Capítulo 3
1510palavras
2023-07-05 22:27
Robert
     Eu sempre gostei muito de mulher, isso não é segredo para ninguém. Nunca passava muito tempo sem alguém para aquecer minha cama e quando vi Theodora a imaginei imediatamente deitada em meus braços.
     Jamais uma mulher me atraiu tão rápido. Geralmente eu admirava a beleza em primeiro lugar e após uma conversa agradável conseguia avaliar o potencial de uma suposta parceira.

     Com Theodora foi instantâneo.
     Quando a vi já a quis na mesma hora e fui consumindo por uma certeza de que tê-la em minha cama seria glorioso.
     Como não desejar aquela boneca de pele perfeita envolta num vestido tão tentador? Eu via as costas desnudas e tinha uma vontade enorme de descer minha mão pela carne macia até chegar ao quadril arredondado. E que sorriso!
     Quando me cumprimentou eu pude observar de perto os dentes brancos e perfeitos, como pérolas em sua boca. Por um instante eu esqueci completamente de Betina. Se minha perfeita acompanhante percebeu minha agitação, não demonstrou qualquer sinal.
     E quando Betina se enveredou numa discussão qualquer com meu irmão caçula, Cristian, aproveitei a oportunidade para buscar a mulher que atiçava minha curiosidade.
     - Parece que gostou desse. - Eu disse, me aproximando sorrateiramente.

     Ela se assustou e vi seus pequenos seios subirem e descerem rapidamente numa respiração agitada.
- Sim.
     Enquanto conversávamos sobre os quadros não conseguia evitar admirar-lhe o corpo esguio. Eu sempre preferi mulheres mais fartas, com curvas insinuantes, seios que quanto maiores fossem, melhor. Theodora era o oposto; mais alta que a maioria, magra como uma modelo e seios pequenos que deviam caber na palma da mão.
     Eu ia convidá-la para beber algo na sacada, olhando as luzes da cidade, mas não deu tempo. Logo um rapaz se aproximou e a beijou de maneira possessiva.

     Por que imaginei que ela estava só?
Obviamente que uma mulher espetacular daquelas não estava sozinha. O rapaz era o tal filho do Toninho e me surpreendi, pois meu pai disse que o rapaz era, digamos, diferente dos outros. Ele se enganou, supus.
     Logo me afastei, antes que minha decepção ficasse evidente. Me senti como um lobo afastado do galinheiro, com o estômago roncando de fome. Será que ela tinha um relacionamento sério ou seria só um caso? Se fosse a segunda opção talvez houvesse um espaço para mim na agenda de Theodora.
     - Aqui está ele! - Cristian disse, me entregando Betina. - Fique aí com seu cavalheiro perfeito.
     - O que deu nele? - Perguntei para Betina, pois meu irmão parecia zangado.
     - O de sempre. Ele zoa comigo, mas não gosta quando faço o mesmo com ele. Se não aguenta brincar, não desce pro play.
     Não fiz questão de entender porque Betina e Cristian estavam se engalfinhando novamente. Logo o leilão começou e os quadros foram todos vendidos. Minha mãe ficou imensamente feliz, principalmente porque uma das telas foi disputada com bastante entusiasmo.
     Todos os quadros foram retirados e logo os organizadores da festa liberaram o espaço para uma pista de dança.
     Ninguém ousou dançar as três primeiras músicas, porém quando o ritmo mudou para uma batida latina, vi o tal Kaique arrastar Theodora para a pista de dança.
     Apesar de certa relutância inicial, a misteriosa mulher se soltou rapidamente.
     - Caramba, eles parecem profissionais! - Betina exclamou. Ela mantinha o braço envolto ao meu e estava realmente admirada.
     O jeito como eles dançavam era muito sensual. Mesmo com o salto fino que calçava, a mulher de vermelho se movia com muita leveza. Os quadris balançavam de forma graciosa e parecia que a fenda do vestido revelava ainda mais das pernas a cada giro. Com certeza ela levava o namorado à loucura. Se uma mulher era capaz de se mover assim quando dança, como deveria ser então entre quatro paredes?
     A dança terminou e todos aplaudiram. Theodora e o namorado voltaram para o lado de Toninho que parecia muito alegre por toda a atenção que seus acompanhantes desfrutavam. Eu conduzi Betina até eles.
     - Que lindo vocês dançando! - Ela já foi dizendo. - Quem me dera saber fazer só um terço do que vocês mostraram!
     - O Kaique é ótimo em conduzir. - Theodora disse, abraçando o namorado.
- Nós sempre dançamos juntos. - Kaique confessou.
     - Eu adoro dançar, mas não tenho muito talento.
     - Meu filho é um excelente tutor. - Toninho elogiou. - Filho, tira a moça para dançar.
     - Aí, será que eu levo jeito? - A loira fala, olhando para mim como se procurasse minha aprovação para dançar com outro homem.
     - Acho que é uma grande oportunidade de aprender alguns passos. - Eu incentivei.
     Logo Betina foi para a pista acompanhada de Kaique que parecia muito animado em ensiná-la.
     - E você, vai me ensinar também? - Perguntei e Theodora que ficou vermelha.
     - Não sei se...
     - Não seja boba Tessy. Dance com o Sr. Robert. - Disse Toninho, quase a servindo numa bandeja.
     Ela concordou e deixou que eu a conduzisse pela mão. Diferente da mão macia de Betina, a pele dela era mais áspera e seu aperto mais firme; como o de alguém que teve uma vida árdua.
     Para minha sorte a música do momento era uma batida latina mais suave, eu não estava interessado em piruetas e coisas do tipo.
     Uma das minhas mãos pousou sobre a cintura bem desenhada, mas meu desejo era de descer um pouco mais...
     - Você sabe dançar, Sr Robert? - A voz dela era suave e baixa, saindo quase que num sussurro.
     - O suficiente para não passar vexame.
     Fui conduzindo minha parceira para uma área mais ao canto do salão. A apertei um pouco mais contra meu peito e ela não pareceu se importar. Pelo contrário, a mão antes firme estava agora tombada entre a minha.
     - Seu perfume é muito bom Theodora. Só não combina muito com você.
     - Oras, e por quê? - Ela me indagou surpresa.
     - Eu esperava algo mais cítrico, exótico, no entanto você cheira à flor.
     - Não é perfume, é apenas um creme corporal que usei. Você não gostou?
     Olhei fixamente no rosto dela, observando os olhos intensos, a boca bem desenhada com aquele batom vermelho que me lembrava um tomate suculento. Segurei dentro de mim a vontade gigante de sugar-lhe os lábios e provar todo seu sabor. Me contive.
     - Eu adoro.
     Theodora continuava me olhando fixamente e eu quis adivinhar o que ela pensava enquanto me encarava. Será que ela sentia as ondas de desejo tanto quanto eu?
     De repente ela ficou vermelha e se descolou de mim. Continuei segurando-a para que não saísse.
     - Acho que minha pergunta foi bem sem noção. Tipo, eu te perguntei se gostou do meu perfume...fui inconveniente. - Ela ficou embaraçada.
     Se Theodora estava fingindo um falso pudor, eu entraria na brincadeira. Sempre gostei de brincar com as presas antes de devora-las.
     - Não se preocupe, mesmo que não tivesse perguntado eu iria expressar o quanto gostei do seu cheiro.
     - Oh!
     - Você é uma obra prima como um todo e deve estar acostumada com o interesse dos homens.
     - Acho que está exagerando. Penso que o mundo está cheio de mulheres bonitas e a aparência não é suficiente para determinar alguém. E quero ser mais do que isso, mais que uma mulher bonita. Quando encontrar alguém especial e espero que ele enxergue além do meu exterior.
     - Você disse: "Quando encontrar alguém especial..." esse ser especial não é o Kaique?
     - Nossa, eu...
     - Esqueceu dele? - Ri alto quando ela se deu conta da gafe. - O que vocês tem é sério ou só um lance? Porque acho que está muito nítido que me interessei por você no instante que a vi.
     - Sério? Eu não...
     - Não percebeu? Impossível Theodora que você não sinta quando um homem está te comendo com os olhos.
     A mulher ficou sem reação e então parou de dançar. Só então percebi que outra música tinha começado a tocar e enquanto todos sacudiam o corpo ao ritmo de um axé antigo, nós dois apenas valsavámos.
     - Eu já tenho namorado... - Ela disse, mas não parecia muito segura de suas palavras. Por um instante achei que ela lamentava.
     - E é algo sério mesmo? - Estávamos parados ainda na pista de dança e eu segurava o punho dela.
     - Sim, muito sério.
     - É uma pena.
     Ela voltou a me olhar com seus olhos deslumbrantes, despertando algo dentro de mim. Aquele olhar me consumia.
     - Estou com calor e acho que vou procurar um copo de água. - Ela disse de repente e arrancou a mão da minha, como se estivesse voltando a si depois de um transe hipnótico. - Obrigada pela dança, Sr. Robert.
     Theodora partiu quase correndo para o lado do Toninho e permaneceu assim até o fim da festa.
     Eu ri sozinho. Ah, fazia muito tempo que eu não conseguia o que queria, mas ia respeitar o fato de que ela já pertencia ao tal Kaique. Minha cabeça entendia a situação, mas meu corpo permaneceu energizado, ansioso e frustrado.