Capítulo 37
1510palavras
2024-11-12 05:22
Era mais uma noite no Devil’s Head, o bar estava lotado mesmo que fosse uma segunda a noite, as groupies que cercavam os caras do clube estavam sempre por ali, fazendo o lugar sempre estar em festa.
Mas pra mim era apenas mais uma noite de merda, tentando me esquecer de Maria me afundando no fundo de uma garrafa, mesmo sabendo que não adiantaria de nada, bastava uma pequena coisa para me lembrar dela.
O Devil’s era o único lugar onde eu não tinha criado uma memória com ela, talvez por isso eu estivesse passando tanto tempo ali.
— Onde Brutos foi que não o vi reclamando até agora? — perguntei a um dos caras que estava no bar, estava precisando de distração e Brutos era ótimo pra isso.
— Ele saiu ainda era cedo, não tenho ideia onde ele foi.
— Talvez só esteja cansado dessa sua cara feia. — Denis exclamou chegando por trás de mim e me chacoalhando pelos ombros.
— Duvido muito, ele já está acostumado com a sua. — empurrei o idiota, mas quando me levantei soube que seria como uma intervenção, todos estavam rodeados a minha volta. — O que foi agora?
Todos ficaram calados, um esperando pelo outro tomar a frente e falar algo, até que Ana tomou a frente.
— Só queremos saber até quando vai durar esse seu estado de sofrimento e quando vai tomar uma atitude.
Eu estava cansado de todos me perguntando aquilo, já deveriam saber que eu não tinha o que fazer, por mais atitude que eu quisesse tomar não ia fazê-lo, não ia machucar Maria ainda mais.
Parecia até que eles não se importavam com o que eu estava sentindo, começava a dar a impressão de que eles só queriam que eu parecesse bem, independente de como me sentia por dentro.
— Vão começar de novo com essa história?
— Cara, só estamos tentando te ajudar. — Kai disse se aproximando. — Maria está sofrendo como você, então porque não coloca um fim nisso?
— E que tal se eu colocar um fim nessa conversa chutando o seu traseiro? — rosnei farto daquela conversa.
— Acho bom estar pronto para apanhar hoje! — a voz de Maria invadiu meus ouvidos, mas só podia ser um delírio. Porém quando abriram caminho meus olhos avistaram a baixinha que habitava em meus sonhos. — Porque o único que vai ter a bunda chutada aqui é você!
Era ela! Bem ali no meio de todos aqueles malucos, no bar que eu cresci, Maria estava ali com as mãos na cintura e me olhando cheia de raiva.
Então meus olhos se focaram no homem atrás dela, é claro, Brutos tinha que fazer aquela idiotice!
— O que você fez seu babaca? Porque a trouxe aqui?
— Não, não. Vamos resolver tudo brigando lá fora. — ela insistiu indo para os fundos junto com ele e com os outros.
— Eu não vou brigar com você, Maria! Ficou doida? — eu tinha que dar um jeito de manda-la ela embora antes que eu fizesse alguma besteira e esquecesse o pai dela. — Porque veio até aqui? Não temos mais nada pra conversar e não vai demorar para que minha garota chegue...
— Pelo amor de Deus, Miguel! Acabe com essa merda, as únicas garotas que tem visto nessas duas semanas são as suas mãos que secam suas lágrimas! — Laura gritou me interrompendo. — Agora vamos logo lá para fora, quero vê-la chutar seu traseiro.
Segui Maria querendo convencê-la a ir embora, ela conversava com Brutos quando eu cheguei bem perto dela, podia até sentir o perfume dela e o cheiro dos cremes que usava no cabelo.
— Maria, me escute...
Não consegui terminar de falar, pois ela se virou me dando um soco bem no olho. Porra não imaginava que minha pequena podia ser tão forte, mas definitivamente me fez ver estrelas e não de um jeito bom.
— Porque mentiu pra mim? Porque preferiu inventar uma história ridícula ao invés de me contar a verdade?
Brutos babaca, eu ia quebrar a cara dele.
— Eu não... — tentei negar e outro soco, dessa vez bem na altura do meu estomago.
Não me lembrava dela já ter dito que sabia brigar daquele jeito, mas agora estava fazendo uma notinha mental de me lembrar disso.
— Não tente negar, eu já falei até mesmo com meu pai. — ergui o rosto com pressa, querendo ter a certeza de que ela estava falando a verdade. — Só quero entender porque mentiu pra mim, preferiu me magoar.
— Sinto muito, não queria te magoar, mas não tive escolha... — mais um soco, dessa vez acertando em cheio minha boca.
Senti o gosto de ferrugem invadir minha boca quando a pele se rasgou ao bater contra os dentes. Mesmo com os olhos marejados e parecendo um tanto vulnerável, ela era forte como uma leoa.
— Você disse que nunca brincaria com meu coração e foi exatamente o que fez! — Maria gritou e empurrou meus ombros. — Diz que não tinha escolha, mas que tal me contar a verdade?
— Não queria que você e seu pai brigassem ou que você ficasse desapontada com ele.
— Desapontada? Eu estou chocada sim, mas sei bem que ele é capaz disso. Me deixar no escuro, sendo enganada por vocês dois, só faz bem a vocês dois e não a mim. Ele faria isso de novo e de novo, com qualquer um que viesse depois de você, porque eu o conheço. — ela sacudiu a cabeça e uma lágrima solitária escorreu por sua bochecha. — Mas você... eu esperava que fosse verdadeiro comigo, que me contasse a verdade por mais difícil que fosse. Achei que estávamos juntos pra valer!
— E estávamos meu amor. — estendi meus braços querendo abraça-la. Achei que tinha sido difícil terminar com ela, mas ver minha rainha machucada daquele jeito estava acabando comigo.
— Não, não estávamos! — ela gritou me empurrando para longe, mas sem conseguir me afastar nem por um centímetro. — Você mentiu pra mim, me deixou pensar o pior, acabou com meu coração e pareceu nem se importar!
— É claro que me importo, me importo com tudo sobre você meu amor. — tentei tocá-la, mas ela estapeou minha mão para longe. — Só acreditei que odiar o homem que conhece a pouco tempo, era melhor do que odiar o seu próprio pai.
— Agora eu odeio os dois, não tinham o direito, nenhum de vocês. — Maria parou a minha frente e suspirou, não sei se por cansado ou se porque estava desistindo de brigar. — Os dois quiseram fazer escolhas por mim, tanto ele quanto você tiraram de mim o direito de escolher! Sabia que eu vou abrir um novo restaurante em alguns meses? Se meu pai queria tirar esse de mim não seria o fim do mundo.
Esfreguei meu cabelo sem acreditar naquilo que ela estava dizendo.
— Mas mesmo com isso, você estaria com raiva dele por te forçar a algo que não quis.
— E veja onde estamos agora. — Maria bufou mostrando que não havia desculpas para mim, eu tinha errado e ponto. — Bem, eu vou dar a vocês o que tiraram de mim, uma escolha. O que você quer Miguel, vai ceder a vontade dos outros e ameaças, me escondendo a verdade com esse senso errado de proteção? Vai continuar a escolher por mim no futuro?
Sacudi a cabeça ferozmente, ela tinha provado todos os pontos essa noite, mostrando que era mais forte e esperta do que eu havia imaginado.
— Nunca mais, daqui em diante é você quem manda. Eu até diria se você me aceitar de volta, mas não tem realmente opção, já que agora que sabe da verdade eu não sairia do seu lado até que cedesse e aceitasse me dar outra chance. — puxei ela pela cintura, querendo sentir seu corpo colado ao meu, necessitando beijá-la, mas minha rainha me empurrou para longe antes mesmo que eu a beijasse.
Todos sorriram e eu ouvi alguém me zoando, mas eu não me importava, só o fato de ter ela valia qualquer xingamento, zoação e até surra.
— Acho bom você pensar desse jeito, porque tem mais uma notícia pra te dar. — Maria levou as mãos a barriga me deixando confuso. — Will vai ganhar um irmãozinho ou irmãzinha.
Olhei o rosto dela procurando indícios de brincadeira e então olhei em volta, não ia suportar uma pegadinha daquela sem me encher de vontade de engravidá-la de verdade.
Todos estavam tão surpresos quanto eu, menos Brutos, que parecia já saber da notícia, aquele desgraçado!
— É verdade? Você está mesmo grávida? — questionei voltando para ela e Maria concordou com a cabeça com um sorriso enorme e eu fui ao chão, cai de joelhos na frente dela e enfiei meu rosto contra a barriga dela. — Oh porra, não pensei que eu podia ser mais feliz do que já era, mas você acabou de me mostrar que eu estava errado!