P.O.V de Klaire
"Vamos lá." Yustef murmurou assim que eles saíram de nossa vista. Ele pulou para o segundo nível do deque. Uma vez que a costa estava limpa, Eliot seguiu-o, o segundo nível é bastante alto, mas o que esperar desses três.
Noah e eu usamos a entrada, simplesmente caminhamos para dentro como se o lugar nos pertencesse. O interior está cheio de caixas, precisamos subir para encontrar alguns dados que possamos achar. Noah começou a abrir as caixas, ele parou quando finalmente viu o que havia dentro. Estava cheio de flores, Lírio Aranha Vermelho...

"Flores?" Mostrei uma. É uma flor vermelha coral que chama a atenção, com um brilho dourado, adornada com pétalas elegantes e estames excepcionalmente longos.
Noah abriu outra caixa e também estava cheia de flores. Será que fizemos todo esse problema para um navio cheio de flores? Provavelmente vão usar essas flores na Sucessão.
Yustef e Eliot aparecem do nada com a mesma expressão que nós. Eles também parecem confusos. Meus olhos ficam em Yustef, que estava investigando isso.
"Algo não faz sentido." Yustef murmurou.
"Alguém veio aqui antes de nós e mudou o navio." Ele continuou, seus olhos fixos nas caixas.
"O perfume do navio é diferente do anterior." Ele adicionou.

Todos nós olhamos silenciosamente para as caixas cheias de flores. Isso só significa que alguém também está observando cada movimento nosso, provavelmente descobriram nossos movimentos, mas como? No final, não encontramos nada, nem mesmo um vestígio de que Renegados usaram este navio.
"Vamos embora primeiro e discutimos isso mais tarde. Alguém já está vindo." Eliot disse, nós todos concordamos com isso e decidimos voltar atrás.
Quando chegamos, Clint já estava lá. Ele provavelmente já sabia o que tinha acontecido.
"Não encontramos nada." Noah disse quando entramos. Clint nem mesmo parece surpreso com o resultado.

"Imagino, eles são mais espertos do que eu pensava," Clint disse, ele tomou um gole de seu vinho. Yustef também se serviu de um copo de vinho.
"Quase peguei um rato rondando aqui mais cedo. O rato pulou do penhasco assim que notei sua presença." Ele foi até a janela que mostrava o Penhasco.
"Eu nem sequer notei que ele estava por perto se não fosse pela sua imprudência. Esse rato também tem o mesmo..." Ele parou e virou-se para nós. Nós já sabíamos do que ele estava falando.
Clint caminha até mim e segura meu rosto. Fecho os olhos enquanto ele continua a fazê-lo.
"Nós vamos proteger você." Ele murmura, eu abro meus olhos e dou a ele um sorriso encorajador para esconder o fato de que estou com medo das possibilidades.
"Nós não vamos mais poder esconder você." Essa declaração me fez ficar tenso. Clint olhou para mim, preocupado em seus olhos.
Parece que, não teremos outra escolha. Posso sentir meu coração bater rápido, piscando para afastar todas as minhas preocupações, eu acenei com a cabeça.
"Após a sucessão, nós vamos contar tudo a eles," Clint anuncia.
"E quanto ao traidor?" Eliot pergunta, ele não parece gostar da ideia.
"Isso nos ajudará a não ficarmos tão desconfiados mais. Além disso, o traidor provavelmente nos manterá mais sob controle." Bem, ele estava certo. Se eles mantiverem os olhos em nós, então poderíamos fazer algo para identificar quem está por trás disso.
Nós já sabíamos que alguém da facção é um traidor, e estamos bastante certos de que era um de alto escalão. Poderia até ser um dos Alfas eles mesmos.
"Antes disso, você encontrou algo interessante na passagem?" Clint direcionava a pergunta a Noah. Eles já haviam verificado a passagem ontem, não deixando outras alcateias checarem antes deles.
"Nós não encontramos nada além disso." Noah nos mostrou um colar que ele tirou do bolso, tem as marcas da Alcateia South Lake. Manchas de sangue ainda são visíveis.
"Provavelmente pertence a um dos membros da alcateia que desapareceu após o último ataque," eu murmurei, lembrando do que aconteceu naquela época.
"Eu também pensei assim. Mas algo é questionável. Não há nem mesmo traços de uma grande quantidade de sangue que indica que eles usaram aquela passagem para arrastá-los pra baixo." Eliot diz.
"Existe apenas uma maneira de descobrir," ele acrescenta e pegou o colar de Noah. Ele fecha os olhos, e quando os abre, eles estão brilhando. Ele tem a habilidade de visão, sempre que ele segura algo. Ele pode já ver o que aconteceu com a pessoa cuja coisa ele estava segurando.
"Eu não consigo ver nada, eram apenas sombras. Eu posso ouvir as vozes e rosnados dos lobos." Ele fecha os olhos novamente, voltando ao normal.
"Alguém está me bloqueando." Ele murmurou, colocando as mãos na cabeça tentando massagear a testa.
"Aquelas sombras são a mesma coisa que nos atacou antes." Clint continuou em silêncio, assim como Yustef.
"Também encontramos eles no nosso caminho para cá. Eles definitivamente querem nos impedir. Mas não ao ponto de nos matar." Yustef disse enquanto olhava pela janela. As mãos dele apertando sua camisa. Alguém está brincando conosco, e nós estamos sendo manipulados.
Agora que me lembro, não vi nenhum dos carros deles desde a chegada. O que significa que vieram correndo para cá usando suas patas.
Depois da nossa conversa, acabei por me manter no meu quarto. Eles nem mesmo querem que eu fique no meu quarto depois do incidente anterior. Tantas coisas aconteceram durante a minha curta estadia aqui. Torcendo cada pedaço de mim, era sufocante.
Saí para respirar um pouco de ar fresco, e colocar meus pensamentos em ordem. Tudo se tornou confuso desde que cheguei.
As palavras de Clint ficaram na minha cabeça depois da sucessão de tudo será revelado. Meu estômago começa a revirar só de pensar nas reações deles... Especialmente dele.
Eu olhei para o meu reflexo na água na fonte. A lua brilhava justo acima de mim. Meu cabelo balançando à medida que o ar soprava, isso era tranquilizador. Fechei meus olhos tentando sentir esse período de tempo.
Meus olhos se abriram rapidamente quando ouvi alguns galhos de árvores quebrando. Olhando na direção de onde o som veio...
Encontrei Yustef ali de pé, a poucos metros de distância de mim. Ele estava segurando uma garrafa de vinho na mão esquerda e dois copos na direita.
"Imaginei que você estaria aqui." Eu sorri com a consideração dele. Ele me deu os copos e encheu um com vinho.
"Faz tempo desde a última vez que fizemos isso." Ele sorriu com a lembrança.
"É, faz tempo." Eu concordei.
Naquela época, sempre acabávamos ficando acordados a noite toda porque não conseguíamos dormir. O pesadelo que passávamos ainda nos assombrava naquela época. Fugíamos para o jardim, e ficávamos na fonte no centro do jardim que parecia um labirinto.
"Você ainda tem pesadelos?" Eu perguntei sem pensar, o vinho provavelmente está fazendo efeito.
Ele parou por um momento para pensar e acenou afirmativamente no final.
"Sempre acabo acordando no meio da noite sentindo como se tudo ainda estivesse acontecendo diante dos meus olhos." Eu sei o que ele quis dizer com isso. A experiência infernal era algo que não podemos esquecer facilmente.
"Mas já não é tão ruim quanto antes." Ele acrescentou. Eu não disse nada. Eu sabia que ele estava mentindo e apenas queria me fazer sentir um pouco melhor.
Nós dois permanecemos em silêncio depois disso, olhando para o céu acima de nós. Eu puxei meus joelhos para perto do meu peito, me abraçando.
"Vamos entrar, está começando a ficar mais frio aqui." Ele sugeriu, eu franzi a testa para ele.
"Lobisomens não deveriam sentir frio por causa da temperatura do corpo deles", eu disse. Ele apenas balançou a cabeça e acariciou a minha.
"Bem, você não é um, então entre logo. Não queremos que você acabe pegando um resfriado, queremos?" Eu apenas revirei os olhos para ele. Ele deveria saber melhor do que ninguém que o frio não é nada para mim.
"Ok, eu vou entrar", murmurei rindo. Às vezes eu não sei o que eles veem em mim. Eles até me tratam como uma criança às vezes.
Clint ainda estava acordado quando eu entrei. Ele estava segurando alguns documentos nas mãos.
"Para a sucessão?" Eu perguntei, apontando para os papéis que ele estava segurando. Por que eles até precisariam de papéis como documentos?
"Sim, eu serei um dos anciãos para liderar os direitos de sucessão." Eu acenei com a cabeça.
Lembrando o tempo em que eles costumavam me contar sobre os direitos de sucessão que ele já havia participado. O processo era como uma coroação, exceto pelas coroas.
"Entendo..." As palavras de Rion mais cedo me vieram à mente. Clint provavelmente notou a mudança no meu humor. Ele deixou os papéis sobre a mesa e caminhou em minha direção.
Ele afastou algumas mechas de cabelo do meu rosto.
"Me desculpe..."