Capítulo 16
1282palavras
2023-05-11 00:05
Destiny POV
“O Templo não é muito grande, mas tem uma sala que caiba a todos.” A voz do Sacerdote ecoou vindo de trás.
Olhei para minha irmã que já estava querendo sair do colo de Kaiden para correr atrás do Sacerdote. Acho que sem ela eu com certeza não teria aguentado esses dois anos. Ela por si só pode contagiar todo um grupo e percebo esse efeito em todos que estão ali.
O sorriso genuíno de cada um, enquanto Kaiden a colocava no chão e ela realmente saiu correndo atrás do Sacerdote. Coloquei as mãos nos bolsos e segui, observando aquela cena.
Mia está rodeando o Sacerdote perguntando se era muito longe e que tipo de comida eles iam comer e se ela podia fazer a sobremesa depois.
“Minha irmã ama pudim! De leite… Aquele lá que tem uns furinhos sabe? Tem que ser daqueles!” Mia começou a contar. “Mamãe sempre fazia para a gente! Era uma delícia… O do tio John nem tanto, mas ele aprendeu só para fazer com a minha irmã!”
Acho que ninguém quer falar nada e apenas esperar que Mia terminasse de contar a história.
“Lembro uma vez que ele queimou a calda de açúcar! A gente comeu açúcar queimado! Todo mundo sabia que tava ruim, mas minha irmã falou que tinha amado! Mas a cara dela!” Mia continuou falando. “Mas depois a mamãe ensinou ele a fazer melhor… E até que ficou bom os outros… Mas nunca tão bom quanto a dela!”
Realmente, fazia muito tempo que eu não comia pudim, simplesmente não tinha mais vontade de fazer… Eu nunca fui muito fã desses que se compra pré pronto, então simplesmente tinha parado de comprar os ingredientes.
Nesses últimos dois anos eu e Mia quase não comemoro muita coisa, mas no aniversário dela eu sempre fazia bolo de chocolate com morango.
“Fala de mim, mas é viciada em chocolate e brigadeiro.” Sinalizei e Mia começou a rir.
“Aham! Brigadeiro! Amo! Você vai fazer para mim? Sabe aquele lá! Aquele especial!” Mia veio em minha direção com os olhinhos brilhantes.
“Aquele que demora umas cinco horas para ficar pronto?” Perguntei (Sempre que colocar que ela ‘falou’ algo, pensem que ela usou linguagem de sinais) e balancei a cabeça de leve, sorrindo.
“Esse!” Mia gritou feliz.
“Mas não é seu aniversário e eu só faço ele em ocasiões especiais.” Respondi e vi que ela ficava um pouco desanimada.
“Mas… Mas… Mas… Eu pensei…” Mia começou a tentar achar alguma desculpa.
“Você descobrir que é filha de dois Deuses é uma ocasião especial.” Dylan falou, tentando ajudar minha irmã.
“Mas dai eu tinha que receber um presente, não é?” Perguntei, olhando para minha irmã e então virei o rosto para Dylan. “Você sabe linguagem de sinais?”
“Eu tive alguns dias para aprender.” Dylan respondeu em linguagem de sinais, seus movimentos eram perfeitos.
“Só porque você ganhou aquela coisa lá… Que grava tudo… Tipo fotografia!” Mia falou e mostrou a língua para ele.
Dylan sorriu para Mia e piscou.
“Mas eu aprendi, não aprendi?” Dylan respondeu em linguagem de sinais.
“Você… Você…” Coloquei a mão na cabeça de Mia e fiz carinho.
“Ele estava te ajudando e é assim que você fala?” Perguntei, um tanto mais severa e percebi que Mia entendeu o que eu queria dizer.
“Desculpa! Minha irmã tah certa! Obrigada por tentar me ajudar.” Mia falou.
Chegamos naquela pequena sala, tem uma mesa com seis lugares, pratos simples, nada muito elegante. Como tudo neste lugar, a decoração também lembrava muito um convento.
A mesa já estava arrumada, então só faltava a gente sentar e se servir.
Quando me aproximei de um dos lugares senti aquela pontada de desconforto, não é tão forte, mas ainda assim apareceu e dói, respirei fundo.
“Você está sentindo de novo?” Kaiden perguntou, me ajudou a sentar.
Concordei com a cabeça e percebi que Marcus estava me analisando.
“Entendo… Isso tem haver com sua ligação com seu Destinado.” Marcus falou. “Eu consigo sentir uma pequena descarga de energia… Não é algo bom e é por isso que você sente dores. Quando um Destinado está perto ele pode lhe deixar mais forte… Mas como seu elo foi corrompido, então em vez de te ajudar ele pode te machucar.”
“Mas eu não sentia isso antes…” Sinalizei.
“Talvez você sentisse, só que era muito fraco para te afetar fisicamente.” Marcus começou a se servir, como se aquela conversa fosse a mais natural possível. “Também pode ser porque você estava em meio a pessoas com baixo poder… Agora você está rodeada de auras poderosas.”
“Então, mesmo que meu elo esteja quase destruído, John ainda pode sentir alguma coisa minha?” Perguntei, aquela sensação tinha desaparecido.
“Sim, acredito que sim…” Marcus então olhou para Dylan.
“Não houve um ritual de rejeição propriamente dito…” Dylan falou. “Uma vez minha Destinada fez o ritual de rejeição, eu não aceitei e ainda assim continuei sentindo de forma muito distante o que ela sentia.”
“Quando eu rejeitei a Debora, ela também não aceitou, mas pelas regras depois de algumas luas o elo deveria deixar de existir… Mas o que descobri quando a vi da última vez foi que o elo só foi quebrado de uma vez por todas quando Hope me marcou.” Kaiden falou, também estava se servindo.
Kaiden tinha rejeitado sua Destinada? O que aconteceu aqui? Então meu olhar foi para seu ombro direito e percebi a energia de Dionisio ali… Eu nunca ouvi ninguém falar que tinha sido marcado do lado direito.
“É uma longa história.” Dylan falou. “Assim como a sua pelo visto.”
Abaixei a cabeça, começando a me servir. Realmente as coisas tinham ficado bem mais complicadas do que eu esperava.
“Tchau!” Mia falou de repente, pegando o prato dela e saindo do lugar.
Sorri de canto, com certeza ela tinha feito para não falar nada que não deveria.
“Ela saiu porque sabe de muita coisa, não é?” Marcus perguntou.
Concordei com a cabeça.
“Filhas de Aletheia são bem parecidas… São raras…” O sorriso dele é genuíno e há um brilho ali diferente. “Uma de minhas esposas foi uma filha de Aletheia. Com certeza foi uma das épocas mais desafiadoras que tive e posso dizer, meus filhos herdaram parte dessa habilidade de ver através das mentiras.”
Então ele se voltou para mim, ainda sorrindo.
“Sua irmã é realmente extraordinária.”
“É estranho estar na presença de alguém tão velho quanto você.” Sinalizei. “Instintivamente quero ver a história de sua alma, mas só de ver um pedaço eu já fiquei extremamente sobrecarregada a ponto de não conseguir lembrar o que vi direito.”
“Entendo, se quiser posso pedir para minha irmã me entregar uma pulseira que pode diminuir minha aura quando estiver em sua presença.” Marcus falou e pegou um copo de vinho e bebeu um gole.
“Não precisa… Se eu vou ter que treinar para entender melhor os meus poderes, vou ter que me acostumar a sua aura e a aura dos outros.” Olhei para Kaiden que tinha sentado ao meu lado. “Com Kaiden foi natural, já que o lobo dele é… ‘Fofo’.”
Usei a palavra que minha irmã tinha usado para descrever o lobo de Kaiden e todo mundo começou a rir.
“Definitivamente… Acho que ninguém jamais tinha falado isso!” Marcus falou depois de controlar o riso.
“Foi Mia quem falou… E se ela falou…” Sinalizei.
“Então é verdade…” Dylan completou. “A partir de agora só vou chamar ele de ‘Fofo’.”
Escutei um rosnado e a aura do lobo de Kaiden aumentou. Eu dei um tapinha no ombro dele.
“Se acostuma… Está falando que uma filha de Aletheia mentiu?” Sinalizei, sorrindo inocentemente.
“Ela pode me chamar assim…”
A voz de Decay ecoou e todo mundo caiu na gargalhada novamente.