria e cruel, "Fique tranquila! Este tipo de sofrimento, um dia você também passará por isso. Não seja tão complacente e guarde sua cara hipócrita."
Sasha saiu da sala de interrogatório sem qualquer ganho, ela não conseguiu fazer Maria confessar e ficou irritada com a atitude de Maria. Pelo menos ela estava presa, o que a fez se sentir um pouco melhor.
O investigador, que estava muito ansioso, perguntou à Sasha sobre a situação assim que ela saiu. A moça disse a eles que não tinha corrido conforme o planejado.
"Droga!" O policial praguejou antes de perguntar, "De onde sua irmã conseguiu aquela arma? Onde ela poderia ter escondido agora?"
Sasha estava patronizada e feliz com a aparência de pena que Maria apresentava agora que se esqueceu de que os policiais queriam fazer algumas perguntas a ela.