Capítulo 16
1878palavras
2023-06-02 13:32
PONTO DE VISTA DA YUNIFER
Eu soltei um suspiro enquanto tentava acalmar meus nervos. Mesmo que eu quisesse bater naqueles três, eu sabia que isso seria completamente inútil, já que não podia vencê-los. Então, só me restava era falar mal deles!
Assim que eu entrei na sala de aula, fiquei perplexa e meu sangue ferveu dentro de mim. Como eles poderiam ser tão cruéis?!
Então, eu peguei minha bolsa e a usei para bater na cabeça de cada um dos valentões, tomada pela raiva e irritação.
“O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO?!” Eu bradei furiosa enquanto protegia Kale, que estava no chão tremendo, com a cabeça pingando sangue.
Como eles podiam ser tão cruéis?! Apesar da violência deles, não havia ninguém mais cruel do que Kale consigo mesmo! Ele podia lutar, até mesmo vencê-los se quisesse. Então, por que ele os deixava espancá-lo, como se fosse um saco de pancadas?
“Levante-se!” Eu gritei para Kale, sem notar que meu rostos estava cheio de preocupação.
Eu não era algum tipo de santa que ajudava os outros, eu sabia que não era uma boa pessoa. Mas, a razão pela qual eu continuei a ajudar o ômega Kale de alguma maneira eu me reconhecia nele.
Se eu ainda morasse na mesma casa que minha mão, eu estaria sobre o controle dela e sofrendo situações parecidas com as de Kale. Mesmo sabendo lutar, minha mãe me controlava com o seu eu fosse um marionete. Apesar do desejo de querer me defender e me libertar das suas amarras, minha mãe sempre usaria minhas fraquezas para me manter presa.
Eu pude ver que Kale lutava contra a mesma coisa, ele tinha se tornado a marionete de alguém. Embora se intrometer na vida alheia seja péssimo, eu já o considerava meu amigo.
Além da situação dele ser parecida com a minha, ele também era corajoso. Eu conseguia ver que ele estava lutando contra alguma coisa, na esperança de que algum dia, ele pudesse ver a luz e suas asas não fossem mais cortadas.
Kale estava com os olhos ligeiramente vermelhos quando ele olhou para mim com uma pitada de surpresa, mas no fim, ele não disse nada e aceitou minha mão para ajudá-lo a se levantar do chão.
“P-Por que você está me ajudando de novo?” Eu o ouvi perguntar baixinho.
Observei como ele parecia perdido e confuso, talvez não compreendesse por que alguém estenderia a mão para um fracote com o ele.
Eu dei de ombros, “Vai saber, talvez eu lhe deva alguma coisa de uma vida passada.”
Ao ouvir o meu comentário, Kale se contraiu ligeiramente. Logo em seguida vi o sangue que escorria em sua cabeça.
“Vamos, você precisa ir para a enfermaria.” Eu disse com insistência depois de ver o ferimento.
No entanto, Kale balançou a cabeça de uma maneira que deu a entender que algo de ruim o esperava na enfermaria. “N...não... n-não me leve lá... eu estou bem...”
Vendo sua reação violenta, parei de insistir e fiz um aceno com a cabeça. Então, de repente, uma pergunta sobre a reação de Kale quando mencionei a enfermaria. Será que quem o controlava e o usava era um médico?
Mas, não tive coragem de perguntar. Decidi que seria melhor não entrar nessas questões e agi normalmente na frente dele, ignorando o pânico que vi em seus olhos antes.
Como ele não queria ir até a enfermaria, tive que convencê-lo a me deixar limpar e fazer um curativo nos ferimentos, para que não infeccionassem.
“Uau, vocês dois estão namorando?!”
Quando olhei para trás, dei de cara com Samantha, que nos encarava com um sorriso zombeteiro, rindo por nos ver juntos.
Mas, eu apensa revirei os olhos e continuei a limpar a ferida de Kale, que estava tremendo e seu nervosismo parecia ter voltado.
Se eu estava certa, ele não queria ser alvo de nenhum escândalo ou boatos sobre um amor ou algum caso. Era como se ele temesse que alguém em específico ouvisse as fofocas.
Alguém...
Será que Kale já tinha encontrado sua companheira? E se fosse sua companheira quem controlava Kale e o fazia tremer de medo?
Neste momento, eu tive que conter a minha curiosidade, que me consumia por dentro, como eu gostaria de perguntar a ele.
Então, calmamente olhei para Samantha e falei: “Você não se cansa de me provocar? Sua vida é tão entediante assim?”
“Claro! É muito divertido ver você sofrer, ainda mais porque eu te odeio profundamente!” Samantha respondeu revirando os olhos com desdém.
“Digo o mesmo, eu também te odeio. Então, o sentimento é mútuo.” Eu respondi com um tom monótono.
Um segundo depois, notei como o rosto de Samantha enrubescera, quente de raiva. Ela cerrou os dentes e me fitou com um olhar provocador.
“Bom, qualquer delírio que você tenha sobre os trigêmeos Alfas, esqueça de uma vez ou melhor pare de sonhar. Afinal, eles são os meus Alfas e eu serei a Luna deles. Já está tudo acertado com o Alfa, pai deles, e com certeza eles vão concordar. Nós quatro somos namorados de infância, então é natural que eu seja a Luna deles, então pare de sonhar.” Samantha declarou antes de se virar com um grunhido, fazendo seu cabelo ondular como um chicote.
No entanto, ao ouvir aquele discurso, as palavras soaram estranhas. Havia algo em meu coração, quer dizer, como se meu coração estivesse sendo esmagado por uma mão com força ao ponto de quase me sufocar. A sensação era muito dolorosa.
Desde o princípio, eu já sabia que Samantha seria a Luna deles, ainda mais depois de ser rejeitada pelos três como companheira deles. Mas, eles eram meus companheiros e isso tornou tudo muito confuso.
Porém, eles não me queriam.
Assim, mas uma vez eu fui abandonada.
Mais uma vez foi tomada pela sensação de ser desapontada, por colocar esperanças em alguém que não poderia chamar de meu.
Embora no início eu tenha aceitado ser rejeitada por eles, principalmente por estar furiosa com eles. Mas, conforme eu passava mais tempo com ele, mais eu me vi envolta pelas armadilhas do amor.
A sensação era muito sufocante.
Desde o início eu não dever esperar nada deles. Eu não deveria ceder aos meus sentimentos.
Eu já tinha sido rejeitada, era a Luna rejeitada. Então, por que eu continuava a segurar a corda por um fio, hesitando para soltá-la?
Naquele momento, eu ainda não tinha percebido que estava apaixonada por eles. Se não fosse por Samantha, eu não teria notado o sentimento estranho que crescia dentro de mim.
Irônico, não é? Quando eu os conheci, achava que não passavam de valentões, até os enfrente depois de ter sido rejeitada. Contudo, agora... eu tinha sofrido uma queda feia.
Porém, não queria chegar ao ponto de implorar para ficar com eles.
“Você está bem?”
Voltei à realidade quando escutei a voz de Kale. Notei que ele estendeu a mão com um lenço, fazendo-me olhá-lo confusa. Ele indicou com o olhar e eu inclinei a cabeça, então de repente percebi que minhas bochechas estavam molhadas.
Meu rosto estava úmido de lágrimas.
Apressadamente eu peguei o lenço e enxuguei as lágrimas, ainda atordoada.
“Caramba, não sei o que há de errado comigo. Acho que tem alguma coisa errada com os meus olhos.” Falei com um riso tenso.
Kale permaneceu imóvel e ele me deu um tapinha no meu ombro, como se estivesse tentando me confortar e eu senti que ele se sentiu estranho com isso. Ele não tinha experiência em confortar as outras pessoas.
“V-Você está triste porque Samantha será a Luna dos trigêmeos?” Ele perguntou de chofre olhando nos meus olhos, embora sua voz denunciasse a hesitação.
Fiquei atordoada com a pergunta dele e rapidamente neguei. “Claro que não! Acabei de lembrar da minha mãe, pensando em como ela deve estar sozinha em casa neste momento.”
Kale ficou em silêncio por um tempo, então tomou coragem e declarou: “Mentirosa. Você está ferida, seu coração está sangrando.”
Eu quis retrucar e dizer que não, mas não me atrevi a desmenti-lo, pois meu coração estava sangrando de fato.
Respirei fundo e calmamente enxuguei minhas lágrimas antes de lhe devolver o lenço, mas ele negou dizendo para que eu ficasse com ele caso precisasse de novo.
“Não se preocupe, não vou mais chorar.” Eu falei sentindo-me impotente.
“Tudo bem chorar às veze. Afinal, todos temos emoções. Nosso coração não é feito de pedra.” Kale falou com um tom solene, me fazendo rir.
“Uau, você está ficando cada vez melhor em ajudar alguém a se sentir bem!” Eu o elogiei sinceramente e acariciei seu cabelo.
Então, ouvi uma voz fria falar na nossa frente.
“Ah, você está aqui, Kale. Ouvi dizer que você foi ferido?”
Ao olhar para cima, dei de cara com um homem alto vestindo um jaleco de laboratório, presumi ser o médico da enfermaria, a quem Kale temia.
Kale estava paralisado como uma estátua, ele permaneceu assim até o médico falar de novo, fazendo Kale recobrar a consciência.
Ele olhou nervosamente para o médico e balbuciou. “Hmm...”
“Então, por que você não foi até a enfermaria?” O médico perguntou friamente olhando o para Kale, que evitava olhá-lo.
“E-Eu... estou bem...” Kale respondeu nervoso.
O médico balançou a cabeça e disse: “Não, você não está.” Depois disso, ele agarrou o pulso de Kale e o levou dali.
Quando eu estava prestes a me levantar para ajudar Kale a se livrar do médico que o arrastava para a enfermaria. De repente, vi que Kale sacudia a cabeça impotente, indicando que não precisava ajudá-lo, foi neste momento que eu percebi ele gesticular algo com os lábios.
“Estou bem.”
Eu o observei perplexa e sem saber o que fazer, enquanto o médico o levava consigo. Por uma fração de segundo, me perguntei qual era o relacionamento entre eles.
Mas, isso não era da minha conta, eu precisava me concentrar nos meus problemas e não nos dos outros.
~•~
PONTO DE VISTA DO NARRADOR
No Bando Crescent Moon, um Alfa sedento pela vontade de matar estava sentado em seu trono. Ele empunhava um chicote cheio de espinhos e o usou para chicotear seu subordinado fracassado, que uivou de dor após recebeu sua punição.
“VOCÊ NÃO CONSEGUIU CAPTURÁ-LA E AINDA SE ATREVE A VOLTAR AQUI DE MÃOS VAZIAS?!” A voz do Alfa transbordava fúria, enquanto chicoteava inúmeras vezes o subordinado.
“P-Por favor... m-me perdoe...” O subordinado jazia no chão sem forças, seu pelo azul tingiu-se de vermelho e ele se banhava no próprio sangue, tentando implorar pelo perdão de seu mestre.
O Alfa rangeu os dentes furioso, cego pelo desejo de matar.
Capturem aquela mulher! Ela tem que morrer antes que aqueles trigêmeos idi*tas a marquem!” O Alfa deu a ordem para seus subordinados.
Todos estavam de prontidão e concordaram com a cabeça, sem esboçar qualquer expressão, como se fossem instrumentos da crueldade de seu mestre.
“Entendido, Mestre.”
“Se vocês não a capturarem, então peguem aquilo que é sua fraqueza! Vamos ver se aquela mulher não vai se render ao desespero!” O Alfa disse com um tom maligno.
Em seguida, um sorriso malicioso apareceu no rosto do Alfa.
Ela não podia permitir que aquela mulher entrasse no bando, muito menos se tornar Luna! Ele não podia deixar isso acontecer!
Ele precisava detê-la a todo custo, mesmo que isso envolvesse a vida de um inocente.