Capítulo 37
1379palavras
2023-04-26 14:08
(Ponto de vista do autor)
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O sábado chegou.
Parecia um dia lindo, com o sol brilhando forte no céu. Um sinal de que a estação fria poderia estar chegando ao fim. O chilrear dos pássaros cantando canções que só as bruxas podiam entender.
Às vezes, os pássaros cantavam histórias sobre o que viam quando estavam no ar.
"Teddy, não se esqueça de levar seu remédio. Se você sentir aquele calor repentino dentro do peito, lembre-se do que eu sempre te falo."
"Tomar as minhas pílulas. Mamãe, você disse a mesma coisa três vezes", ele riu e começou a pular para cima e para baixo de alegria.
Ashley também riu ao ver seu filho dançando ao lado do seu novo amigo, Blaze, um menino bonito com cabelo loiro e ondulado. Ele tinha uma irmã gêmea, a qual estava sentada ao lado de Finley.
"Mamãe, você vem?", Teddy perguntou e fez beicinho na videochamada da qual Ashley estava participando, "Os pais do Blaze e da Belle estão chegando. Eles têm um papai legal, mamãe. Você deveria conhecer o Tio Ben."
Seu coração se partiu em pedaços ao ouvir seu filho falando sobre o pai do amigo dele. A jovem sabia que, no fundo do coração dele, ele gostaria de ter um. Contudo, ela teve que mentir dizendo que seu pai morreu de maneira honrosa em uma guerra.
Ela mentiu dizendo que o pai dele era um feiticeiro, um homem forte, da família Winters.
Ashley esperava que, um dia, quando ele descobrisse a verdade, ele se perdoasse.
"Já discutimos isso antes, meu filhinho. Tenho trabalho a fazer. O tio Finley vai cuidar bem de você. Cuide-se. Não fale com estranhos. O que você deve falar se um estranho lhe oferecer doces e brinquedos?", Ashley havia treinado seu filho com algumas técnicas de autodefesa, bem como o que fazer se ele fosse sequestrado.
Ela estava preocupada que tais coisas pudessem acontecer, principalmente quando as pessoas descobrissem que ele era filho da princesa fugitiva de Averna.
"Eu devo dizer 'obrigado'?", as palavras de Teddy fizeram com que a Ashley franzisse a testa. Ele estava brincando com ela.
Ela pôde ouvir o som das crianças rindo, então disse: "Que engraçadinho, Theodore Winters. Sem falar com estranhos, entendeu? E não vá a nenhum lugar sem o tio Finley."
"Tudo bem, mamãe. Me prometa que você vai vencer o concurso", ele pediu e deu um beijo nela na videochamada, o que ela respondeu pegando o beijo e colocando-o em seu coração.
"Eu te amo, Teddy. Se divirta e lembre-se do que eu lhe disse ontem à noite", Ashley o lembrou de não contar a ninguém a verdade sobre ele. Claro que ela teve de abrir algumas exceções para seus novos amigos.
Esse foi um erro pelo qual Ashley repreendeu Finley por ter sido descuidado.
Ninguém deveria saber como era a aparência de Teddy Winters. Ela se certificou de que as fotos dele não aparecessem em lugar nenhum. Ashley tinha certeza de que Nikolai Wulfgard estava se esforçando para descobrir se Teddy Winters era seu filho.
E ela iria garantir que ele falharia nisso!
*****
(Ponto de vista de Nikolai)
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Era quase hora do almoço, e eu havia acabado de dar uma entrevista à imprensa sobre o lançamento do novo parque de diversões reformado. Minha secretária havia preparado um discurso para mim, mas eu o odiei.
Acabei falando apenas algumas palavras sobre o lançamento e respondi algumas perguntas que valeram a pena serem respondidas.
Quem eles pensavam que eu era para ficar tanto tempo respondendo perguntas idi*tas!?
Eu tinha coisas melhores para fazer. Uma delas era encontrar a minha Ashley.
Ela me evitou mesmo quando liguei para seu agente a fim de discutir uma nova proposta de negócios. Eles me enviaram um substituto e disseram que a Tiana Winters não estava se sentindo bem.
Não estava se sentindo bem? Ela era uma bruxa. Ela podia se curar, e eu tinha certeza de que ela estava saudável como um boi!
Isso foi o que ouvi dos meus homens que a seguiram no trabalho dela. No entanto, todos eles não conseguiram localizar onde ela estava hospedada. Parecia que ela havia colocado um feitiço para encobrir seus rastros e cheiros.
Eu sorri com esse pensamento. Ela era uma mulher bonita e inteligente. Definitivamente, a única mulher que ousou me dar um tapa na cara.
"Alfa Wulfgard, preciso atualizá-lo sobre outro assunto", minha secretária limpou a garganta e olhou em volta para ter certeza de que ninguém estava escutando.
Eu estava então ouvindo atentamente sobre o tesouro que eles encontraram debaixo do terreno do parque de diversões, o que me fez sorrir um pouco.
Finalmente, boas notícias!
Em seguida, recebi uma ligação de alguém que eu estava tentando evitar há dias: a minha mãe.
"Niko, onde você esteve? Eu tenho tentado ligar pra você. Seu tio Igor tentou ligar pra você também. Até a Pamela queria falar com você. O que tá acontecendo? Eu ouvi sobre o ataque no cassino. Você tá bem? Você se machucou?", perguntas atrás de perguntas.
Às vezes, eu pensava que minha mãe havia se esquecido que eu já era um homem adulto e não precisava ser tratado como um garotinho.
"Eu tô bem, minha mãe. Tô ocupado. Te ligo mais tarde", eu estava prestes a encerrar a ligação quando a ouvi gritar de raiva.
"Me ouça bem, rapazinho. Eu sei o que você tá fazendo nesse país horrível governado pela meg*ra Rainha de Averna. Eu quero que você volte pra casa!", fazia muito tempo desde a última vez que ouvia minha mãe xingar alguém.
Ela ainda deve ter rancor da rainha e, talvez, ainda a culpe pela morte do meu pai.
"O que quer que você tenha ouvido, é tudo mentira", suspirei enquanto ela continuava a me repreender como se eu fosse apenas uma criança.
"A família da Pamela não tá feliz com o que você fez algumas noites atrás. Você acha que ela não vai descobrir que você dormiu com uma garota de programa? Como você pôde fazer tal coisa com sua noiva?", as palavras da minha mãe me deixaram furioso.
Quem, da minha alcateia, estava espionando para a Pamela? Eu descobriria logo e destruiria esse dedo-duro!
"Não estamos noivos! E você não tem o direito de interferir na minha vida privada, mãe! Você e o tio Igor precisam ficar longe do que eu faço no meu tempo sozinho", eu estava controlando a minha raiva, mas, na verdade, eu queria falar tantas coisas, porém tive que me conter, porque minha mãe tinha um coração fraco.
"Então, você não nega o que aconteceu, Niko? Você tá saindo com outra mulher além da Pamela? Você precisa terminar esse relacionamento e voltar pra Pamela. Ela é uma boa menina, uma boa escolha pra ser sua esposa", suspirei e balancei a cabeça ouvindo minha mãe elogiar a Pamela como se essa mulher tivesse nascido com asas de anjo.
"Eu preciso ir, mãe. Te amo, tchau", eu encerrei a ligação sem me importar com o fato de que ela ainda estava falando do outro lado da linha. Era tão sufocante ouvi-la reclamar que eu precisava me casar e começar a ter meus filhotes.
Se ela ao menos soubesse que, talvez, eu já tenha um filho por aí que quero muito conhecer.
Enquanto caminhava sozinho pelo parque, de repente, esbarrei em um menino de cabelo preto com um toque de vermelho. Ele olhou para mim com seus olhos azuis e redondos. Um tom familiar de azul que eu já tinha visto antes.
O menino estava sorrindo, o que revelava suas covinhas muito semelhantes as minhas. E, então, ele franziu a testa e deu alguns passos para trás.
Por alguma razão que não consegui entender direito, meu coração estava batendo rápido e senti alguma conexão com esse garoto adorável. Não pude deixar de perguntar qual era o nome dele.
"Kiko", ele então fechou a boca com as duas mãos e olhou para mim. Curvando a cabeça, eu o ouvi sussurrar perto de mim: "Minha mãe disse que eu não deveria falar com estranhos. Tchau."
Ele então se virou e fugiu de mim.
Claro que eu o segui, apesar de estar desapontado, porque o nome do menino não era Teddy ou Theodore.
E eu não tinha ideia do por que decidi segui-lo.