Capítulo 39
1937palavras
2023-07-06 11:19
Destiny POV
Acordei, há algo diferente no ar, não é como os meus chamados normalmente, mas eu me vesti rapidamente, vendo que minha irmã ainda está dormindo na cama ao lado, me aproximei e dei um beijo em sua testa, vendo sua expressão pacifica, mas eu logo sai do quarto, já preparada para sacar minhas armas caso necessário.
Meus passos me levaram até o patio central do templo de Hades, eu consigo ver como a luz da lua brilha e ilumina todo o lugar, mas nas sombras tem algo a mais, algo diferente e me viro para fitá-la e então vejo dois olhos retribuindo o meu olhar.
A sombra se move, saindo da coluna e vejo uma criatura de uns três metros de altura, coberta de sombras, mas com uma feição que conheço, de um Lycan, eu não preciso me mexer, mas deixo que sua garra se aproxime de meu rosto e ele me toca, como se esperasse alguma reação diferente da minha.
“Dói?” Eu perguntei, sim eu falei.
Não, não estou descumprindo meu papel ou meu juramento, porque estou falando diretamente com a alma daquela criatura e ela, apenas ela pode me escutar.
“Sim.” Ela me respondeu e sua dor é visível, mesmo por trás desta escuridão que o cerca.
Levanto a mão e encostei em seu peito, onde ficaria o coração e posso sentir ele batendo, mas a energia ao redor está distorcida e a dor dele começa a irradiar pela palma de minha mão.
Fiz um breve aceno com a cabeça e a criatura se afastou levemente, mas peguei sua garra esquerda e comecei a andar na direção de um lugar diferente, onde se faziam os rituais de sacrificio.
Logo vejo a pedra em marmore e a criatura apenas me seguiu, então a coloquei na pedra, sentado.
“Eu não posso garantir que vou conseguir.” Falei com carinho. Há algo nessa criatura que eu entendo, é diferente de tudo o que já senti.
“Eu confio em você.” Ele me respondeu. “Você me libertou de um juramento de sangue, você me deu a liberdade… Serei eternamente grato por isso.”
Sorri e então acariciei seu rosto.
“No meio do caminho talvez você mude de ideia.” Comecei a explicar. “Eu vou ter que quebrar sua alma e ir costurando para que tudo fique no lugar certo… Isso vai doer, será excruciante e talvez você não sobreviva.”
A criatura ainda assim inclinou o rosto para minha mão e fechou os olhos, então eu a ajudei a se deitar na pedra negra e vejo que ela se expande para caber toda a criatura. Eu me afasto um passo apenas e então corto minhas mãos e deixo meu sangue escorrer para o chão, aos poucos meu sangue começa a fazer um caminho por si só ao redor da pedra.
Várias runas, nós célticos, círculos mágicos começam a se fazer presente, eu posso sentir minha própria alma começar a vazar para ajudar a selar este círculo. Quando finalmente ele termina de ser criado uma boa parte de minha energia já foi drenada.
“A pessoa que lhe trouxe a vida, que lhe criou, forçou a sua vinda, forçou você a acordar… Sem se importar em como isso lhe machuca, em como sua dor fica trancada em meio a escuridão. Com seus gritos para sempre abafados.”
O corte de minha mão cicatriza e eu ergo os braços fazendo então a energia do próprio templo me envolver e começar a ser concentrada em mim, então o tempo começa a desacelerar e posso ver aqueles pontos de poeira demorarem mais para se mexerem, não é porque estou mexendo com uma magia temporal, mas sim porque estou abrindo um caminho diferente para o submundo e ainda assim não exatamente. É um lugar intermediário.
Quando abaixo as mãos o círculo brilha e linhas começam a aparecer por todo o corpo daquela criatura, sendo que muitas delas estão tão intrincadas em si, criando nós que podem ser irreparáveis.
Passei alguns bons minutos tentando entender como tudo aquilo funciona, andando ao redor da pedra, puxando um fio ou outro e simplesmente sem encontrar um ponto de entrada, algo que eu pudesse iniciar o procedimento sem trazer tanto dor quanto cortar um dos fios.
‘O coração.’ Uma voz sussurrou, algo que eu nunca tinha escutado antes, era uma voz que não sei de onde veio e não é a voz de minha Mãe, mas instintivamente eu confio nela e olhei o lugar indicado.
Ali é uma massa ainda mais complexa, parece que os nos estamos tão intrincados que é impossível ver o coração por si só, mas comecei a mexer, comecei a puxar um lado, ver o outro, tentando girar e torcer.
Os gritos da criatura ficam presos nessa dimensão e não são escutados, mas posso ver as partículas de poeira se mexendo.
Depois de vários outros minutos finalmente vejo uma ponta que estava enterrada profundamente, com isso já posso começar o meu trabalho. Lentamente começo a desfazer aqueles nos e para cada um desfeito uma pequena onda de energia é liberada, mas cada vez as sombras ao redor da criatura se movem e eu consigo ver que existe uma pele por baixo dessas sombras.
Assim que libero esses fios do centro, começo a ver o coração da criatura batendo, vermelho, intenso, como próprio sangue daqueles que são mortais e ainda assim há algo mais escuro se movendo junto.
Acredito que seja isso o que eu devo fazer, libertar esta criatura de todo esse emaranhado de fios e nos, para que no final ela se levante livre e imponente. Se os Deuses assim não o quisessem, não teriam deixado que ele me procurasse.
O trabalho é árduo e que exige paciência, pois muitas vezes esta ponta que estou trabalho simplesmente não quer passar e emperra, eu preciso modificar os fios ao redor até que liberem passagem para a ponta.
Às vezes eu tenho que parar para poder dar um tempo para a criatura se recuperar e vejo sua regeneração ativa enquanto parte de seu corpo se abre com cortes tão profundos que chegam a quebrar os ossos.
Eu sei que quanto mais tempo eu mantenho essa subdimensão mais sou drenada, mais energia eu perco, mas não posso acelerar o processo, se eu fizer um movimento errado então tudo o que fiz até agora vai ser desperdiçado.
Aos poucos começo a escutar um som distante, cânticos, vozes de um outro lugar, mas que eu deveria entender e então olho ao redor e tem vultos ao meu redor, são poucos, mas entendo que as vozes são deles e é como ar fresco sendo empurrado contra meus pulmões. É uma energia nova, algo a mais para que eu possa continuar fazendo o meu trabalho.
Volto a abaixar a cabeça e continuo, como uma boa tecelã, onde minha mão é a agulha que costura os fios da vida e da morte desta criatura que confiou sua própria alma a mim. Suor começa a escorrer por minha testa, ao mesmo tempo em que meu olhar começa a ficar turvo e sei que estou chegando ao meu limite.
Mesmo com aquelas vozes me ajudando, finalmente estou voltando para o coração e já começo a ver a outra ponta e sei que o lugar onde tudo vai finalmente se conectar e fechar o ciclo.
Falta muito pouco, mas sinto as dores se espalharem ao me mover, enquanto minhas mãos se tornam pesada, mas consigo soltar o ultimo nó que existe e as duas pontas se conectam soltando uma energia gigantesca ao redor.
Meus olhos se fecham enquanto sinto meu corpo ser jogado para trás pela força da explosão, mas não chego sequer a bater em nada, duas mãos envolvem meu corpo e eu sinto o cheiro de Kaiden.
‘Ele sempre consegue me segurar, para que eu não caia.’ Pensei.
Eu não fiz absolutamente nada para merecer o carinho dele.
“SUA TOLA!” Escuto a voz de Marcus e sinto a energia de seu anjo.
Luto contra a vontade de fechar os olhos e descansar.
“Eles foram banidos por um motivo!” Marcus continua gritando e sua aura vai ficando maior, mas logo uma sombra recai e eu sinto uma aura diferente. Kaiden me segura mais forte, para me proteger.
Forço a abrir os olhos e vejo então a minha frente uma criatura que jamais pensei que poderia existir, é um homem com uns dois metros e meio, completamente nu, mas mesmo de costas seu que seu corpo é perfeitamente esculpido, de suas costas saem duas asas que lembram asas de morcego, sua pele tem uma tonalidade avermelhada com alguns toques de preto. De sua cabeça saem cabelos negros e dois cifres pontudos.
“Bastion.” Minha voz ecoa como se milhares de vozes falassem por mim.
A criatura se vira e é como ver o corpo de um Deus na Terra, mas ao mesmo tempo é a tentação pura. Eu consegui libertar aquilo que estava por trás das sombras.
“Hope me trouxe ao mundo, mas foi você quem me salvou.” A criatura falou.
Novamente aquele nome e mais uma vez de alguma forma ligada a esta matilha.
“Você primeiro me libertou de meu juramento para com a Coroa e agora me libertou de minha prisão. Serei para sempre grato.” Sua voz é ao mesmo tempo entrega e danação… É saber que se envolver em seus braços acabará morrendo, mas será uma deliciosa morte.
“Quem é você para questionar a vontade dos Deuses?” A voz de Mia ecoou séria, é a voz dela, mas não é a voz dela. “Cuidado caçador, por meio da mão de sua criadora que nasceu as piores coisas para a humanidade. Curve-se diante de seus erros e escute a voz daqueles que sabem mais do que você.”
Imediatamente a aura de Marcus recua. Eu não entendo aquelas palavras, mas sei que elas são verdadeiras.
“Você viu uma Guerra e viu a Destruição de centenas de criaturas e seres… Você foi o responsável pela aniquilação de várias espécies e ainda tem a capacidade de julgar alguém? Quem és tu, Caçador? Júri, Juiz e Carrasco?” A voz de minha irmã continua ecoando.
“Eles foram extintos por um motivo!” Marcus falou, mas sua voz vacila.
“E agora os Deuses trouxeram um de volta.” A voz de Mia se transformou completamente. “Por que uma humana, uma Delta, ousou desafiar os Deuses! Então os Deuses precisam equilibrar a balança de poder, ou todos vocês vão perecer e o sacrifício dela terá sido em vão!”
Posso ver a silhueta de Marcus cair ajoelhada enquanto escuto suas lágrimas escorrendo. Kaiden também está chorando e até mesmo a criatura está triste.
“Volte a sua forma humana.” A voz que falou atraves de minha irmã se fez novamente presente e a criatura se transformou e então vejo aquele que eles chamaram de Joshua, quem eu havia atacado logo que cheguei na matilha. “Agora você tem quatro formas, cada uma delas é uma alma por si só, com um pensamento, não se deixe cair na Escuridão…”
“Eu vou honrar as duas e vou seguir o caminho da Luz.” Joshua falou determinado.
“Esse é um caminho dificil e eu espero que você consiga, que faça de suas palavras verdade, pois nem mesmo eu, Aleteia sei qual é a sua Verdade.”
Então os olhos de Mia ficaram completamente brancos e ela desmaiou. Joshua rapidamente pegou seu corpo para que não caisse no chão.
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