Capítulo 31
1803palavras
2023-07-18 14:19
OZ
Estou fazendo isso uma e outra vez
Meu coração segura em seu interior uma escuridão que não importa o quão forte a luz brilhe não interessa minhas intenções tudo ruma para uma direção que não tenho como fazer o retorno estou enegrecido pelos pecados do sangue meu traço mais forte são as feridas em minha alma falhas essas que nenhum bem irá curar pois não tenho medo não temo enfrentar os fantasmas que me perseguem e quanto mais e mais me perco em minha mente eu aceito que cair em um abismo é inevitável

Algo dentro de mim floresce como uma flor feita do veneno mais mortal meus pensamentos e ações agora são todos voltados para um único objetivo que é fazer todos acreditarem que verdadeiramente sou a tão temida Besta por que se desconfiarem que sou o que de mais comum existe eu não sairei pelas portas da frente para ver o sol brilhar novamente
Vamos ver o quão longe posso ir antes que alguém tente me parar
Sou como um carro sem freios e quem for tolo o bastante para me enfrentar eu irei passar por cima como só a verdadeira besta faria
Em meu braço está a faixa vermelha que me condena a cor rubra é um claro sinal do que de mais hediondo fiz e a cada passo dado a cada olhar que me é dirigido e a cada detento que desvia o olhar por medo eu vejo que não há anjo que poderá me salvar de cair no buraco que eu mesmo cavei a terra irá me engolir como um pecador e não vendo como atingir os céus eu não tento escapar do inferno que me aguarda
Eu preciso ouvir o chamado
A voz que diz para continuar e nunca parar

Por que é ela que me guiará por uma estrada pavimentada com dor e sofrimento mas assumindo um personagem que me protegerá eu em nada tenho como justificar minhas ações
O refeitório está repleto dos mais variados tipos de criminosos grandes mesas então dispostas e homens se aglomeram para conseguir um pouco de comida e sem saber o que fazer eu permaneço parado em dúvida de como agir diante de pessoas que tem a brutalidade como cotidiano mas tudo muda e de repente me vejo sendo alvo de olhares indiscretos quando um dos detentos que está na fila olha para mim e assustado ele dá um passo para trás outros que estão a sua frente seguem seu exemplo e também me encaram e é como se predadores encontrassem um predador ainda maior e mais forte por que esses homens que nunca conheci antes agora saem de seus lugares e fazendo a mesma coisa que o primeiro eles se afastam de onde está sendo servida a comida
- Por aqui senhor - o mais novo do grupo indica para que eu siga a diante e como que se me ter por perto fosse a maior das perturbações cabeças viram e com inúmeros pares de olhos me encarando eu agora tenho uma plateia assistindo todos os meus movimentos cada respiração cada piscar e cada tremor em minhas mãos tudo é assistido com enorme interesse por estranhos que já começam a buscar as fraquezas que se tornaram a minha ruina mas é com um forte desejo em sobreviver estando preso com animais viciosos que faço de minha presença algo difícil de ser esquecido por que afinal a tão famosa Besta agora se encontra diante de todos já não mais escondido nas trevas pois hoje me torno um sádico assassino que sente prazer em ver o sangue de suas vítimas sendo derramado e a luz se apagando de seus olhos já que um criminoso que prática atos hediondos não sente pena, remorso ou qualquer culpa que atormente e interrompa o sono durante a noite
Sou Oz filho de Oliver Dafoe e hoje me torno a Besta

O tão falado e temido assassino deixou pegadas de sangue para trás e hoje ando por onde suas marcas ficaram
Irei colher os benefícios e as dores de ser conhecido como um animal como alguém sem alma mas no fim todos nós conseguiremos o que tanto queremos
Fazendo exatamente o que me foi dito eu agarro uma bandeja e a estendendo para o homem que serve ele de má vontade coloca um pouco de comida minha estranheza em ser tratado como alguém que mereça respeito é grande mas dando um passo a frente eu agora corro pela estrada ao qual não tenho como olhar para trás por que esperar por alguém que virá me salvar é uma opção que não me levará a lugar nenhum estou preso a liberdade agora esta em espera e sabendo que tudo que resta tudo que nunca sob hipótese nenhuma me abandonará é o meu cérebro traçar um plano de sobrevivência se faz cada vez mais necessário
Sou um assassino
Vidas foram ceifadas por minhas mãos
Me lembro como uma forma de manter o personagem
Minha bandeja vai enchendo conforme vou indo para frente e com cada pessoa responsável por nos alimentar não demonstrando qualquer sinal de boa vontade em fazer seu trabalho eu paro em frente ao homem que serve o que penso ser carne com molho e com uma concha é depositado uma pequena quantia que em nada me agrada pois se vou entrar em uma guerra eu vou precisar de um pouco mais de proteína
Nunca cairei
Não tenho medo de ir até as últimas consequências
- O que? - o baixo homem pergunta ao olhar em nosso entorno e me olhando sem entender ele engole em seco ao perceber que meus olhos estão postos sobre ele e não de uma boa maneira - Hã... desculpe - ele abaixa a cabeça e enchendo novamente a concha ele me dá mais uma porção sua mão treme levemente e com um silêncio mortal todos me observam em total interesse por um sádico assassino
Minha vida agora é outra
Tudo que tenho dentro desses muros é minha identidade
Mesas estão cheias da escória da humanidade não há um espaço que esteja livre mas tomando para mim um espírito perverso e cheio de malícia eu vou em direção a uma mesa sem nunca vacilar meus passos e com a distância ficando cada vez mais curta homens saem de meu caminho como se estivesse contaminado suas bandejas cheias de comida continuam no mesmos lugares onde as deixaram ao tentarem fugir com a presa em ficar longe e com isso ocupando um banco eu agora me vejo sozinho para fazer uma refeição o arroz esta empapado, a carne tem uma aparência duvidosa e com o excesso de vermelho no molho sua cor me lembra a sangue, a falta de legumes não é sentida com grande pesar já que nunca fui um consumidor frequente mas é inevitável não pensar que hoje que me encontro preso eu estou se quer lembrando que em meu prato deveria ter abóbora, cenoura ou até ervilhas
Tenho que agir rapidamente
O medo é o meu melhor aliado
Agora todos me temem mas preciso solidificar minha posição
A comida que provo possui o pior dos gostos mas me forçando a comer eu empurro uma colher cheia na boca e mastigando contrariado eu engulo com dificuldades o refeitório parece voltar ao normal quando vozes são ouvidas e me sentindo ser observado por alguém eu logo descubro quem é assim que sinto uma presença atrás de mim mas esperando pelo tempo certo eu me alimento como se não estivesse rodeado por animais que tentam me comer vivo e permanecendo inalterado eu espero
- Vejam só quem veio para nos fazer companhia - sua voz que tanto recordo debocha mas como não dou atenção ele junto com quem o segue dão a volta na mesa e agora ficando a minha frente eu tenho um Miguel extremamente feliz se seu grande sorriso é qualquer indicação
O filho do homem que tenta nos derrubar tem superioridade em sua expressão Miguel sem surpresa alguma também é um detento assim como eu e juntos estamos presos e sem outro lugar para onde ir eu o tenho como um perigoso inimigo ao qual é impossível evitar nosso confronto e o que fica é a dúvida de qual de nos continuara de pé depois que a poeira abaixar
- Ei eu estou falando com você - Miguel dá um passo ameaçador em minha direção mas aparentando uma calma que não tenho eu continuo a comer e com todos parando de fazer suas refeições em favor de observar o desenrolar de nossa interação eu tento decidir como proceder sem grandes complicações
Bem não posso ser o antigo Oz
Estou preso em uma jaula e se não me tornar o pior dos animais eu serei devorado
Miguel já farto de ser ignorado ele ri e puxando a minha bandeja para si ele segurando o meu olhar para ver se vou impedi-lo meu agora inimigo expeli sua saliva e com cuspe ele arruína a minha refeição que apesar de não ser a das melhores eu ainda pretendia comer cada migalha dela
- E agora Oz o que você irá fazer? - Miguel tem desafio em seu tom
Raiva é um sentimento abundante ser motivo de piada por muito tempo foi aceitável mas estando dentro dessas paredes com criminosos dos mais variados tipos eu não posso tolerar desrespeito por que meu nome precisa ser feito e o terror o mais puro medo tem que ser sentido por aqueles que ousam me chamar
- Você se acha inteligente Miguel? - deixo que enfim minha voz saia e me levantando eu o supero em altura e assim o encaro de cima - Nós dois estamos presos aqui pelo mesmo crime mas ao invés de mim você foi pego pela mais pura burrice - sorrio em provocação mas não esperando sua reação imediata minha cabeça vira e meu lábio se parte quando perdido para a fúria Miguel desferi um soco em meu rosto
- O peguem - Miguel ordena e sem demora dois homens que o seguem deixam seu lado e vindo até mim eles me seguram com violência - Vamos ver se mantem a sua boca esperta quando por fim terminar com você - dando as costas ele caminha entre mesas e é o vendo sumir pela porta do refeitório que sou empurrado para frente e com os detentos agora perdendo o interesse eles voltam a comer sem grandes problemas já eu me vejo mais e mais chegando a um lugar onde a saída é tão distante que meus pés nunca chegaram
Vou dar espaço para que a besta cresça
Vou dar vida a um animal
E darei poder para que a fera que ruge se alimente do que de mais ruim existe
Não mereço morrer como uma ovelha mais sim como um lobo