POV de Daniela
"Você conseguiu um emprego?" Rayssa perguntou, e eu pude sentir minhas bochechas esquentando com cada palavra que ela falava. "Como empregada do Alfa?"
Seu sorriso estava tão largo neste ponto, eu sabia exatamente como o Grand Canyon era.
"Sim," eu murmurei, esperando que a terra se abrisse e me engolisse por completo. O tom sexual na voz de Rayssa e o brilho ardiloso em seus olhos eram simplesmente demais para minhas bochechas ruborizadas. "Eu moro lá também," eu confessei, resultando apenas em um sorriso ainda maior em seu rosto. Eu suspirei. "Por razões práticas— Rayssa! Por que você tem que tornar tudo sexual?"
Ela riu, jogando a cabeça para trás. Rayssa era uma daquelas morenas lindas e baixinhas, que amavam moda e tutoriais de maquiagem tanto quanto adoravam estar em uma camiseta grande pintada e macacão com um lápis na mão. E sim, ela também era aquela vadia, que ficava absolutamente deslumbrante de ambos os jeitos. Às vezes, eu juro, a deusa tem favoritos e Rayssa estava definitivamente no topo da lista dela. Rayssa era deslumbrante por dentro e por fora; ela era gentil, sem tolerar merdas. Generosa, sem ser capacho e uma vadia, sem ser malvada.
Oh, sim, e minha melhor amiga!
Nos conhecemos no ensino médio quando ela transferiu de outra matilha e basicamente estávamos grudadinhos desde então. Descobrimos que a arte era uma paixão comum e, enquanto eu queria me tornar uma arquiteta, ela queria estudar arte. Após o ensino médio, ambas nos inscrevemos na faculdade mais próxima da matilha, porque não queríamos passar pelas burocracias necessárias para estudar em outra matilha. E porque o território não reivindicado (ou seja, a maioria das cidades humanas) era muito arriscado para o nosso tipo.
"Como se fosse difícil neste caso?", Rayssa riu e seus lábios vermelhos, perfeitamente moldados, zombaram de mim, enquanto eu podia ver o travessura formando-se por trás de seus olhos azuis escuros perfeitos. E com certeza, o teatro começou, assim que ela se jogou contra mim e exclamou dramaticamente: "Uma jovem, inocente e sexy empregada. Um alpha belo, perigoso e aborrecido... Por favor! Esta história está basicamente se escrevendo!"
"Você é tão..." eu resmunguei, mas Rayssa não terminou.
"Tudo o que precisa é um dos seus épicos fracassos, caindo em seus braços", ela continuou, agarrando minha blusa de maneira melodramática habitual. "Ele vai te segurar firme, olhando profundamente em seus olhos..." Ela parou de repente e pulou. "Nah, muito século 18... OH! Agora eu entendi", ela sorriu e se virou para mim. Eu não gostei do olhar em seus olhos…
"Um fracasso épico e ele terá que te castigar!"
"Rayssa!" Exclamei assustada. Mas, claro, minha loba safada gostou do senso de humor dela e imediatamente projetou algumas imagens muito inapropriadas em minha cabeça. Eu gemi. Primeiro minha amiga e agora minha loba também? Quanto mais disso eu teria que aguentar? E para completar, eu meio que gostei da imagem do peito nu do Alfa Stuart…
"Ele vai usar sua estatura para tirar vantagem, tornando impossível dizer não, e te prender em seus braços musculosos", Rayssa continuou sua ofensiva enquanto eu escondia meu rosto vermelho como uma lanterna. "Antes de te dar a melhor noite de todas!"
"Meu Deus", exclamei e olhei para minha melhor amiga em choque. No entanto, seu amplo sorriso me fez rir. Ok, eu me rendo! Eu poderia imaginar esse filme!
"Noite de todas? Sério?", eu ri, antes de perceber uma presença familiar atrás de mim.
"Quem está tirando uma folga da vida?" a voz de Matheus soou e eu olhei para o belo beta. Ele estava vestido casualmente, mas seu amplo sorriso pressagiava todo tipo de travessuras. "E por que eu não fui convidado?"
"Matheus!" eu exclamei surpresa e abri espaço para ele se juntar a nós. Era a hora do almoço e, como a tradição exigia, eu e Rayssa nos reuníamos para comer. Como estava um belo dia, escolhemos o gramado. Matheus se jogou entre nós, de forma nada graciosa, e esticou suas longas pernas, como costumava fazer quando namorávamos. Eu não via esse cara há anos e agora duas vezes em uma semana? Qual a probabilidade? Bem, provavelmente agora maiores que eu moro com o Alfa...
"É..." Eu continuei, mas Rayssa é claro que interferiu.
"Daniela está esperando seduzir o Alfa com seu novo emprego de empregada,” ela comentou com um sorriso sarcástico. Para o meu horror...
"Rayssa!" eu exclamei, antes de me virar para Matheus, que já tinha um olhar perspicaz em seus olhos. Meu Deus! Será que dá para morrer de vergonha?! "Eu não...eu juro!"
Eu estava uma bagunça, gaguejando, e para piorar as coisas, o beta caiu na gargalhada.
“Não se preocupe”, ele piscou para mim. "Seu segredo está seguro comigo!"
"Matheus," eu suspirei e escondi meu rosto, rezando para que a terra me engolisse. "Et Tu, Brutus?"
Matheus continuou a rir e foi um pouco estranho o quão rapidamente me senti reconectada a ele. Não romanticamente, mas de alguma forma, ele parecia o mesmo cara por quem me apaixonei no ensino médio. Gentil e despreocupado. Um amigo...
“Sinto em decepcionar você,” ele continuou antes de passar um braço em volta de mim e me dar um aperto amigável. "Ele gosta de meninas com um pouco mais de curvas, se me entende."
Eu franzi a testa para ele, tentando me irritar. Mas de alguma forma, suas palavras foram como uma punhalada no meu peito. Por que?
“Isso pode ser arranjado”, Rayssa piscou sugestivamente.
"Rayssa, eu juro," eu ameacei. "Mais uma palavra sua e eu vou te matar com um grampo de cabelo!"
Mas essa ameaça estava tão vazia quanto um balão inflado e Rayssa apenas riu.
“Acho que não nos conhecemos,” Matheus de repente disse, e enquanto se afastava de mim, estendeu a mão para Rayssa. "Eu sou Matheus Vincent.”
Ela apertou a mão dele, mas parou de rir instantaneamente quando finalmente percebeu. Eu sorri maliciosamente para ela. Bem feito!
“Como...” ela engoliu seco e uma vermelhidão tornou-se visível debaixo de sua maquiagem. "Beta Vincent?"
“Exatamente o mesmo,” Matheus respondeu, e eu podia dizer, ele estava aproveitando a expressão no rosto dela. Eu suspirei. Lobos típicos! Eles sempre adoram soltar uma bomba de poder.