"Ritalin, eu disse que conseguiria fazer isso."
Ele se posicionou diante dela, sua altura bloqueava a luz, e seu tom era firme e confiante.
Ritalin apertou seus dedos, baixou os olhos e não disse nada.
O comportamento de Vincent era um pouco cruel. Ela não conseguia imaginar como um homem poderia enviar uma mulher que deu à luz seu filho para outro lugar, mas ela não sentia nenhuma simpatia por Alice. Também não sentiu nenhum alívio em seu coração, na verdade, seu coração parecia morto, sem qualquer sentimento.
Agora, quando ela olhava para Vincent, seu coração não batia mais rápido.
Aquela noite já havia destruído todas as suas fantasias sobre Vincent.
"Venha para casa comigo."
Ele abraçou sua cintura e sussurrou em seu ouvido.
Ritalin olhou confusa para os carros na estrada e perguntou suavemente, "Onde é minha casa?"
Sem amor, como ela poderia ter um lar?
"A propósito," ele parecia muito feliz e emocionado quando a soltou. Ele tirou uma caixa do bolso, tirou de dentro um anel de diamantes, pegou a mão direita dela e disse suavemente, "Comprei um anel novo para você. Não o perca desta vez."
O metal frio passou por seus dedos e Ritalin ficou sem reação. Ela levantou a mão e viu que o anel ainda estava frouxo. Se ela não prestasse atenção, ele cairia.
Vincent ficou surpreso com isso. Ele parecia um pouco envergonhado e disse com uma expressão séria, "Como você perdeu tanto peso? Eu me lembro que era este o tamanho quando nos casamos."
Ritalin olhou para baixo, tirou lentamente o anel e colocou em sua palma.
"Vincent, vamos nos divorciar."
O rosto de Vincent mudou e a sua voz de repente se tornou sinistra. "O que você quer dizer com isso? Já fiz tantas coisas. O que mais você quer?"
"Só quero me divorciar."
Ela nem sequer deu uma explicação e apenas disse de maneira objetiva.
Os olhos de Vincent mudaram algumas vezes. Por fim, ele jogou o buquê de rosas e a aliança na rua. Ele até pisou neles algumas vezes em um acesso de raiva e gritou para Ritalin enquanto apontava para eles.
"O que mais você quer que eu faça? Você pediu para eu prestar atenção em você para então me descartar? Você quer que eu arranque meu coração para te mostrar? Ritalin, por que você é tão cruel? Mesmo que o seu coração seja de pedra, ele deveria derreter!"
Ritalin desviou o olhar e não olhou para ele. Ela matou não só o amor que tinha por ele, mas também perdeu a virgindade que guardou para ele por tanto tempo. Mas agora, tudo se foi, e ela não conseguia encontrar nenhum motivo para amá-lo.
"Bom, legal, perfeito!"
Ele estava tão zangado que acabou rindo. Ele disse três palavras e então lentamente voltou para a beira da estrada, e disse friamente, "Se você puder assistir um carro passando por cima de mim, eu te deixo ir!"
Após isso, ele subitamente se virou e correu para o meio da autoestrada. O rosto de Ritalin mudou de repente…
Vincent ficou parado com os braços abertos. Uma van parou a menos de dois centímetros dele. O barulho alto da van cortou as nuvens, e o coração de Ritalin foi parar, na boca. Vincent olhou para a figura dela correndo e sorriu levemente. Havia um indício de complacência em seus olhos.
Esse maluco!
Ritalin ficou pálida e foi embora.
Vincent ignorou os xingamentos do motorista e correu atrás dela.
"Ritalin!"
Ele chamou o nome dela, mas ela andou cada vez mais rápido.
Vincent rangeu os dentes e a abraçou por trás, pegando-a pela cintura. Ritalin começou a se debater violentamente.
"Me solte, me solte!"
A voz dela tremia. Ele pensou que ela estava chorando, então ele a abraçou mais forte.
"Ritalin, Ritalin..."
Ele chamou o nome dela suavemente, e sua voz era tão gentil que estava além da sua imaginação. Somente quando ele a segurou fortemente em seus braços, ele pôde ter certeza de que ela estava ao lado dele.
Ritalin desistiu de lutar e seus olhos se tornaram calmos novamente. Ela olhou para as ruas movimentadas e disse calmamente, "Vincent, meu amor não é engraçado e humilde a você? Algo que pode tratar como uma piada ou usá-lo para me testar a qualquer momento?"
O olhar de Vincent mudou. Ele agarrou a mão dela, puxou-a para perto, tocou a bochecha dela com as mãos e olhou para seus lábios pálidos, sentindo pena.
"Me perdoe." Ele a segurou em seus braços. "Eu não quero te testar. Só estou com medo de que você vá embora. Ritalin, estou falando sério desta vez. Por favor, me dê outra chance. Desta vez, me deixe te tratar bem. Não há mais ninguém, sem filhos, só você, Ritalin. Me dê a chance de te amar..."
Depois de tantos anos de um amor sem esperança, a flor desabrochou durante a noite. Ritalin não pôde deixar de se emocionar com o momento em que Vincent confessou seu amor por ela.
Alice, o maior obstáculo em seu coração, havia ido embora. Os sentimentos que ela desejou todo esse tempo era finalmente dela. O caminho para o casamento deles parecia estar aberto, mas além da decepção, ela não conseguia mais encontrar o sentimento inicial em seu coração.
Eles poderiam realmente continuar depois de todas as coisas que aconteceram?
...
"Cheguei."
Ritalin desafivelou o cinto de segurança e olhou para trás, para ele. "Volte. Se cuida."
Vincent olhou para as costas dela e seu coração se sentiu vazio. Ritalin estava tão calma demais.
Ele permaneceu em silêncio por alguns segundos, abriu a porta do carro e correu atrás dela.
Ritalin se virou surpresa. "Há alguma coisa?"
Vincent umedeceu os lábios e permaneceu em silêncio por algum tempo. Então ele disse com um certo ressentimento, "Eu não comi nada o dia todo."
Ritalin ficou parada em silêncio, sem falar.
Ela não perguntou o que ele queria comer como de costume. Os olhos de Vincent escureceram e seus lábios se moveram. Ele sussurrou, "Eu quero tomar a sopa de costelas que você faz. Não tem costelas de porco na casa..."
Ritalin pegou seu celular. "Vá para casa. Vou pedir comida para você e mandar entregar no seu apartamento mais tarde."
"Eu disse que quero comer a comida que você faz! Você não consegue entender português?"
O homem ficou sem paciência.
Ritalin parou e olhou para ele. "Se você quer recomeçar comigo, a primeira coisa que tem que aprender é respeito."
Então ela virou a cabeça e entrou no prédio do condomínio.
Vincent a alcançou e segurou sua mão. Após um tempo em silêncio, ele sussurrou, "Eu não desrespeitei você."
Ele a seguiu até o elevador e olhou para suas costas retas e esbeltas, sentindo como se ele estivesse a metros de distância dela.
Vincent não pôde deixar de abraçar sua cintura e enterrar a cabeça em seu pescoço. Ele perguntou com a voz abafada, "Por que você está sendo tão má comigo?"
Ritalin não disse nada desta vez, nem mostrou resistência a ele.
Todas as coisas boas que ela havia feito por ele no passado permitiram que ele a magoasse. Então ela não seria mais tão boba a ponto de entregar seu coração inteiro, pelo menos não agora.
A volta da viagem de negócios de Yvette foi adiada novamente. Ela ainda era a única pessoa no apartamento, então ela não impediu Vincent quando ele a seguiu.
Na verdade, era inútil tentar pará-lo. Ela conhecia Vincent muito bem. Ninguém poderia impedi-lo de fazer o que ele queria.
"Não temos nenhum ingrediente em casa. Você quer um miojo?"
Após lavar as mãos, Ritalin olhou para o homem que estava sentado na sala de estar e não parecia ter a intenção de sair. Ela hesitou e perguntou.
Vincent franziu a testa. Ele era um homem que tinha altos padrões para o ambiente em que vivia. Normalmente, ele nem tocaria nesse tipo de porcaria.
Ele queria fazer algumas sugestões, mas quando pensou na atitude de Ritalin em relação a ele, calou a boca novamente e assentiu a contra gosto.
Ritalin não deixou de notar a expressão dele. Ela fingiu não ter visto e foi para a cozinha cozinhar o macarrão.