Capítulo 37
1780palavras
2024-02-11 11:31
Patrícia
A volta para casa foi péssima, vomitar no meio da rua definitivamente estragou o meu dia, fiquei no carro olhando para o absoluto nada durante o caminho inteiro, enquanto as vozes ao fundo repetiam as mesmas perguntas:
"Como você está, dona Patrícia?","Não se preocupe, chefinha, estamos quase chegando!"," será que ela tá bem?", "Você está melhor?", eu só balançava a minha cabeça mas eu não conseguia falar com ninguém.
Minha cabeça ainda estava tentando aceitar a ideia de estar mesmo grávida, tudo se passava pela minha mente, ficar com a barriga do tamanho de uma melancia, comprar tudo que o bebê precisar, enxoval, lenço umedecido, berço,pensava também em como eu iria expelir essa criança e com o fato de que a dor do parto é considerado equivalente a ser queimada viva ou a quebrar todos os ossos do corpo todos ao mesmo tempo, só de pensar isso me deixava totalmente apavorada.
Como eu faria para cuidar dessa criança?, alimentá lo,dar banho,trocar fraldas, e depois escola, como eu logo eu vou ensinar essa criança a ser uma pessoa de bem, uma pessoa que não faça mal ao próximo, será que eu sou capaz de criar outro ser humano, é claro que se for o caso eu terei a ajuda do Gabriel mas essa possibilidade me deixa muito assustada.
Não é como se eu nunca tivesse pensado em ter uma família e filhos, mas sempre imaginei que seria algo planejado, assim como o meu casamento dos sonhos, tudo seria planejado por mim, além do que pensar em um dia ter um filho é muito diferente de estar grávida.
Eu sempre imaginei que casaria com algum executivo importante que fosse amor à primeira vista e que a gente namoraria por pelo menos três anos antes de finalmente nos casar, sei que o Gabriel é um executivo maravilhoso, mas não é a mesma coisas ficar com alguém que você escolheu amar e amar alguém que basicamente te comprou em troca de uma dívida, não é bem romântico e muito menos mágico e planejado como eu esperava.
Não estou dizendo que eu não amo o meu marido, porque eu o amo, e muito mais ainda sim, nada está sendo do jeito que eu imaginei.
Eu imaginei que teria dois filhos, um menino e uma menina, mas só pensava em tê-los quando estivesse mais velha, bem mais velha tipo uns trinta e cinco a quarenta anos, essa opção com certeza não é mais viável caso eu realmente esteja grávida.
Mas todo esse medo e a indignação por não seguir meus próprios planos não significa que eu não gostei dessa ideia de ter um filho com o Gabriel é que não é exatamente como eu esperei, e se eu realmente estiver grávida,é algo bem precoce, quer dizer nós nos casarmos a pouco tempo e eu já posso estar grávida.
***
Quando chegamos em casa e eu continuo do mesmo jeito,me sentindo a pessoa mais confusa do universo, eu falei para o Gael que estava me sentindo melhor então eu subi as escadas em direção ao meu quarto, tranquei a porta e tirei toda a roupa suja de vômito e fui até o banheiro, decidi tomar um banho um pouco mais longo do que o normal não só por conta de todo o vomito,mas porque eu senti que precisava espairecer.
E enquanto eu estava debaixo do chuveiro eu pude sentir a água morna passar pelo meu cabelo e escorrer por todo o meu corpo o pavor que estava no meu coração foi se dissipando, foi então que percebi que eu não tinha medo de ter e criar um filho, mas do que eu realmente tinha medo é de não ter o apoio do meu marido, será que o Gabriel vai ficar feliz com a notícia de uma possível gravidez?
Não tenho certeza disso, nem sequer sei se estou grávida ou não, é melhor ter certeza primeiro, não quero dar alarme falso no meu marido, então só vou contar sobre isso se eu estiver mesmo grávida.
A água morna daquele banho realmente conseguiu me deixar relaxada, passei tanto tempo embaixo da água que meus dedos ficaram todos enrugados, sai do chuveiro arrastando os pés enquanto me obrigava a sair porque o banho estava tão bom que quase eu não saia da água, já estava querendo dormir um pouco mais.
Escovei os dentes, fiz uma skincare bem básica, sequei o cabelo tudo ainda de roupão e pantufas, depois de melhorar a minha aparência de cansaço, eu vesti um pijama, mesmo sendo muito cedo para colocar um pijama vesti mesmo assim já que é a roupa mais confortável que tenho no meu guarda roupas.Eu pensei em ligar para o meu marido, mas ele disse que foi trabalhar hoje apenas porque tinha coisa importante para fazer.Então decidi não incomodar ele com isso agora, afinal estou em casa, segura e muito bem.
Desci as escadas de pijama, pantufas e um coque alto, um look perfeito para dormir se eu não tivesse no meio da tarde, já que eu não tinha almoçado antes , apenas tinha me empanturrado de doces, fui direto para a cozinha,afinal eu acabei vomitando tudo, então o meu estômago estava completamente vazio.
Eu encontrei um prato coberto em cima do balcão, a dona Marta fez imaginando que eu chegaria morta de fome como sempre,e mais uma vez ela acertou, tirei o pano que cobria e lá estava um mini banquete feito pela dona Marta com muito carinho e amor, assim como tudo o que ela faz.
Um prato imenso de virado à paulista completo, peguei o prato que já estava frio eu acredito que foi porque eu demorei muito tempo no banho, coloquei o prato no micro-ondas por alguns minutos e o cheirinho de comida caseira cobriu toda a cozinha, quase queimei a mão ao pegar o prato,mas conseguir chegar ao balcão antes que eu derrubasse toda aquela comida maravilhosa.Me sentei as presas desejando me deleitar com o sabor maravilhoso daquele prato o mais rápido possível.
A dona Marta me serviu um copo de suco de laranja e colocou do lado do meu prato, e o sabor daquela comida estava melhor do que a aparência mesmo sendo um prato extremamente lindo, me senti tão feliz, comer aquela comida era como estar no céu, por um momento me senti como os pais de Chihiro quando encontram toda aquela comida, eles comem tudo como porcos e acabam virando porcos o que é realmente irônico(do filme a viagem de Chihiro.), eu até que me sinto um porco ultimamente com tudo que tenho comido, a minha sorte é que não vou ser transformada em um porco de verdade, assim posso continuar comendo tranquilamente.
Depois do almoço super atrasado eu comi o último pedaço de pudim que estava na geladeira, mesmo sabendo que vomitei por causa dele mais cedo, eu saí da cozinha correndo para dar uma missão especial e super secreta ao meu segurança particular.Eu tenho certeza que ele vai adorar, porque a menos de uma hora e meia atrás ele estava brincando de 007.
Cheguei até a sala e o encontrei sentada no sofá mexendo no celular, que folga, mas é normalmente no sofá que ele fica depois de verificar se está tudo em ordem na casa e caso eu não precise de nada ele fica ali sentado ou na cozinha se entupindo de café.
Oi Gael!, tudo bem?-tentei dizer de maneira casual para puxar assunto.
Tudo sim patroa, como você está?Não te vejo desde que voltamos da Casa da Esperança, você vomitou tanto que achei que você ia desmaiar! .-ele falou com os olhos esbugalhados.
Eu já estou muito melhor, não precisa se preocupar Gael, e não precisa avisar ao meu marido tudo que aconteceu,agora, porque ele está muito ocupado então você não precisa ligar para ele, tá certo?Ele vai chegar logo logo de qualquer maneira.-Eu tranquilizei o Gael. Eu já estava nervosa, eu não precisava deixar o meu marido nervoso também.
Eu não vou contar a ele, mas só porque eu sei que ele vai chegar logo logo.
Muito obrigada Gael!-Eu agradeci por ele entender a minha lógica.
Não se preocupe, a chefinha , o meu dever é te proteger!-ele respondeu.
Gael preciso que me faça um favor!- Meu coração ficou ainda mais acelerado do que já estava quando iniciei essa conversa,depois que eu pensei no que tinha que dizer.
Do que você precisa?-ele perguntou calmamente.
Eu vou te fazer um pedido muito importante, mas primeiro você precisa prometer que não vai contar pra ninguém, principalmente o Gabriel.
Espera, você está pensando em fugir novamente? Eu achei que voce amasse o Gaba! Eu não vou te ajudar não! Sou muito bonito para morrer, sinto muito mas eu tenho que contar tudo para o Gaba, sabemos o que acontece com quem mexe com a mulher do chefe…-ele começou a dar milhões de desculpas para não me ajudar então eu o interrompi.
Eu não quero fugir seu idiota! Só quero que compre algo pra mim.- eu respondi já ficando muito irritada.
Ah, assim fica mais fácil, o que você quer que eu compre? Eu não vou comprar drogas para você não viu! Pode tirar o cavalinho da chuva, que eu não sou esse tipo de pessoa.-ele falou rindo
Não seu maluco, se tem algum viciado aqui, esse alguém é você, senhor “eu não acordo sem o meu litro de café!”- eu respondi para o viciado em cafeína a minha frente.
Prometa que não vai contar para ninguém, principalmente para o Gabriel, você tem que manter segredo!Me entendeu?- eu o pressionei um pouco, afinal já estava arriscando demais chamando o melhor amigo do meu marido para fazer isso.
Tá, claro, mas fala logo você está começando a me assustar.-ele cruzou os braços esperando eu falar de uma vez.
Preciso que você compre um teste de gravidez para mim!-eu mal acabei a frase e a cara de espanto já estava enorme.
Você ESTÁ GRÁVIDA!!!-ele gritou como se não houvesse amanhã, sorte que não tinha ninguém perto o bastante pra ouvir.
Cala boca, idiota! Se você gritar assim todo mundo vai ouvir você, e eu ainda não tenho certeza se estou mesmo grávida, por isso quero o teste, não quero dar alarme falso para o meu marido e se eu estiver grávida eu quero contar de uma maneira mais legal para o Gabriel.-Eu respondi
Que fofinho, eu vou ganhar um sobrinho!-ele me abraçou com um sorriso largo em seus lábios.
Só vamos saber depois do teste,então vai logo comprar e nada de falar do sobrinho por aí,eu não quero que o Gabriel descubra por outra pessoa.
Certo chefinha!-ele me abraçou de novo antes de sair,e eu tenho quase certeza que vi os seus olhos lacrimejando.