Capítulo 20
1299palavras
2023-07-31 15:23
O jantar da noite anterior tinha sido bastante agitado. Lancelot havia se retirado para o seu quarto com uma garrafa de vodca meio vazia. E ele bebeu tudo naquela noite, pouco antes de adormecer no chão, bem ao lado de sua cama.
A pressão era demais para ele. Todos esperavam que ele se encaixasse perfeitamente bem nos sapatos enormes que haviam separado para ele. Enquanto metade da família Dankworth o admirava, isso ficou bem claro pelo jantar de ontem que a maior parte da sua família não esperava dele, nada além do fracasso.
Como ele iria desapontar a todos? Ele trabalhou, treinou e estudou muito por quatorze anos da sua vida. No entanto, ainda parecia que ele não estava pronto para fazer isso.
Uma coisa era nascer para dominar o poder, outra coisa era ser forçado a aceitar ter esse poder. Agora isso seria uma parte dele, quer ele gostasse ou não.
Ele agora tinha uma responsabilidade com toda a alcateia London Pride, ele não podia cometer erros. Assim como havia feito por mais da metade da sua vida, Lancelot entendeu que tinha que ser perfeito. Ou, pelo menos, andar por aí com uma falsa sensação de perfeição.
Isso era muito mais do que ele jamais havia pedido. Ele não queria nada disso, mas não tinha escolha.
Se ao menos Bran não tivesse...
Ele parou por aí, não pensaria mais nele, não essa noite.
Depois de tomar a vodca que tinha na garrafa, ele caiu no sono tão profundo que se esqueceu de trancar a porta do quarto.
Essa era a única maneira de Ava conseguir entrar em seu quarto sem bater. Quando ela entrou no quarto escuro, ela foi pega de surpresa pelo cheiro de álcool. Antes que a visão de Lancelot que estava todo esparramado no chão a fizesse pular de susto.
Seu leve grito o fez estremecer e acordar. Rapidamente, ele se sentou em modo de defesa. Quem quer que tenha entrado em seu quarto sem sua permissão, ele estava mais do que pronto para espancar a pessoa e fazer um estrago na cara dele... Ou dela.
Quando seus olhos se abriram e ele viu Ava parada acima dele, Lancelot suspirou de alívio e se levantou.
Ele estava um pouco tonto, Ava correu para ajudá-lo, mas ele levantou a mão. Avisando-a para não se aproximar dele.
"Meu Alteza, você está bem?", ela perguntou em voz alta, olhando para ele mais uma vez. Seus olhos olharam para a garrafa vazia de vodca que estava esparramada no chão.
Lancelot olhou para ela e assentiu com a cabeça.
O que di*bos ela estava fazendo naquele quarto? Como ele tinha sido descuidado o suficiente para deixar a porta aberta? Por quê que ela estava parada na frente dele e não Lee?
Com todas essas perguntas em mente, os olhos azuis de Lancelot pousaram nos suaves olhos azuis dela. Eles eram ovais e profundos, mostravam um leve senso de inocência e muita crueldade. O seu olhar e voz suave poderia colocar um homem adulto para dormir com apenas uma canção de ninar, Lancelot sentiu em seu coração que havia mais coisas escondidas por trás de Ava Relish, filha do Conde Danbury Relish, do que qualquer um deles sabia.
"Por quê você tá aqui?", perguntou Lancelot. Seu tom de voz escondia sua irritação.
"Eu pensei que deveria atender às suas necessidades hoje, senhor..."
"Por favor...", Lancelot a interrompeu, com um aceno de mão.
"Me chame de Lancelot".
Quando ele falou, ela corou e abaixou a cabeça. Ela realmente tinha que ser tão... Inglesa?
'Desde quando seu inglês se tornou um problema pra você?', ele ouviu Ziko perguntar dentro dele. Lancelot ignorou seu lobo e continuou a observar Ava cuidadosamente.
"Sim, Lancelot".
Com isso, ele se levantou e passou ao lado dela. De pé na frente do espelho de vidro que foi construído no lado esquerdo de sua parede. Ava olhou para trás, para o homem por quem sempre foi apaixonada.
Embora ela tivesse sido treinada para se tornar a rainha Luna durante toda a sua vida, ela não poderia estar mais feliz por estar noiva dele. Lancelot era o homem mais bonito que ela já tinha visto na vida. Ele era frio, distante e misterioso. Quase como um quebra-cabeça que implorava para ser resolvido... Não, não implorava. Nada em Lancelot implorava, comandava, ousava, ordenava.
Ela queria se aproximar dele. Ela queria desvendá-lo e ver o que realmente havia por trás dos olhares frios e entediados que ele demostrava ao resto do mundo. Mas mesmo assim ela ainda queria estar debaixo dele, em sua cama.
Seu corpo ansiava por ele assim como seu coração, ainda mais. Valeu a pena rejeitar seu verdadeiro companheiro por ele. E agora, ela faria qualquer coisa para se casar com ele. Ela o faria se apaixonar por ela, não importava o tempo que isso levasse.
"Onde Lee está?", sua voz grossa o trouxe de volta ao presente. Assustado, ela se virou para ela e sorriu secamente.
"Ele está cuidando dos outros hóspedes da casa. Pensei em te servir pessoalmente hoje".
Lancelot se sentiu estremecer. A última coisa que ele precisava nesse momento era de Ava ao lado dele.
Ela já cruzou o limite ao entrar no quarto dele. Ele tinha que tirar ela do quarto antes que ela se tornasse mais interessante e... Ideias surgissem em sua mente.
"Não se preocupe com isso. Meu assistente cuidaria disso pra mim", ele recusou. Esperando que ela entendesse a dica e o deixasse em paz.
Ele odiaria ter que soletrar para ela. Não que ele se importasse, mas porque ele só esperava que ela fosse esperta o suficiente para ver que ele não precisava dela. Ou por estar querendo ela também.
"Lancelot, isso realmente não é um problema pra mim, eu posso..."
"Ava", sua voz foi severa agora. Se ela se recusasse a entender, ele soletraria para ela, e muito claramente, para que ela nunca o entendesse mal novamente.
"Não preciso que você cuide de mim. Pago muito dinheiro pra outras pessoas fazerem isso pra mim. Agora, se desculpe e nunca mais entre aqui sem a minha permissão".
A mágoa e a raiva foram preenchidas em seu olhar. Mas se ela quisesse ganhar seu coração, Ava sabia que teria que ser paciente. Lancelot era diferente dos outros homens que rastejavam aos seus pés, maravilhados com sua beleza e charme. Ele era a própria beleza e encanto. Ela não esperava que fosse fácil. Lancelot era um desafio que ela venceria.
Então, ela sorriu e foi embora do quarto.
Lancelot ficou parado e a observou sair. Em nenhum momento, Peter estava em seu quarto.
Depois de tomar o café da manhã sozinho em seu quarto, Lancelot se preparou para ir para a sua consulta com sua terapeuta: a Dra. Flinn.
"Onde a minha mãe está?", ele perguntou a Peter, por cima do ombro enquanto descia a escada.
"Ela foi fazer um passeio pela cidade com Lady Marion e Lady Eliouse".
"E Hermione e sua filha?"
"Ainda estão em sala delas, presumo".
Lancelot soltou um suspiro de alívio.
"Por Deus, é melhor que estejam por lá ainda".
Atrás dele, Peter permitiu que uma risada escapasse de seus lábios. Lancelot sempre foi alguém que o fez querer rir. Era uma pena que seu chefe nunca risse também.
A viagem do palácio até a sua terapeuta levou cerca de 45 minutos. Até o destino, Lancelot se perguntou exatamente o que diria à mulher mais velha hoje.
Ele diria a ela que não havia conseguido tirar uma mulher esquelética da cabeça ou contaria a ela sobre o pesadelo?
P*rra. Definitivamente tinha que ser o pesadelo. Roxanne não poderia ser um problema para ele, ele pararia de pensar nela no momento em que falasse com a doutora Flinn, ele sabia disso.
Ou ele gostaria de ter feito isso.