Capítulo 29
1515palavras
2024-11-12 05:18
Maria vinha estando nervosa por vários dias, pensando sobre como sua família reagiria quando nos conhecêssemos e eu vinha tentando tranquilizá-la, sempre fui bom com pais, talvez as tatuagens e meu cabelo grande causassem uma má impressão no começo, mas nada que um pouco de conversa não resolvesse.
Mas assim que chegamos e encontramos a irmã dela eu entendi o que ela queria dizer, o olhar em cima de mim não foi nada discreto e quando as duas desapareceram eu podia imaginar o tipo de conversa que estariam tendo. Mas não quis pensar naquilo, nada iria estragar essa noite, era a festa dos pais de Maria e a primeira vez que ela trazia um cara para apresentar a família
A cerimonia da renovação de votos foi rápida e ainda sim bonita, eles pareciam um casal apaixonado de verdade, o que me lembrou das palavras de Maria no outro dia: meus pais são o casal mais apaixonado que já conheci, ainda sim nunca me vi amando alguém assim.
Por isso quando ela sussurrou que me amava depois de me beijar na frente de todos, eu fiquei surpreso e feliz.
— Eu te amo, minha Rainha. — agarrei o rosto dela e voltei a beijá-la, queria agarrar ela e levá-la daqui para um lugar onde eu pudesse fazê-la gemer enquanto repetia que me amava.
— Maria Nascimento! — uma voz masculina atrás de nós fez com que ela pulasse se separando de mim no mesmo instante.
Um senhor alto e forte, com alguns fios brancos no cabelo curto e na barba, ele nos encarava com uma expressão nada boa. Os olhos castanhos eram iguais aos de Maria e pela forma que os dois se encaravam as coisas não iriam ser nada boas.
— Pai! — Maria abriu um sorriso largo e correu até o homem, ela jogou os braços em volta dele que retribuiu o abraço, mas seus olhos se focaram em mim, que estava logo atrás dela. — Foi linda a cerimonia, está tudo perfeito.
— Foi sim filha. — ele deu dois tapinhas nas costas dela antes de se afastar, tudo sem deixar de me olhar. — Não me contou que traria um amigo.
Maria se virou me encarando e forçou um sorriso nos lábios antes de estender a mão, querendo que eu fosse até eles.
— Pai esse aqui é o Miguel, o meu namorado. — dei meu melhor sorriso e estiquei a mão para cumprimenta-lo.
O homem me olhou de cima a baixo, por sorte a roupa que eu estava usando me fazia parecer uma boa pessoa, tirando algumas tatuagens que ficaram expostas na minha mão.
— É muito bom conhecer o senhor, Maria falou muitas coisas a seu respeito. — falei ainda com minha mão estendida, cogitando se seria melhor retirar ou esperar até que ele dissesse o que queria.
Mas depois de olhar a própria filha ele aceitou o aperto de mão e me deu um sorriso pequeno, o aperto foi mais forte do que o necessário eu diria, mas tentei pensar no que faria se fosse um marmanjo dizendo estar namorando uma filha minha, provavelmente faria coisa pior.
— Que bom que ela falou de mim, porque não me contou nada sobre você. — o homem deu uma olhada na filha, que mostrava o quão seria a conversa entre eles seria. — Espero que curtam a festa.
Ele estava se afastando de nós quando Will puxou minha blusa me chamando.
— Pai, o joguinho travou. — reclamou batendo no celular de forma impaciente. — Podemos ir embora agora?
O homem se virou rapidamente olhando para meu filho e de volta para Maria, parecendo ainda mais inconformado. Eu entendia ser protetor com a filha, mas tratar ela como se fosse uma criança era de mais, Maria já tinha vinte e cinco anos.
— Ei lindinho, a festa vai começar agora. — ela se abaixou na frente de Will e bagunçou o cabelo que estava perfeitamente alinhado. — Vem, vou te apresentar aos meus primos.
As pessoas começaram a se animar, todos se serviram do bufe e então começaram a beber e dançar animadamente. A família de Maria era grande e os irmãos dela não pareceram tão surpresos ao me conhecer, provavelmente porque ela contou sobre nós.
Tudo estava em paz, Will se divertindo correndo com as crianças, nós comíamos e conversávamos, até que ela me apresentou a mãe.
— Mãe, esse é o Miguel...
— Ahh sim, o namorado que seu pai me falou. Vem aqui filho, me da um abraço. — ela me puxou para um abraço caloroso, bem diferente do marido, que ainda me encarava.
— É um prazer conhecer a senhora...
— Senhora não, pode me chamar de Elena. Minha filha não me disse nada sobre você, e por isso nós duas vamos ter uma longa conversa depois mocinha, mas eu sei que se conseguiu conquistar o coração dessa menina então é uma boa pessoa.
Não consegui conter o sorriso, podia dizer com certeza que dona Magda e ela se dariam muito bem.
— Sua filha é duro na queda, mas eu consegui dobrar ela e entrar nesse coração. — puxei Maria pela cintura, ela parecia estar sem jeito com a conversa que eu e sua mãe estávamos tendo, mas eu não me importava, estava feliz de mais para isso. — Agora ela não me escapa.
— Fico feliz em ouvir isso. — dona Elena segurou nossas mãos e deu dois tapinhas. — Estava na hora dessa minha filha casar.
— Mãe, não vamos... — ela não ficou para ouvir o resto da negativa da filha, apenas saiu dando risada.
— É agora eu sei de onde vem sua personalidade. — murmurei sorrindo e ela me deu um empurrão, tentando me desestabilizar.
— Vem, vamos dançar motoqueiro, quero ver do que você é capaz.
— Haha, boa tentativa, mas eu não sei dançar Rainha, não tem chance de me ver fazendo isso.
Ela fez uma carinha de tristeza que não funcionou, então se virou puxando Will pela mão e o levando até a pista de dança. Os dois começaram a pular e girar em uma dança maluca e fora do ritmo enquanto eu me sentei para assistir a cena.
Will estava cada vez mais apegado, a cada dia que passava ele sentia mais necessidade de estar perto dela, de vê-la. Mas eu não tinha mais medo que Maria quisesse sair das nossas vidas, ela o amava e eu conseguia ver isso.
Finalmente minha vida estava entrando nos eixos novamente, o que dona Elena disse ficou na minha cabeça: casamento. Não sei se era só pela festa a nossa volta, ou se por meus sentimentos aumentarem a cada dia, mas a ideia começou a se enraizar em minha mente.
— Você parece um homem de bem. — a voz ao meu lado de surpreendeu e eu me virei para ver o pai dela ao meu lado. — Mas não é o homem certo pra minha filha.
— Senhor...
— Apenas me escute. — falou me interrompendo, sem deixar a pose calma e o sorriso para as pessoas a nossa volta. — Maria merece alguém sem uma bagagem tão grande e a julgar por seu filho, as tatuagens e sua idade, que claramente é bem mais que a dela, você tem uma grande bagagem. Você é pai, então me diga se não quer apenas o melhor para o seu filho?
— É claro que eu quero, eu faria tudo por ele.
— Isso mesmo, eu faço qualquer coisa pelos meus filhos e quero o melhor pra eles. Maria está prestes a expandir o restaurante, tem uma casa, um negócio de sucesso e tem apenas vinte e cinco anos, tem a vida inteira pela frente. Agora me diga, o que aconteceria com ela se acabasse se casando com você, ou pior engravidando. — mordi os lábios voltando os olhos para os dois na pista de dança e finalmente entendendo sobre o que ela falava. — Eu vou te dizer o que acabaria acontecendo, ela iria largar tudo pra se dedicar a isso, suas conquistas parariam no tempo e eu não quero isso pra ela.
Respirei fundo usando todas as minhas forças para não xingar o homem ou começar uma briga bem ali.
— Então se entendi bem, o senhor está me pedindo que termine com sua filha?
— Pedindo não, só estou fazendo uma sugestão. Conheço bem minha filha para saber que se falasse sobre isso com ela, Maria transformaria esse relacionamento em sua razão de viver, por isso vim fazer essa conversa de homem pra homem. — ele se levantou e colocou a mão em meu ombro. — E espero que você mantenha entre nós.
Inferno, eu não pude dizer nada, só podia ficar ali fingindo que nada tinha acontecido, que o pai da minha namorada não tinha me mandado terminar com ela e ainda sem dizer o motivo.
Mas eu sabia de uma coisa, não ia fazer o que ele queria. Ele tinha razão em dizer que Maria não terminaria por um pedido dele e eu faria o mesmo.