Capítulo 76
1716palavras
2023-09-27 00:01
Ponto de Vista da Kathy
"Você está falando sério?" Mamãe pergunta, olhando para Santiago e Rehana quando eles voltam timidamente de mãos dadas. Eles ficam ótimos juntos. Ele é alto, e ela chega até sua orelha. Ele segura a mão dela e dá para ver o seu desejo por ela em seus olhos.
"Sim, é sério." Santiago diz, admirando os olhos de Rehana. "Somos companheiros predestinados."
"Mickie!" Lisle pula de alegria. "Vou ter uma garota em casa de novo!"
"Quanto a isso..." Santiago interrompe. "Você vai ter que esperar um pouco mais."
"Como assim?" Papai, mamãe, Artemis e William perguntam ao mesmo tempo.
Santiago olha para Rehana, e ela assente para ele continuar falando.
"Nós vamos devagar." Santiago explica.
"Eu não entendo. O que querem dizer com ir devagar?" Meu pai pergunta. "Vocês são companheiros ou não?"
"Eu surtei." Rehana diz. "E preciso de tempo para processar toda essa nova vida."
"Mas vocês são companheiros." Meu pai continua. "E ele precisa de você..."
"Pai..." Santiago chama sua atenção, trazendo Rehana para mais perto e a abraçando. "Estamos bem, não importa o que aconteça, quero que você acredite que estamos bem." Ele se vira para Rehana, então beija a sua testa com gentileza.
"Ela mal voltou para casa depois de cinco anos longe de tudo que era familiar. Precisa de tempo com Gama William e tia Artemis, e com Lucille. Ela precisa de tempo para se ajustar a todo esse vínculo de companheiro. Além disso, ser rainha não é algo que ela planejava, e não quero que ela se sinta pressionada ou forçada. Conversamos, e essa foi nossa escolha. Ela vai ficar aqui com a família até se sentir confortável em vir morar comigo. Mas garanto que estamos bem."
Desta vez, Rehana fica na ponta dos pés e o beija na boca, fazendo todos nós sorrirem. É como se ela tentasse confirmar a veracidade das palavras de Santiago.
Ele a abraça contra seu peito e sussurra em seu ouvido: "Eu amo você."
De repente, William corre em direção a eles, então os envolve em seus braços e os abraça. "Obrigado, Santiago. Obrigado, filho, por nos deixar aproveitar um pouco mais nosso tempo em família." Ele enxuga as lágrimas.
"Mas..." Papai tenta falar.
"Amor..." Mamãe o abraça por trás e apoia a cabeça nas costas dele. "É melhor assim. A decisão é deles. Quando tudo se acalmar, eles vêm morar conosco e nunca mais vão embora." Sob o toque da companheira, meu pai se acalma.
"Estou tão chateado." Jasper fala de repente. Todos nós olhamos para ele, que bufa e se joga em um dos sofás do jardim. "Por que estão me encarando?" Questiona, como se sua atitude fosse normal. "Eu tentei conquistá-la por duas horas, e Santiago veio, roubou a mulher dos meus sonhos com uma troca de olhares."
"É o quê?" Santiago pergunta, cheio de ciúmes.
"Ele é um idiota!" Viviana intervem. "Apenas o ignore."
"O que é isso?" Jasper se vira para Viviana. "Você é a mãe dele ou a minha?"
"Preciso responder agora mesmo?" Viviana pergunta, rindo.
"Ei, vocês dois!" Rafael os repreende. "Chega de brincadeiras, hoje não é sobre vocês!" Ele imediatamente segura Viviana ao seu lado e também coloca um braço sobre o pescoço de Jasper, pegando-o para puxá-lo.
Viviana ama Jasper de todo o coração, mas esse garoto a desafia sem parar com sua imaturidade e tenta colocar todos em perigo com sua loucura.
Olho para Santiago e Rehana, a felicidade está estampada em seus rostos. Sinto uma certa inveja da felicidade deles. Olho para o céu, sinto lágrimas brotando em meus olhos. Escondo-me imediatamente, tentando não ser vista por ninguém, mas a quem quero enganar?
Artemis olha para mim, e Rehana logo vem me segurar nos braços.
"Acabei de ler sua mente de novo, pequena Kathy..." Ela explica.
"Não sou mais tão pequena." Digo, rindo e deixando as lágrimas escorrerem. Lágrimas de alegria, pois Rehana está de volta. Lágrimas de dor, porque eu gostaria de ter um companheiro que me estimasse e me amasse pelo menos um pouco do que eu sei que Santiago ama Rehana.
"Vai ficar tudo bem." Rehana faz um carinho em mim.
"O que foi?" Papai pergunta ao me ver chorar.
"Senti falta dela." Minto para ele, apenas não quero que ele saiba o motivo do meu choro.
Deméter vem até nós e, como se lesse meus pensamentos, ela exclama:
"Vamos dar um passeio!"
Quando estamos longe o suficiente do resto da família, ela me abraça, depois coloca minhas mãos nas suas.
"O que foi, Kathy?" Ela me pergunta, bem séria.
"Sinto falta do toque dele." Fico chocada com o que sai pela minha boca. "Ver vocês todos felizes, ver o Santiago tão apaixonado, isso me levou de volta há seis meses, quando quase desisti de tudo para ficar com..."
"Com o Ted." Deméter completa. "Você pode dizer o nome dele, não tente negar como você se sente."
"Negar suas emoções vai apenas piorar a situação." Rehana concorda, fazendo carinho nos meus cabelos.
"Não sei. Só quero ser feliz. Não sei o que fiz de errado para ter um companheiro tão terrível."
"A Deusa da Lua nunca se engana." Rehana comenta.
"Eu o rejeitei." Eu digo, mirando os olhos dela. "Eu o rejeitei, mas ainda estou apegada a ele, porque ele não disse nada. Ele foi tão cruel que nem aceitou minha rejeição." Eu me sento na grama.
"Não acho que ele tenha sido cruel." Deméter se senta ao meu lado.
"É tudo uma vingança dele, Deméter! É só isso! Eu o odeio. E eu o amo ao mesmo tempo. Sonho com o dia em que tudo isso vai acabar porque todas essas emoções estão me esmagando. No geral, estou bem, mas tem dias que não aguento nada disso. Vejo companheiros apaixonados e fico com raiva. O que fiz de errado para ser negada o direito de amar?" Eu começo a chorar.
"Você é muito forte, Kathy." Rehana me elogia. "Olhe para você! Você está treinando há seis meses, e seu físico está longe de ser o da garotinha frágil que eu conhecia. Você parece uma atleta profissional. A doce princesa que eu conhecia sumiu, e uma versão mais forte, de uma mulher fantástica, apareceu no lugar dela. Você é linda, inteligente. Você tem um coração enorme. Você vai encontrar o amor!"
"E o que vou fazer até encontrar?" Eu encaro Rehana. "Até lá, preciso descobrir como vou viver dia após dia. Por que ele não aceita a minha rejeição?"
"Talvez ele ame você, já pensou nisso?" Deméter pergunta. Isso me faz rir.
"Não tente criar desculpas para ele. Ted me caçou como se eu fosse uma presa."
Deméter começa a rir. "E, no final, ele se tornou uma presa."
"O que você quer dizer?" Eu indago, chocada.
"Evan conversou com ele depois que o prenderam." Ela diz, eu a encaro, chocada. "E o arrependimento estava nos olhos dele. Ted nunca imaginou que você fosse sua companheira predestinada, ele nunca imaginou a o tamanho dos próprios erros."
"Por que você não me contou?" Questiono. "Não que importe, mas eu não sabia que Evan tinha falado com ele."
"Mamãe também falou com ele." Autumn explica, devagar.
"O quê?" Fico ainda mais chocada. "Mamãe falou com ele e não me contou nada?"
"Você já tinha saído de casa e estava aqui. Ela não queria incomodá-la." Deméter me diz. "Foi ela quem o deixou sair."
"Não posso acreditar!" Eu fico nervosa. "Por que ela fez isso? Ele merece morrer pelo que fez comigo e pelo que tentou fazer com nosso pai."
"Tem certeza?" Deméter pergunta, mirando bem os meus olhos.
"TENHO!" Eu afirmo, sem rodeios.
"Então por que estamos sentadas aqui e chorando?" Ela questiona, segurando as minhas mãos. "Ele ama você." Ela continua. "É por isso que a mamãe o deixou ir embora. Porque, no fundo da alma, ela sabe que se vocês estão destinados a ficarem juntos. Não importa o que aconteça, vocês vão ficar juntos. Ela o deixou ir para vocês terem uma chance ou para encerrar este capítulo."
Olho para Deméter e Rehana, não consigo emitir nenhum som.
Como minha mãe pode fazer uma coisa dessas e nunca me contar?
"Podem me deixar sozinha por um instante, por favor?" Eu pergunto, abaixando minha cabeça.
"É claro." Deméter se levanta. "Mas quero que você pense bem sobre as suas decisões. Você é minha irmã, Kathy, minha única irmã. Eu amo você e quero que seja feliz. Quero que você experimento da mesma felicidade que eu tenho. Mas eu quero que você admita para si mesma, não para nós, o que você vem tentando negar há meses. Você ainda ama Ted, eu sei e estou convencida em meu coração de que o que memãe e Evan viram nele é amor." Ela segura Rehana pelo braço, depois se vira para mim. "Seja honesta com seu coração."
As duas se afastam de mim, deixando-me sozinha.
'Tudo o que ele fez foi me envolver na sua busca por vingança.' Digo a mim mesma, na minha mente.
'Mas o que vivemos parecia tão autêntico.' Gelina comenta, depois acrescenta: 'Sinta falta dele.'
'O quê?' Eu fico pasma.
'Sim, sinto falta dele. Eu não queria contar nada porque quero que você seja feliz, mas quero meu companheiro predestinado.'
'Mas ele nos magoou!' Eu grito em minha mente.
'E você o rejeitou. Podemos considerar que estamos quites?' Gelina me pergunta, com raiva. 'Podemos voltar atrás?'
'Você é está louca?' Eu me levanto imediatamente, determinada a ter uma discussão séria com minha mãe. Ela me prometeu que nunca mais agiria assim nas minhas costas.
'Isso deve ser uma piada de mau gosto… Preciso falar com minha mãe. Essas coisas não podem acontecer…'
Mas tenho a impressão de que ouço um grande estrondo no ar. Viro a cabeça e vejo pássaros assustados voando da floresta aqui perto.
Desde quando o barulho machuca?
Involuntariamente, coloco uma mão na barriga. O que é isso? Gelina?
Mas Gelina não diz nada. Eu olho para minhas mãos. Há sangue. Eu estou sangrando!
E, de repente, ouço um grito de "RENEGADOS!" ao longe.
Mas já é tarde...
Caio direto no chão e, deitada, vejo dezenas de passos vindos da floresta na minha direção. Tudo entra em uma névoa profunda. Ouço gritos, muito barulho, mas logo o silêncio me envolve.
Eu morri?