Capítulo 17
2262palavras
2024-11-12 05:12
Que mulher! Não sabia se chamava por Deus ou ao diabo para agradecer pelo furacão em forma de mulher. Era ela, Maria era tudo o que precisava, tudo o que eu estava buscando e nem sabia.
Fazia um tempo, não sei ao certo quanto, que estávamos deitados na cama nus e sem dizer nada. Ela ainda estava por cima de mim com uma perna de cada lado, eu só havia me livrado da camisinha e tombamos nossos corpos na cama, um dos meus braços segurava sua coxa e o outro descansava em suas costas acariciando a pele suada.
Maria tinha a respiração profunda e calma, parecia até estar dormindo, se não fosse pelas pontas dos dedos traçando os padrões das minhas tatuagens, muitas vezes irregulares pela mistura confusa.
Não tínhamos dito nada, apenas deitamos e ficamos ali como se fosse algo corriqueiro, uma seção de sexo quente no meio da tarde. Como se não precisasse de nada dito, nada para acrescentar, quase como se fossemos íntimos já há muito tempo e não que tivesse sido nossa primeira transa, depois de um dia bem maluco.
Mas eu estava bem com isso, com esse sentimento de não ter que explicar a atração que sentíamos.
— Você não faz o meu tipo. — a voz de Maria quebrou o silêncio acolhedor e afastou meus pensamentos. — Sabia? Quer dizer não é alguém que eu ficaria.
— Isso é uma nova forme de dizer “está na hora de você ir”? — inclinei minha cabeça para tentar enxergar melhor seu rosto.
— Não! — ela ergueu a cabeça rápido de mais quase me acertando no queixo. — Não! Eu só estou fazendo uma constatação, você é lindo, mas não é o tipo de cara com quem eu me envolveria, normalmente eu nem olharia para você direito. — o sorriso natural nos lábios e os olhos castanhos encarando os meus, me davam a certeza de que ela estava se abrindo comigo, não estava tentando me expulsar dali apenas era sincera.
— Não sei se agradeço pelo lindo, ou se fico insultado pelo resto. — falei e sorri mais ainda quando ela sorriu de volta parecendo sem graça. — Já comigo é diferente, você é uma mulher por quem eu me atrairia facilmente. Não por aparência porque nunca fui de dar muita importância para isso, mas sim por seu jeito, atitudes. Mas não quer dizer que sua carcaça não te ajude, você é maravilhosa e sabe disso.
— Carcaça? — ela gritou me dando um tapa no peito. — Carcaça é sua bunda murcha. — o que era uma total mentira já que minha bunda estava em dia. — E que conversa mole de se atrair por meu jeito, só se for o jeito que minha bunda balança na sua frente. — me acusou batendo o dedo no meu peito, seu rosto agora estava no mesmo nível que o meu e eu podia analisar melhor as mudanças em suas feições.
— Eu gosto de mulheres com atitude, poderosas, desinibidas e donas de si. Se você for assim tem minha atenção, não importa se é magra ou gorda, baixinha ou alta, peituda ou despeitada como você.
— Vá se foder! — Maria pulou no meu colo e por pouco não acertou meu amigo adormecido, ou ele viraria soldado abatido. Mas antes que descobrisse o que ela queria um travesseiro me acertou em cheio. — Despeitada porque você nunca me viu fazendo uma espanhola, seu idiota!
Senti seu peso sobre diminuir sobre meu corpo e ouvi passos apressados, arranquei o travesseiro do rosto a tempo de avistar a bunda acenando para mim enquanto ela corria para fora do quarto.
Corri atrás da diaba provocadora e a encontrei com a porta da geladeira aberta e o pandeiro para cima, me convidando a chegar perto. A imagem dela fazendo uma espanhola ainda estava presa na minha mente, Maria espremendo meu pau entre seus seios seria o céu.
Não resisti e acertei um tapa forte em sua bunda, fazendo ela pular assustada, mas minha mão já estava no lugar a acariciando. Sua pele se arrepiou e ela gemeu manhosa esfregando a bunda contra meu pau que já ganhava vida.
— Você é uma pestinha provocadora. — falei entre dentes enquanto ela fazia como no chuveiro, encaixando minha ereção entre suas bandas e forçando em um vai e vem, quase como se me masturbasse.
— Eu? — ela ergueu o tronco com a maior cara de inocente e se virou para mim. — Eu sou só uma despeitada. — assisti ela abrir a garrafa de água e beber direto no gargalo.
Aquilo me surpreendeu, já que a mulher virava o próprio demônio quando alguém ousava fazer algo do tipo em sua cozinha.
— Seu peitos são perfeitos. Porque não demonstra aquela espanhola pra mim, hã? Ai nós tiramos qualquer duvida. — ela gargalhou me passando a garrafa. — Não que eu tenha duvidas, mas você pode ter ficado com alguma, a última coisa que quero é que você fique insegura com isso.
— Você é um cínico descarado. — Maria disse enquanto tentava recuperar o fôlego da gargalhada.
Bebi a água enquanto ela abria os armários e tirava algumas coisas, colocando na mesa o que parecia ser comida para um batalhão. Ela parecia não só confortável com sua própria nudez, mas comigo ali também, isso não a impedia de lançar olhares furtivos e sensuais em minha direção, conferindo meu corpo descaradamente e não tinha como algo tão comum ficar fodidamente sexy, mas ela fez ficar.
— Tá com fome? — perguntou já pegando dois pratos antes mesmo que eu pudesse acenar. — Antes da gente continuar com isso eu quero esclarecer as coisas. Eu não sou do tipo que namora. — falou com a voz calma, sempre contida, enquanto colocava a comida. Essa era a hora de dizer não quero nada sério, não me comprometo, é só sexo. Já tinha passado por essa conversa mais vezes do que podia contar e reconhecia minha própria fala na voz dela. Porém Maria suspirou alto chamando minha atenção. — Mas eu sei lá que merda você fez que está tudo diferente.
Aquilo me pegou desprevenido, tinha a leve noção de minhas sobrancelhas estarem quase tocando o cabelo, de tanto que ela me chocou. Eu estava preparado para uma conversa totalmente diferente.
— Como assim está diferente?
— Sei lá. — Maria se virou com o cenho franzido, sendo sincera em sua confusão, e colocou um dos pratos no micro-ondas antes de se virar para mim e continuar a explicação. — Aqui dentro sabe. — disse apontando para o peito e me chocando ainda mais. — Eu sei que isso é ridículo, nos conhecemos há alguns anos e só começamos a nos falar há algumas semanas.
Sabia bem do que ela estava falando, fazia alguns dias que me sentia assim, não sabia explicar o que era essa sensação. Era algo novo, não totalmente novo porque eu tinha amado minha mulher com todas as minhas forças e podia reconhecer o sentimento de estar me apaixonando, mas ainda sim era diferente.
— E o que você quer fazer sobre isso? — questionei quando ela me entregou o prato e apontou para o sofá.
Esperei pela minha resposta enquanto ela esquentava seu prato e vinha até onde eu estava. Já tinha decidido o que queria fazer, mas quando um não quer dois não brigam, então a decisão final era toda dela.
Maria se sentou ao meu lado e jogou a manta do sofá em meu colo, nos cobrindo para comer. Aquilo foi engraçado, mas eu duvidava que conseguiria comer com ela ali vestindo nada além daquela expressão tranquila no rosto.
— Eu não sei o que é, mas é bom de mais para jogar fora. — dei a primeira garfada no que parecia ser um risoto, mas não fazia ideia do que ela tinha colocado ali, apenas que estava fantástico como tudo o que ela fazia. — Vou entender se decidir correr por essa porta como se eu fosse louca... mas se decidir ficar quer dizer que está disposto a pular nessa comigo, seja lá o que for isso.
Maria tinha um jeito prático de ver as coisas que me encantava, percebi isso agora. Ela não era de dar show, ou fazer suspense, lenga-lenga não funcionava com ela, era direto e reto, como tirar um bandaid.
Tinha sido assim no dia que nos conhecemos, em me beijar, na iniciativa de preparar o almoço para agradecer, na noite passada dizendo o porque não podíamos transar, esse era o jeito dela.
— Você nunca se apaixonou Maria? — questionei porque era o que estava parecendo pra mim.
— Não, meu único amor tem sido a culinária, cozinhar sempre foi minha paixão, mas isso nasceu comigo e não se aplica a pessoas. — ela levou o garfo cheio a boca e mastigou com calma enquanto me estudava com os olhos castanhos brilhantes. — Quando eu disse que não sou de namorar é verdade, desde que me conheço por gente meus relacionamentos se tornaram momentos, uma ida ao cinema, uma pegação em algum lugar e depois veio sexo casual, ou ficantes que podia chamar de amigos com benefícios. — ela deu de ombros. — Sempre funcionou pra mim desse jeito. Nunca quis mais.
— E agora você quer?
— Se eu disser que sim você vai correr? Porque se for é melhor pegar suas roupas no quarto. — direta como um atirador de elite.
— Se eu fosse fugir teria feito isso no dia que vi você agredir um homem armado, sua maluca. — descartei meu prato já vazio na mesinha de cento, ela tinha falado e eu ouvi, agora era minha vez. — Eu sou um viúvo e estava muito bem em manter minha vida de sexo casual, fiz isso por quatro anos e queria continuar. Te evitei alguns dias, você estava impregnada no meu sistema e até ai tudo bem, eu posso lidar comigo mesmo e minhas fantasias. Mas depois de ontem eu percebi que as coisas não são puramente sexuais, novamente não teria problema nenhum em me apaixonar novamente. Então minha resposta é eu topo cair nessa de cabeça com você.
— Você estava tendo fantasias comigo? — ela questionou me arrancando uma gargalhada.
Não era possível que de tudo o que eu disse ela só tivesse prestado a atenção nesse pedaço, mas sua risada de menina me comprovou que ela só queria descontrair o ambiente.
— Mas tem uma coisa. — falei voltando ao estado sério, tinha visto hoje de manhã que o lado mais frágil da equação era meu filho e esse eu precisava proteger. — Will é minha prioridade e eu não posso deixar que ele se envolva de mais e depois se machuque se por um acaso...
— Se por um acaso as coisas não derem certo. Eu entendo, você está coberto de razão e isso só me faz te admirar ainda mais, você é um paizão. — ela sorriu de forma doce e colocou o prato no mesmo lugar que o meu antes de se virar em minha direção e pegar minhas mãos entre as suas. — E é por isso que eu preciso falar, que porra foi aquela de levar o menino na moto?
O negocio era sério, mas o jeito que ela me fez pensar que diria algo fofo e em seguida me questionar daquele jeito me fez rir. Ela era uma pessoa extraordinária, extraordinariamente maluca.
— Você está certa. Mas aquilo foi uma emergência.
— Céus não, sei que eu não sou nada dele, nem sua, mas ele é um bebê, um bebê de quatro anos. Tudo bem que tinha capacete e tal, mas ele é pequeno de mais.
O cuidado dela era real e somado ao fato de Will ter dormido com ela na noite passada, quebrava coisas dentro de mim, paredes que eu nem sabia ter colocado lá. Já tinha me repreendido e sido repreendido várias vezes por fazer aquilo e sabia que mesmo em emergências estava completamente errado.
— Obrigado. — sussurrei não sei para quem enquanto ela ainda falava e a puxei para meu colo.
— Na próxima eu o arranco da moto. — ela deu o assunto por encerrado e beijou meus lábios de forma rápida, mas eu a puxei aprofundando o beijo.
Não queria sair dali, especialmente agora que tinha esclarecido as coisas e que sabia estávamos na mesma página. Queria me perder novamente em suas curvas, ouvir os gemidos absurdamente altos, mas não gritados, que só eram ela plenamente sr soltando.
Queria fazê-la se soltar novamente e me olhar parecendo prestes a morrer de prazer enquanto se agarrava a mim como se fosse sua âncora nesse mundo.
Porra tínhamos transado uma vez e mesmo assim eu sabia que seria desse jeito todas as outras.
Já estava novamente com meu amigo fazendo a vez de trono duro para a rainha sentar. Mas foi só me esticar para pegar o controle e ligar a televisão para ver a hora.
— Eu tenho que voltar pra casa, ficar um tempo com ele antes de ir para o bar. — sua boca colou no meu pescoço enquanto o som explodia nos alto falantes. — Talvez eu possa esperar um pouquinho. — emendei quando sua língua deslizou por minha pele.
Ouvi seu sorrisinho antes que ela continuasse com as mordidas e chupadas me levando a loucura. Nunca tinha transado ao som de algo que não fosse um rock, mas para tudo havia uma primeira vez na vida e eu estava adorando descobrir isso.