Capítulo 25
1461palavras
2024-11-12 05:16
Acordei e me recusei a abrir os olhos já que não tinha um menino pulando em cima de mim me chamando para almoçar, mesmo que o barulho do lado de fora afirmasse que a família toda já estava toda aqui.
Em vez disso senti um corpo se aconchegar contra mim, nem precisava abrir os olhos para saber que era Maria. Já estávamos juntos há um mês e eu conhecia bem aquelas curvas mesmo no escuro.
O quadril se esfregou contra o meu enquanto suas costas pareciam querer se fundir ao meu peito. Sabia bem o que ela queria. Desci minha mão por sua cintura e espalmei a mão em seu abdômen, segurando seu corpo firme contra mim. Era assim que tínhamos nos acostumados a dormir sempre que estávamos juntos, não importava a posição, conchinha, de bruços, ela por cima, eu tinha que estar com as mãos em sua barriga a segurando firme.
Aproximei meu rosto dela sentindo o cheiro do óleo que ela adorava passar no cabelo, não me pergunte para o que, Maria tinha me explicado, mas eram tantas coisas que ela usava que me deixavam confuso. Sempre me contentei em passar shampoo e estava bom de mais, condicionador eram nas raras vezes que eu lembrava ou em alguma ocasião especial que me obrigasse a pentear os cabelos.
Afastei os cachos cheios para o lado e beijei sua nuca, recebendo o resmungo doce já esperado por estar incomodando ela em seu sono. Continuei com a carícia, os lábios despretensiosos passeando por trás de seu pescoço, espalhando beijos, arrepiando sua pele enquanto minha mão descia um pouco mais.
Mas uma risadinha fez nós dois despertarmos rapidamente.
Maria ergueu a cabeça tão rápido que por pouco não me acertou e lá estava Will nos encarando com o celular na mão e um sorriso inocente no rosto.
— O que você... — não sabia nem o que perguntar para o garoto.
Era uma sorte que não estávamos fazendo nada mais indecente, mas ele poderia ter nos pegado em uma situação bem não ortodoxa e eu ainda não estou pronto pra explicar pra ele de onde vem os bebês.
— Hora de almoçar! — ele gritou e jogou o celular na cama entre nós dois antes de correr para fora.
— O que foi isso? — Maria questionou com a voz ainda sonolenta, mas o rosto bem desperto agora.
Pesquei o celular e deslizei a tela, apenas para dar de cara com fotos embaçadas de nós dois agarrados dormindo pacificamente. Em algumas dela Miguel tentou colocar o rostinho junto fazendo uma selfie, mas tinham saído ainda mais tremidas.
Até que achei uma perfeita, nós três juntos, meu braço por fora do lençol abraçando o Maria, enquanto ela estava escondida nas cobertas até o pescoço e minha bochecha descansando em sua cabeça.
— Ficou linda. — Maria sussurrou apoiando a cabeça no meu ombro. — Um minuto a mais e ele teria pegado você com as mãos em um lugar que não devia. — a diaba gargalhou me perturbando com a verdade.
— Acho ótimo mesmo que esteja de bom humor, porque minha família está toda lá em baixo. — o sorriso dela morreu na mesma hora e a vi engolir em seco.
Ela não queria conhecer minha família por medo, eu sabia bem disso, a cada dia que as coisas pareciam ficar mais sérias, mais sólidas entre nós dois, ela meio que surtava. Mesmo que passasse um tempo com minha mãe, ou com Miguel de vez em quando, ela ainda tinha medo de se machucar.
Havia sido impossível manter Will longe dela nas duas últimas semanas, toda vez que eu ia sair para encontrar com ela o garoto queria ir junto, ele estava apaixonado assim como o pai.
— Tem certeza? Eu posso sair pela porta da frente, não vão nem me ver.
— Boa sorte com isso. — pulei da cama buscando um par de calças. — Nossas fotos estão no grupo da família.
— O que? — o grito dela saiu da quase sem fôlego quando ela se jogou na cama depois de pegar o celular para conferir. — Você tem que colocar uma senha nesse negócio! — gritou inconformada enquanto fuçava provavelmente vendo o resto com seus próprios olhos. — Ai ele é tão lindo que não tem nem como ficar brava com esse menino. — resmungou bufando enquanto ainda mexia no celular.
Sem que ela me visse chegar segurei seu pé e a arrastei da cama. Seu grito surpreso foi substituído pela risada contagiante.
— Ele puxou ao pai. — eu disse antes de colar meus lábios no dela.
O que não era uma boa ideia, já que era difícil me afastar quando começávamos a nos beijar, especialmente quando ela gemia rendida contra meus lábios, a vontade de foder até que caíssemos esgotados me consumia.
— Miguel. — ela arfou me puxando com as pernas enganchadas no meu quadril.
— Tigre, desça logo seu puto! — um grito do andar de baixo me fez largá-la na mesma hora. A última coisa que queria era alguém ouvindo minha mulher gemer.
"Minha mulher"? Eu tinha dito isso mesmo? O entendimento do que eu tinha acabado de pensar recaiu em mim e mesmo que não tivesse dito em voz alta era como me sentia.
Pela primeira vez desde Luna eu sentia que pertencia a alguém, alguém além do meu filho e da nossa família.
— Tigre? — Maria questionou sorrindo. — Vai me explicar esse apelido depois. — a safada mordeu o lábio inferior tentando parecer séria quando estava claro que queria gargalhar.
Sua descontração ajudou a afastar os pensamentos difíceis para longe, ergui seu corpo jogando ela sobre meu ombro e nos enfiando no banheiro.
— Vê se usa a escova pra afastar esse bafinho. — a provoquei querendo que ela usasse a escova que tinha comprado pra ela e levei um tapa forte no peito.
Encarei nossos reflexos no pequeno espelho do banheiro, parecíamos um casal muito improvável. Mas parecia tão certo e completo ao mesmo tempo.
Assim que terminou os dentes ela se colocou na ponta dos pés, tentando se olhar enquanto arrumava os cabelos, então segurei sua cintura a erguendo do chão o necessário para que ela conseguisse alinhar os cachos do jeito que queria.
— São as pequenas coisas. — ela murmurou me olhando pelo reflexo do espelho e eu a questionei com o olhar. — Que me fazem querer matar você e te beijar loucamente ao mesmo tempo.
Minha expressão mudou rapidamente de confusão para felicidade quando me dei conta do que ela estava falando. Mas antes que eu fosse capaz de me abaixar para beijar aquela boca esperta ela correu para o quarto, quando eu sai do banheiro Maria já estava na porta vestida com os shorts da noite passada e agora com uma camisa minha cobrindo até o meio de suas coxas.
— Já vou avisando que minha família não é nada normal. — seu sorriso se alargou como se soubesse de um segredo e eu imaginava estar relacionado a minha própria loucura.
A música, misturada a todos falando ao mesmo tempo e as crianças gritando, já era costumeiro do meu domingo, Maria já estava acostumada a calmaria do domingo. Mesmo assim lá estava ela com toda sua simpatia cumprimentando a todos, sorrindo, acenando e abraçando quem se aproximava.
— Esse aqui é o Denis e a Ana. — eu já tinha falado sobre meus irmãos do clube e ela já conhecia bem todos só de ouvir falar. — E aquele é o Brutos.
— Ah o famoso Brutos. Miguel me falou muito de você. — ela sorriu na direção de Brutos, que parecia não estar nenhum pouco no humor hoje, mesmo assim ele se levantou e a segurou em um abraço rápido.
— É um prazer finalmente conhecer a mulher do meu irmão. — Brutos se afastou da cadeira dando o lugar para ela se sentar.
As palavras dele reverberaram por meu corpo como no quarto, minha mulher, era estranha de se ouvir e dizer, mas eu tinha gostado, ainda mais quando ela não hesitou em agradecer e se sentar.
— Agora que está todo mundo na mesa podemos começar. Quem vai agradecer? — minha mãe foi quem tomou frente falando.
— Nada mais justo que Miguel agradecer já que nos fez esperar! — Ana gritou do outro lado da mesa.
— É isso aí Tigrão, vai lá. — Maria falou e a mesa se encheu em gargalhada, Denis até mesmo se curvou rindo, essa mulher não ia me dar paz.
— Gostei dela. — ouvi alguém gritar enquanto fechava meus olhos para agradecer.
— Agradecemos pela família, por essa comida maravilhosa, por termos saúde e pelas pessoas a nossa volta que nos amam.