Após Dante sair, me vi perdida em pensamentos, ainda estava sentada na cafeteria e não tinha idéia do que faria após sair do local. Dante sugara toda a minha paz interior com aquele selinho e agora eu não conseguia raciocinar em nada, além do que acabara de acontecer e da sensação que ficara marcada em mim. Foca mulher! Você tem que acordar, isso não é um relacionamento verdadeiro, não tem como ser, ele nem gosta de você e desta forma você vai se machucar porque irá se apaixonar. Amor platônico não é saudável! - Eu falei a mim mesma.
Balancei a cabeça, gesticulando com as mãos como quem estava afugentando algo do rosto e me levantei. Fui até o balcão pagar a conta e o caixa disse que Dante já havia pago. Agradeci e saí da cafeteria esperando o pior porque os repórteres podiam estar ali ainda, mas para a minha surpresa, todos saíram dali e o máximo que poderiam fazer, era bater fotos indesejadas.Andei por toda a rua olhando as vitrines, imaginando como as coisas haviam acontecido de forma rápida, sem controle algum e que me fizeram ficar desanimada. Andei meio perdida até chegar em frente a uma biblioteca, na qual eu resolvi entrar. Amo livros, nesse tipo de ambiente meu coração se acalma e por incrível que possa parecer, eu me empolguei um pouco e esqueci dos meus problemas por um momento. A biblioteca não era grandiosa como nos filmes, você acessava pela porta de vidro central, havia o balcão marrom do atendente a esquerda e logo a frente começavam as prateleiras grandes também marrons divididas em forma alfabética, com plaquinhas brancas penduradas em cada corredor especeficando o gênero literário de cada seção em preto. As paredes e chão eram branco gelo e nos fundos havia uma escada que subia para o segundo andar, onde os romances ficavam e adivinha caro leitor onde eu fui sem hesitar? Claro, nos romances, em específico, as comédias românticas porque me distraia da realidade. Encontrei vários que adorei as sinópses, mas um em específico chamou a minha atenção, "Amor inesperado", onde a principal Leila passava por uma situação parecida com a que eu estou passando com Erick. Bem, posso dizer que sim, peguei uns 10 livros para levar, teria uma distração o mês todo. Me perdi no tempo que nem vi a hora passar, quando olhei no relógio da biblioteca, faltavam 20 minutos para as 5hs da tarde, me assustei e saí da biblioteca para pegar o último ônibus do sábado que eram as 5hs20min. Saí correndo para a parada de ônibus com um sacolão de livros e apesar de pesada, estava orgulhosa de mim por ter gostos tão refinados para passar meu final de semana, tirando a prova que eu teria que estudar né? Consegui chegar na parada antes do ônibus e fiquei pensando no que faria para comer quando chegasse em casa, um sanduíche viria bem a calhar.
Finalmente cheguei em casa, após 40 minutos de ônibus, me sentei na pequena sacada que tinha em frente a sala de estar e como estava uma brisa fria, peguei um cobertor para terminar de ver o sol se pondo, eu amava fazer isso. Vi os últimos raios se pondo, me espreguicei na cadeira que se inclinava e levei um susto com meu celular tocando, quase joguei ele para o alto.

— Alô? - Eu disse tentando acalmar meu coração do susto que tomei.
— Olá docinho, sentiu minha falta? - Era Dante.
— Uma ova, você quase me matou de susto.
— A minha viagem? Ah foi boa, mas estou com saudades.
— O que? - Meu cérebro deu um nó.
— Também gosto muito de você, na próxima você virá comigo.

— Ah a Lola está aí?
— Sim, mas não se incomode... Só está assinando a rescisão.
— Entendi e você está bem?
— Não sei dizer, mas está sendo um alívio falar com você. Eu não tinha a quem recorrer.

— Entendi, faz o seguinte: após ela terminar de assinar, sai da sala e vai pegar um suco ou café para ajudar a te acalmar. Ignora ela, a dor de ser ignorada é a melhor opção como lição.
— Vou fazer isso, realmente preciso respirar ar fresco. Ah a propósito, volto daqui umas duas horas, você quer jantar comigo?
— Se for para você se sentir bem, pode ser.
— Onde você quer ir?
— A lugar nenhum, só quero fazer a janta e beber vinho na minha sacada.
— Parece ótimo. Você se importaria de jantar próximo as 10hs da noite?
— Perfeito, assim da tempo de eu ir no mercadinho aqui perto e comprar os mantimentos.
— Até mais docinho.
Falando assim Dante desligou, me espreguicei novamente, fui trocar de roupa e deci para o mercadinho. Os planos da noite eram, macarrão ao molho branco com bacon e vinho. Nem perguntei se ele gostava, mas era o que eu havia em mente e que estava com vontade de comer, bom para que me preocupar se ele nem é meu namorado de verdade? - Pensei comigo.Comprei todos os ingredientes de que precisava e voltei ao meu ap. Deixei a sacada aberta para cozinhar bem arejado e fui tomar um banho, já passavam das 8hs. De banho tomado, fui preparar a janta.Tudo estava pronto, mesa arrumada, jantar para dois, vinho tinto suave doce e decidi encher a minha taça e bebericar o vinho na sacada com um cobertor até Dante chegar.Acabei pegando no sono, quando acordei já passavam da 1h da manhã. Olhei no celular e não havia uma única chamada do Dante, resolvi ligar para saber se estava tudo bem por causa da viagem de volta.
— Alô? - Disse ele.
— Está tudo bem?
— Ele está perfeitamente bem. - Disse Lola.
— Da esse celular aqui. - Eu ouvi ele dizer. - Kyra, não é o que você está pensando.
— E o que era para eu pensar? Divirta-se. - Desliguei o celular.
— Como você é idiota Kyra! O que esperava? Ele viajou só para resolver as coisas com a Lola. Você que estava esperando algo que nunca vai acontecer! - Eu disse a mim mesmo em voz alta. - Mas que droga! Pelo menos poderia ter ligado e avisado que não viria, perdi meu tempo cozinhando, mas quer saber? Vou comer e tomar meu vinho sossegada, Dante que vá para o inferno junto com a Lola.