Capítulo 31
1546palavras
2023-08-28 15:14
Ponto de Vista da Lisle
Todo o meu corpo dói, sinto como se meu abdômen estivesse dilacerado.
'Nancy?' Eu chamo, mas ela não me responde. 'Nancy!' Tudo que ouço é o barulho de dispositivos médicos. Nenhum sinal de Nancy.
O que está acontecendo comigo?
Mal consigo abrir os olhos para ver os meus arredores. Tento reconhecer qualquer coisa para descobrir onde estou, mas nada me dá uma pista do lugar.
Estou conectado a um monte de fios e a alguns dispositivos médicos, mas não estou no hospital. É uma diálise? O que está acontecendo?
Que lugar horrível é esse? Há troféus de caça pendurados por todo o aposento. Tento sair da cama, mas sinto muita dor. Eu não consigo nem ficar de pé. A dor é insuportável.
'Nancy!' Eu grito novamente. 'Não, não, não...' Mas, antes que eu me desespere, lembro dos últimos acontecimentos. O acônito e a prata... 'Sinto muito, Nancy, eu sei que você me ouve... Vai ficar tudo bem!'
Coloco a mão na barriga e passo os dedos sobre as enormes bandagens que estão ali. O culpado por tudo isso vai pagar caro.
Mas, de novo, onde estou? Eu tenho que me levantar e sair daqui...
Seguro a beirada da cama e, ignorando a dor insuportável, tento me levantar. Começo a tremer de dor. Lembro-me da minha vida antes de ter a Nancy, quando tudo era como agora. Sentia uma dor insuportável e lutava todos os dias para curar as minhas feridas. Se eu conseguia me levantar naquela época, posso fazer isso agora. Com muita dificuldade, mal consigo sair da cama, mas tenho que parar. É impossível respirar com tanta dor. Assim que fecho os olhos, tento me recompor e continuar de alguma forma, é quando a porta se abre.
"Bom dia, Vossa Majestade!" Um homem de trinta e poucos anos diz, ele entra no quarto com uma bandeja cheia de curativos e remédios.
Eu olho para ele e o analiso com cuidado. Ele não é um lobo renegado.
Ele se aproxima de mim e coloca a mão na minha testa.
"Você não está mais com febre." Ele sorri para mim.
"Onde estou?" Pergunto, sem me importar com o que ele acaba de dizer.
Ele me olha e dá um meio sorriso, mas não tenho tempo para conversas ou bobagens. Estendo a mão para agarrar seu pescoço. É um grande, grande erro! Eu imediatamente grito de dor.
O homem a minha boca com a mão, tentando me impedir de gritar.
"Acalme-se, por favor, ou ele saberá que você acordou!" Ele me avisa, um pouco assutado.
Eu o encaro e falo devagar, rangendo os dentes:
"Vou perguntar pela última vez. Onde estou? Quem é você? E quem é culpado por toda essa loucura?"
"Primeiro, permita que eu a ajude a se deitar de novo. Depois disso, contarei tudo o que você quiser saber." O homem afirma e, quando tento me opor, ele consegue fazer eu me deitar na cama. Ele me coloca em uma posição mais confortável para mim.
Pelo amor da Deusa! Como eu cheguei aqui? Não consigo nem levantar a mão sem sentir dor.
"Tudo bem. Eu sou Dr. Cristiano Tapper e sou o médico do Rei."
Sinto meus olhos dobrarem de tamanho com raiva. E tudo se conecta na minha mente, mais nada do que o homem diz me choca mais. Eu sei exatamente o motivo pelo qual fui trazida aqui.
"Respondendo à sua outra pergunta, você está em algum lugar no Alasca. Sendo sincero, também não sei exatamente onde estamos. É uma das propriedades do Rei, mas ninguém vai ouvi-la aqui, não importa o quanto você grite. Então, sugiro que não comece a gritar. É um desperdício de energia. Estamos no meio do nada. Se você fugir, provavelmente não vai saber para onde ir. Nem eu sei como sair daqui, chegamos de barco. E, em relação à sua última pergunta, vejo só de olhar para você que já entendeu o que está acontecendo."
Eu tremo de raiva.
"Por favor acalme-se!" Dr. Cristiano me pede. "Eu não quero que suas feridas reabram. A cura é muito difícil na ausência da sua loba."
"Quando eu sair daqui, vou matar o Rei." Digo com raiva, apontando para ele com o dedo indicador. "E vou matar você também!"
"Vossa Majestade..." Ele começa a dizer.
"Não sou nenhuma Majestade!" Retruco com raiva, tento falar o mais devagar que posso, mas é impossível. "Eu vou matar todos vocês. Você me tirou da minha casa! Machucou minha querida alcateia! Arruinou minha cerimônia de Luna! Quando eu levantar daqui, vou matar todos vocês!"
"Eu não fiz nada do que você disse, Vossa... Majestade." Ele engole em seco. "Eu também não quero estar aqui, mas não posso me opor ao Rei. Tenho uma família em casa. Nos últimos dias, tenho tentado ajudá-la e não fiz nada do que me mandaram. Eu realmente não quero machucar você. Sou forçado a estar aqui, senhorita!" Dr. Cristiano diz e vejo que ele está falando a verdade.
"Lisle." Eu digo. "Meu nome é Lisle Kennedy."
"Senhorita Kennedy, quero que você acredite que farei tudo que puder para ajudá-la. Sua loba está perto de voltar, posso sentir isso. Eu prometo que não vou lhe dar mais acônito, não importa o quanto o Rei mande. Jurei fazer o bem como médico, nunca machucar as pessoas, não importa o que isso me custe. Eu prometo que vou ajudá-la a recuperar a sua loba, mas facilite as coisas para mim. Participe dessa farsa. Entre no jogo comigo, ou nós dois vamos morrer caro o Rei descubra o que está acontecendo."
Posso confiar neste homem? Não sei nada sobre ele. Mas eu tenho outra opção? No momento, estou deitada como uma inútil, em uma cama no meio do nada. Não consigo nem dar dois passos sozinha.
De repente, a porta se abre, e o culpado por tudo isso entra: Rei Alfa. O mais nojento da família Granger. Nunca senti tanto ódio em minha vida. Achei que ele havia superado sua louca fantasia comigo. Achei que tinha sido um surto durante a competição. Pelo amor da Deusa, ele tem idade para ser meu pai!
"Parece que você conseguiu!" O Rei diz, com um sorriso arrogante. "Bom dia, minha rainha!" Ele vem até mim, para me beijar, mas eu viro a cabeça e tento evitá-lo.
O Rei agarra minha cabeça com as mãos e me obriga a olhar para ele, então ele me beija a força.
De repente, eu me sinto mal e que estou prestes a vomitar. Ele lambe meus lábios, depois se afasta de mim, mas ainda segura minha cabeça entre as mãos. O Rei olha para o médico e pergunta:
"Ela está pronta? Posso marcá-la?"
Sinto como se o mundo inteiro parasse. O universo congela. O sol e a lua morrem. Acho que até faço xixi nas calças. Miro os olhos dele com horror, pois percebo, agora mesmo, que se ele quiser me marcar, não vou conseguir resistir. Se ele me marcar, não vai importar o que eu quero, terei aceitá-lo como meu companheiro. Quando alguém é marcado, não pode mais se opor ao vínculo.
Estou f*rrada!
"Não pode, meu Rei!" Dr. Cristiano responde.
O QUÊ? Eu me viro para ele, com olhos suplicantes.
"A loba dela ainda está acordada. Ela está fraca, mas ainda ativa. Apliquei as doses máximas de acônito que seu corpo aguenta, mas só podemos esperar. Sua loba está ficando cada vez mais fraca. Enquanto a loba estiver acordada, qualquer tentativa de marcá-la pode matá-la."
"Faça tudo que puder para acelerar o processo. Quero marcá-la ainda hoje." O Rei resmunga. "Não tenho tempo para perder."
"Receio não poder apressar nada, meu Rei." Dr. Cristiano reafirma. "Você viu o que aconteceu na competição. Aquele Alfa apenas a arranhou na tentativa de marcá-la, e ela entrou em coma por alguns dias. Para marcá-la, sua loba deve estar completamente dormente ou iremos perdê-la."
"Faça o seu melhor! Não esqueça que sua família está em minhas mãos." O Rei ordena e se vira para mim. Ele agarra minha cabeça entre as mãos mais uma vez e me puxa na sua direção, fazendo-me gritar de dor, graças aos ferimentos pelo meu corpo. O nojento aproveita o meu grito e enfia a língua na minha boca, beijando-me de uma forma descontrolada, que me aterroriza. Sinto minhas feridas reabrirem e o sangue escorrer enquanto me esforço para me afastar de seu aperto, mas não consigo.
"Meu Rei, ela está sangrando!" Dr. Cristiano avisa.
O Rei se afasta de mim e olha para o sangue em volta das bandagens, lambendo os próprios lábios.
"Tão linda... E, em breve, será só minha..." Ele começa a rir como um louco. "Em breve... Muito em breve." Ele ri mais ao sair do quarto, batendo a porta.
Cristiano corre até mim e, imediatamente, confere bandagens em mim:
"Pelo amor da Deusa! Todas as feridas estão reabertas!" Ele mira os meus olhos e diz: "Senhorita Kennedy... Isso vai doer!" Pela Deusa da Lua, e dói mesmo!
Chorando, eu pergunto: "Você realmente vai me ajudar?"
"Vou ser mais claro, senhorita Kennedy..." Dr. Cristiano diz, me encarando enquanto suas mãos cuidam das minhas feridas. "Estou aqui contra a minha vontade, não porque quero. Então, sim, vou ajudar."
"Obrigada!" Eu choramingo.
"Agradeça-me depois que nós dois sairmos vivos daqui."