Capítulo 51
1194palavras
2023-08-24 10:22
Destiny POV
Meu corpo está pesado, minha mente está nublada e simplesmente não quero acordar, não quero voltar para a realidade que me cerca. Afinal de contas eu só não sei o que fazer e tenho medo de errar.
Eu me encolho em cima da cama, segurando o travesseiro com força, sabendo que Kaiden não está aqui… Eu não queria acordar sozinha, não com essa dor que estou sentindo. Minha alma está despedaçada, é quase a mesma sensação de quando vi John caindo, de quando Scarlat se despediu de mim.
Então sinto um peso diferente na cama, como se alguém estivesse sentado ali e uma mão começou a acariciar meus cabelos. A aura desse ser é pacífica e aos poucos consigo me acalmar e a dor parece diminuir.
Pisquei algumas vezes para conseguir focar meu olhar, mas quando levantei a cabeça não vi ninguém ao meu lado e a aura desapareceu.
‘Obrigada.’ Pensei enquanto agradecia ao ser que tinha me ajudado.
Olhei ao redor, me sentando na cama, percebi que o quarto está bem mais frio que o normal e tem uma leve névoa entrando por baixo da porta. Virei o rosto para a janela e percebo que há uma neblina bem densa.
Levantei minha sobrancelha esquerda, inclinando a cabeça para a esquerda, tentando entender o que está acontecendo. Sei que isso não é normal. Sai da cama e fui pegar minha roupa que estava no banheiro, mas assim que abro a porta não vejo minha capa e muito menos minhas adagas.
‘Merda!’ Gritei em minha mente.
Voltei para o quarto e abri a gaveta onde fica as outras roupas, vejo que minha segunda capa junto com meu segundo uniforme estão ali, me troquei rapidamente, me sentindo um pouco mais segura e abri a porta.
Vejo a neblina entrar no quarto e é praticamente impossivel enxergar por entre essa névoa densa. Respirei fundo e concentrei minha energia ao redor do meu corpo, fazendo as sombras que estão presas em minha roupa se expandirem e logo a névoa se afasta, a ponto de eu conseguir ver já há minha frente, pelo menos 2 metros a frente. Já é alguma coisa.
Ainda estou no templo de meu Pai, pois sinto sua energia ao redor, mas sei que tem mais coisas interferindo nesse lugar.
‘Mia.’ Pensei e imediatamente comecei a correr em direção ao quarto dela.
Jamais vou me perdoar se algo acontecer com minha irmã. Não demorei muito e cheguei no lugar vendo a porta do quarto dela aberta e sei que ela não está ali.
‘O jardim.’ Pensei.
Mia adorava o Jardim e lá é um lugar sagrado, então sei que mesmo que essa névoa interfira em alguma coisa, se Mia estiver no Jardim, ela estará protegida. Comecei a correr na direção do Jardim.
Passei pela pequena capela, onde os Sacerdotes e Sacerdotisas rezavam, senti uma energia estranha e coloquei as mãos sobre as portas de madeira e empurrei, tive que usar mais força que o necessário, mas assim que consegui posso sentir o ar do Mekai se espalhar.
Engoli em seco, isso não é nada bom, quando consegui terminar de abrir e as sombras espantaram a nevoa que tinha no lugar posso ver o Sacerdote Maior no meio da capela, com um livro aberto a sua frente e tem fios negros ao redor de seu corpo.
Seus olhos estão vidrados, nas cadeiras tem as outras pessoas também envoltas nesses fios enegrecidos e sei que a energia vital deles está sendo drenada. Seria tão fácil cortar essa conexão se eu tivesse minhas adagas.
A alma deles está servindo como ponto focal para abrir um portal para o Mekai, só que esse portal não está aqui. Estremeci, já sabendo onde o portal estaria… Eu sequer posso tentar cortar esses fios negros, pois se eu fizer sem as devidas ferramentas, vou danificar as almas mortais.
‘O que eu posso fazer para ajudar?’ Me perguntei.
Devia ter alguma coisa que eu pudesse fazer, olhei para essas pessoas e me aproximei do Sacerdote Maior, estendi minha mão e vejo os fios enegrecidos tentarem envolver minha mão, mas repeli essa energia com a minha própria escuridão. Só que essa pequena interação me deu uma ideia.
Fechei os olhos e expandi minha aura, me focando na energia de minha Mãe, pois ela é a dualidade, entre a Vida e a Morte, então tenho certeza que Ela poderá me ajudar. Depois de alguns minutos volto a abrir os olhos e percebo que agora consigo ver o vulto dos lobos daqueles que estão presos.
Só que os lobos não estão presos pelas linhas negras, mas sim pela linha prateada que é a escolha de Selene, essa linha eu consigo mexer.
‘Isso vai ser perigoso.’ Pensei e eu não posso falar o que quero fazer.
Eu me aproximei do lobo do Sacerdote Maior e estendi minha mão, uma oferta para que ele viesse comigo. O lobo me olhou atentamente.
‘Você quer que a gente te siga?’ O lobo perguntou e confirmei com a cabeça.
‘Isto não seria abandonar nossa parte humana?’ A voz de uma loba ecoou nas minhas costas.
Balancei a cabeça em negativo.
‘Mas você não pode garantir que vamos conseguir voltar.’ O lobo à minha frente falou.
Confirmei com a cabeça.
Consigo sentir a energia ao meu redor mudar, estes seres espirituais estão conversando entre si, decidindo se devem me acompanhar ou não e, definitivamente, não vou obrigá-los.
‘Não poderemos usar nossos poderes, pois eles estão selados junto com nossa parte humana.’ O lobo avisou.
Concordei com a cabeça. Sei que vou precisar de toda ajuda possível, ainda mais que estou sem minhas armas.
Faço uma breve reverência a ele e me viro para o resto dos lobos e faço a mesma coisa, então passo a andar em direção a saída da capela, consigo sentir a energia do elo prateado ser estendido enquanto os lobos me seguem. Deixei que a Escuridão se tornasse mais forte ao meu redor e repeli ainda mais a névoa conforme andamos em direção ao Jardim de Narcisos.
Conforme nos aproximamos tinha que usar mais e mais de minha energia para manter a névoa afastada, posso sentir a pressão que esta névoa causa. É como andar entre as dimensões e é cansativo.
Finalmente chegamos no corredor do Jardim e já consigo ver que o chão começa a se misturar entre o mármore do Templo e o chão de terra do Mekai. Posso até mesmo escutar o lamento das almas que estão andando em direção ao Fosso.
A voz de Mia se sobressai a todos esses sons, mas não consigo entender o que ela está dizendo e me forço a continuar andando até chegar a entrada do Jardim de Narcisos e vejo que tem flores de Romã também.
Mia está em pé, conversando com uma pessoa, posso ver as costas dele e é alguém que eu jamais vou esquecer.
“John…” Sussurrei.
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