Capítulo 3
1169palavras
2023-09-21 00:14
O que tinha acabado de acontecer ali? Eu estava sentado na minha moto de frente a pequena casa amarela chamativa, atordoado sem saber o que tinha acabado de acontecer.
A mulher tinha acabado de me beijar e correu como o diabo fugindo da cruz sem mais nem menos.
Eu não tinha feito nada além de retribuir o ataque sedutor dela.
Havia pensado em beijá-la quando estávamos no escritório, ela gargalhando descontraída, eu segurando seu rosto delicado, e foi só olhar aqueles olhos castanhos e penetrantes para querer atacar seus lábios.
Ela tinha um gosto, agora eu sabia, de chocolate e whisky, é o sabor que tinha deixado em minha boca.
Encarei a casa por mais um tempo, às luzes ainda apagadas, nem sinal dela. Então coloquei minha Harley em movimento, atravessando as ruas de volta ao bar ainda sem entender o surto dela.
Maria Nascimento, uma mistura de menina e mulher como nunca tinha visto antes.
O seu tamanho não atrapalhou que ela derrubasse um dos assaltantes com uma frigideira como me disse, quando cheguei encontrei um sujeito no chão e dois outros concentrados nela encolhida no canto, por um minuto achei que estivesse machucada ao ver seus olhos fechados com tamanha força.
Aproveitei a distração para desarmar o babaca que fazia mira contra ela, depois de bater seu braço contra o balcão, o fazendo soltar a arma com a dor, lhe acertei um bom cruzado, foi tudo tão rápido que ele não teve tempo nem de se defender e já estava caído no chão.
Seu amigo me encarou e antes que fizesse algum movimento contra a garota o arranquei de lá atirando seu corpo magricelo em cima de um monte de panelas.
Assim que consegui chegar perto dela enxerguei seu rosto machucado e meu sangue ferveu.
Porque não pegavam alguém do tamanho deles para agredir? Ah sim, porque acabariam onde estavam, no chão!
Ela tinha tido uma tremenda sorte que eu estivesse chegando ao bar naquele minuto, tinha acabado de deixar Will na casa da minha mãe, para poder passar o resto da noite trabalhando no bar, noites de sábado eram agitadas.
Então o barulho inconfundível de tiro veio da Cantina, não pensei duas vezes e corri pra lá.
Sei o quanto imbecil foi minha atitude em correr para o meio do tiroteio sem ter uma arma ou ligar para a polícia antes, mas só pensei na baixinha de roupas coloridas e cara enfezada que com certeza estava lá dentro.
— E então salvador. — Mario falou se aproximando enquanto eu estacionava. — Ganhou a garota?
Olhei de relance para ele, havia uma mulher abraçada ao seu corpo de costas para onde eu estava, a luz baixa ajudou para que eu não conseguisse reconhecê-la.
— Sua mulher sabe que você está aqui e com outra? — minha fala fez imediatamente a mulher se afastar empurrando o homem para longe de seu corpo.
Assisti ela marchar rebolando, a bunda apertada e bem desenhada na calça de vinil preta, voltando para dentro do bar.
— Qual é cara porque estragou minha diversão? — o homem choramingou se aproximando e arrumando as calças descaradamente. — Só porque sua donzela te deixou na mão não quer dizer que deva acabar com os amigos.
Eu dei risada de sua fala, sabendo que qualquer dia desses a sua mulher iria descobrir e ia largar aquela cara feia por outro homem bem mais bonito e descente. Elena tinha potencial, era linda e inteligente, uma pena que tivesse se apaixonado por um babaca.
— Qualquer dia desses, você vai acabar sem mulher e sem as bolas. — puxei a porta pesada dos fundos para entrar já ouvindo a cacofonia grande lá dentro me atingir. — Porque não vai pra casa e faz ao menos uma mulher feliz essa noite, a sua esposa!
Não sabia qual era o problema com esses malditos idiotas. Boceta é bom? É ótimo! Mas ter uma pessoa ao seu lado e trocar por outras dez não era nada bom, prova disso é que depois de pegar outra na rua eles sempre voltavam para suas mulheres.
Eu já tinha sido casado e nunca nessa vida ousei trair Luna, se eu não podia respeitar a mulher com quem estava e lhe dar o mínimo que era fidelidade, não merecia estar com ela. Meu pensamento, me julguem.
Mas há um bom tempo tinha minha vida de solteiro, quatro anos para ser mais exato. Se dissesse que passava minhas noites em celibato estaria mentindo, eu era um homem fiel quando tinha uma mulher, agora eu não me importava se existisse uma fila delas prontas para sentar gostoso. Era só questão de dividir!
Meus dias eram consumidos por Will, cuidar de um menino de quatro anos não era trabalho fácil, na verdade nunca foi em nenhuma idade. As noites era o bar que me ocupava, não tinha muitos funcionários, não podia me dar esse luxo.
Então eu estava sempre por aqui para ajudar Débora e Lisa, especialmente em dias cheios como hoje. Dar uma escapada apenas em dias de semana, como segundas e terças. Domingos eram sagrados, reservado para família, e quando digo família me refiro a Will, minha mãe e um bando de homens barbudos e mulheres fortes e malucas, todos uniformizados com os coletes do moto clube.
— Não acredito que você terminou tão rápido dessa vez. — Lisa me provocou quando me viu chegar no balcão para ajudar. — Ela é gata, mas isso é novidade Miguel.
— Haha, muito engraçado. Porque todos acham que a levei em casa para transar?
— Porque você não perdoa ninguém! — Débora apareceu com a bandeja cheia de copos vazios e rapidamente começamos a encher com as novas bebidas. Aquilo era um exagero, eu não era tão devasso assim! — Essa sexta foi o que? As gêmeas saindo do seu escritório com as roupas amarrotadas depois de passarem a noite com você.
Ok, talvez eu fosse devasso assim, em minha defesa eu era um homem solteiro e com uma libido enorme!
— Sem falar que você salvou a garota cara, um beijinho em agradecimento seria pouco. — Lisa pontuou.
— Eu não ajudei por isso. Céus, queriam que eu assinasse um contrato antes? "Se eu te salvar você me da sua boceta em agradecimento"? Vocês são malucas! — murmurei me afastando para atender um cliente que se debruçava no balcão.
— Só estou dizendo que se um homem com sua aparência me salvasse como fez eu sentaria nele a noite toda. — para a ruiva não passou despercebido os olhares de alguns clientes que estavam por perto.
Gargalhei com sua fala, não era mentira que ela faria isso, na verdade não precisava nem salvá-la, Lisa adorava um homem grande e barbudo.
— Eu a deixei em casa, ela me agradeceu e fim da história. — menti. Ela não tinha me agradecido em nenhum momento.
— Vem cá, fala a verdade nem um beijinho de boa noite? — Débora perguntou chegando mais perto como se partilhássemos um segredo.