Capítulo 76
1651palavras
2024-02-01 01:18
DAVIKA
Eu estou viva?
Abrindo os olhos com certa dificuldade eu pisco repetidamente por que afetada por toda a claridade que entra pelas janelas é a beleza de um novo dia que tem o poder de me fazer sorrir e grata por estar acordada eu direciono a Deus um silencioso agradecimento afinal como uma criança temente a uma divindade eu cresci como uma adulta que burlando as suas leis minha fé com o tempo foi se apagando já que a descrença no ser humano se tornou um sentimento tão grande que fazendo coisas obscuras nada poderia me fazer uma mulher crente em Deus

O quarto é grande e com suas paredes de um tom de branco é olhando atentamente para o que me cerca que espantando toda a neblina que me impede de raciocinar eu não tenho nenhuma intensão de pedir por mais analgésicos por que a cada segundo que passa uma dor filha da puta cresce para me alertar que ainda sou humana a cama é confortável o travesseiro acomoda bem a minha cabeça mas inquieta por saber como terminou a história que me trouxe até aqui eu só posso esperar que alguém apareça
Sérgio não pode ter saído vitorioso
Ele é inconstante demais
Agressivo demais
E impulsivo demais
Certamente se tivesse conseguido nos derrotar eu não estaria em um hospital

- Mas onde está Oliver? - o medo se prova um sentimento amargo quando segundo após segundo a ideia de que tenha se ferido ganha forças para que novamente considere se o mundo que criei tão cuidadosamente hoje tenha chegado a um fim - Oz onde ele está? - sussurro mal suportando o pensamento de que esteja ferido
- Estou aqui Davika - parado na porta é com uma expressão de alivio que sorrindo como nunca o vi fazer meu menino caminha para mim com passos apressados - Você acordou eu já estava ficando preocupado os médicos disseram que ficaria bem mas é agora ouvindo a sua voz que fico mais tranquilo
- Alguém mais se feriu? - o questiono
- Não - acariciando o meu rosto um beijo é depositado em minha testa - Não pense mais nisso Sérgio já não é mais um problema

- O que quer dizer?
Ele está morto?
- Eu quero dizer exatamente o que disse esqueça isso e dedique toda a sua atenção em melhorar por que depois que estiver bem eu nunca mais a deixarei em paz - rindo Oz parece diferente do homem ao qual conheci por longos anos
O que mudou?
- O que aconteceu? - tentando buscar uma resposta para a sua súbita mudança de comportamento é com uma mente em branco que não consigo pensar em nada que vá explicar - Você está diferente
Oliver atingindo onde estamos ele permanece calado e sentando em uma poltrona que esta contra uma parede ele nos observa com grande interesse seu silêncio parece fora de lugar por que o conhecendo como conheço é de conhecimento comum que em situações difíceis sua voz sempre pode ser ouvida para assim expressar a sua urgência
- Bem se não tivesse percebido antes agora seria um momento de clareza - fuzilando Oz com o olhar eu exijo - Me diga
- Eu cumpri a minha promessa - meu menino declara para a minha total confusão
- Que promessa? - buscando em minhas memórias por algo que tenha prometido eu falho miseravelmente quando suas palavras não fazem o menor sentido
- Eu prometi que compraria um vestido vermelho para você
Hum...
Sim
O vestido era realmente lindo
- Você lembra de quando eramos pequenos e você me disse que odiava a cor rosa e por conta disso eu dei a minha palavra de que daria um vestido vermelho? - Oz relembrando o passado ele não faz qualquer sentido e isso me faz pensar se é meu menino que é ilógico ou eu sou o problema por que os remédios percorrendo a minha corrente sanguínea a lentidão tem o poder de me fazer pensar e repensar as suas palavras algo parece estranho mas sem conseguir colocar o dedo sobre a estranheza eu só posso concordar
- Sim meu pai queria me comprar um casaco rosa mas eu bati o pé e teimei que só estaria levando para casa o vermelho
Nunca de fato eu gostei de rosa
Divertido Oz segura as minhas mãos e passando o seu polegar por meus dedos a imagem que tenho é uma que nunca consegui testemunhar meu menino nunca foi sorridente seu humor era o que a situação exigia e mal expressando os seus sentimentos é com um lindo sorriso que o admirando eu também sorrio que nem uma idiota
Espere um minuto
- Por que esta me perguntando sobre isso? - de repente mais desperta eu busco em Oliver a resposta
- Ele já sabe de tudo Davika - o Dafoe mais velho esclarece - Sem mentiras sem enganos Oz já sabe que foi você quem salvou a sua vida quando criança
Hum...
Isso não é bom
Isso não pode ser bom
- Você está muito chateado? - apreensiva eu mal consigo o encarar
- Devo admitir que foi uma grande surpresa - rindo para a minha surpresa meu menino está de bom humor - Eu nunca teria pensado que o meu próprio pai estaria de acordo com um plano para que seu filho fosse seduzido
- Bem... em minha defesa eu não tinha certeza de que você aceitaria Davika e o acordo foi de que para obtê-lo primeiramente ela deveria despertar sentimentos em você - Oliver querendo se livrar de toda a culpa ele se defende com uma verdade que não posso contestar
- Certo - se dando por vencido Oz revira os olhos - Não é como se tivesse alguma moral para reclamar por ser enganado
- Eu não sou uma policial - declaro do nada - Eu precisava me aproximar de você e como não sabia um modo de fazê-lo se apaixonar por mim seu pai teve a brilhante ideia de mentir sobre Sérgio ter se apoderado de provas que o condenavam e funcionando como uma desculpa para mudar os seus guardas eu me apresentei como alguém da lei
Cada palavra que voa para fora de minha boca soa cada vez pior conforme penso sobre o assunto ser enganado não é um bom sentimento e agora que o tive que sei como de fato é ter o seu afeto sua rejeição me destruiria por que agora sei o que tive e o que estou perdendo e viver só com a recordação do que um dia tivemos não é algo que queira para o futuro
- Se acalme Davika - percebendo a minha agitação Oz se inclina contra mim - Eu não estou zangado confesso que de início fiquei um pouco bravo mas como disse eu não posso repreende-la por mentir por que eu fiz isso a minha vida inteira
- Então... - me enchendo de esperanças eu começo a desejar que no fim da página seja um final feliz que esteja escrito - Estamos bem?
- Sim como posso ficar com raiva se minha garota é tão adorável - beijando levemente os meus lábios ao fundo vejo Oliver se virar para o outro lado
- Nunca pensei que o meu filho se transformaria em um tolo apaixonado - ele resmunga
- Se não quiser ver até onde vai o meu afeto então sugiro que o senhor saia - provocando Oliver Oz volta a me beijar
- Certo - caminhando para longe o Dafoe mais velho foge em grande pressa
- Como está Davika você sente alguma dor devo chamar o médico?
- Não eu estou bem - olhando para baixo de mim eu toco levemente a ferida em meu estômago - Você foi o meu doador?
- Sim ver você sangrar até a inconsciência me assustou e foi pensando que poderia perde-la que me amaldiçoava por não ter dito as três palavras que você tanto queria ouvir
- Você está dizendo que...
- Sim Davika eu amo você como nunca poderia amar outra
Sua declaração é um conjunto de palavras que ansiando ouvi-las por um longo tempo eu não posso negar que a felicidade me deixa quase tonta por que vindo de Oz eu sei que fala sério já que o conhecendo desde que era uma criança é a certeza de que sua declaração é verdadeira que me faz eufórica com o sentimento de pertencimento
- Eu também o amo
- Sim? bem você foi bem obvia sobre isso - ficando sério de repente Oz me prende em seu olhar - Você sabe o que significa ser a minha mulher
- Sim eu sei e se não estivesse pronta para isso eu não teria entrando em sua vida
- Meu pai se aposentou a partir de agora eu sou o Dafoe que terão que lidar Otávio assim como pedir ele desistiu de ser um carcereiro hoje ele se torna o meu segundo em comando e com isso quero perguntar Davika você conseguirá lidar com tudo que vem com uma vida de crimes?
Com os meus braços se apoiando em seus ombros eu o puxo para mim e a milímetros do que seria um beijo eu sussurro como uma promessa
- Estou ansiosa por isso
Muito jovem eu descobrir o mundo feio ao qual habitava
Na adolescência foi o ódio que me nutriu para chegar mais e mais longe
Mas é agora atingindo a fase adulta que o mundo feio que me aterrorizava nada mais é que o mundo que despejei todo o meu ódio
No passado foi Oz a quem dediquei toda a minha raiva mas estando em seus braços sentindo o conforto de seu toque é o amor que fala mais alto
Por que sim eu amo todas as suas facetas
A ruim, a péssima e a mais adorável
Por que Oz é o meu caminho