POV de Daniela
Desci pulando os degraus, me arrumando para o café da manhã quando eu vi. Havia um pacote perto da porta da frente.
Não pensei muito nisso. Acontecia o tempo todo. Eu até tinha uma firme convicção de que o carteiro tinha medo do Leandro, por isso qualquer pacote entregue neste endereço era deixado na porta.
Cães e seus carteiros, eu sorri. Minha loba rosnou, se sentindo bastante ofendida. Eu só tive que lembrá-la de que qualquer ofensa para ela tinha que passar por mim primeiro. E aparentemente, isso a deixou feliz...
Sacudi a cabeça e levei o pacote para a cozinha. Sentia como se estivesse caminhando em uma nuvem. Eu sei que você deveria odiar as manhãs de segunda-feira, mas de alguma forma--- não, eu sabia exatamente por que eu não podia hoje. Ontem tinha sido incrível! O domingo com a família do Leandro era algo a que eu poderia me acostumar facilmente. Sem mencionar que Leandro cumpriu muito bem sua promessa de me pagar por aquele pequeno rubor que eu causei nele. Aparentemente, ele sabia como controlar suas emoções ---
Não mais, não pode, minha loba meditou, sorrindo um sorriso lobuno. Não consegui conter uma risadinha. Inferno, eu nunca me senti tão feliz, tonta e simplesmente flutuando em uma nuvem---
Para meu amor...
Parei minha pequena parada de alegria e dei outra olhada no pacote. "Para meu amor" estava escrito em um cartão anexado ao pacote.
Respirei fundo. As palavras provocavam algo dentro de mim. Emoções mistas e pensamentos vagavam pela minha mente. "Meu amor" ecoou em meus ouvidos repetidas vezes.
Nós somos a parceira dele, minha loba rosnou, pronta para defender seu título. Mas eu era? E se Leandro percebesse, que--- Minha loba me interrompeu, rosnando alto.
NÓS. SOMOS. A PARCEIRA DELE!
Ela repetiu as palavras com tal vigor que fez meu interior se acender como fogo. Sua paixão e amor pelo parceiro dela, sem serem confundidos. E a sua raiva, ira e medo de traição eram tão reais quanto os meus.
Mas ela estava certa.
Respirei fundo.
Eu sou a parceira do Leandro.
E eu o amo pra caralho!
Se ele estivesse enrolando, eu ia garantir que ele soubesse, eu tinha uma podadeira de sebes!
E com isso, fui até lá, abrindo o pacote.
Eu não sei o que eu esperava. Lingerie ou algumas fotos nojentas --- mas certamente não isso!
Dentro, não havia nada, apenas uma única rosa vermelha.
“Hmm,” eu murmurei, sem realmente saber o que fazer com isso. Eu olhei em volta e notei outro cartão preso à rosa.
Para o nosso amor eterno, Daniela!
O QUÊ?!
Eu li o cartão novamente, para ter certeza de que não o li errado. E então de novo e de novo…
De mim?! Mas eu não --- Eu me senti confusa e um pouco assustada. Que merda estava acontecendo aqui? Será que isso era algum tipo de truque? Um ex-namorado ciumento? Eu sabia que Leandro tinha vários e eu não estava nada ansiosa para conhecer nenhum deles. Poderia ser um deles, tentando me assustar?!
Meu lobo se empurrou para a frente e percebeu que havia algo estranho no cheiro da rosa. Sem pensar muito, eu coloquei a rosa em meu nariz e dei uma cheirada nela.
Foi então que eu senti.
Como se alguém tivesse acendido um fogo nas minhas vias aéreas.
Doeu!
Eu tentei ofegar, respirar --- qualquer coisa para conseguir ar em meus pulmões de novo!
Mas eu não conseguia!
Eu não conseguia respirar…
"Leandro…" Eu tentei gritar. Mas o chamado não foi mais do que um sussurro vago de ar, forçado entre os meus dentes.
Eu entrei em pânico. Lágrimas beliscaram meus olhos e logo, tudo se tornou uma confusão embaçada.
Eu não conseguia respirar.
Era como se o ar se recusasse a se instalar nos meus pulmões...
Eu tentei agarrar o telefone. Eu precisava ligar por ajuda…
Mas foi tarde demais.
Tudo ficou preto. E eu caí numa escuridão feliz.