Capítulo 29
1305palavras
2023-04-24 13:22
(Ponto de vista de Ashley)
.
Quando o carro chegou à cobertura de Nikolai, ele já estava inconsciente em meus braços. Eu não conseguia me mover, porque não queria que seu ferimento piorasse. Eu me perguntei por que ele não estava se curando. Não era uma das habilidades dos lobisomens curar-se rapidamente?
Coloquei minha mão na ferida enquanto sussurrei um feitiço que aliviasse sua dor. Esperava que funcionasse. Pelo menos, consegui estancar o sangramento.
"Me siga, senhorita Winters", o homem conhecido como Drake falou e abriu a porta para me ajudar a descer do carro. Ele me ofereceu sua mão, a qual eu recusei.
Eu não sabia quem ele era. Eu não sabia em quem confiar na alcateia do Nikolai.
E se alguém dentro da alcateia dele houvesse planejado o ataque? Eu tinha tantas perguntas.
Não devemos confiar nas pessoas tão facilmente. Aprendi minha lição sendo amiga de Helen Ross, a qual tirou tudo de mim. Ela era uma pessoa que, uma vez, chamei de melhor amiga por mais de uma década.
Andando atrás de Ivan, o qual carregava Nikolai em seus braços, não pude deixar de pensar: 'o que aconteceria se o Nikolai não sobrevivesse?'. Havia uma certa tristeza se formando no meu coração.
Ele levou a bala para me salvar do perigo. Contudo, eu estava sentindo gratidão ou essa conexão estranha de quando eu ficava perto dele? Eu me perguntei qual dos dois era.
"Não se preocupe. Ele é forte. O Alfa mais forte que já conheci na minha vida", Drake me disse enquanto segurava a porta para me permitir entrar na cobertura de Nikolai.
Eu estava olhando para todos os cantos da cobertura com admiração. Parecia mais um palácio do que uma cobertura. Esse era o estilo da mobília vitoriana com pilares feitos de um material que pensei ser ouro maciço. Havia vários itens de uma coleção de antiguidades armazenados em caixas de vidro. Eram itens inestimáveis e raros.
"Ele é um colecionador de itens históricos", Drake então me conduziu para subir as escadas até onde eu imaginei ser o quarto de Nikolai. Quando entrei no quarto, fiquei boquiaberta. Era enorme.
Era ainda maior do que o meu quarto no Palácio de Averna. Nunca pensei que Nikolai fosse tão rico.
"Ele tá com febre", ouvi Ivan falando com Drake na língua de Xevia. Ivan estava com a testa franzida quando seu celular tocou, o qual ele atendeu com raiva, parecendo que estava repreendendo a pessoa do outro lado da linha.
Andei até a cama de Nikolai e me sentei ao lado dele. Ele estava suando, e eu conseguia sentir o calor que ele estava sentindo apenas por sentar ao lado dele. Colocando minha mão na dele, sussurrei um feitiço a fim de tentar curar sua febre.
"Drake, nós temos que ir. Eles encontraram o líder daquela escória. Eu preciso resolver isso, e você precisa limpar a bagunça no cassino", Ivan ordenou a Drake antes de sair do quarto, sem nem mesmo reconhecer minha presença.
Supus que o Ivan não gostasse muito de mim.
"Não se preocupe. Ivan vai gostar de você em breve, mas vai levar algum tempo", Drake serviu-me um copo de água. Eu não tinha certeza se era seguro beber, então recusei.
Meu gesto o fez rir e molhar os lábios. Ele então bebeu da jarra para provar que a água não era venenosa e disse: "Veja, eu não sou a pessoa má aqui, senhorita Winters."
"Eu preciso ir pra casa", eu estava prestes a me levantar depois de falar isso, mas senti que Nikolai estava segurando a minha mão, "Nikolai, você tá acordado?"
Sentei-me ao lado dele e acariciei suas bochechas. Elas ainda estavam quentes, e eu podia sentir que ele estava tremendo um pouco enquanto murmurava algumas palavras que eu não entendia.
"Ele precisa de você aqui. Por favor, fique. Bem, senhorita Winters, eu preciso ir. Volto assim que terminar meu trabalho", Drake disse, piscou para mim e caminhou em direção à porta.
"Não posso ficar aqui", eu definitivamente não poderia passar a noite em sua cobertura. Eu tinha trabalho a fazer e precisava ligar para meu filho, Teddy, para ter certeza de que ele estava bem.
"Só uma noite. Ele precisa de você", Drake insistiu e então saiu sem querer ouvir a minha resposta.
Suspirei e me sentei mais perto de Nikolai. Ele estava falando consigo mesmo em uma língua que eu não entendia. Ele estava falando com seu lobo?
Eu não fazia ideia de como lidar com essa situação. Essa era uma ocasião rara, a probabilidade de uma bruxa ter que cuidar de um lobisomem era pequeníssima, a menos que você fosse um pajé. Bruxas e lobisomens não eram amigos na minha época. Uma disputa que aconteceu há muitos anos, a qual eu achava trivial e idi*ta.
Então, liguei para uma pessoa a qual eu sabia que teria respostas para a maioria das questões da vida: "Olá, Loraine. Sou eu, Ashley."
Sussurrei para ela no celular, esperando que ninguém pudesse ouvir minha conversa. Ninguém poderia saber que meu nome verdadeiro era Ashley.
"Olá, Ashley. Que problema você causou nesta noite? Alguém morreu?", Loraine disse, soando como se tivesse acabado de correr uma maratona, "Quietas, meninas. Ah, querida, me desculpe, meus netos estavam tentando provar os biscoitos que eu fiz e que estavam cheios de poção pra dormir... hmm, talvez eu realmente devesse dar um pra eles."
"Loraine, preciso da sua ajuda. Tô com o Nikolai aqui, e ele tá ferido", eu suspirei e dei uma olhada em Nikolai na cama. Mesmo naquele estado, ele ficava tão bonito.
Vestindo apenas a jaqueta de Ivan, ele só tinha o cobertor para aquecer o resto do corpo.
"Descreva a situação dele, sucintamente", Loraine disse, soando como se estivesse com pressa.
"Febre. Um tiro. Consegui remover a bala e impedi a perda de sangue. Entretanto, eu não entendo porque ele não tá se curando. Tentei todos os feitiços de cura de que me lembro", falei depressa, baixinho, esperando que a Loraine conseguisse me ouvir.
"Ah! Aí tá você, sua pestinha", eu ouvi a Loraine falando com alguém enquanto andava, "Vou encurtar, minha querida Ashley. Parece que ele tá no cio. Uma solução seria: ele precisa acasalar com a companheira dele. Entendeu? Tô falando de s*xo."
"Eu não sei quem é a companheira dele", eu falei, mas eu realmente não sabia? Eu não tinha certeza se eu era sua companheira. Simplesmente, não era possível para uma bruxa como eu ser a companheira dele.
A Deusa da Lua deveria estar pregando uma peça em nós se isso for verdade.
"Ashley, você realmente não conseguiu descobrir quem é a companheira dele?", Loraine parecia desapontada. Eu me perguntei por que ela não podia simplesmente me contar logo. Eu odiava todas as vezes em que ela falava em enigmas e tentava fazer com que eu os resolvesse.
"Me diga, quem é a companheira dele? Eu vou encontrá-la", eu perguntei e quase soei como se estivesse implorando.
Loraine riu, e eu consegui imaginá-la balançando a cabeça de tanto rir. Em seguida, ela disse: "Acho que você já sabe a resposta."
"Loraine, por favor, ele tá morrendo", eu estava desesperada e, por algum motivo que eu não entendia, eu estava sentindo muita dor no peito, "Me ajude."
"A dor também pode ser aliviada se ele dormir com uma mulher aleatória, mas tome cuidado pra não deixar que ele a marque. Querida, preciso ir antes que meus netos destruam minha casa. Boa sorte", Loraine encerrou a ligação apesar de eu continuar com muitas perguntas que eu queria fazer.
Era eu? Eu era a companheira dele? Eu não tinha certeza.
Na minha cabeça, eu tinha que decidir rápido se eu precisava chamar um serviço especial para fazer com que ele dormisse com outra mulher.
Contudo, um sentimento estranho estava se formando no meu coração. Eu mesma senti o cio.