Capítulo 46
2104palavras
2023-05-12 19:41
Do ponto de vista do Damian.
Minha mãe preparou um enorme banquete, o tanto de comida que ela mandou preparar poderia alimentar umas vinte famílias sem exageros, a mesa já estava posta e minha “família” já tinha começado a chegar. Vocês devem estar se perguntando o porquê de eu não me dar bem com minha família, os meus primos são típicos playboyzinhos filhinhos de papai, eles estão acostumados a conseguir tudo que eles querem ou seja, não conseguem ouvir um NÃO, Meus dois tios são ainda piores porque eles agem de má-fé e ainda bancam os bons moços, os todos certos. Eles são totalmente hipócritas, minha tia, bom ela é gananciosa e só liga pra luxo então ela estando presente ou não não faz muita diferença, e pra minha sorte eu não sou obrigado a ter nenhuma convivência com eles, eu nem lembro dos nomes na verdade.
- Então Damian, a sua namoradinha não vai vir mais?

- Ela vem sim mãe, já te falei como a senhora fica ainda mais irritante quando temos visitas em casa?
- Damian! Não se atreva a falar assim comigo na frente das pessoas.
Virei as costas, e deixei ela falando sozinha, na verdade quando eu decido não respondê la e deixar ela falando sozinha eu não faço por ela e sim por mim, minha mãe tem o dom de me magoar de me machucar, ela é aquele tipo de pessoa que sabe exatamente onde te atingir, onde mais dói em você.
Tá na hora de ir buscar a Maria, continuo achando esse jantar uma péssima ideia mas ela não me escuta, estou vestido de forma bem casual diferente dos meus primos que estão de social, chego em frente a casa da minha menina, estaciono o carro e toco a campainha, porém ninguém atende, fico ali um bom tempo esperando, toquei várias vezes a campainha e nada então resolvi entrar e pra me ajudar a porta estava destrancada, as luzes da casa pareciam estar todas apagadas exceto a do quarto da minha menina, subi as escadas devagar.
- Tem alguma coisa errada!
Continuei subindo evitando fazer o mínimo de barulho, meu coração estava disparado e eu sentia que tinha alguma coisa acontecendo, de repente comecei a ouvir alguns gemidos abafados que ficavam cada vez mais alto conforme eu ficava mais perto do quarto da minha menina.

- Merda! Que porra é essa que tá acontecendo?
Eu sussurrei baixo pra mim mesmo, de frente a porta do quarto da Maria, coloquei a mão na maçaneta e quando eu estava preste a abrir eu escutei um grito abafado em forma de socorro e depois um barulho alto de alguma coisa quebrando, não esperei mais e abri a porta de uma só vez e quando a porta se abriu eu me deparei com a pior cena que poderia ter visto, minha menina estava amarrada no pé da cama e sentada no chão, ela estava só de calcinha e sutiã e tinha um pano amarrado na boca dela, os pais dela estavam amarrados um de costas pro outro e ambos estavam também amordaçados, eu fiquei em choque por um breve momento mas depois eu corri até os pais da Maria e tirei as mordaças deles e depois tirei a corda que amarrava as mão dos dois.
- A gente termina Damian! Olha a Maria!
O pai dela começou a desamarrar os pés dele e da dona Amanda que estavam presos juntos enquanto isso eu corri até minha menina, ela estava encolhida e chorando tanto, desamarrei os pés dela e depois tirei a mordaça.

- Você está bem? Meu Deus quem fez isso com você menina?
Ela estava chorando e não conseguia me responder, desamarrei as mãos dela e a marca da corda estava vermelha e ferida, passei a mão no rosto dela tentando acalmá la, ela estava com um corte grande na testa, outro no canto da boca porém menor, o rosto estava vermelho como se ela tivesse recebido vários tapas e o olho esquerdo estava um pouco inchado e roxo.
- Damian, leva ela pro Hospital, nós vamos logo atrás de você.
Eu fui até o armário da minha menina e peguei uma camiseta minha que estava com ela desde o dia da cabana e coloquei nela, depois eu peguei ela nos braços e corri com ela pro hospital, agradeci mentalmente por ter vindo de carro e não de moto hoje, acelerei o máximo que pude, avancei os sinais vermelhos até finalmente chegar no hospital, sai do carro e depois tirei ela de dentro do carro também, ainda com ela no colo levei ela pra sala da emergência.
- Senhor, por favor me ajuda com ela, ela está em estado de choque.
O médico primeiro me encarou por alguns momentos e depois olhou a Maria que estava nos meus braços ainda chorando. Ele acenou que sim com a cabeça e depois me conduziu até a recepção, ele pediu pra eu a colocar em uma maca e depois fazer o registro de entrada dela no hospital e assim eu fiz.
- Olá, eu sou o Dr Perez. O'Que aconteceu?
- Não sei exatamente, quando eu cheguei na casa da minha namorada ela e os pais dela estavam amarrados no quarto, e ela não fala nada e não para de chorar, os pais dela estão bem e também estão a caminho.
- Entendo, vou mandar as enfermeiras aplicarem um calmante nela pra ela dormir, o corte na cabeça será necessário dar alguns pontos, o corte na boca vou pedir pra passar uma pomada. Sabe me dizer se ela tomou alguma pancada?
- Não! Não sei falar, quando eu cheguei ela já estava assim e não tinha mais ninguém na casa além dela e dos pais.
Nesse momento a senhora Amanda e o Senhor Roberto chegaram, os pulsos deles também estavam marcado como o da minha menina, minha cabeça estava doendo e eu não conseguia parar de pensar em quem poderia ter feito isso e o que eu vou fazer com quem fez isso com minha menina, essa pessoa não sabe mas eu vou achar ele e fazer da vida dele um verdadeiro inferno.
Enquanto eu preenchia o cadastro da Maria no hospital, aproveitei pra pedir que colocasse ela em um quarto particular, pedi também que um médico cuidasse dos pais dela e fizesse todos exames.
Depois de garantir que eles fossem bem atendidos fui pro quarto da minha menina esperar que ela acordasse.
Ponto de vista da Maria
Acordei com a cabeça doendo muito, a claridade do quarto que eu estava estava doendo meus olhos eu me sentia meio tonta e meu corpo todo doía, o Damian estava sentado na cadeira de acompanhante dormindo, fechei os meus olhos tentando me lembrar de porque estar aqui, flashes começaram a aparecer na minha mente.
Flashback
Estava de frente ao espelho enrolada em uma toalha, tinha decidido usar um vestido rodado azul claro com uma sapatilha preta, não queria ir de tênis no meu primeiro encontro com minha sogra. Coloquei uma calcinha de renda e um sutiã preto também rendado, de repente eu ouvi um barulho alto.
- Mãe? Pai? Tá tudo bem ai em baixo? - Ninguém me respondeu, eu achei estranho e quando eu abri a porta para descer e ver oque estava acontecendo um homem alto usando uma máscara preta entrou no meu quarto, ele me empurrou me fazendo cair no chão, depois disso eu só me recordo de acordar com as mãos amarradas ao pé da minha cama, meus pés estavam amarrado juntos e tinha uma mordaça na minha boca. Minha cabeça estava doendo muito, devo ter batido ela forte no chão porque eu não me lembro de ser amarrada. Meu pai e minha mãe também estava amarrado um no outro e meu pai tinha um corte na cabeça também, o desespero estava tomando conta de mim, eu não conseguia respirar, minha cabeça estava girando e eu não sabia como reagir, eu me sentia tão indefesa, fraca e angustiada.
- Olha quem acordou!
Levantei meus olhos e vi o homem que me empurrou e tinha um outro com ele, ele usava a mesma máscara mas ele era mais baixo e bem mais magro que o outro. Eu tentei falar mas como eu estava amordaçada eu não conseguia emitir nenhum som, porra, oque sera que eles querem?
- Olá mocinha, que bom que você acordou, estava ficando chato aqui sem você.
Mesmo com a máscara escondendo todo o rosto eu pude ver a maldade nos olhos dele, a forma como ele me olhava estava me dando medo, ele veio até mim e como reação automática eu abaixei os olhos, ele puxou meu cabelo me forçando a olhar pra ele e me deu um tapa forte na cara, na hora eu fiquei ainda mais tonta, meu rosto estava queimando e eu conseguia sentir o gosto do sangue na minha boca.
- Olha pra mim quando eu falar com você sua vadia!!
- Cara, segura sua onda. Tá ligado pra que a gente veio aqui, sabe que não pode fazer o'que você tá querendo né?!
- Eu posso fazer o que eu quiser!
Ele acertou meu rosto mais uma vez com um tapa ainda mais forte, e depois outro e outro, eu não sabia o'que fazer, a dor estava muito intensa e meu corpo estava tremendo, minha mãe estava apavorada e meu pai se debatia tentando se soltar, o desespero nos olhos deles me deixou ainda mais fraca.
- Cara, agora chega! Eu já fiz o que tinha que fazer.
- Já disse pra você não me dar ordens!! Ninguém precisa saber de nada, você pode participar também.
Eu estava em pânico, ele me segurou pelo braço me forçando a me levantar, eu tentei me cobrir mas não conseguia, estava me sentindo nua, ele me olhava como se eu fosse um pedaço de carne, apesar de ser o mais magro e mais baixo entre os dois ele conseguia ser muito forte, eu tentava gritar e me debater mas não conseguia, minha mãe fechou os olhos quando o cara me jogou em cima da cama e começou a soltar a fivela do cinto, não tinha mais como eu fugir minha única reação era chorar.
De repente ouvi o barulho da campainha, finalmente consegui respirar, ele me prendeu ao pé da cama mais uma vez e nos mandaram ficar em silêncio, acho que eles estavam esperando pra ver se a pessoa desistiria e iria embora, porém a campainha não parou de tocar, o cara que estava tentando me machucar me olhou e me mandou um beijinho.
- Até mais docinho.
Fim do flash Back.
Estiquei a mão e peguei a mão do Damian o fazendo acordar.
- Ei menina, você acordou. Você está melhor?
- Água!
Minha boca estava seca, eu não conseguia falar direito nem mesmo abrir os olhos completamente, tudo estava rodando. Ele pegou um copo de água da jarra que tinha na mesa de cabeceira, me ajudou a me sentar devagar e depois me ajudou a beber a água.
- Você teve que dar alguns pontos no corte na cabeça e está sendo aplicado remédio no seu rosto e na sua boca. Maria me perdoa por não tá lá pra te defender? Eu prometo que daqui pra frente ninguém vai te fazer mal.
- Não foi sua culpa, cadê minha mãe? E meu pai? Eles estão bem?
- Fica calma, eles estão bem! Já foram medicados e avaliados, já prestaram depoimento para polícia e agora já estão em casa descansando.
- Eles estão bem mesmo? E eu? Eu to bem? Porque eu ainda to no hospital?
- Você estava em estado de choque, está sendo medicada com calmantes. É bom você ficar de observação mais um dia.
- Eu não posso ir pra casa?
- Ainda não! Maria, eu juro pra você que quem te fez isso vai pagar muito caro.
- Eu tive tanto medo Dan, eu não sabia oque fazer, eu não consegui fazer nada. Eu me senti tão fraca e inútil.
Eu já estava começando a chorar de novo, aquela sensação de fraqueza estava me sufocando, a forma como aquele homem me olhou, a maldade na voz dele, a dor que ele me causou, cenas daqueles momentos não saiam da minha cabeça, Damian se deitou na cama ao meu lado e começou a me fazer carinho pra me acalmar, ele tocou a campainha perto da minha cama e em instantes entrou uma enfermeira no meu quarto que me aplicou uma injeção, eu só lembro de ouvir o Damian dizer que ele não iria sair do meu lado, e então eu apaguei.