Allison ergueu o olhar, seus olhos brilhando com um toque de sorriso irônico.
— Sr. Justin, sua pergunta é realmente perspicaz. Quem pediu o divórcio não foi você mesmo?
Justin claramente ignorou suas palavras e aproximou-se dela com um ar gélido. Ele perguntou furioso:
— Você tem passado esses dias com ele?
A proximidade permitiu que Allison visse claramente o frio nos olhos dele, sob as espessas sobrancelhas negras, com veias vermelhas riscando o branco dos olhos, seu rosto todo estava impregnado de hostilidade.
Allison negou com veemência.
— Não. Hoje estava difícil conseguir um táxi e, por coincidência, ele estava passando e me trouxe.
Os lábios finos de Justin se curvaram em um sorriso frio.
— Allison, quando você mente, seus olhos tendem a se desviar para cima. Essa mania persistiu até agora e você nunca mudou. Você resistiu por um ano inteiro, e de repente, você abandona seu pai gravemente doente e some apenas para ficar com aquele homem?
Allison não tinha interesse em explicar. Um homem tão inteligente como ele só distorceria ainda mais a verdade com suas desculpas, alimentando seu próprio ego. Portanto, Allison mudou rapidamente de assunto.
— Isso não importa. Vamos prosseguir com o divórcio.
Antes que ela pudesse dar um passo, Justin já estava segurando seu pulso. Embora ele não aplicasse força, Allison sentiu uma dor penetrante. Com uma expressão irritada, lançou-lhe um olhar de desdém.
Justin parecia enlouquecido, sua voz estava gelada e cortante.
— Antes, eu achava que o divórcio seria o melhor castigo para você. Mas agora mudei de ideia.
Allison ficou confusa.
— O que você quer dizer?
Justin olhou para ela com um olhar maligno.
— De repente, decidi que não quero mais o divórcio.
Seus dedos longos acariciaram o rosto dela enquanto ele a observava com frieza dizendo:
— Sra. Howard, isso te deixa feliz?
Duas semanas atrás, a notícia de que Justin não queria mais o divórcio teria deixado Allison feliz. No entanto, após descobrir toda a verdade, o toque dele só causava repulsa.
— Me solte! Justin, eu quero me divorciar de você, agora!
O homem a ergueu sem esforço, aquele porto que costumava protegê-la dos ventos e tempestades agora a deixava com uma resistência incansável.
— Me largue, Justin, você ficou louco!
A discrepância de força entre um homem e uma mulher era enorme, e a atual Allison estava frágil como papel, sem resistência contra as mãos de Justin.
Ele a colocou no banco de trás do carro, e toda aquela luta para Allison era como um exercício extenuante. Ela estava ofegante, respirando com dificuldade, e com esforço conseguiu falar:
— Justin, o que você pretende fazer afinal?
— O que eu pretendo fazer?
Ele puxou a gravata que o incomodava, um olhar zombeteiro cruzando seus olhos frios.
— Allison, o que eu quero é ver você sofrer. Você acha que sou idiota o suficiente para te deixar fugir com outro homem? Eu realmente subestimei você. Você diz que nunca ia se divorciar de mim e logo encontrou outro homem assim que virei as costas você está tão desesperada assim?
A cabeça de Allison latejava, ser provocada dessa forma fazia seu coração sentir como se estivesse sendo espetado por agulhas. Ela mordeu o lábio e disse com dificuldade:
— Você sempre quis o divórcio, e agora que estou concordando, por que essa mudança? Você já foi infiel a mim há muito tempo. Mesmo que eu me envolva com outro homem, qual é a sua relação com isso?
No instante seguinte, ele ergueu o queixo dela com firmeza, sua voz sem uma ondulação:
— Neste mundo, qualquer um pode encontrar a felicidade, exceto você, Allison. Entendeu?
Os olhos indiferentes dele encontraram os dela, e seus olhos escuros pareciam exercer uma pressão silenciosa. Sua voz era impiedosamente cruel quando anunciou:
— Se você vai se divorciar ou não, quem decide sou eu.
Conforme ele se inclinava, a gravata deslizou, caindo ao lado do rosto de Allison. O sobretudo de lã fino estava impecavelmente liso, sem um único vinco. Sua postura soberba parecia sugerir que ele via o mundo como um reino de formigas.
Essa percepção foi confirmada quando o carro virou na faixa de segurança. Os olhos de Allison fixaram-se na fila de carros à sua frente e, surpreendentemente, na frente da fila estava um Cayenne que havia batido na barreira.
Não era esse o carro de Noah?
Será que ele sofreu um acidente depois de a deixar? O rosto de Allison empalideceu, e ela gritou alto:
— Pare o carro!
Ryan, por mais tolo que fosse, sabia que não podia parar o carro agora. Ele se fingiu de surdo.
"Não ouvi nada, não ouvi nadinha de nada."
Allison tentou abrir a porta do carro à força, mas Justin puxou seu pulso com força, trazendo-a para perto dele.
Ela ouviu a voz tranquila do homem:
— O que aconteceu? Sentiu pena?
— Você ficou louco seu lunático? Noah apenas foi gentil comigo porque é um bom amigo e ele está cuidando do meu pai no hospital. Não tenho nada com ele. Por que você está fazendo isso?
Justin esticou a mão lentamente, as pontas dos dedos frios traçando o contorno do rosto dela, sua voz saiu fria:
— Porque... Quanto mais você sofre, mais eu me sinto bem.
Allison puxou a camisa dele com uma força debilitada, cheia de raiva, mas seu corpo já havia esgotado todas as forças. Ela tentou se manter em alerta e disse com determinação:
— Justin, meu pai ajudou Clarice nos estudos. Mesmo que haja algum relacionamento entre eles, acredito que ele nunca faria mal a ela.
Mencionar esse nome fez o rosto de Justin mudar drasticamente. O sorriso frio desapareceu num instante, substituído por raiva. Ele puxou o corpo de Allison com força e disse rangendo os dentes:
— Quem você pensa que é para mencionar esse nome?
— E quem eu sou para não mencioná-lo?
Ele a empurrou fortemente, as costas de Allison bateram com força na porta do carro, seu corpo já enfraquecido parecia prestes a ceder. Ela se apoiou com dificuldade, resistindo à dor que vinha de dentro de seus ossos.
Justin estava claramente sensível a esse nome. Era óbvio que ela estava certa. Clarice era sua irmã desaparecida. No entanto, Allison não tinha energia para questionar nada naquele momento. Ela fechou os olhos, tentando acalmar suas emoções e afastar a sensação de desconforto em seu corpo.
Neste momento, mal tinha forças para discutir, só podia encolher-se no banco, abraçando-se.
Felizmente, antes de sair, havia passado um pouco de blush e batom, para esconder a palidez de seu rosto.
Vendo que ela não estava disposta a continuar, Justin presumiu que ela estava apenas sendo teimosa e parou de prestar atenção. No entanto, seu coração continuava a bater descontroladamente.
O carro chegou à Mansão dos Howard. Allison estava extremamente fraca e nem mesmo queria se mover.
Justin já tinha saído do carro, e Ryan abriu a porta gentilmente, perguntando em voz baixa:
— Senhora, não está se sentindo bem?
Antes que Allison pudesse negar, Justin estava de pé do lado de fora, olhando de cima com sarcasmo:
— Usando os mesmos truques repetidamente. Acha que fingindo ser frágil vou ceder?
Nos últimos anos, de fato, ela havia usado a "estratégia de fragilidade" para tentar reconquistar Justin. Mas agora, ela realmente estava frágil, e ele já não acreditava mais nela.
Após alguns segundos, vendo que ela não saía do carro, ele ficou impaciente:
— Se não quer que eu mexa com a família Carlisle, é melhor sair imediatamente.
Carlisle era a família do Noah. Allison havia acabado de enviar uma mensagem para Noah, mas ainda não tinha recebido resposta. Ela não sabia como ele estava após o acidente. Com os dentes cerrados, saiu do carro.
Assim que seu pé tocou o chão, um vento frio a atingiu de repente. Allison sentiu as pernas fraquejarem, sua visão escureceu e ela desabou no chão.