Capítulo 21
1774palavras
2023-06-07 10:37
PONTO DE VISTA DA YUNIFER
Eu não conseguia manter a calma, meus ouvidos pulsavam o som do meu batimento cardíaco. Por um momento, meu corpo perdeu as forças e a mão com a qual eu segurava o celular tremia.
A primeira coisa que fiz foi tentar me levantar e sair do telhado. Eu até me esqueci da raiva que sentia dos trigêmeos. Minha mente foi completamente tomada de preocupação com o meu irmão e o fato de minha mãe tê-lo pego.
“O-Onde você o viu pela última vez? Em que área? Qual lugar?” Eu perguntei em pânico enquanto caminhava para fora do campus. Então, pensei em pegar um táxi, mas alguém pegou o meu pulso, fazendo-me virar para trás, para puxar meu pulso de volta.
Era Drake quem me segurava.
“Nós temos carro. Podemos ajudá-la, apenas me diga aonde é o lugar e iremos juntos encontrar o seu irmão.” Drake falou com calma, tentando me tranquilizar, já que eu estava à beira de um ataque de nervos.
Ao ouvir a sua sugestão, eu concordei, afinal, eu precisava de ajuda naquele momento. Apesar de esta chateada, zangada ou desapontada com eles, não tinha tempo para ficar remoendo ou expressar esses sentimentos. Meu irmão vinha em primeiro lugar, ele era mais importante.
“A última vez que os vi, eles estavam descendo do acampamento da montanha. Eles seguiram pelo caminho indicado, na direção da Press Alley. Já tem uns cinco minutos desde que eles saíram daqui.” A professora de Asher disse, com um tom aflito.
Afinal, era o aluno dela que estava sendo ameaçado pela mãe e ela nem tentou impedi-la, pelo contrário, a professora não pôde fazer nada, pois a mulher afirmava ser a mãe de Asher. Ela se sentia impotente e duvidou das palavras da mãe biológica de Asher, por isso resolveu ligar imediatamente para Yunifer.
Drake ouviu toda a conversa, assim, ele deixou que seus irmãos, Ishid e Lawrence sentassem no banco de trás, já eu me sentei no banco do passageiro antes do motor ligar.
Quando chegamos na montanha onde era o acampamento das crianças, a professora correu para nos receber.
Ela estava tomada pelo pânico e nervosismo, suas mãos estavam inquietas.
“Eu devo chamar a polícia? Aquela mulher que disse ser a mãe de Asher era bem suspeita. Ela tinha uma aparência horrível, com olheiras e o cabelo parecia bem mal lavado. Ela cheirava a tabaco, por isso hesitei em entregar Asher. Já mandei outros professores seguirem os dois. A última atualização que eu recebi, a mulher parece ter levado Asher para um prédio abandonado.” Anne, a professora, relatou tudo rapidamente sem desviar o olhar.
Depois de escutar o breve relato, assenti e agradeci. Em seguida, fiz um gesto para Drake nos levara até o prédio abandonado.
Imediatamente, nós quatro fomos para a Press Alley.
Ao chegarmos ao local abandonado, os outros professores que foram enviados pela professora, já estavam de prontidão. Eles não tinham entrado no prédio ainda, com receio de assustar a mulher, mas eles chamaram a polícia e arranjaram um local para se esconder.
Justo quando eu ia entrar no prédio, um dos professores me impediu. Eu olhei brava para a professora, mas ela balançou a cabeça e sussurrou para mim.
“Você não pode entrar. É perigoso! Nós já chamamos a polícia, em breve eles vão estar aqui!” Abby, a outra professora, disse me olhando com preocupação. Ela parecia temer que eu me machucasse, caso entrasse no prédio.
Eu balancei minha cabeça e retraí a mão que ela puxou.
“Eu não posso ficar esperando pela polícia.” Eu disse sem levantar o tom de voz, enquanto entrava no prédio abandonado, vários professores tentaram ao máximo me impedir, mas sem sucesso, pois eu era teimosa e ia entrar de qualquer jeito.
Mas, quando eu estava prestes a seguir com meu plano, Drake se pronunciou e me fez parar.
“Nós vamos com você, só para garantir que tudo fique bem.” Drake se ofereceu, sem desviar o olhar de mim.
Então, lancei um olhar para ele e em seguida para Ishid e Lawrence, que também estavam ansiosos para me acompanhar, mas recusei a oferta deles.
“Não, não há necessidade de vocês virem comigo. Mãe Kilda é capaz de distinguir seus companheiros lobisomens, especialmente Alfas como vocês. Isso a deixaria furiosa, até é possível que machuque meu irmão. Então é melhor eu ir sozinha.” Eu expliquei solenemente.
“Mas...” Ele me olharam com relutância e um brilho de hesitação no olhar.
Ao ver a preocupação nos olhos deles, abri um sorriso e fiz um aceno com a cabeça.
“Eu vou ficar bem. Podemos continuar a nossa conversa mais tarde. Eu já volto.” Eu falei com um tom tranquilo e lhes dei um sorriso seguro antes de entrar no prédio.
Quando entrei, meus olhos se estreitaram e minha respiração ficou ofegante ao escutar o som de um chicote, que continuava a bater em algo dentro de uma sala, ecoando por toda parte. Eu até ouvi os gritos de quem estava sendo chicoteado, no mesmo instante tremi e senti uma descarga de adrenalina.
De repente, uma força surgiu dentro de mim, mas eu não tinha tempo para pensar nisso e corri para a sala de onde vinha o som.
Arrombei a porta de madeira, a qual foi arremessada para dentro do cômodo, revelando uma cena horripilante.
Todo meu corpo tremia de raiva, meu interior parecia um vulcão prestes a entrar em erupção.
“Como você tem coragem de fazer isso com o seu filho?!” Eu disse furiosa enquanto a afastava, ela estava enlouquecida por causa das drogas. Ela empunhava um chicote e o usava para bater nas costas do meu irmão, que estava encolhido no chão, na sua forma de lobo.
Suas costas sangravam e seu corpo todo tremia. Ele não parava de chorar baixinho enquanto protegia sua cabeça.
Ao vê-lo naquele estado, senti uma pontada no meu coração, como se alguma coisa o tivesse esmagado.
Não sabia o que tinha dado em mim para arrancar minha blusa de manga comprida, mas a enrolei em torno de Asher que estava no chão. Em seguida, fitei friamente Mãe Kilda, que estava completamente perdida.
“O que você quer de nós?!” Eu gritei com raiva, nem percebi que meus olhos da cor do oceano, lentamente se tornaram prateados.
Também não percebi meus caninos se alongarem.
Mãe Kilda, que até o momento estava quieta, emitiu um riso lunático, apertando ainda mais cabo do chicote em sua mão.
Dr*ga.
“Você achou mesmo que vocês dois iam se livrar de mim?! NUNCA! Eu tenho sido paciente, vagando pela vizinhança só para encontrar vocês dois, mas quem diria que vocês estariam se escondendo aqui? Você nunca será capaz de fugir de mim. Eu sou sua mãe!” Ela bradou com raiva, ao mesmo tempo que ria como uma lunática.
Ao escutar o que ela disse, não consegui mais conter minha raiva, minha paciência com ela havia acabado.
“Mãe? Desde o momento em que saímos da sua casa, não somos mais seus filhos, nem você é a nossa mãe! Nenhuma mãe em sã consciência faria o que você conosco!” Eu ralhei furiosa, então corri na direção dela estendendo a mão para agarrar seu pulso e contê-la enquanto a polícia não chegava.
No entanto, Kilda era mais ágil e forte do que eu. Apesar de estar entorpecida por causa das drogas, isso não diminuiu em nada sua força e reflexos, que eram habilidosos, afinal, ela tinha mais experiências com lutas.
Foi desta maneira que ela, com facilidade, nos manteve presos e usou a violência para nos fazer obedecê-la.
Quando ela conseguiu esquivar do meu ataque ela agarrou o meu pulso, fazendo com que eu recuasse por instinto, mas ela me puxou para perto e deu um chute no meu estômago, eu soltei um gemido de dor.
O sangue jorrou da minha boca enquanto Kilda parecia satisfeita ao me ver sofrer. Então, ela tentou me chutar de novo, no mesmo lugar, mas eu consegui revidar e socá-la bem forte no rosto, ela cambaleou e soltou meu pulso, só assim consegui me afastar dela.
Notei que ela ficou atordoada por causa do meu soco, ela parecia desnorteada, talvez um efeito do abuso de drogas, assim, ela nem teve tempo de continuar me atacando.
Depois de me certificar de que ela não tinha mais a intenção de atacar, rindo de vez em quando, suspirei aliviada e parei de prestar atenção nela por alguns instantes.
Porém, quando se trata de Kilda, eu precisava garantir de que tudo estivesse sob controle, pois ela costumava agir como frágil e depois fazia de tudo para conseguir o que queria. Ela era assim.
Já que ela estava perdida na terra dos sonhos, eu imediatamente amarrei suas mãos nas costas com uma corda, depois dei um sumiço no chicote.
Assim que tive certeza de que ela não romperia a corda, fui correndo até o meu irmão, que estava caído no chão tremendo. Suas mãozinhas seguravam com firmeza a minha blusa que envolvia seu corpo.
“A-A... Asher...” Falei com uma voz trêmula, então senti o calor se esvair dos meus olhos e escorrer pelas minhas bochechas, eu o segurava nos braços.
Ele se esforçou para abrir os olhos e quando me viu, seus olhos brilharam de felicidade, apesar da dor que sentia.
“I-I... Irmã...” Ele falou com a voz rouca e o canto de sua boca se curvou.
Vê-lo naquele estado, encheu meus olhos de lágrimas. Então, gentil e cuidadosamente eu o abracei.
“Me desculpe... Sua irmã falhou em protegê-lo mais uma vez.” Eu choraminguei e depositei um beijo suave em sua testa.
Asher balançou a cabeça e segurou meu rosto com suas pequenas mãos. “N-Não é sua culpa, irmã. Você me protegeu sim.”
Eu neguei sacudindo a cabeça. “Mas, fui eu que deixei você participar do acampamento, para fazer amigos e interagir com as outras crianças. E por causa disso, nossa mãe te sequestrou.”
Asher quase sem forças respondeu. “Não, eu segui nossa mãe voluntariamente. Eu deixei que ela me sequestrasse, embora eu soubesse que ela não tramava nada de bom.”
“Ela te ameaçou.” Eu disse acariciando seu rosto.
Apesar do seu rosto ainda estar pálido, já estava um pouco mais corado do que quando eu cheguei. Uma das vantagens dos lobos, é ter a habilidade de autocura, principalmente aqueles que estão em posições mais alta, como os Alfas.
De repente, quando ele ia me dizer alguma coisa, seus olhos se arregalaram, ele estava em pânico e logo gritou.
“IRMÃ, CUIDADO!” Assim que ele gritou, eu me esquivei para o lado esquerdo.
Ack...
Isso doeu…
Apesar de ter conseguido desviar da chicotada de Kilda, eu não fui rápida o suficiente, portanto, metade do chicote atingiu minhas costas.