No hotel, Magdalena desce para o café e antes que possa ir até o restaurante, ela é chamada na recepção.
– Sra. Ruppert, bom dia. – Diz a recepcionista.
– Bom dia! – Responde meio irritada.
– Sra. Ruppert, desculpa incomodar, mas não conseguimos processar o pagamento de hoje no cartão informado.
– Como é? Esse cartão tem um limite altíssimo, não é possível, tente novamente! – Ordena sem paciência.
– Sra. Ruppert, fizemos várias tentativas e o pagamento não é processado, a senhora pode fazer contato com a central do cartão para validar! – Mesmo com raiva, Magdalena cede e liga para a central do cartão, apenas para descobrir que seus cartões estão bloqueados.
– Isso não é possível, por qual motivo está bloqueado? – Ela está incrédula.
– Sra. Ruppert, foi por solicitação do Sr. Ruppert. – Ela fecha os olhos com aquilo e desliga a ligação.
Naquele momento o desespero toma conta dela, pois antes mesmo de se separar de Caio, eles já estavam falidos e antes que ficasse na rua, ela entrou num relacionamento com Lúcio, ela está imersa em seus pensamentos tentando segurar as lágrimas, não acreditando no que aconteceu.
– Por favor, encerre a minha conta. – Diz ela sem encarar a recepcionista.
– A senhora tem algum pertence no quarto?
– Não, estou com a minha bolsa! – A recepcionista encerra a conta e o pouco dinheiro que ela tem em sua conta, ela usou para pagar a diária do hotel, ela vai para o seu carro e dirige sem rumo pela cidade, enquanto chora repassando na cabeça os últimos acontecimentos.
No instituto, depois do café da manhã, Levi e Kaira brincam com Simon na sala de jogos, Simon em todos os momentos dá gargalhadas com as brincadeiras, a felicidade está estampada nos rostos dos dois, ao observarem aquela criança se divertindo.
– O que você acha de fazer uma sessão de cinema com o Simon?
– É uma ótima ideia querida, mas tem que ter pipoca, cinema sem pipoca, não é cinema.
– Pode deixar que eu vou providenciar. – Embora o instituto tenha outras crianças, eles tiraram aquele dia apenas para eles, aproveitando cada momento da companhia um do outro.
Kaira prepara pipoca, enquanto Levi escolhe um desenho com Simon, no quarto que costumava ser o seu, enquanto aguardam Kaira, Levi brinca de aviãozinho pelo quarto com Simon, é possível escutar as risadas dele, no corredor e aquele som enche o coração de Kaira de felicidade, ao se aproximar da porta.
– Pronto meus meninos, trouxe as pipocas.
– Oba! – Diz Simon animado.
Eles se ajeitam na cama, com Simon sentado entre eles, enquanto presta atenção no desenho.
– Eu te amo! – Sussurra Levi observando Kaira.
– Eu também te amo. – Ela sussurra de volta.
Quando o filme está quase no final, eles são interrompidos com uma batida na porta.
– Deixa que eu cuido disso. – Diz Kaira levantando-se e indo até à porta.
– Menina, desculpa te incomodar, mas você tem visitas. – Diz Beth.
– Certo, já vou descer, obrigada tia Beth.
– Vou avisá-la. – Beth sorri e se retira.
– Levi, eu preciso atender uma visita, você pode ficar com ele?
– Claro, nós vamos terminar o filme e ficaremos te aguardando para o almoço.
– Divirtam-se meus meninos. – Ela sai do quarto e eles seguem assistindo o desenho, Kaira vai até à sala e se depara com Magdalena sentada no sofá. – Sra. Ruppert, o que faz aqui? – Quando Magdalena a encara, ela percebe os olhos dela inchados, pois ela chorou por todo o caminho.
– Eu preciso de ajuda, eu sei que não mereço, mas não tenho para onde ir. – Ela levanta-se e abraça Kaira, pegando-a de surpresa, ela chora, fazendo Kaira abraçá-la de volta com a intenção de confortá-la. – Me desculpa Kaira, eu sei que fui péssima com você, talvez eu não mereça a tua ajuda, mas é a única opção que eu tenho.
– O que aconteceu? – Questiona Kaira parando de abraçá-la.
– Lúcio me deixou. – Ela baixa o olhar envergonhada. – Na verdade, ele me trocou por outra, pela sua irmã Norabel!
– O quê? – Questiona Kaira incrédula. – Você não está falando sério, está?
– Infelizmente estou. – Diz ela entre as lágrimas. – Norabel me puniu por não recebê-la na minha casa, ela seduziu o meu marido e tomou o meu lugar e hoje eu descobri que ele me deixou sem nada, eu não tenho para onde ir Kaira, por favor, me ajuda. – Implora ela desesperada.
– Não acredito que Norabel fez isso, aquela garota não tem limites. – Por mais que Kaira nunca tenha recebido amor de Magdalena, ela não consegue ser uma pessoa vingativa e mesmo que ela não sinta amor pela mulher que chora e implora por ajuda, ela decide ajudá-la. – Você pode ficar aqui, temos quartos sobrando, não te faltará nada, vou pedir para a tia Beth arrumar um quarto para você! – Magdalena abraça-a emocionada e naquele momento ela se arrepende por não ser a presença materna para Kaira.
– Muito obrigada, me desculpe Kaira, por favor me desculpe por não ser uma boa madrasta para você, eu nunca vou poder me redimir!
– Isso ficou no passado, não se preocupe. Tia Beth. – Chama Kaira.
– Oi menina, o que você precisa?
– Tia Beth, pode preparar um dos quartos livres para a Sra. Magdalena, ela passará um tempo conosco.
– Claro menina, senhora, me acompanha por favor.
– Obrigada Kaira, muito obrigada, você é um anjo. – Ela sorri e Magdalena acompanha Beth, Kaira senta-se no sofá pensativa no que acabou de acontecer, ela se entristece com as maldade da sua irmã, no fundo, ela desejava que sua irmã se arrependesse pelas maldade, mas está ficando cada vez mais claro que isso nunca acontecerá.
Ela permanece sentada no sofá, perdida em seus pensamentos, até ser tirada deles por Simon, que corre para o colo dela ao descer as escadas com Levi.
– Mamãe, o desenho era muito legal. – Diz ele animado.
– É o desenho preferido da mamãe, eu também acho ele muito legal. – Eles assistiram toys story. Levi repara que ela está tensa.
– Está tudo bem meu amor? – Questiona ele.
– Sim, tudo bem! Conversamos mais tarde sobre isso! Vamos almoçar? – Diz ela levantando-se com Simon.
– Claro!
Eles vão para a sala de jantar que foi ampliada e transformada num refeitório, o local já está cheio dos funcionários que trabalham ali e das pessoas que recebem assistência. Levi repara que as poucas crianças que tem ali, estão acompanhadas com suas famílias, Simon realmente era a única criança sem família. Eles sentam-se numa mesa e almoçam tranquilamente, Levi observa Magdalena entrar sem jeito no refeitório e entende a mudança de humor de Kaira, Magdalena não se separa por nenhum momento de Beth, pois ela a conhece muito bem. Depois do almoço, eles caminham com Simon pelo jardim para que ele faça a digestão e depois o levam para a soneca da tarde, eles vão para o lago e sentam-se no píer.
– Vamos conversar? Você está bem? – Diz ele abraçando-a.
– Eu estou bem, eu só estou decepcionada, na verdade, eu continuo, mas, no fundo, eu esperava que Norabel pudesse se arrepender das maldade dela, mas não, ela só piora.
– O que ela fez agora?
– Roubou o marido da própria mãe, para castigá-la. É por isso que a Magdalena está aqui, ela não tem para onde ir.
– Kaira, você tem um coração enorme, você é excepcional, você ajuda a todos, sem se importar se essas pessoas já te machucaram. Eu acredito na mudança das pessoas, pois todos erram, mas Norabel é maldosa, ela jamais mudará!
– Eu sei Levi, eu preferia que ela não tivesse voltado.
– Não liga para ela, pois ela não vale o seu tempo.
– Você tem razão! Eu não vou ficar pensando nisso, não hoje, depois desse dia perfeito, foi tão lindo Levi, eu acordei com aquela pequena mãozinha fazendo carinho no meu rosto e no momento que abri os olhos, ele me chamou de mamãe. – Diz ela emocionada.
– Você é a presença materna que ele tem, Simon encontrou em você o amor de mãe que ele tanto precisa e Deus colocou a melhor pessoa na vida daquela criança. – Ela abraça-o forte e beija-o. – Eu te amo!
– Te amo!
– Meu amor, eu preciso te contar uma coisa, eu quebrei a promessa que fiz a você. – Ela sai do abraço dele e observa-o com um olhar indecifrável. – Por favor, não me mate!
– O que você fez Levi?
– Eu bati no Karl, no hospital! Porque em mundo nenhum, aquele homem vai intimidar você! E eu também bati no Julian, eu sei que agressão não é a solução, mas eu me senti muito bem socando a cara deles! – Kaira dá risadas deixando-o surpreso.
– Eu sabia que você quebraria a sua promessa, mas você precisa se controlar Levi, não podemos estragar as coisas, pelo Simon, ok?
– Eu vou me comportar, pelo menos tentar! Desculpa-me por te decepcionar!
– Está tudo bem, eu não sou exemplo, eu arrastei Norabel pelos cabelos, na frente das crianças. – Ela dá uma gargalhada. – Era óbvio que aquele rato voltaria, agora que aquela víbora da minha irmã voltou! – Ela encosta a cabeça no ombro dele e ficam observando o lago juntos. – Quero casar nesse local Levi!
– Então vamos fazer isso. – Ele beija a cabeça dela, seus olhos brilham com a felicidade que ele carrega no peito.