Capítulo 55
1736palavras
2023-09-17 00:01
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Ponto de Vista do Rafael
Assim que entramos no alojamento da Deep Valley, todos pulam em cima de Lisle e Mickey. Artemis também está aqui, apesar de ainda estar se curando de seus ferimentos. Mesmo assim, fico feliz em vê-la muito melhor do que da última vez, quando não sabia se ela ia sobreviver.

Julia e Mécia quase sequestram Lisle, que fica sentada com Deméter nos braços e a beija sem parar.
Ela é a bebê mais fofa que eu já vi. Deméter balbucia e fica muito feliz nos braços de Lisle. Ela é tão pequena e já sabe quem é sua mãe. Viviana olha para elas bem de perto, mas seu olhar frequentemente pousa em mim. Ela não sabe o que fazer. Prometi a ela que conversaríamos quando eu voltasse do Alasca.
Olho para ela e sinto vontade de chorar. Tenho vontade de correr até ela e abraçá-la logo, de dizer o quanto sinto muito. Consigo ver o seu sofrimento. Seus olhos estão sem brilho e inchados.
Ela está ainda mais fraca do que ontem. Essa mulher não está comendo nada?
Olho para ela, mas não reajo de forma alguma. Assim que a emoção do reencontro passa, Mickey me convida para ir ao seu escritório com Alfa Lucas, Raquel e William.
Agora é a hora da verdade. Se algum deles se opuser, eu vou desistir de assumir a posição Alfa desta alcateia. Pessoalmente, não me considero digno de ser o Alfa desta grande alcateia. Se algum deles se sentir injustiçado, vou recuar de imediato. Vou apenas voltar para minha companheira e viver feliz com ela aqui.

"Obrigado, pela Deusa da Lua!" Raquel diz, com um suspiro de alívio.
"Fiquei pensando demais, aí morri de medo de você me propor para ocupar o seu lugar, e eu não poder recusar." Ele acrescenta, respirando fundo.
"Do que você está falando?" Mickey pergunta, olhando para Raquel como se ele fosse louco.
"Adoro esta alcateia, mas ser Beta é bom o suficiente para mim. Tenho uma Alfa em casa e, às vezes, é muito assustador… Então, obrigado por não me colocar nessa posição de ter que recusar algo que você me pede pela primeira vez na vida!" Raquel explica, e todos nós começamos a rir.

"Se Julia pudesse ouvir você agora, não quero nem pensar em qual canto da alcateia você teria que dormir à noite." Alfa Lucas comenta, fazendo todos nós rirmos mais alto.
"William?" Eu me viro para ele. "Você tem algo a dizer?"
William me olha com calma e suspira.
"Não. Não tenho nada a acrescentar. Ser Gama dele tem sido a honra da minha vida. É algo que fiz de todo o coração e que me deixa feliz. Prefiro ser o homem nos bastidores, que ajuda a realizar os sonhos de todos. Não desejo nenhum palco. Então, não. Pode relaxar. Concordo totalmente com a decisão de Mickey. Além disso, você é ótimo, Rafael! E você nem percebe isso." Ele me diz, com uma risada.
"Também não tenho nada a dizer." Alfa Lucas acrescenta. "Você é meu filho." Ele diz, enchendo meus olhos de lágrimas. Há muito tempo que não ouço esta palavra dita com tanto carinho e com o significado profundo que tem. "Você é meu filho! Estou orgulhoso de você!"
"Então, está tudo bem?" Mickey pergunta, levantando-se da cadeira do escritório e batendo palmas.
"Quem vai ser o Beta e o Gama?" Alfa Lucas indaga.
"Espero que Raquel e William permaneçam nessas posições." Digo ao me virar para eles, deixando-os sem palavras. "Não conheço ninguém que mereça mais do que eles." Os dois logo ficam muito entusiasmados.
"Você está fazendo a coisa certa." Alfa Lucas afirma, vem até mim para me abraçar e sai do escritório.
"Alfa!" Raquel me chama, rindo.
"Até mais... Alfa!" William diz, imitando Raquel e caindo na gargalhada.
"O que vou fazer com aqueles dois?" Eu me viro para Mickey.
"Você vai aprender a lidar..." Mickey diz, dando um tapinha no meu ombro e saindo do escritório também. Porém, ele para na porta e me diz sério: "Alfa, o escritório é só seu agora."
"Então vai embora, cara!" Vou atrás dele e fecho a porta.
Senti falta dessas pessoas malucas.
Saio do escritório e dou de cara com Viviana. A minha doce Viviana, que fica sentada como uma gatinha assustada e chorosa. Ela espera que eu fale.
Faço um gesto para que ela venha comigo ao escritório de Mickey. Quero dizer, ao meu escritório.
"Mickey não vai ficar chateado por termos vindo aqui sem sua permissão?" Viviana pergunta, tensa.
"Não. Pode ficar calma." Eu a levo até o sofá do escritório, ajudando-a a se sentar de um jeito confortável.
Sua barriga de grávida fica evidente assim que ela se senta no sofá. Mais quatro semanas, e nosso filho vai nascer. O estresse não faz bem a ela. Eu tenho que acabar com essa loucura agora.
Eu fico de joelhos na frente dela e coloco as mãos em sua barriga. Nosso filho começar a se mover quando toco a barriga dela. Meus olhos se enchem de lágrimas. Levanto-me e viro as costas para ela. Vou até a grande janela do escritório, com vista para o lindo jardim de Mécia.
"Você vai me deixar?" Viviana pergunta baixinho.
O que posso fazer para fazê-la compreender de uma vez por todas que eu nunca a abandonarei? Que posso desistir de todo o resto só para ficar com ela?
"Sinto muito." Viviana em voz baixa. "Tenho pensado muito nos últimos dias, desde que você partiu. Sou uma péssima companheira. Sei que você merece algo melhor, mas, por favor, não vá embora. Eu prometo que vou fazer o meu melhor para mudar."
Viviana... o que estou fazendo com você?
"Por favor, acredite em mim. Eu não quis dizer aquilo tudo. Eu prometo que vou mudar." Viviana continua a implorar.
"Não precisa." Eu digo a ela e me viro para encará-la. Viviana começa a chorar e soluçar, pois não consegue mais respirar bem por causa das lágrimas que escorrem.
Corro imediatamente até ela e pego suas mãos.
"Respire fundo, Viviana!" Eu digo, em pânico. "Respire, você vai ficar doente assim!" Mas não consigo acalmá-la.
'Pegue-a em seus braços!' Loren me diz. 'Pegue nossa companheira nos braços. Isso vai acalmá-la!' Imediatamente, eu me sento ao lado dela e a puxo para meu colo, abraçando-a com delicadeza. Viviana continua a chorar, mas muito devagar, começa a se acalmar e a respirar normalmente.
Assim que ela se acalma, eu a abraço mais apertado e coloco sua cabeça perto do meu coração. Viviana não diz nada, apenas fecha os olhos ligeiramente e adormece. Quando tenho certeza de que ela está dormindo, eu deito ao lado dela no sofá e a abraço por trás, segurando-a em meus braços. É fácil perceber exaustão no rosto dela. Dá para ver que ela não dorme nem come bem há dias. Pergunto-me como ela ainda consegue ficar de pé, sem desmaiar ao andar. Tenho que agradecer ao Mickey por ter esse sofá espaçoso de escritório. Ele pensou em tudo quando organizou este lugar.
Ao anoitecer, sinto Viviana se mover um pouco ao meu lado. Ela acorda e olha ao redor, afastando a cabeça da minha mão que a segura, deixei que a usasse como travesseiro.
"Você acordou." Eu digo, com calma, acariciando seu rosto e afastando seu cabelo da testa.
"Sinto muito." Viviana diz, envergonhada. "Eu não queria adormecer, só... Eu..."
"Viviana!" Chamo sua atenção com a voz bem firme, assustando-a. Eu a ajudo a se erguer e sentar. Então, eu me levanto e sento de frente para ela; deixo meu joelho bem entre as suas pernas.
"Viviana." Repito em um tom muito mais calmo, fazendo-a olhar para cima e mirar os meus olhos.
"Eu amo você. Eu nunca vou deixá-la. Sem você, eu não sou nada. Você entende o que estou dizendo?"
"Você ainda me ama?" Viviana pergunta. "De verdade?" Acrescenta ao enxugar as lágrimas com as mãos, igual a uma criança pequena.
"Amo, sim." Digo, pegando-a em meus braços e a segurando contra meu peito. "Você sabe como eu fique nesses dias todos? Senti que enlouquecia sem você."
Viviana coloca as mãos em meu pescoço e mira meus olhos, diz com carinho:
"Sinto muito pela maneira como tratei você. Fui tão burra..."
"Eu amo você, até quando é burra!" Digo. Ela franze a testa. Sinto que ela quer me dizer algo, mas tenta se conter.
"Eu vou mudar, eu prometo." Ela me diz. "Serei do jeito que você quer que eu seja, a companheira que você merece."
"Eu não quero que você mude, Viviana." Eu enxugo as lágrimas que ainda escorrem pelo seu rosto.
"Eu amo a Viviana arrogante, a Viviana nervosinha, que não consegue ficar quieta quando não gosta de algo, a Viviana brincalhona e boba, a Viviana ousada, que não tem medo de dizer o que pensa. Eu quero apenas você."
"Você realmente me quer de volta?" Ela questiona, com um sorriso.
"Para mim, a Viviana só pode ser de um jeito. A única Viviana que aceito ao meu lado é aquela que conheci há alguns meses. Não quero mudar nada em você. Entendeu?"
Viviana chega mais perto e me beija suavemente nos lábios.
"Mas eu quero uma coisa de você." Eu a encaro.
"Eu quero que você nunca mais duvide do quanto eu a amo. Você pode fazer isso?"
"Acho que posso." Viviana responde, jogando-se nos meus braços.
"Eu amo você, Viviana Labels."
"Eu também amo você, Rafael Kennedy."
Agora é a hora...
"Viviana, você quer ser minha Luna?"
E, pela primeira vez na minha vida, vejo minha querida Viviana ficar sem palavras.
"Sua o quê?"
"Minha Luna. Você, Viviana Labels, quer ser minha Luna, a minha única Viviana Kennedy?"
"Eu vou com você onde quiser!" Viviana afirma e se levanta, puxando-me atrás dela.
"Aonde você vai?" Eu pergunto. "Sua mulher louca, vá devagar se não vai desmaiar com tantas emoções."
"Vamos fazer as malas. Para onde vamos?" Ela questiona, eu começo a rir.
"Para lugar nenhum." Eu respondo.
"Mas você me pediu..."
"Eu sou o novo Alfa da Alcateia Deep Valley."
Eu observo o rosto dela ficar pálido.
"Mas… mas… Mas o Mickey?!" Ela perguntou, hiperventilando.
"Ele é o novo Rei dos lobisomens."
"Pelo amor da Deusa!" Ela exclama e fecha os olhos de repente, desmaiando.
'Pela Deusa da Lua!' Loren diz, rindo. Consigo imaginá-lo rolando no chão de tanto rir. 'Temos certeza de que a queremos de volta?'