Ponto de Vista do Dwayne
Me movo um pouco para o final da cela, onde a direção da 3ª Cela estava localizada. Ainda não consigo vê-la claramente.
"Você está bem?" Pergunto, ninguém responde. Não sei se ela me ouviu ou o quê. Então faço a pergunta novamente.

"Você está bem?" Desta vez elevo a minha voz, ouço o som de correntes se movendo.
"S-sim..." Ela respondeu em sua voz suave.
"O que eles fizeram com você?" Pergunto novamente, ela não respondeu desta vez então mudei a pergunta.
"Quantos anos você tem, Amara?" Seu nome soou estranho na minha cabeça, mas parece que algo dentro de mim me dizia que era familiar.
"Eu não sei..." Suas palavras foram quase um sussurro. Subitamente senti uma pontada no peito.
"Bem, esqueça isso, eu mesmo não lembro a minha idade." Tentei animá-la, e parece que funcionou, ela deu uma risadinha e soou bom para os meus ouvidos.

"Então me diga, qual é a sua cor favorita?" Comecei a fazer perguntas aleatórias, não sei como lidar com uma criança.
"Bem, eu queria ver o céu e de acordo com o que a Vicky disse, é da cor azul." Suas palavras estavam cheias de entusiasmo. Senti um pouco de tristeza com suas palavras. Então ela nunca esteve do lado de fora.
Ela ficou trancada neste lugar escuro desde sempre?
"Oh, o céu, é realmente bonito. E também muda de cor dependendo da hora do dia." Eu disse, consigo imaginar ela se inclinando para a frente para se aproximar e me ouvir.

"Sério? Como assim?" Ela perguntou.
Comecei a explicar a ela sobre como o céu parece no amanhecer, ao nascer do sol, e ao pôr do sol. Também conto a ela sobre o mundo exterior. Como tem lagos, montanhas, florestas e flores. Também expliquei a ela algumas outras coisas que ela poderia ver lá fora.
"Isso soou realmente bom." Sua voz soou triste por um momento.
Nossa conversa para quando os guardas voltam. Eu me levantei quando eles abriram a cela dela. O som das correntes batendo no chão ecoa.
"É a sua vez, sua vagabunda, agora levante-se e ande." Eu ouvi outro tapa alto e então eles começaram a se mover.
"Ei ande mais rápido!" Eu vi um clarão de luz e vi o rosto dela, seus olhos se arregalaram quando ela me viu olhando para ela, ela rapidamente desviou o olhar.
"Eu te disse, ela é diferente." Afreo murmurou, enquanto olhava para a mesma pessoa. Ela tinha cabelos prateado-brancos e um par de olhos dourados e vermelhos...
Ela era a mesma criança que eu vi antes.
"Desculpe interromper seu sono, mas temos que nos mover." Eu pisquei duas vezes e me encontrei ainda dentro da masmorra subterrânea. Olhei para Eliot, que me acordou e os vi se preparando.
O que eu acabara de experimentar? Já estava escuro quando acordei. Eles todos saíram e eu segui tentando processar tudo em minha mente.
"Yustef viu um barco que poderíamos usar." Ele explicou, quando chegamos à saída, o barco já estava nos esperando. Yustef já estava a bordo. Era um barco a motor que poderia acomodar todos nós.
"Para onde estamos indo?" Pergunto assim que subimos no barco. Todos se viram para olhar para mim.
"Até onde você viu?" Clint perguntou. Todos focaram em mim e esperaram minha resposta.
Expliquei a eles o que vi, a respeito das crianças, os medicamentos, a cela e a menina. Eu até expliquei a eles a primeira vez que a vi. Até meu encontro com a mulher na floresta. Eles permaneceram em silêncio o tempo todo enquanto eu contava o que aconteceu.
"Então você também a viu." Clint murmurou.
"O que você quer dizer com isso? Você a conhece?" Pergunto, um pouco surpreso, todos acenaram com a cabeça.
"Nós também a vimos antes, ela disse a mesma coisa para nós." Eliot explicou.
"Mas com base no que você sabe até agora, uma vez que você viu aquele lugar, as coisas podem começar a voltar para você novamente." Clint disse, posso ouvir o aviso em seu tom.
Eu olho à nossa frente, estamos indo para o norte. Não faço ideia de para onde estamos indo, mas levou-nos uma hora antes de começarmos a ver a paisagem. E mais uma hora antes de pararmos numa ilha remota. Eu não fazia ideia de que havia uma ilha por aqui. Entendo o porquê, você tem que passar pela área com neblina e, se não tem ideia de para onde está indo, acabará morto. Vi algumas pedras pontiagudas apenas deitadas nos terrenos rasos. Antes de chegar à costa.
Ainda estava escuro, mas isso não era um problema para nós.
"Onde você a viu pela última vez, Eliot?" Clint pergunta assim que entramos na ilha. Posso sentir meu coração batendo rápido agora, há algo neste lugar que está incomodando eu e meu lobo.
"Era a pressão, a atmosfera desta ilha é diferente do exterior." Yustef murmurou atrás de mim. Eu nem notei que ele já havia terminado de esconder o barco.
"Vamos lá, temos que encontrá-la." Clint disse, quem diabos a levaria. Assim que eu descobrir quem ele era, vou despedaçá-lo.
"Não podemos nos transformar, eles nos detectarão assim que fizermos isso." Yustef disse, mas seria mais rápido se usássemos nosso lobo pois nossos sentidos seriam muito mais fortes.
"Não queremos que eles descubram conosco aqui." Yustef acrescentou e depois começou a se mover.
Eu os segui, caminhamos para a floresta. Há algo sobre este lugar que é de alguma forma familiar. Começamos a escalar a montanha. Demorou mais do que eu esperava. Não encontramos ninguém durante nossa caminhada.
"Tem certeza de que é aqui o lugar?" Noah pergunta novamente quando chegamos ao topo.
"Sim, eu vi as mesmas paredes brancas e estruturas." Eliot respondeu.
Todos nós ficamos do lado de fora do prédio queimado. Eu parei para olhar o lugar e então algo acendeu em minha mente.
"Apressa-te Aiden! Precisamos correr mais rápido!" Virei-me para seguir o garoto à minha frente, era Afreo. Alguém estava nos perseguindo.
"Amara ainda está lá!" Alguém gritou, olhei para Mulac, que estava chorando enquanto era segurado por Calixto.
"Eu vou buscá-la." murmurei e então parei para voltar ao prédio. Mas já era tarde demais, os guardas já haviam nos apanhado. Eles começaram a nos levar de volta.
***
"Dwayne, vamos." Pisco e olho para Eliot, éramos apenas nós dois restantes do lado de fora do prédio queimado.
"Eles já foram, decidimos verificar o local só para ter certeza." Eliot explicou. Assenti com a cabeça e comecei a segui-lo.
A estrutura do edifício ainda estava lá. Olhei ao redor, estava realmente escuro. O lugar parecia abandonado, como se ninguém jamais tivesse vindo aqui.
Quando viramos à direita no corredor, parei no meio do caminho quando percebi a sala familiar. Caminhei lentamente para dentro dela e encontrei a sala vazia na minha memória. Não posso estar errado, este é exatamente o vazio que vi quando nos deram o remédio.
"Algum problema?" Eliot perguntou. Virei-me para ver seu rosto. Sua expressão não era boa. Ele parecia desconfortável por estar nesta sala.
"Diga Eliot, você já esteve aqui antes, certo?" Eu disse, ele desviou o olhar e assentiu.
"Mas o que está acontecendo? O que são essas memórias? Elas são mesmo reais?" murmurei, senti minha raiva. Passei a mão pelo cabelo em um gesto de frustração.
"Você vai se lembrar de tudo em breve, Dwayne. Você só precisa ser paciente." Eliot murmurou. Eu não respondi e saí, batendo nele no caminho.
Comecei a caminhar no caminho familiar, onde fica a masmorra. Abri devagar a velha porta que leva até a masmorra.
Ela ainda estava intacta, o caminho para a masmorra parecia que duravam anos. A cada passo que dava, sentia-se cada vez mais pesado.
Olhei ao redor e era exatamente como eu me lembrava. Caminhei lentamente pelo caminho e parei na terceira cela. Foi aqui onde a vi pela última vez.
Meu corpo se movimentou por vontade própria e entrou na cela. Alguma coisa começou a passar em minha mente.
"Aiden acorda! Se você não levantar, nós vamos apanhar!" Abri os olhos e vi o rosto familiar de Mulac. Suas pequenas mãos me balançavam.
Levantei lentamente e olhei na direção da terceira cela.
"Ela não estava lá." Afreo disse, sabendo a quem ele estava se referindo. Olhei para ele.
Ouvimos passos e então os guardas chegaram, mas eles não estavam sozinhos. Havia uma mulher com eles vestindo o mesmo casaco de laboratório que os médicos anteriores usavam. Ela sorriu para nós e me deu arrepios.
"Olá crianças, vamos começar?"