Capítulo 82
1291palavras
2023-07-15 10:26
Kaira fica chorando sozinha no quarto, tentando assimilar todas aquelas informações, ela está incrédula que Norabel foi tão terrível assim, ela balança a cabeça não querendo acreditar no que está ouvindo e desce as escadas correndo atrás dele.
– Levi, você acha que vai acabar essa conversa assim? Eu sinto muito por você, ok? Eu não consigo imaginar o quanto você sofreu, ou o quanto o Chris sofreu, mas você acha justo o que você fez comigo? Droga, olhe para mim, tenha a decência de me encarar. – Diz ela sem se preocupar com os empregados que estão na sala.
– O que você quer que eu diga? – Questiona ele virando-se para ela. – Eu não tinha motivos para não fazer, foi o seu nome que ele me deu, era sua assinatura na carta, eu não tinha mais nada para perder, eu queria te fazer sofrer, tanto quanto eu sofri.
– Você queria? – Questiona ela chorando. – Parabéns então! Porque você fez Levi, você me fez sofrer. Eu entendo a tua dor, mas você foi cruel. – Ele se aproxima e abraça-a. – Por que não me perguntou, por quê?
– Me desculpa, eu não tenho como justificar, tudo indicava ser você, eu fiquei cego de ódio, eu estava tomado pela raiva, eu estava sofrendo e era justo que quem causou tudo isso, sofresse também, eu passei meses investigando sobre você, eu não preciso dizer a conclusão que cheguei. Foi por isso toda essa história de casamento, todas as famílias queriam o dinheiro da família Keller, inclusive a tua, eu não tive problema nenhum em trazer você até mim. Vem comigo! – Diz ele puxando-a pela mão, logo que saem os empregados ficam fofocando.
– O que será que está acontecendo? – Questiona Anabela. – Eles são dois sem vergonha mesmo, nem se importam em disfarçar.
– Você vai nos trazer problema, fica fora disso. – Diz Jasper.
Levi levou Kaira para o escritório para terem mais privacidade.
– Kaira, eu nunca vou conseguir me desculpar, eu te contei a verdade, não foi para você me perdoar, foi para que você me entenda, eu sei que eu sou um monstro, eu te desrespeitei, você não tem ideia das coisas que planejei para punir você, eu deveria estar preso, só por ter pensando em transar com você a força no dia que te conheci, eu ia te maltratar de todas as formas possíveis, eu juro que me odiei por não conseguir, porque na minha cabeça você merecia muito mais que aquilo. Eu sinto vergonha de me olhar no espelho e saber que há alguns meses, eu pensava isso e agora tudo que eu quero, é algo que eu não terei. Eu te magoei e ainda vou te magoar, porque se aquela mulher aparecer na minha frente, eu vou matá-la, ela é horrível, destruiu a minha vida, eu tomei todas as decisões erradas baseado nos atos dela e o que eu ganhei? Nada, eu entrei numa vingança estúpida, onde eu me apaixonei por quem eu achei que deveria odiar.
– Você armou um casamento falso, é claro, por isso o Flinn não achou. – Diz ela secando suas lágrimas.
– Não é falso Kaira, você está casada comigo! – Ela se senta impactada com aquela informação. – Você pode pedir a anulação é óbvio que não foi você quem assinou, foi ela. – Kaira levanta-se indignada e caminha até ele, acertando um tapa no rosto dele, ele baixa o olhar e não a encara, enquanto deixa suas lágrimas escorrerem.
– Você não tem nem coragem de me encarar, você é um monstro, um doente, nada justifica o que você fez comigo, você me destruiu, está satisfeito? Você conseguiu a sua vingança. Eu juro que entendo a tua dor, mas você foi tão horrível, como a Norabel, eu tive pesadelos com aquela noite, eu me perguntei todos os dias por que eu? Toda essa história mudou de forma drástica a minha vida, você fez dos meus dias um inferno e quando eu me apaixonei por você, eu sofria em silêncio, por me importar com um casamento de aparência, porque eu não queria que ele sofresse ganhando novos apelidos, mas o tempo todo eu estava casada com você. – As lágrimas dela são incessantes. – Eu odeio você. – Ela caminha até a porta, para e encara-o. – Dê um fim nisso, faça a vontade do seu irmão. – Ela sai batendo a porta, ela se encosta e leva mão a boca para segurar o barulho do seu choro, ela se recompõe e sai dali, recebendo os olhares de Anabela. – O que você está me olhando? Fofoqueira, não me faça te bater novamente. – Ela sai da casa batendo a porta e entra no seu carro.
– Nossa, ela está mal-humorada, vagabunda e mal-humorada. – Logo que ela termina de falar, ela se assusta com o tom de voz atrás dela.
– Sra. Doertz, pegue suas coisas e saia da minha casa, você está demitida. – Diz Levi, ele sobe as escadas e vai até o quarto de Christoph, ele observa-a entrar no carro pela janela e volta o seu olhar para a urna, ele se aproxima e fica encarando-a.
– Saia da minha casa? Foi isso que ele disse? Como assim? – Questiona Anabela, confusa. – Eu não vou sair daqui, ele não é meu chefe.
– Anabela, para com isso. Pegue suas coisas, não me faça perder o emprego também.
– Não, eu não vou, eu vou falar com o Keller.
– Não tem como, ele está morto, sou eu que pago o teu salário, saia da minha casa. – Diz Levi descendo as escadas com a urna na mão, ele passa por ela. – Quando eu voltar, não quero mais encontrar você aqui. – Ele sai de casa e caminha até o lago que era o lugar preferido do irmão dele, ele senta-se, tira os sapatos, arremanga as calças e coloca o seu pé na água, ele pega a urna e mantém no seu colo. – Irmão, você lembra quando ficávamos aqui jogando pedrinhas na água? Você gargalhava tanto e naqueles momentos só existiam nós, depois que você partiu, eu vim aqui várias vezes, tentando ouvir tuas risadas, e tudo que eu conseguia era me sentir vazio e culpado por ter te machucado e por não estar aqui para te impedir, quando você tomou aquela terrível decisão. – Kaira observa-o de longe e caminha devagar parando a uma distância que consegue ouvi-lo. – Eu fiquei com tanta raiva de você, por fazer o que fez, você me deixou sozinho, num dia que já era triste, a escuridão voltou a tomar conta da minha vida e o ódio me dominou, tudo que eu queria era vingança, acabei fazendo isso, com a pessoa errada, com a pessoa que trouxe cor novamente para a minha vida e cada dia que eu ocultava a verdade, eu me convencia que a perderia. Eu nunca fui bom em despedidas e você sabe disso, não é? Por todo esse tempo, eu não consegui te trazer aqui, pode parecer bizarro, mas eu não queria, porque não sabia como te dizer adeus. Eu vou te amar por toda a minha vida, Chris, me desculpa por não ser um irmão melhor. – Ele chora enquanto abre a urna, Kaira se aproxima e senta-se do lado dele, ela encara-o e dá um leve sorriso e encosta sua cabeça no ombro dele.
– Você foi o irmão que ele precisava, tenho certeza que ele te amava. – Diz ela para confortá-lo, ele dá um beijo na testa dela e espalha as cinzas do irmão naquele lago, quando ele termina, ela segura sua mão e ambos ficam em silêncio observando o lago.