Capítulo 14
1426palavras
2023-05-21 02:30
Kaira está em seu quarto, assim que termina de configurar o seu celular ela liga para sua amiga pelo Messenger, por chamada de vídeo.
– Amiga, estava pensando em você nesse momento, estou aqui na casa da Briana.
– Desculpa amiga, acabei chegando ontem e não colocando o celular no meio das roupas e minha mãe enviou no primeiro horário.
– Oi amigas! Sem problemas, Briana, o Sr. Schneider me comprou um celular mais cedo, meu marido vai reembolsar ele depois. Meu marido! – Repete ela desanimada. – Vocês têm noção de tudo que está acontecendo comigo? É surreal, eu não sei o que fazer!
– Amiga, você vai resolver, já conseguiu conversar com o seu marido?
– Não Lucy, o Sr. Schneider levou ele para a casa do centro durante a madrugada. Parece que ele decide tudo aqui, foi como te disse mais cedo, é como se ele fosse o meu dono, pois o Sr. Keller, só fica recluso. Quando ele retornou a casa, ele me pegou na ligação com o Flinn, ele foi tão atrevido, está exigindo respeito da minha parte, mas em todas as oportunidades me beija.
– O quê? – Questionam as duas juntas.
– Primeiro ele me beijou porque eu o chamei de gay e depois porque me ouviu falar que queria sentir os toques e beijos do Flinn, ele se sentiu no direito de tocar em mim por isso, alegando que ele pode resolver o meu problema, ele foi tão escroto, ele não me respeita e não respeita nem o homem para quem ele trabalha, ele é um homem horrível.
– Amiga, precisamos te contar outra coisa. – Diz Briana trocando olhares com Lucy. – No centro da cidade todos já comentam sobre você ser a esposa do Sr. Keller. – Kaira sacode a cabeça chateada com aquilo. – E sobre o ocorrido numa clínica ginecológica.
– Droga, como as pessoas nessa merda de cidade são fofoqueiras, por isso eu queria ir embora. Eu fui ao ginecologista, porque achei que aquele infeliz me tocou e ele seguiu negando, brigamos porque ele queria entrar no consultório junto e eu não permiti, então a polícia precisou ser acionada. – Diz ela baixando o olhar ao lembrar daquele momento, pelo constrangimento que ela sentiu.
– Amiga, diga que deu tudo certo?
– Sim, Lucy, ele não me estuprou. Ele é um abusado, um nojento, um escroto, mas ele não fez isso. – Diz ela aliviada. – Sabe o que é mais estranho, ele saiu do consultório, como se fosse outro homem, pediu desculpas por ter me tocado! E desde que chegamos ele está trancado em seu quarto.
– O que você está pretendendo fazer?
– Eu vou me divorciar Briana, eu não vou ficar presa nesse casamento, com um homem que não conheço, recebendo ordens de um maluco. Eu não sei o quanto esse homem é surtado, num momento está querendo me agarrar e no outro me pedindo desculpas, qual o próximo passo? Me bater ou me matar? Eu não quero ser uma pobre mulher indefesa, que fica à mercê na mão de um homem. – Enquanto fala com as amigas, ela vê Flinn ligar para ela pelo Messenger. – Meninas, mandei no chat meu novo número. Eu amo vocês, preciso atender o Flinn. – Diz ela desligando.
– Graças a Deus, consegui falar com você. Fiquei muito preocupado. Você está bem?
– Estou, não se preocupe. Eu vou cuidar de tudo.
– Aquele filho da puta é o seu marido?
– Não, o advogado dele, Levi Schneider.
– Certo, vou pesquisar sobre ele depois. Conseguiu o contrato e fez o exame toxicológico?
– Não, aconteceram algumas coisas, acabei não fazendo, vou pegar o contrato mais tarde.
– Você está de brincadeira? – Diz ele num tom elevado. – Isso é sério Kaira, qual o seu problema? Quer ficar brincando de casinha com esses filhos da putas.
– Para de gritar comigo, eu não preciso de outra pessoa gritando o tempo todo. – Diz ela irritada.
– Você tem razão, me desculpe, você não tem culpa, só é ingênua demais, não consegue ver a maldade do mundo, por isso foi enganada.
– Isso não é justo, você está sendo um babaca, foi meu próprio pai que me enganou, se eu não posso confiar nele, vou confiar em quem?
– Meu amor, eu não sou teu inimigo, mas você não é muito inteligente quando falamos em confiar nas pessoas. Está tudo bem, gosto desse teu lado bobinho, eu vou te ajudar a sair desse casamento.
– Vá se ferrar, você não escuta as coisas que eu falo. – Diz ela desligando e saindo com raiva do quarto. – Ele é um idiota, quem ele pensa que é para me chamar de burra? – Ela está caminhando com raiva com a cabeça baixa no corredor, enquanto resmunga. – Como eu odeio esses homens, odeio todos. – Ela Bate o seu corpo em algo duro, como se fosse uma parede. – Aii. – Diz ela levantando a cabeça e encontrando o olhar de Levi, ela se afasta assustada. – Me desculpa, eu estava distraída.
– Tudo bem! – Diz ele sem animação, ele a encara mais uma vez e segue o seu caminho, enquanto ela segue observando ele se afastar, estranhando o comportamento dele.
Kaira está aliviada por ele não estar incomodando-a, esses dois dias foram tão intensos, que parece que ela está uma eternidade naquela casa. Ela vai para o jardim e anda até o seu lugar preferido daquela propriedade e senta na beira do lago, ela procura na internet fotos do seu marido e não encontra nada, ela suspira e decide ligar para sua irmã.
– Irmã, sou eu! – Diz ela logo que Norabel atende.
– Ai meu Deus, onde você está Kaira? Papai saiu há duas noites te carregando e voltou sem você, estou tão preocupada. – Questiona Norabel num tom de preocupação e Kaira chora, colocando toda a sua tristeza para fora.
– Eu estou na minha nova casa, papai me casou com o Sr. Keller. – Diz ela com sua voz rouca em meio às lágrimas.
– O quê? Ele casou você com a Fera? Com aquele homem asqueroso, eu mesma não queria participar disso e ele entregou você? Como ele teve coragem, você é tão linda, tão inteligente, não merece estar ao lado de um ser tão repugnante como ele. Essa aberração acha que pode comprar uma mulher, por ter dinheiro? Que nojo. – Fala ela indignada. – Ele machucou você?
– Não, eu nem sequer o conheci! É o advogado dele que cuida de tudo! Esses últimos dias têm sido infernal, eu ainda não acredito que meu pai fez isso comigo.
– Nem eu irmã, nem eu. Você não merecia isso. – Diz Norabel ficando entediada, ela coloca a ligação no viva voz e começa a lixar as unhas. – Eu conheci o advogado do seu marido hoje, o Sr. Adolph Karps, correto? Ele esteve aqui em casa.
– Esse é um dos advogados, mas o que mora aqui na casa de campo é outro. O que o senhor Karps queria?
– Espera aí, você está me dizendo que está dividindo a casa com outro homem?
– Não estou dividindo a casa com ninguém, ele é responsável pelo Sr. Keller, então também mora aqui. O que o advogado queria aí em casa?
– Acho que ele veio pegar os teus documentos, algo assim.
– Vou verificar depois. Irmã, por que você não vem ficar uns dias aqui comigo? Até eu conseguir me divorciar. – Norabel fica em silêncio lembrando das vezes que esteve naquela casa.
– Eu não posso, as aulas já vão iniciar, você sabe que é o meu primeiro ano na faculdade, não posso abandonar tudo nesse momento.
– Venha num final de semana, por favor. Faça isso por mim irmãzinha.
– Está bem irmãzinha, eu farei, vou falar com a minha mãe, esse é seu novo número?
– Sim, você pode me ligar sempre que quiser. Você é a melhor irmã, eu te amo.
– Também te amo, te ligo para confirmar. – Diz Norabel desligando, ela começa a gargalhar e se joga na cama. – Vai sonhando sua ridícula, que eu vou ir para esse fim de mundo, ficar com você e essa aberração, por que ele não morre de uma vez? Na verdade, eu prefiro que ele faça um inferno da sua vida, que você tenha que sentir os toques asquerosos daquele monstro. – Conclui ela se divertindo com a desgraça da irmã.