''Vamos lá, Elena! Você não pode sentar aqui com esse rosto sombrio. Não se preocupe com o trabalho, apenas aproveite, garota! Vai dar tudo certo'', Mariana, uma das minhas amigas da faculdade, balbuciou, encostada no balcão do bar. ''Aqui toma essa bebida, você vai se sentir bem.''
Eu balancei minha cabeça.''Eu não estou de bom humor.Então eu simplesmente passaria.''
Ela fez beicinho. Mas como eu não bebi a dose que ela me ofereceu, encolhendo os ombros, ela mesma engoliu.

Karen e Jonas, os meus outros amigos e o casal popular do círculo, balançaram a cabeça para ela e voltaram a se abraçar.
Estávamos em um club local com os nossos amigos da faculdade. Depois que souberam que William conseguiu o emprego, eles quiseram comemorar. Então, aqui estávamos nós, aproveitando a noite. Exceto eu. Muitos pensamentos estavam passando pela minha cabeça para ser desperdiçado com álcool.
''Aqui, pelo menos beba esse suco de laranja. É ótimo, eu te digo.'' William me entregou um copo, tomando um gole por conta própria.
''Obrigada!''Os meus olhos percorreram a multidão dançando e as luzes se movendo. Mesmo a música alta não melhorou o meu humor.
''Ei!'' Ele me virou para ele. ''Não se preocupe, está bem? Tenho certeza que você vai conseguir.
Eu sorri e então ele se ocupou com os outros, rindo e brincando. E eu apenas me concentrei no meu suco em silêncio.

Você não pode mais escapar de mim.
O que ele quis dizer com isso? O que quer que ele tenha dito naquela noite, no estacionamento, e depois aquela mensagem, o que eu acho disso? Por que, de repente, ele estava se comportando como se... como se tivesse algum direito sobre mim ou algo assim. Todos esses anos, ele nem perguntou mais sobre mim. E agora...
Um suspiro deixou os meus lábios. Ele me confundiu. Eu me confundi, ou devo dizer que os meus sentimentos sim. Mesmo sabendo que ele poderia me causar outra dor de cabeça, por que ainda me sinto tão conectada a ele?
''Elena? Você está aqui conosco, certo? Você parece perdida,'' Karen perguntou.

''Meu amor, você sabe porque ela não está de bom humor esta noite. Estamos importunando-a desde o momento em que ela chegou. Deixe-a em paz,'' Jonas disse, beijando a sua têmpora, e então puxando-a para um beijo.
Algo disparou no meu peito e subconscientemente, a minha mão tocou o canto dos meus lábios. O lugar onde a sua boca escaldante estava apenas algumas noites atrás.
William me cutucando me tirou do meu devaneio. Olhando nos seus olhos, a culpa tomou conta de mim. A minha mão se fechou em um punho.
Como eu poderia pensar no beijo de alguém quando estava sentada ao lado do meu namorado? A vergonha caiu sobre mim. Mas eu não poderia controlar os meus sentimentos, mesmo que quisesse.
O bipe do meu telefone distraiu meu sentimento de vergonha. Os meus olhos se arregalaram quando eu verifiquei.
Um e-mail da Tecidos Coopers !
Eu gritei assim que li, fazendo William e outros me olharem confusos. Sorrindo de orelha a orelha. Eu pulei da minha cadeira. ''Eu fiz isso! Eu consegui o emprego!''
Assobios e aplausos ressoaram pelo grupo enquanto eles me parabenizavam um por um. William parecia tão feliz quanto eu e me envolveu num abraço de urso.
Finalmente, depois de tantos dias maus, algo bom aconteceu na minha vida.
''Agora que a nossa querida Elena conseguiu o emprego, é hora de comemorar em dobro!'' Jonas gritou. ''E você, senhorita'', ele apontou para mim. ''chega de cara triste, divirta-se conosco agora!''
Karen e Mariana balançaram a cabeça enquanto me passavam copos de shots. E desta vez, não me contive. E por que não? Era uma questão de comemoração.
Depois de horas bebendo e passando tempo com todo mundo, eu estava cambaleando. Eu não conseguia nem andar direito sem tropeçar no caminho. Assim que todos encerraram a noite, Jonas e Kate se ofereceram para deixar eu e William. O casal bebeu menos e ficou mais aconchegante.
''Cuidado. Elena!" William advertiu quando eu saí do carro com as pernas bambas.
''Adeus pessoal! Nos vemos em breve! Gritou Karen, mesmo que estivéssemos do lado de fora do carro. Eu me encolhi com a sua voz estridente.
Acenando para eles, manquei em direção à minha casa. Meus olhos estavam prestes a fechar.
''Tem certeza que não quer que eu te deixe em sua casa?'' Ouvi Jonas perguntar a William.
''Ah, minha casa fica a apenas dois quarteirões de distância. Obrigado, cara! Vocês podem ir agora. É tarde'', respondeu William.
Novamente se despedindo, eles partiram. O som do motor do carro reverberou pela rua vazia. Apenas um ou dois cachorros latindo à distância podiam ser ouvidos além de nossos passos.
''Ei, ei! Cuidado!'' Ele segurou meus ombros antes que eu pudesse cair de cara na frente da minha porta principal.
''Estou bem, William.'' Eu ri sem nenhum motivo. ''Você não se preocupa comigo. Você vai para casa, eu vou voar para o meu quarto daqui a pouco.''
''Eu não acho. Você mal consegue andar direito, Elena. Deixe-me ajudá-la a ir para o seu quarto'', ele ofereceu.
''Eu posso andar muito bem. E eu já estou em casa. Então eu vou ficar bem. Vá você.''Eu insisti, tirando as chaves da minha bolsa.
“Mas... você tem certeza?” Ele parecia hesitante.
Balancei a cabeça sem olhar para ele. Suspirando, ele agarrou o meu queixo e pressionou os seus lábios contra os meus.
Fiquei ali parada, sem retribuir o carinho. Algo me disse para me afastar, mas não o fiz.
De repente, com o canto dos olhos, percebi um movimento. Afastando-me, eu apertei meus olhos para ver claramente. Ali, na esquina mais distante da rua, oposta à nossa, havia uma sombra sob o poste de iluminação danificado. O seu corpo estava inclinado para nós.
Arrepios rastejaram na minha pele quando senti o seu olhar em mim. Embora eu não pudesse fazer nada com isso na escuridão, eu podia sentir isso. O seu olhar.
''O que aconteceu? O que você está olhando?'' Assim que William se virou, ele desapareceu totalmente na sombra. ''Algo errado ali?''
''Acho que acabei de ver alguém lá.''
''Mas não há ninguém, Elena. Quem estaria lá tão tarde da noite?'' William franziu a testa. Mas se você não estiver se sentindo bem, posso passar a noite aqui se quiser.''