Ponto de Vista da Lisle
Fico sentada sozinha por alguns minutos, tentando processar as informações que recebi. Parece que sou uma… coisa… que é uma espécie de máquina de guerra… que vem de uma linhagem de um rei arrogante e maluco, mas muito forte. Eu sou mágica. E a cereja do bolo é que sou o sonho de vida de outro rei maluco que infelizmente é o Rei Alfa.
Hahaha!

Que piada boa!
Não consigo parar de rir. "Pelo amor da Deusa!" Digo quando minha risada deixa de ser engraçada e se torna algo sinistro, que também me assusta. Eu estou ficando louca…
Eu sou um monstro!
'Não, você não é…' Uma voz refuta.
'Quando você ouve aquela história do Rei, você realmente não quer pensar mais no assunto.' Eu rebato, totalmente confusa.
'O Rei só olha para o que lhe convém. Um Lobo Arcadiano é mais do que isso.'

Suspiro e olho para a porta. Não há ninguém. Eu levanto minha cabeça, sinto-me amarga ao olhar o aposento. Com quem estou falando?
'Pela Deusa da Lua! Nancy!?'
'Pelo amor da Deusa! Lisle?' Nancy me chama, rindo bastante. 'Estou aqui, Lisle, estou aqui!'
Eu choro e rio ao mesmo tempo, enxugo minhas lágrimas.

'Senti tanto sua falta!' Eu sussurro. 'Achei que tivesse perdido você.'
'Nunca, Lisle. Mas sinto como se eu saísse agora de uma poça de acônito, e aquela bala de prata também não me machuca muito... para ser honesta.'
Mal posso esperar para contar a ela tudo o que aconteceu hoje de manhã, mas a porta se abre, e o Dr. Cristiano entra na sala.
"Boa noite, senhorita Lisle." Ele diz, com um grande sorriso para mim.
Eu aceno e, assim que ele para ao meu lado, sussurro: "Ela está de volta!"
"É o quê?" O sorriso de Dr. Cristiano aumenta. "Você quer dizer que a sua coisinha está de volta?"
'Eu não sou uma coisinha!' Nancy se irrita. 'Eu sou uma grande loba, não uma cachorrinha!'
Eu começo a rir.
"Você a irritou." Digo ao Dr. Cristiano, com uma risada.
"É exatamente isso que eu quero." Ele comenta, sorrindo ao se sentar ao meu lado. "Devemos mostrar ao Rei que Nancy está ativa, que não importa quanto acônito eu lhe dê, ainda devemos esperar. Tento adiar essa loucura o máximo que posso, mas preciso da ajuda dela também."
'Não consigo me transformar.' Nancy diz e, desta vez, ela usa a ligação mental para falar com Dr. Cristiano. Isso é um choque para nós dois. 'Não estou bem. Preciso de mais alguns dias para voltar ao normal.'
'Como você fez isso?' Eu pergunto.
'Agora que você sabe quem somos, não tenho motivos para me esconder nem para ensiná-la a não ter medo do que podemos fazer.' Ela me explica.
Então… eu realmente sou aquela loba assustadora…
'Não somos assustadoras, Lisle! Somos muito fortes, e as pessoas têm medo daquilo que não conhecem.'
Fico em silêncio.
"Pense em algo e me ajude. Faça o seu melhor, por favor. Continuarei a lhe dar vitaminas quando o Rei estiver por aqui e fingirei que são um acônito especial. Mas me ajude a mantê-lo longe." Dr. Cristiano me pede e quase não tem tempo de terminar de falar quando a porta se abre e a abominação do século, aquele Rei burro, entra no quarto como se já fosse o dono do mundo inteiro.
"Boa noite, meu amor!" O Rei se aproxima de mim e tenta me beijar, mas, como sempre, viro a cabeça para evitar qualquer contato com ele. O Rei me olha atentamente e, de repente, levanta a mão para me dar um tapa na cara.
"Meu Rei!" Dr. Cristiano exclama, assustado. O sangue já escorre do meu nariz devido ao forte golpe. Contudo, eu não esperava que a Nancy reagisse; ela está tão debilitada, mesmo assim se transforma parcialmente, mostrando suas presas e garras. Nancy salta da cama diretamente sobre o rei, derrubando-o no chão e enfiando as presas em seu ombro.
Dr. Cristiano faz uma ligação mental para nós duas: 'Já chega, pare!' Ele implora, pasmo. 'Você está fraca, não deveria ser capaz de lutar com ele agora!'
Imediatamente, Dr. Cristiano nos injeta com algo, que presumo serem as vitaminas. Tento entrar no jogo e parecer fraca, começo a rosnar e fazer toda uma encenação.
O Rei grita de dor e solta vários xingamentos.
"Amarre-a! Pela Deusa da Lua! Ela pulou em mim e me mordeu!"
O Dr. Cristiano logo me puxa para a cama e amarra minhas mãos e pés. Faz isso de um jeito leve, sem me machucar.
"Sinto muito!" Ele me diz sussurrando.
"Você vai pagar por isso!" O Rei afirma, com raiva. "Mais alguns dias, e você vai se arrepender do que fez! Você vai me implorar para amá-la e lhe dar atenção! Você vai me desejar depois que eu marcá-la, aí eu vou ignorá-la!"
"Por que você não começa a me ignorar agora?" Interrompo, furiosa.
O Rei me encara, chocado.
"Tem certeza de que deu acônito para ela?" o Rei questiona, virando-se aborrecido para o Dr. Cristiano e indo em sua direção.
"É claro!" Dr. Cristiano exclama.
"Não parece. Como ela ainda pode estar transformada?" Ele olha para mim enquanto tento quebrar as amarras das mãos e dos pés. "Se eu descobrir que você me enganou, vai ser um médico morto. Vou matar sua família na sua frente antes, então vou estraçalhar você. Não haverá nenhum vestígio de sua existência! Entendeu bem?"
"Sim, meu Rei!" Dr. Cristiano responde, sem piscar.
O Rei sai do quarto, é óbvio que sente dor ao deixar um rastro de sangue atrás de si.
"Não era isso que eu tinha em mente quando disse para você assustá-lo." Dr. Cristiano comenta, virando-se para mim. "Mas acho que serve!"
"Espero que sim..." Digo, um pouco assustada. Não quero que ninguém sofra. E se Nancy for tão forte como o Rei afirma, assim que eu recuperar as minhas forças, poderei sair daqui.
O que diria esse Rei maluco?
"Mais um pouco de tempo... e minha hora chegará."