Capítulo 19
1801palavras
2023-06-05 14:12
PONTO DE VISTA DA YUNIFER
Samantha realmente tinha um coração ardiloso. Ela estava tão desesperada para se livrar de mim, só por que eu era uma ameaça para ela se tornar a Luna dos trigêmeos? Ela deveria pensar melhor, pois era evidente que eles a escolheriam como Luna. Portanto, para que se esforçar tanto para se livrar de mim, já que eu escolheria sumir e nunca mais voltar, caso os trigêmeos não me quisessem mais.
Além do mais, não sou desesperada ao ponto de obrigar alguém a ficar comigo.
Ao ver que Asher estava lendo um livro enquanto me esperava voltar, meus olhos brilharam de orgulho.
Enfim, lar doce lar. Senti-me aquecida por dentro quando encontrei meu irmão com as sobrancelhas franzidas, lendo um livro com seriedade.
Soltei uma risada descontraída quando me aproximei dele. “Cheguei. O que você está lendo?”
Assim que ele ouviu minha voz, largou o livro e olhou para mim com os olhinhos reluzentes.
“Que bom que você chegou! Eu senti sua falta!” Ele falou alegremente, correndo para vir me dar um abraço apertado.
O seu comportamento infantil me fez rir. Mas, quando olhei o título do livro que Asher estava lendo, fiquei incrédula.
[Por que ser solitário é importante?]
Esse era o título do livro. Isso me fez ficar com uma pulga atrás da orelha, onde ele tinha conseguido aquele livro? Porém, optei em ficar em silêncio.
“Eu também senti sua falta, Asher. Então, como foi o seu dia?” Eu perguntei, olhando para ele com um sorriso e nós dois fomos para a sala.
De repente, Asher ficou triste, então observei com certa preocupação, imaginando que ele poderia estar com problemas ou pior, ele tinha sido intimidado na escola.
Justamente quando eu ia lhe perguntar sobre o que o preocupava, ele falou.
“A escola até que é boa, mas não consigo entender por que a professora quer obrigar todo mundo a participar do acampamento nas montanhas! Eu já disse que não quero participar dessa atividade e ela falou que eu preciso de um bom motivo mas quando eu lhe dei um, ela não aceitou!” Ele falou com uma expressão decepcionada e os lábios franzidos.
Achei engraçado vê-lo magoado, reclamando da professora que recusara seu pedido, ele estava muito fofo.
“Qual foi o motivo que fez sua professora não aceitar o seu pedido para não ir?” Eu perguntei enquanto corria meus dedos suavemente por seus cabelos.
Asher estalou a língua e continuou a reclamar: “Eu disse à minha professora que era cansativo demais me comunicar e interagir com meus colegas! Continuei dizendo que não queria participar porque seria chato e cansativo, mas ela insistiu, já que o acampamento seria uma oportunidade para eu me relacionar com os outros! Mas, eu não me relacionar com ninguém da minha sala!”
Ao ouvir isso, eu ri enquanto acariciava sua cabeça e lhe dei um conselho: “Eu sei que a sua opinião conta, mas o que a sua professora disse também é verdade. Você deveria começar a interagir mais com os seus colegas, além disso, eu ficaria feliz se você fizesse amizades ao invés de ficar sozinho. Por que não dá uma chance para os outros serem seus amigos?”
Mas, quando Asher ouviu o que eu disse, ele franziu os lábios e depois me encarou com um olhar sério.
Então, ele assentiu com firmeza: “Tudo bem, vou deixar os outros serem meus amigos e interagis mais, se é isso que você quer, irmã. No fundo, não acho que interagir com os outros seja tão ruim assim.”
Fiquei contente com a resposta dele. Talvez fosse por causa de um trauma, que Asher raramente interagia com outras pessoas além de mim. Ele dificilmente criava laços, com medo de que algo pudesse dar errado. A questão era sempre a confiança em outras pessoas, pois nossa mãe pagou alguém para usar o próprio filho para ser amigo de Asher, assim quando os dois se tornassem bem próximos, Asher contaria ao amigo o que pensava ou o que queria. Ele poderia dizer tudo aquilo que não contava para nossa mãe.
Isso foi semelhante a plantar um espião atrás de Asher e, quando eu descobri, fiquei furiosa por não conseguir me conter e ir enfrentar a minha mãe. Não demorou muito, para ela se irritar e me espancar por tê-la questionado, uma semana se passou até que todas as lesões internas se recuperassem.
Na época, eu pensei que seria melhor não contar nada para o meu irmão, então decidi manter isso em segredo, não queria magoá-lo. Enquanto isso, eu elaborava um plano, inventaria que o amiguinho não iria mais visitá-lo para brincarem porque tinha se mudado para outro país.
No entanto, nunca imaginei que Asher já soubesse da farsa e que não havia necessidade de eu usar uma mentira tão tola com ele.
Ele descobriu a verdade depois de escutar uma discussão entre minha mãe e eu, ele até viu como ela me batia. Asher chorou e pediu desculpas por ter ficado assistindo, sem ter forças para me salvar.
Ao relembrar deste momento, soltei um suspiro pesado. Por causa do que nossa mãe fez, Asher tinha sofrido muito.
Mas, ainda bem ele estava melhorando, dando um passo de cada vez para sair das sombras de seus traumas e eu estaria ao seu lado, para protegê-lo dos perigos.
Se Asher conseguisse apagar o passado de sua memória, também seria ótimo, ele precisava parar de se prender ao que aconteceu. Só assim ele poderia seguir em frente, crescer e desfrutar da belezas da vida.
Mas, não há porque apressar isso. Ainda há muito tempo, além disso, nossa mãe não nos encontraria e tiraria nossa liberdade. Daqui para frente, haveria tempo de sobra, então não precisávamos nos apressar.
Olhei para Asher com um sorriso no rosto, bagunçando seu cabelo. “É isso mesmo. Meu irmãozinho é tão gentil e corajoso!”
Ao ouvir isso, ele aguçou os ouvidos e olhou para mim com aqueles olhos brilhantes. “Eu também acho! Mas, se eu fosse para o acampamento, que vai ser amanhã, você vai ficar sozinha.” Refletindo sobre isso, ele ficou magoado.
Então, deixei escapar uma risada. “Não se preocupe, eu sou muito forte, sei me cuidar. Além disso, são só dois dias de acampamento. Eu vou sentir sua falta, mas vou ficar bem.”
“E esses três Alfas?” Ele indagou de repente, com olhos inquisitivos.
Eu me encolhi ao ouvir sua pergunta e uma centelha de tristeza passou por meus olhos, mas imediatamente a reprimi.
Então, com um sorriso fraco lhe respondi: “Eles estão ocupados, mas em breve virão me visitar, então não se preocupe comigo.”
Asher me encarou com um olhar sério antes de abraçar meus braços.
“Estou vendo, minha irmã é bem forte. Ela é mais forte do que qualquer outra pessoa neste mundo.” Ele declarou com solenidade.
“Não está exagerando um pouco?” Eu ri.
“Claro, mas eu não estaria vivo se não fosse por você.” Ele respondeu radiante.
~•~
Depois de levar meu irmão para a escola, com tudo o que ele precisava e um kit de primeiros socorros, afinal, eles iriam para um acampamento, então fui para a universidade. Mas, antes de deixar Asher sobre os cuidados da professora, eu o lembrei de ficar perto dos professores e dos colegas e para não se aventurar sozinho. Por fim, falei para ele não falar com nenhum estranho.
Fique cerca de meia hora lembrando-o o que ele podia ou não fazer e, claro, embora ele já soubesse, me escutou atentamente.
Então, enfim fui para a universidade, com a mente mais tranquila, porém rezei pela segurança de Asher.
Honestamente, nos últimos dias eu apenas seguia o fluxo das coisas. Não sabia o motivo, mas sentia que estava perdendo a vitalidade ao poucos, como uma planta sem água. Eu estava exausta, só queria ficar no meu quarto sozinha e dormir por uma semana, mas não podia fazer isso, precisava acompanhar as aulas, os testes do segundo semestre estavam chegando.
Quando cheguei na sala, meus olhos passaram pela última fileira e fiquei aliviada ao ver Kale. Examinei-o de cima a baixo e não notei nenhum hematoma ou sinais de violência, o que foi um alívio.
Da última vez que o vi ele estava sendo arrastado por um médico Alfa, e quem poderia saber o que aquele Alfa faria com um Ômega como Kale, que era mais fraco. Além disso, aquele homem parecia perigoso e exercia algum tipo de autoridade, a qual dificilmente seria desfeita.
Como se ele fosse o Alfa de um bando.
Eu ignorei o olhar de todos, que estavam em Samantha, então sentei-me ao lado de Kale, que parecia imerso em seus pensamentos.
Quando ele sentiu minha presença, ele voltou à realidade de me cumprimentou.
“Você não parece muito bem.” Ele comentou enquanto me analisava.
“Você também.” Retruquei com uma risadinha.
Ele ficou em silêncio, o que me fez rir.
“Então, aquele médico Alfa fez alguma coisa com você?” Eu perguntei curiosa.
Em seguida, ele estremeceu e todo seu corpo ficou tenso. Como eu esperava, aquele médico tinha feito algo com Kale, do contrário, a reação dele seria diferente. Aquele médico Alfa parecia ter más intenções, tenho certeza de que Kale não estava bem por causa dele.
Olhei para Kale, esperando por sua resposta, mas cabia a ele decidir se me contaria ou não.
“N-Na verdade, ele não fez nada comigo.” Kale disse.
Embora ele gaguejasse, seus olhos eram sinceros.
“Mesmo?” Perguntei ainda cheia de dúvidas, a aura daquele médico Alfa era perigosa.
“Havoc não me machucou, só tem aquela aparência estranha, mas não me tratou mal.” Kale assentiu.
Apesar das dúvidas, balancei a cabeça e respondi aliviada: “É bom saber que ele não te machucou. Mas, posso saber quem ele é? Por acaso é seu irmão?”
Kale negou com a cabeça. “Ele não é meu irmão, é o Alfa do Bando Wood Scent.”
Não fiquei surpresa ao saber que Havoc era o Alfa de um bando, mas o que de fato despertou a minha curiosidade era o relacionamento deles. Se não são irmãos, talvez fossem amigos? Mas, a maneira como o médico Alfa o tratou não era coisa de amigo, mas algo bem diferente.
Quando eu ia perguntar a ele, notei que suas bochechas estavam coradas e seus olhos vagos trêmulos. Kale parecia nervoso e envergonhado, com medo de que eu descobrisse algo.
No fim, engoli minha curiosidade e quis mudar de assunto. Não era bom se intrometer nos assuntos dos outros.
De repente, senti Kale se inclinar ligeiramente para mim e sussurrar.
“Ouvi dizer que os trigêmeos Alfas estão lutando no telhado. Não sei por que eles estão brigando, mas ouvi dizer que eles queriam se jogar de lá de cima.” Kale comentou com um sussurro, com medo de que os outros o escutassem.
Ao ouvir isso, meus olhos se arregalaram no mesmo instante e eu o encarei incrédula. “O quê?!”