Capítulo 2
1225palavras
2024-02-05 19:31
No dia seguinte levantei cedo, coloquei um vestido azul claro, cabelo liso solto, salto e maquiagem então fui direto para alcateia Luz da Lua. Assim que cheguei não vi o Liam em nenhum lugar, sua mãe aproveitou minha presença e me pediu para efetuar diversas tarefas: peguei coisas pesadas, ajudei a carregar vasos grandes com flores, arrumar cadeiras num gramado e com salto, foi difícil.
Após o almoço no inicio da tarde corri para procurar por ele e finalmente o encontrei fora da casa, ele estava com seus amigos, me aproximei sorrindo, eu provavelmente estava suada e com cara de cansada, ele me viu e desviou o olhar com desinteresse, até seu sorriso sumiu.
– Oi Liam feliz aniversário trouxe um relogio da sua marca favorita – Me custou dois meses de mesada– está ansioso para sua primeira transformação? – Perguntei sorrindo o mais doce possivel, um colega puxou ele e cochichou no ouvido do Liam, os dois deram risadas e ele disse em voz alta olhando para mim.
– Sim, ridículo – Então se afastaram, mordi o labio para segurar o choro e sorri.
Pouco depois fomos todos para o lado sul da casa da matilha, onde aconteceria a primeira transformação dele e a primeira corrida como um lobo, todos da matilha participam pois seria uma comitiva de boas vindas ao novo futuro alfa.
Eles deram início, homens e mulheres se transformaram, os demais ficaram na frete da casa assistindo assim como eu.
Liam finalmente chamou seu lobo. A dor da primeira transformação costuma ser descrita como lacerante, a primeira transformação é realmente muito difícil.
Durante o processo Liam se debatia no chão, gritava e chorava. Instintivamente eu corri até ele, com lágrimas que eu nem sabia que estavam caindo. Me abaixei e tentei acalmar ele, ao som da minha voz acalentando ele começou a seder, a se acalmar e finalmente a transformação aconteceu, seu lobo era lindo, enorme, facilmente maior do que qualquer humano, pelagem cinza escuro, com olhos azuis iguais ao do Liam fiquei hipnotizada, ele se aproximou me cheirando, lambeu meu rosto me fazendo sentir cócegas e formigamento, sorri verdadeiramente com a sensação dele se esfregando em mim para deixar seu cheiro, por fim ouvindo o chamado do restante e ele correu para a floresta para encontar os demais. Essa sensação de estar aqui e acalmar sua dor e de seu lobo foi indescritível, felicidade me consumia como em muito tempo não acontecia.
"Meu Liam" pensei. Sim meu, ele seria meu, por toda a vida.
Ao fim da tarde todos voltaram e o lobo do Liam correu diretamente para mim, me cheirando e me circulando me fazendo rir como uma tola.
Quando voltou na sua forma de duas pernas me virei para dar privacidade, enquanto um criado se aproximava e trazia suas roupas.
Ainda de costas ele passou por mim, e foi andando direto para onde estavam os outros, seus amigos se aproximaram e eles se juntaram falando besteiras um para o outro, e sorrindo. Aquele sorriso, ele já foi direcionado a mim mas faz muito tempo.
Fui atras dele mas ele me ignorou, estão Corri até minha mãe e seguimos para a refeição que seria servido ao ar livre para que toda a matilha pudesse participar.
Apesar de estar na mesma mesa ele se manteve distante todo tempo, seu pai propôs um brinde e fez um pequeno discurso, citou nosso casamento e como seriamos fortes juntos fiquei feliz em ser lembrada do nosso compromisso. Ele fechou a cara e dessa forma iniciamos o jantar sem nos falar, eu queria aproveitar um momento a sós para perguntar sobre seu lobo, talvez seu lobo tenha gostado de mim.
Ao final do jantar ele pede licença, levanta e sai, essa seria minha deixa, me levanto, peço licença e vou atrás dele.
Ele entra na casa, e por fim consigo alcancar no corredor eu o chamo e abraço suas costas, sentindo seu cheiro maravilhoso, ele congela um
um momento e puxa meus braços com força.
–Liam ? – pergunto assustada, Ele se vira com raiva nos olhos.
– Para de me seguir, você não percebe que sua presença me incomoda ? Que você não passa de uma obrigação que eu tenho Aurora, exatamente como foi citado pelo meu pai no discurso, que alias zombou de você – engulo em seco e ele continua–Eu não quero ter isso Aurora, eu não sinto nada por...– ele aponta para mim– Eu estou sendo obrigado a isso desde sempre então o momento em que não sou obrigado a estar na sua presença me deixa.... só.... só me deixa em paz – E saiu andando
– Mesmo sendo um compromisso ditado pelos nossos pais eu amo você, talvez se você se esforçar...– não consegui terminar a frase ele voltou e me olhou nos olhos bem de perto.
– Nem termina, não vou me esforçar para nada e não me siga mais – e saiu andando.
Eu quis responder eu juro que quis, mas eu abaixei a cabeça e acenei, na minha mente aquela voz assustadora sussurrava
" Covarde da porra" Não sei se ela disse para mim ou pra ele, de qualquer forma eu nunca diria essas palavras.
Ele por fim me dá as costas e sobe as escadas.
Volto pra fora e me preparo para ficar sentada sozinha girando meu anel no dedo, enquanto meus pais discutem coisas sobre as alcateias, minha mãe conversando percebe meu estado e se aproxima, ela senta ao meu lado ainda conversando com Clarice e passando a mão nas minhas costas acalmando minha ansiedade.
Não vejo mais o Liam e nos preparamos para ir embora, na porta do carro percebo que esqueci meu celular e sob A ameaça de meu pai que fosse logo ou me arrependeria, voltei correndo na casa da matilha para pegar, ao entrar no saguão ouvi conversas na sala de estar.
- Você precisa dar mais atenção a sua noiva - uma voz zombeteira disse rindo, era uma voz masculina, eu não reconheci a voz deve ser de um amigo do Liam.
– So quero que ela me deixe em paz, assim que me mudar dou um jeito de acabar com essa palhaçada- respondeu Liam, fazendo meu peito doer
— Você fugiu mesmo dela hoje. –disse outra voz rindo e continuou–Ela até que é gata eu posso ficar com ela na academia se você quiser. Você não se incomoda? - Insistiu a voz masculina
— Se quiser é sua pode levar embora, ainda te apresento para poupar tempo - respondeu o Liam de forma fria, seus amigos riram, senti meu coração se partir, saí da casa e fui por pela lateral, até chegar aos fundos do jardim, peguei meu celular na mesa e voltei para o carro sem dizer uma palavra.
Minha mãe sentindo minha ansiedade segurou minha mão e disse baixinho –Vai ficar tudo bem, eu estou aqui – Não, não vai ficar, sinto que vou perder ele.
Voltamos para casa, me despeço dos meus pais sorrindo, não posso nem demonstrar tristeza sob o risco do meu pai perceber.
Subo, retiro a roupa e vou direto para o chuveiro, me sento no chão já chorando.
Presa em meus lamentos.
Eu o amo e vou lutar, eu vou conseguir.
Mas vou me dar esse momento, quando passar vou me recompor, mas só por agora vou chorar.
Amanhã será melhor.