No meio da tarde, Levi sai do hotel e decide ir até à casa de campo, ele dirige em silêncio lembrando do seu irmão, quando chega ele fica emocionado ao ler o enorme letreiro que está escrito Instituto Christoph Keller, ao lado do nome dele tem um coração, conforme ele vai entrando no local, ele observa todas as mudanças que aquele local recebeu, ao entrar no grande salão, ele avista Kaira sentada no chão, rodeada de crianças, que gargalham sem parar enquanto ela conta historinhas para eles. Levi fica admirando-a em silêncio, pensando o quanto ela é incrível.
– Senhor, posso te ajudar em alguma coisa? – Questiona Beth, chamando atenção de Kaira.
– Crianças, depois continuamos, a titia vai atender aquele titio, ok?
– Tudo bem titia. – Diz uma das crianças, Kaira levanta-se e vai até ele. – Tia Beth, pode deixar que eu atendo ele.
– Tudo bem querida, qualquer coisa você me chama. – Beth sorri e vai ficar com as crianças.
– O que você faz aqui?
– Eu vim conhecer, é lindo o que você está fazendo! – Diz ele com a voz embargada, ele continua emocionado. – Foi uma linda homenagem, eu não pensaria em nada melhor.
– Acho que foi a forma certa de usar o dinheiro e manter a memória dele viva.
– Eu disse que você saberia o que fazer com tudo, esse lugar está lindo e tão cheio de vida.
– Eu achei que você viria na inauguração, eu te esperei até o último minuto.
– Eu queria, mas eu não consegui. Eu não estava pronto para voltar aqui, depois de todos os acontecimentos, acho que quando eu fui embora, eu caí na real, que eu nunca mais veria o meu irmão. E todas as burradas que fiz naquele ano. – Ele dá um leve sorriso.
– Vem eu vou te mostrar tudo! – Ela caminha pela casa com ele, mostrando cada coisa. – Aqui recebemos todos os tipos de pessoas, desde aquelas que estão com problemas financeiros, problemas de saúde, não fazemos distinção, somos uma grande família e seu irmão é o coração de tudo isso! – Diz ela parando em frente ao quarto que era do Christoph. Levi não consegue segurar as lágrimas, ele baixa a cabeça para que ela não perceba, ela segue falando animada. – Eu não sabia o que fazer com esse quarto, então a melhor ideia, foi transformar nessa sala de música, porque eu sei que você gosta. Por que não toca um pouco? – Questiona ela parada ao lado do piano. Ele seca as lágrimas e encara-a, ela percebe que ele chorou, se aproxima e abraça-o. – Me desculpa, eu não queria deixar você triste!
– Está tudo bem, é uma mistura de sentimentos, isso ficou lindo, o que você está fazendo é incrível, eu admiro você! – Diz ele apertando-a em seu abraço, a sensação de tê-la em seus braços após tanto tempo, aquece seu coração. – Obrigado por fazer isso, eu fico muito feliz em saber que o legado do meu irmão não acabou com a morte dele.
– Titia, titia, vamos voltar a brincar? – Diz Simon agarrando a perna dela, fazendo eles se separarem, ela pega ele no colo.
– Simon, esse é o titio Levi, diga oi para ele.
– Oi, titio! – Simon joga-se nos braços de Levi deixando-o surpreso.
– Hey, cuidado, assim você vai se machucar. – Diz Kaira rindo.
– Tudo bem! – Diz Levi observando aquela criança em seu colo. – Oi, Simon, tudo bem com você?
– Eu estou bem, titio o senhor vai brincar também?
– Simon, o que você acha do titio tocar uma música para nós?
– Kaira, me desculpa, você sabe o quanto ele é esperto. – Diz a babá entrando na sala.
– Tudo bem, só precisamos prestar mais atenção, uma criança não pode ficar andando por aí sozinha. – Diz Kaira.
– Vem Simon, vamos lá brincar com as outras crianças! – Diz ela estendendo os braços e Simon recusa.
– Não, eu quero ficar com o titio. – Ele se abraça no pescoço de Levi e Kaira sorri.
– Está tudo bem, traga as outras crianças até aqui, Levi vai tocar uma música para nós. – Diz ela observando ele e a babá sai da sala.
– Kaira, o que você está fazendo? Eu não conheço nenhuma música infantil.
– É só pegar algo na internet, você consegue. Vem Simon, o titio tem que se preparar. – Diz ela pegando Simon do colo dele, Kaira arruma os puffs no chão e coloca Simon sentado, enquanto observa as outras cinco crianças entrarem acompanhadas das três babás, ela acomoda todos e Levi senta-se em frente ao piano, ficando de costas para eles.
– Kaira, você inventa cada coisa. – Resmunga ele baixinho.
– O que foi que você disse? – Questiona ela sentando-se ao lado dele, mas virada para as crianças.
– Que você é linda! – Ele sorri enquanto observa ela disfarçar a vergonha, ele escolhe a música brilha, brilha, estrelinha e procura a partitura dela na internet, enquanto ele toca, Kaira canta para as crianças.
– Brilha, brilha, estrelinha. Lá no céu pequenininha. Solitária se conduz. Pelo céu com tua luz. Brilha, brilha, estrelinha. Lá no céu pequenininha. Brilha, brilha, estrelinha. Lá no céu pequenininha. – Ela repete os versos mais de uma vez, enquanto as crianças acompanham ela. – Agora só vocês! – Diz ela animada, ela encosta a cabeça no ombro dele, que sorri e segue tocando.
– Brilha, brilha, estrelinha. Lá no céu pequenininha. Solitária se conduz. Pelo céu com tua luz. Brilha, brilha, estrelinha. Lá no céu pequenininha. Brilha, brilha, estrelinha. Lá no céu pequenininha. – As crianças cantam em coro, enquanto ela sorri observando.
Quando ele para de tocar as crianças batem palmas animadas.
– Que tal mais uma música titio? – Questiona ela com um enorme sorriso.
– Você disse apenas uma.
– Por favor Levi, só mais uma! Quem mais tocará esse piano? – Ela faz beicinho. – Por favorzinho, toca só mais uma. – Ela implora e as crianças fazem folia pedindo mais uma música.
– Tudo bem, vamos achar outra. – Diz ele sorrindo para ela, dessa vez é ela quem escolhe a música.
– Toque o sapo não lava o pé. Vocês gostam dessa, não é?
– Sim, titia. – Gritam as crianças, Levi procura a partitura e começa a tocar enquanto Kaira e as crianças cantam animadas, fazendo coreografia.
– O sapo não lava o pé, não lava porque não quer, ele mora lá na lagoa, não lava o pé, porque não quer, mas que chulé! – Ela gargalha observando a animação das crianças, enquanto elas seguem cantando e dançando, ela observa Levi, com um brilho no olhar, ele para de tocar e eles trocam olhares.
– Kaira? – Diz Karl num tom ríspido, chamando a atenção deles, ele não consegue esconder seu descontentamento com aquela cena.