Capítulo 67
1071palavras
2023-05-08 10:36
(Ponto de vista de Ashley)
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Eu andei pela sala sentindo-me um pouco inquieta. Nikolai garantiu para mim que tudo ficaria bem na floresta para onde ele estava levando meu filho. Quando vi como meu filho estava animado para partir em uma aventura na floresta, me senti um pouco culpada por não querer permitir que ele fosse.
Os lindos olhinhos redondos de Teddy hipnotizaram-me de tal forma que o decidi deixá-lo ir. Eu certamente esperava que influenciar os outros a fazerem o que ele quisesse não fosse um dos seus poderes.
Sentada na cadeira, encarei a mesa na qual havia amostras dos meus novos desenhos que eu usaria em outro concurso, um que era ainda mais exclusivo do que o realizado em Averna. Um concurso realizado em Paris, onde eu competiria com estilistas renomados do mundo todo.
Era meu sonho receber o convite para participar de tal concurso. Foi Philip quem me incentivou a trabalhar duro para ser aceita na escola de Design. No passado, ele certa vez já foi meu pilar de sustentação.
Isso, claro, foi antes de ele ter me trocado por minha ex-melhor amiga e v*dia malvada, a Helen.
Eu me perguntei como teria sido minha vida se houvéssemos nos casado há cinco anos atrás. Seríamos verdadeiramente felizes?
Eu pensei que ele era meu príncipe encantado, como os heróis dos contos de fadas. Mas, no final, foi ele quem partiu meu coração em pedaços.
Suspirei e folheei o caderno de esboços dos meus desenhos e, então, comecei a aprimorá-los.
Nikolai foi tão doce que até arranjou uma cadeira confortável e uma mesa de trabalho para que eu continuasse trabalhando nos meus desenhos. Ele até arrumou um quarto separado onde o Teddy poderia ficar.
Entretanto, eu insisti para que o Teddy ficasse no quarto comigo. Eu não ia perder o Teddy de vista mais do que já perderia à noite.
Enquanto eu passava cerca de meia hora nos meus desenhos, recebi uma ligação no meu celular. Era de um número familiar, o qual pensei ter quase reconhecido.
Eu rejeitei a ligação, porque o identificador de chamadas não mostrou ninguém. Podia ser algum repórter interessado em saber mais sobre minha vida pessoal. Eu estive os evitando bastante.
Logo estaria no noticiário que eu era a amante de Nikolai Wulfgard.
Não obstante Nikolai ter me contado que as notícias sobre o casamento dele com Pamela não eram verdadeiras, eu ainda não estava totalmente convencida de que qualquer relacionamento que ele teve com a Pamela realmente acabou. Eu me lembro da noite em que recebi o prêmio, quando ele parecia estar perto dela, e ela estava sorrindo.
Essa lembrança fez com que eu quebrasse o lápis que eu estava usando para esboçar meus desenhos. Argh! Por que a Pamela tinha que ser tão bonita?
A ligação anônima voltou e, sem pensar, atendi com raiva.
"Que foi?"
"Ashley?"
Fiz uma pausa depois de ouvir aquela voz familiar e, lentamente, sentei na minha cadeira. Eu me perguntei como ele havia conseguido meu número.
"Você ligou para o número errado, essa não é a Ashley."
Eu queria encerrar a ligação, mas ele disse algo que me chamou a atenção.
"Ashley, querida, é o Philip. Nós precisamos de conversar. É sobre seus pais. Seu pai não tá bem."
"O quê? O que aconteceu com ele?"
Engoli em seco e fechei a boca. Minha mão se moveu para o meu peito, onde meu coração estava batendo de medo.
"Ele foi internado no hospital hoje pela manhã. Não tá passando no noticiário, porque sua família quer que o assunto seja tratado com sigilo."
"Qual hospital? Por que ele não tá sendo tratado no Palácio? Por que a Rainha não tá lá pra curá-lo em casa? Que tipo de doença é essa?"
"Eu sei que você tem muitas perguntas, mas vai ser melhor se eu te levar pra vê-lo. Me diga, onde você tá agora? Eu vou te buscar."
Suspirei e balancei a cabeça. Em minha mente, eu esperava que não fosse um dos truques de Philip para fazer com que eu o encontrasse por um motivo que eu não queira nem saber. Ele era meu passado, e eu não ia mais deixar que meu coração doesse com suas mentiras.
"Ashley, eu sei o que você tá pensando. Eu te conheço bem. Eu... você... você precisa de confiar em mim. Tudo bem se você não se sentir confortável com a ideia de eu te buscar. Você pode simplesmente vir ao Hospital Real de Averna e ver por si mesma. Estarei aqui esperando por você a noite toda", ele suspirou e continuou com um tom preocupado, "Seu pai falou seu nome várias vezes."
Fechei os olhos e me perguntei se deveria confiar em Philip. Ele me conheceu bem no passado. Ele conhecia todas as minhas coisas favoritas, meus pontos fortes e também minhas fraquezas. Quando a Helen o roubou de mim, me senti completamente perdida.
"Quem mais tá aí... com meu pai?"
"Só sua família mais próxima. Não se preocupe, querida. Helen não tá aqui. Eu... bem, as coisas não estão indo bem entre a Helen e eu."
Eu deveria estar pulando de alegria depois de ouvi-lo dizer isso. Teria sido muito diferente se essas palavras houvessem sido ditas bem antes. Mas muitas coisas mudaram nos últimos cinco anos.
Eu dei à luz um filho e vivi uma vida nova que era completamente diferente da vida da velha Ashley.
Sem dúvida, eu ainda tinha alguns sentimentos pelo Philip que eu mantinha guardados. No final das contas, ele foi o meu primeiro amor. As pessoas nunca conseguiam esquecer o primeiro amor, pois essa era a primeira vez que você se sentia conectado a outra pessoa.
Sem perceber, lágrimas estavam molhando minhas bochechas. Doía lembrar do dia em que Philip me traiu com a Helen um dia antes do nosso casamento.
"Ashley? Ainda tá ai, querida?"
"Pare de me chamar de 'querida'!"
Encerrei a ligação e levantei-me para lavar meu rosto. Não queria que ninguém me visse chorando, principalmente Nikolai. Eu me perguntei como ele reagiria se descobrisse que eu sairia para me encontrar com meu ex-noivo à noite.
Eu tinha certeza de que não seria algo bonito de se ver.
Frankie, o motorista, insistiu em me levar ao hospital. Eu aceitei a carona e deixei um bilhete para informar a Nikolai que havia uma urgência familiar na qual eu tinha que comparecer.
Eu esperava muito que Nikolai não viesse me procurar.