Capítulo 32
2427palavras
2023-07-19 08:06
— Sim, depois de tudo isso, não vou abdicar dos meus sonhos. Você me convenceu!
Fiquei pensando no que havia dito a Diana. Ela tinha razão em vários aspéctos, inclusive sobre eu vivenciar o meu sonho, algo que venho batalhado há algum tempo.
Só havia um pequeno problema: Dante.

Sim, caro leitor, estou morrendo de medo de me machucar novamente. Sei que não pareço corajosa, mas sempre ficamos com medo das decisões que tomamos.
Eu posso estar enganada, talvez ele realmente se redimiu e que não quer me causar problemas, mas como confiar?
Naquela época ele teve os seus motivos, hoje entendo sobre, mas a Kyra de antigamente não entendia e sofreu muito por isso.
Muitos vão dizer para eu esquecer o passado e vivenciar a oportunidade, outros vão dizer que sou boba e que tenho um bom homem nas mãos e os mais chegados vão surtar quando eu contar que vou aceitar a proposta. Neste caso, eu tamparei meus ouvidos e não seguirei os conselhos de ninguém, apenas vou seguir o meu coração.
Respirei fundo e olhei as estrelas pela minha sacada, tinha uma leve brisa que significava coisa boa chegando. Estava sentada ouvindo música no meu fone (Rock melódico) e sorri com tudo o que se passou nesses últimos dias e que me surpreenderam. Como a vida é imprevisível né?
Esqueci de mensionar, Diana fora embora assim que começou a anoitecer, Dominic veio buscá-la e me repreendeu por ela estar tão bêbada.

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— Dominic, relaxa... Assim como você gosta de se encontrar com os rapazes, nós também temos a "Noite das Garotas". Não há nada de errado nisso.
— Olhando por esse lado, realmente você tem razão, mas não vou deixar ela dormir aqui. - Disse ele me fuzilando com os olhos com as sombrancelhas arqueadas.
— Amor! Voxê jáaaaa cheegouuu? - Perguntou Diana arrastando a fala como uma pessoa bêbada.

Dominic a olhou estarrada no sofá. Assim que seus olhares se cruzaram, Diana abriu um sorrisão olhando-o de cabeça para baixo.
— Amooor, por qualll motivo voxê está de cabexa para baaixo? - Perguntou ela com o cenho franzido.
— Di, não estou de cabeça para baixo, mas acho que você bebeu de mais.
— Xim, concorrdoo com voxê. To podre de bêbada, max to felix. - Disse Diana se sentando no sofá.
— Está feliz por quê? - Quis saber Dominic.
— Xiu Di, não fala nada. - Eu disse.
— Kyyyraa, eu te amo, max não conxigo guardar nada dele. Xe eu não falar agora, contarei max tardee.
Eu bati com a mão na testa em sinal de desaprovação, mas não tinha como fugir daquilo mesmo.
— Kyra, vai axeitar trabalharr com o Dante! Yupiiii. - Diana levantou do sofá e começou a dançar.
— Sério Kyra? Até que enfim, conheço o Dante há muitos anos e vocês dois estão sofrendo por besteira igual eu e a Diana sofremos.
— Nem é tanto assim, nosso tempo já foi Dominic, não estou a altura de Dante.
— Aí que você se engana, eu passei esses anos com ele e sei o quanto ele te ama.
— Sabe, eu também queria acreditar nisso, mas no momento, eu não consigo.
— Kyra, você tem que abrir a sua mente primeiro para que depois o seu coração consiga confiar novamente no amor.
— Vou tentar, Diana me convenceu a não desistir do meu sonho e isso já é um grande passo.
— Sim, concordo com você, só não estou entendendo uma coisa.
— Diga.
— Por que somente a Diana que está bêbada e você está tranquila?
— É que eu parei de beber, tomei um banho e bebi um café. Se você tivésse chego há 1 hora, teria me visto no mesmo grau e proporção. - Eu falei rindo.
— Não me diga que cantaram trocando S, C por X?
— Óbvio que sim, se não não teria graça.
Dominic imaginando a cena começou a rir sem parar. Assim que ele se recuperou, olhou para o sofá e viu Diana roncando.
— Ela vai de 100 a 0 em minutos, estava com energia até agora a pouco. Bom, vou levá-la Kyra, você me da uma mãozinha?
— Sim. - Eu disse ajudando-o a levar a Diana até no carro (após descer o elevador, recepção do prédio e finalmente chegar no carro).
— Obrigada por cuidar dela. Ah, você aceitou nosso convite né?
— Sim e acredito que a idéia de eu e o Dante sermos um casal foi sua né?
Dominic só sorriu e não me respondeu. Também, nem precisava porque o sorriso já o denunciava.
— Boa noite Kyra, se cuida.
— Boa noite Dominic!
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(Ainda na sacada) Fiquei pensando em como os dois se dão tão bem (Dominic e Diana), eu e Dante não chegamos nessa etapa do relacionamento. Na verdade, por ele ser mais velho e experiente, eu tinha medo de me aproximar muito. Nunca encarei o que tivemos como um relacionamento. Hoje eu gostaria que tivesse sido, algo que realmente fosse verdadeiro do qual eu pudesse me lembrar em como fora forte a atração, os beijos, o contato... Teve até uns beijinhos, umas festas, uns cafés, mas não passou disso.
"Kyra, cai na real! Você está querendo um romance de livros e isso não é fácil de encontrar."
Me debrucei na mesinha e tomei o último gole de vinho.
— Ahh como aquele cretino ainda estava lindo! - Soou como um desabafo.
Bom, agora é só esperar eles entrarem em contato porque tenho certeza de que Dominic vai dar com a língua nos dentes.
Me levantei porque estava começando a ficar frio e se eu não saísse dali, amanhã iria acordar com febre. Coloquei um pijama e fui dormir.
Acordei na manhã seguinte com o celular tocando. Procurei o celular na cama toda, meio sonolenta e só quando o encontrei que percebi que não era alarme e sim uma ligação.
— Alô?
— Oi Kyra, aqui é a Trish da editora Vadema, tudo bem?
— Olá Trish. Tudo certo e com você?
— Eu te acordei?
Olhei no relógio e arregalei os olhos, ainda eram 7:30 da manhã.
— Sim, você madrugou né? - Eu perguntei rindo.
— Desculpa, eu não gosto de perder tempo. Nosso expediente nem começou ainda e eu não aguentei esperar até chegar na empresa para te ligar. Peço desculpas por isso.
— Tudo bem, mas o que seria urgente?
— Sem rodeios, vou direto ao assunto. Quero você como escritora e não aceitarei um não como resposta. Só me diga quais são as suas condições.
— Calma Trish, eu nem acordei ainda.
— Assim é até melhor, não te deixarei pensar muito.
— Vou te colocar no viva voz e preparar um café.
— Melhor ainda, quer ir tomar café comigo?
— Nossa, que repentino.
— Eu sei de uma cafeteria muito boa.
— Ok, ok, me passa o endereço por mensagem que daqui a pouco quando estiver saindo, te aviso.
— Já estou indo para lá.
— Ok, até mais.
Me arrumei no meu tempo, coloquei um jeans folgadinho, um moletom preto, tênis, penteei meu cabelo, escovei meus dentes e fiz uma maquiagem leve (base, máscara de cílios preta e um batom rosinha claro).
Eu chamei um táxi, disse o endereço sorrindo, pois se tratava do antigo café no qual eu trabalhava durante a faculdade.
1 hora depois eu cheguei no café conforme o combinado... Meu coração estava a mil por hora, pois estava na espectativa de encontrar o Dante.
No fim das contas, quando eu entrei, vi a silhueta da qual sempre admirei sentado me esperando e não havia nenhum sinal de Trish.
Me aproximei sem ser notada, pois ele parecia absorto em pensamentos olhando através da vitrine que dava para a calçada.
— Como havia imaginado! Sra. Trish? - Eu perguntei sorrindo.
Ele me olhou surpreso. Parecia que não estava me esperando... Nãoooo! Para tudo... Isso só pode ter sido arquitetado por ninguém menos que a minha editora chefe.
— Kyra? - Seu olhar estava confuso.
— Bom, não sei se era para eu encontrar com você, mas a Trish me ligou pela manhã querendo tomar café comigo.
— Temos o mesmo álibe.
— Eu imaginei Dante. Bem a cara dela fazer isso. - Eu estava feliz de vê-lo. - Você já tomou café?
— Ainda não, estava esperando uma bomba vindo de Trish, então esperei ela descarregar em mim e depois iria comer uma fatia de torta para animar.
— O todo poderoso Dante aceitando a derrota tão facilmente? O que houve com o velho Dante?
— Eu mudei um pouquinho, na verdade não sou tão confiante mais quando se trata de relacionamento.
— Nunca imaginei você falando isso.
— É... Quando você só faz as coisas erradas, perde o que era valioso, não tem vontade de fazer mais nada.
— Pode parar! Se continuar com esse sentimento de derrota aí, nem vou mais trabalhar com você.
Dante arregalou os olhos.
— Você disse trabalhar comigo? Eu ouvi bem? - Disse ele franzindo a testa.
— Sim, eu vim só para fechar um contrato com as minhas condições.
— Vou matar a Trish!
— Por que? - Eu disse sem entender.
— Ela me disse para vim porque aconteceu um imprevisto na empresa e que era para eu cuidar de um contrato que ela estava tentando fechar. Só que não me disse que era com você.
— E por qual motivo estava tão para baixo? Eu percebi quando cheguei.
— Aqui me traz muitas recordações e vir aqui com outra pessoa, estava me matando por dentro.
— Ué, mas está aqui comigo? Vai se animar quando? - Eu ignorei totalmente a indireta dele, sabendo muito bem do que se tratava.
Dante me olhou profundamente, me deu calafrios, pois parecia que conseguia ler a minha alma. Ele percebeu que eu fiquei sem graça com a situação que sorriu.
Bah como é lindo o seu sorriso e pela primeira vez, parecia realmente feliz em me ver.
— Eu sei, eu sei... Você está super feliz em me ver. - Eu disse brincando.
— E como, você não sabe o quanto! Ainda mais depois da notícia que você me deu de que não vai desistir do seu sonho e que eu vou fazer parte disso.
Quando ele disse isso, meu coração estava quase saindo pela boca, minha garganta estava seca e a vontade de me jogar loucamente em seus braços era grande.
Mesmo com o passar dos anos, ele ainda continuava lindo e charmoso.
— Vi que você ainda não perdeu o seu charme. Está melhor do que quando entrei, sério, prefiro assim do que com ar de derrotado. Derrota não combina com você, mas o charme sim. - Eu disse piscando para ele.
— Então você ainda me acha charmoso? Interessante. Pensei que me odiasse...
— Eu não te odeio e mesmo que odiasse é fato que você é charmoso e bonito. O tempo só te fez bem, até as suas linhas de expressão são bonitas. Quero chegar na sua idade tão bem quanto você. - Eu disfarcei o elogio porque pensei que estava falando de mais.
— Kyra, você sabe que está indo por um caminho sem volta, não me dê esperanças. - Disse ele levantando uma das sombrancelhas debruçado sobre a mesa me fitando.
— Dante, pare de me provocar e vamos pedir algo para comer porque estou faminta. - Eu desconversei.
— Tudo bem, o que você vai querer?
— Eu quero uma fatia de bolo 5 leites e 1 leite com café e você?
— Como é para comemorar, então vou pedir o mesmo que você. - Ele parecia mais alegre.
Eu não precisei nem chamar para realizar o pedido, pois Anne me viu e veio a nossa mesa me abraçar.
— Olá minha amiga querida! Há quanto tempo? - Disse ela.
— Desculpa, nesse último ano, estava bem corrido e não consegui tirar uma folguinha para vir. Agora que estou morando mais próximo do centro, com toda certeza irei te visitar mais vezes.
— Vejo que ainda está namorando o Dante.
— Eu bem que queria Anne, mas tenho que reconquistá-la. - Disse Dante sorrindo.
— Estou na torcida por vocês! - Disse Anne.
— Anne! Você ainda dá corda? - Eu retruquei.
— Foi o único que fez você brilhar minha amiga.
Dante me olhou com um meio sorriso, com uma das coquinhas levantada.
— Podemos fazer o pedido? - Eu disse contornando a situação.
— O que vão querer?
— 2 fatias de bolo 5 leites e 2 cafés.
— Já vou trazer.
— Muito obrigada Anne.
Anne saiu para buscar os pedidos e eu vi a oportunidade de discutir o contrato com o Dante.
— Bom, eu queria ver se consigo incluir trabalhar de casa no meu contrato e ir eventualmente na empresa para discutir o enredo com vocês, o que acha?
— Podemos fazer dessa forma, sem problemas... A única coisa é que você terá que cumprir prazos de entrega.
— Entendo, estou de acordo.
— Você teria mais alguma condição que queira colocar no contrato?
— No contrato acredito que não, mas tenho um favor para te pedir.
— Diga, sou todo ouvidos. - Disse ele debruçando sobre a mesa colocando o queixo sobre as mãos.
A cena realmente era hipnótica. Pisquei duas vezes para sair do transe.
— Você poderia me buscar para irmos no casamento da Diana e do Dominic?
— Eles já marcaram a data?
— Sim, você será meu acompanhante.
Dante arregalou os olhos.
— Como você está sabendo de tudo isso e eu não?
— A Diana passou o dia comigo ontem e me informou do ocorrido. Como eu não tinha como fugir, decidi só aceitar o fato.
— Era tão ruim assim ir comigo?
— Para meu ego ferido, sim.
— Vejo que algo mudou em você.
— Sim, digamos que a Diana me contou o motivo que você tentou me contar há anos e eu não dei ouvidos.
— Como ela ficou sabendo disso? Ahhh Dominic... Digamos que eu estava bêbado e contei tudo a ele.
— Agradeça a eles. Foi a Diana que me convençou a voltar atrás na minha decisão.
— Eu tenho dois ótimos amigos! - Comemorou Dante.
— Não se empolgue muito, ainda não sei se te perdoei.
— Eu sei que já, está até me pedindo favores. - Disse ele rindo.
— Convencido!
— Ahh como eu senti falta de tudo isso, de ser eu mesmo. Senti falta de você.