Destiny POV
Novamente me encontro neste jardim com apenas uma árvore, uma macieira, e a mulher está conversando com outra pessoa, que até agora não consigo identificar se é homem ou mulher, mas as duas pessoas parecem se dar muito bem. Sinceramente, não tenho a mínima ideia do porquê continuo vindo até aqui.
‘Se você pudesse escolher algo… Qualquer coisa… Sem consequências… Um pedido sem rastro… O que você pediria?’ Escutei aquela mulher de cabelos vermelhos me perguntar.

A outra pessoa simplesmente estava sentada debaixo da macieira, descansando, a sensação é que ela está em paz.
Então voltei a minha atenção a mulher de cabelos rubros.
‘Nada… Eu cumpri com minha obrigação… Fiz o que meus Pais queriam, alcancei meu objetivo e estou feliz até onde cheguei. Sei que em breve estarei morta, mas tudo bem… Algum dia eu renascerei, algum dia teria novos amores…’ Respondi a mais pura verdade.
A mulher sorriu, na verdade, gargalhou.
‘Minha Criança… Sua vida não terminou, ainda existem muitas que você precisa fazer… Sua devoção aos Deuses é exemplar, mas não fique cega por ela. Os Deuses erram, seus pais erraram e seus erros reverberam até hoje… Não deixe de acreditar neles, mas saiba que eles não são perfeitos. Nenhum Deus é.’ A voz dela é um misto de diversão e seriedade.
De todos os Deuses, eu não consigo identificar esta a minha frente, eu sei que ela tem a centelha Divina, mas não sei o que ela representa.

‘Minha pequena, eu já te disse… Eu não sou ninguém que você conhece… Meu nome foi apagado da história… Mas não se preocupe com isso, eu não tenho intenção nenhuma de fazer o mal. Se eu quisesse ter abandonado Hope… Mas eu dei um presente para ela, assim como te dei um. Bom para Hope foram bem mais que um, mas você… Minha pequena, não consegue carregar tantos assim, sua alma não é tão forte quanto a de Hope.’ A resposta da mulher me deixa intrigada.
‘Diga-me, sabe se John terá a redenção?’ Perguntei, esperançosa.
‘Assim como Melvin tinha, mas é uma escolha que ele precisa fazer. Agora que o elo de vocês foi cortado, fica mais difícil, mas não impossível.’ A mulher respondeu sorrindo.
‘Tem algo que eu possa fazer para ajudá-lo?’ Eu não posso deixar essa dúvida em minha mente.

‘Tanto quanto Hope podia fazer para ajudar Melvin… Você e John ainda vão se encontrar… Se suas palavras conseguirem chegar até o resto de sua alma, então sim…’ A mulher então olhou para a macieira. ‘Mas não faça como ela fez, que por se sentir culpada, quase colocou tudo a perder.’
‘Entendo. Não se preocupe, isso não vai acontecer.’ Respondi resoluta.
‘Agora volte, o mundo ainda precisa de você.’ A mulher me dispensou e começou a andar em direção à macieira.
…
Acordei assustada, minha respiração é pesada, sinto meu peito arder, minha pele está grudando, vários fios de meus cabelos me incomodam. Eu sei que não estou no templo de meu Pai e que também estou diferente.
Levei a mão até meu rosto e percebi que não estou usando a Máscara e sequer entendia o peso que ela carrega até agora. Demorei um tempo até conseguir levantar, pois sinto cada músculo doer, principalmente na região do meu ombro.
O quarto que estou não é tão grande, mas também não é pequeno e tenho a sensação que estou no edifício principal, mas não estou sentindo as mesmas auras de sempre. Vejo que tem uma cômoda com um espelho e alguns objetos para pentear o cabelo e me arrumar.
Cheguei até o espelho e vejo minha aparência, meus olhos estão em seu tom normal e sei que agora não consigo ver mais as almas das pessoas, afastei o pijama para verificar meu ombro e existe uma cicatriz ali, dois círculos se destacam, pois a partir deles a queimadura se expande e toma todo lugar onde tinha ficado a marca corrompida.
Eu sei que deveria estar morta, mas por algum milagre continuo de pé, sem todos os meus poderes, mas caminho sob o plano mortal. Pisquei algumas vezes, sabendo que esse tempo em que lutei contra John, até acordar agora algo importante tinha acontecido. A sensação é de ter encontrado um Deus…
Não… A sensação é diferente, é mais caótica, exótica e a única lembrança é de uma macieira gigantesca… Eu já estive naquele lugar algumas vezes. Suspirei, afinal de contas posso entender que minha mente é muito mortal para se lembrar por completo de um encontro divino.
Afastei-me da cômoda e fui até a porta e a abro, posso escutar sons de pessoas, muitas pessoas, assim como música e finalmente percebo o ar diferente, com muita alegria e um toque de sensualidade.
Estou em um dos andares mais alto e comecei a andar em direção ao elevador, mas conforme passo pelos corredores vejo muitos dançando, se beijando e há alguns rostos conhecidos por seus feitos durante esta guerra… Heróis de guerra, além de pessoas de várias raças.
Acho que isso é a cerimônia de despedida de Hope Black, sorri… Por tudo o que escutei dela, esta festa faz todo sentido, por mais que não seja exatamente na data de sua morte. Essas pessoas me cumprimentam, mas ninguém realmente presta atenção.
Meus passos me levam até um salão gigantesco, percebo que os cinco estão ali, dançando e rindo juntos, Kendrick está com uma aparência melhor e apesar de não poder ver mais as almas, sei que seu espírito está mais leve e que ele está se recuperando.
Antes que pudesse ir até eles, uma pessoa entra em meu campo de visão e para a minha frente, sua aparência é andrógena, sem saber de primeira se é homem ou mulher, suas orelhas são levemente pontudas, cabelos negros com pontos em cinza e vermelhos, parecendo brasas, os olhos chamam ainda mais atenção, pois lembraram o de um réptil, mais alongados, suas iris tem um tom azul intenso, como chamas vivas. Este ser está usando uma espécie de toga romana, em tons branco e vermelho.
“Destiny White.” A voz desse ser é baixa, melodiosa, com um toque de divertimento. “Daria a honra de sua primeira dança?”
Olhei para os cinco, que devem ter notado a minha presença, pois estão me olhando, esperando a minha resposta. Não sei quem é essa criatura, mas tenho certeza que ela é importante. Então apenas concordei com a cabeça.
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