Capítulo 51
1663palavras
2023-12-04 00:01
POV de Leandro
"O que você sabe sobre o Tyler?" Perguntei de forma direta, me recostando na minha cadeira.
"Ele é um babaca," Rayssa afirmou sem hesitação. Eu ri. Pelo menos, podemos concordar em algumas coisas. Ela se levantou e sentou na cadeira na minha frente. "Se mete com as pessoas erradas e usa a Daniela para se livrar dos problemas."
"Como?" Perguntei, imediatamente não gostando para onde isso estava indo. E nem meu lobo.
Alguém tentou entrar em contato comigo pelo link da matilha - algo sobre movimentação suspeita - eu rosnai para eles verificarem e voltei a minha atenção para Rayssa.
"Bom, para começar, ele é o tutor legal dela," ela respondeu, torcendo o nariz com desgosto. "O que significa que ele tem acesso a todas as contas dela, deixando-a basicamente sem um tostão..."
"O quê?!" Não consegui conter o rosnado. Minha mente começou a rodar. De um lado, eu queria estrangular a Daniela por esconder isso de mim e por outro, me xingar por não ter investigado mais. Eu sabia no segundo em que pedi para confirmar a conta que algo não estava certo, mas eu simplesmente não...
Merda!
Eu tinha a conta bancária dele esse tempo todo e nem sabia! Abri meu laptop, acessei a conta e quebrei algumas leis para entrar nela. (O que? Não me julgue! Poucas atividades permanecem dentro da legalidade quando você está liderando uma matilha de lobisomens. Eu era praticamente um hacker expert nesse ponto.)
"Ela não te contou?" Rayssa deu de ombros. "Não me surpreende. Demorei um tempão para descobrir porque ela estava sempre sem dinheiro. E ele é o irmão dela. Se o lobo é conhecido por algo, é que o sangue sempre fala mais alto do que a razão." Ela me lançou um olhar. "Você sabia que ele a espancava?"
Eu rosnai em resposta. Sim, eu sabia, mas esse não era o meu maior problema agora. Haviam enormes quantidades de dinheiro entrando na conta e quantidades igualmente grandes saindo. A última retirada foi de um endereço na Cidade do Pecado; a transferência, no entanto, estava vinculada a uma conta no exterior que eu não conseguia acessar. Eu rosnai. Alguém definitivamente estava pagando ao Tyler por informações sobre como entrar e sair da matilha. E eu estava pronto para apostar minha última ficha que era o Vincenzo!
Mas por quê?!
Outro link mental! Alguém foi encontrado desacordado - eu os interrompi e disse para eles investigarem e procurarem o Manuel se precisassem de mais ajuda.
Me atirei para trás na cadeira. Agora ficou dolorosamente claro que eles estavam atrás da Daniela, mas - POR QUÊ?! E isso tinha algo a ver com aquele exército imaginário que ele estava criando? Por que ele usaria a Daniela para isso?
Eu gemi, massageando a ponta do meu nariz.
"Você sabe de alguma coisa que possa nos dizer se Tyler pode usar Daniela como uma moeda de troca?", perguntei quase em desespero. Tinha que haver algo, mas o quê? Daniela claramente não tinha ideia, ou sabia, mas não achava que era significativo o suficiente para contar a alguém...
"O que você quer dizer?" Rayssa perguntou um pouco confusa, mas logo associou as coisas. "Eles... eles estão atrás dela? Ela é o alvo?!" Eu tentei acalmar meu lobo, lembrando-o de que ela não poderia saber, porque não contamos a ela. "Eu pensei que era apenas..."
"O veneno era para mim", rosnei, tentando manter meu lobo sob controle. "Comigo fora do caminho, ela era um alvo fácil."
"Por que?!"
Isso é o que eu quero saber! Mas, assim que abri a boca para ser sarcástico, Rayssa falou:
"Isso tem algo a ver com aquela tatuagem estranha dela?"
"Tatuagem?" Eu repeti em descrença; até o meu lobo estava curioso agora. Eu tinha visto o corpo dela nu e desprotegido, e nunca tinha visto um único sinal nela, que indicava que ela tinha qualquer tipo de marca.
"Ela tem uma tatuagem nas costas", Rayssa continuou, sem se abalar com o meu ceticismo. Na verdade, ela estava sorrindo, feliz por saber algo que eu não sabia: "Uma que só pode ser vista à luz do luar - alguma coisa de bruxa! Me assustou pra caramba a primeira vez que eu vi." Ela deu de ombros. "Ela disse que era um presente da mãe dela quando ela se transformou pela primeira vez aos 12 anos."
12?!
Lobos normais não mudam até os 14 anos! A não ser que algo traumático aconteça e force o lobo; como no meu caso.
"Alguma coisa aconteceu quando ela tinha 12 anos?" Eu franzi a testa, sem realmente saber o que fazer com essa informação. Dizia no arquivo dela que ela se transformou aos 14 anos. Estava errado? Ou alguém estava mentindo? E uma tatuagem feita por uma bruxa? Eu sabia que bruxas existem e que elas podem lançar feitiços em lobos. Mas por que colocar um feitiço em Daniela? O que a mãe dela tentou esconder?
"Até onde eu sei, não," Rayssa confessou, balançando a cabeça. "Ela apenas se transformou, e a mãe dela deu a ela a tatuagem. Ela disse que contaria tudo a ela quando fizesse 18 anos, mas..." ela suspirou, sentindo o mesmo desamparo que eu. "Lobos mortos não contam histórias."
"Droga", eu murmurei para mim mesmo. E justo quando pensei que estávamos chegando a algum lugar. Talvez se eu perguntasse a Daniela...
"Você se lembra de como ela era?" Eu perguntei. Era um tiro no escuro, mas...
"Sim," ela respondeu para minha agradável surpresa e pegou uma caneta e papel. "Algo como..." ela rabiscou, e realmente chamou minha atenção que ela era de fato uma ótima artista.
"Isso!"
Peguei a foto em minha mão e imediatamente meu queixo caiu.
"Filho da ---!"
Saltei da minha cadeira e a caminho da saída, tentei fazer uma ligação mental com os guardas de Daniela. Nenhuma resposta! Meu sangue gelou. Desesperadamente, tentei alcançar Daniela.
Nada!
"Alfa?" Rayssa perguntou preocupada e tentou me seguir. Pulei as escadas abaixo e saí pela porta. Finalmente coloquei a última peça do quebra-cabeça no lugar. E talvez seja tarde demais!
"Maldição!" Eu rosnei, me amaldiçoando por não prestar mais atenção nas ligações mentais que entravam. Convoquei todos os guardas disponíveis nas proximidades para irem ao hospital. Mas mal terminei a última palavra e os primeiros pedidos de ajuda começaram a aparecer.
O hospital estava sob ataque!
Rosnei e me transformei em meu lobo, antes de partir em direção ao hospital. Vampiros e renegados estavam por todo o lugar. Lutei descaradamente, tentando chegar à minha companheira. Quando matei o último vampiro no meu caminho, olhei para dentro...
Apenas para descobrir que a sala estava vazia!
Merda!
Voltei à forma humana, observando a cena desordenada. Meu sangue fervia de raiva. A raiva e o vermelho cintilavam nos meus olhos. Meu coração batia forte contra o peito.
Impossível! Ela não sabia! Se soubesse, ela teria me dito. Eu sei disso!
Um vampiro solitário atacou, mas eu o peguei em pleno voo. A Sede de Sangue dentro de mim elevou-se a um nível jamais visto. Ele sibilou e implorou. Mas eu precisava matar algo, então arranquei sua cabeça.
Merda!
Finalmente, tudo fez sentido.
Daniela tinha sido o alvo deles o tempo todo! E para Tyler: ela valia uma fortuna e muito mais! Tyler de alguma forma conseguiu fazer um acordo com o próprio diabo: Lucien King! Ele estava para a vida! E uma vez que O Rei dos Vampiros a tivesse, ele iria usá-la para criar o mundo delirante que considerava nosso destino. Um mundo reconfigurado onde o sobrenatural governava os humanos; usá-los como gado. Um mundo onde todos nós nos curvávamos a ele.
E agora que eu sabia o que ela realmente era, eu sabia...
Com a Daniela, ele iria conseguir!
"Alfa?" Um dos meus guerreiros se manifestou. Ele deu um passo para trás assustado quando notou meus olhos.
"Encontre minha companheira!" Eu rosnei, pouco importando se meu segredo vazasse agora ou não.
" Alguém viu os vampiros levarem-na para a floresta," ele se recuperou rapidamente, indicando-me a direção correta. "O Beta Vincent foi atrás deles..."
Manuel!? Eu pausei. Então lembrei que ele havia estado aqui conversando com Angela. Imediatamente me preocupei com ele. Ordenei que alguns dos homens o seguissem e transformei-me antes de percorrer a floresta. Meu lobo nos impulsionando para a frente. Mais rápido do que eu jamais fui antes.
De repente, o ar se encheu com um grito ensurdecedor. Parei morto no meu caminho. O sangue nas minhas veias estava frio como gelo. Meu pulso palpitava no meu ouvido. Minha companheira...!
Então--- Um estrondo alto, fazendo cada lobo se encolher. Disparo de arma de fogo!
Eu cheirei o ar.
Sangue!
Por um segundo meu coração parou.
Manuel...!
Comecei a correr novamente. Mais rápido e mais rápido do que nunca antes. Não parei até chegar a uma estrada deserta. Rapidamente me transformei, observando a estrada vazia à minha frente. Nada ali, só marcas de pneus e uma poça de sangue que pertencia ao meu beta...
"MERDA!"
Eu gritei. Gritei e rugi. Meu lobo queria tomar controle e caçá-los.
"Alfa!"
Era a Rayssa gritando. Assim que ela viu o sangue, ela gritou. Eu a agarrei, a impedindo de fazer o que eu mesmo queria fazer.
"Me solte!" ela rugiu, seu lobo claramente no controle.
"Nós vamos encontrá-los," Eu rugi e instantaneamente, ela e todos presentes se submeteram. Eu respirei fundo: "Nós sabemos onde eles estão, e vamos encontrá-los." Eu prometi a ela e a soltei. Eu via em seus olhos que ela me odiava, e eu não a culpava. Até meu lobo me odiava nesse momento. Mas eu precisava estar no controle. Eles precisariam de MIM para salvá-los. Porque um exército de lobisomens em um assentamento humano gerido por vampiros seria notado imediatamente. Nós não teríamos nossa companheira de volta se eu deixasse meu lobo agir à sua maneira. Eu sabia que precisava ser esperto nessa situação. Eu tinha que ser. Se eu não fosse, eu poderia perder minha companheira para sempre...