Capítulo 39
1582palavras
2023-03-31 18:58
CAPÍTULO 39
Igor Smith
Eu achei divertido os momentos em que passei perto da Luana, aqui no hospital! Na verdade eu me senti bem, agradando ela, e vendo no seu rosto a satisfação em me ter por perto... não vi nenhum marido ali com as esposas, e eu estava! Vi como estava orgulhosa de que eu estivesse ali, e conseguiu relaxar bastante.
Foi complicado, tocar tanto na pele dela, e focar na minha cabeça que aquilo era apenas um carinho, e algo que beneficiaria a ela, eu não posso colocar outra coisa na minha cabeça, pois o seu contato comigo aguça os meus sentidos... preciso ficar focado e estou perdendo esse foco. O fato de eu e ela sermos amigos e companheiros, não pode mudar nada em nossa área sexual pois isso afetaria todos os meus planos futuros.
Claro que eu percebi que o médico dela ficava a todo momento passando por perto da gente, e me analisando. Eu ainda não descobri qual é a desse médico, ficou preocupado demais com a minha esposa, e agora colocou na cabeça que vai para concorrência... Isso não é nada bom! Quero ver se agora ele também vai querer me expulsar daqui, já que nem atendi o celular, e estou cuidando apenas da Luana.
Ele nem disfarça o olhar matador em cima de mim, claramente está me avaliando mas aí eu me pergunto... o cara trabalha em uma das minhas empresas, e é ele quem me avalia? Esta hierarquia está um pouco errada, mas não posso correr o risco também de perdermos mais clientes, porque ele vai para outro grupo de médicos, querendo ou não... tenho consciência que ele é um ótimo profissional e bem famoso na sua área, sem contar que é o médico que cuida da Luana, e quero que permaneça até o final para mantê-la em segurança.
Então, como eu faria se ele fosse para o outro hospital? Seria ridículo a esposa do grande CEO, indo se consultar no hospital concorrente, isso não faria nenhum sentido.
Percebi quando o meu assistente entrou pela porta ele ficou nos observando de longe por um tempo e eu continuei fazendo o que eu estava fazendo, massagem, exercícios tudo que uma grávida tem direito.
Passado mais um tempo, percebi que o médico saiu da sala e provavelmente foi para o seu consultório, então o meu assistente me chamou em um canto.
— Chefe! Acredito que este seja o momento correto! Parabéns fiquei surpreso o senhor fez um excelente trabalho, o médico os olhava com satisfação, acredito que agora ele possa falar bem do hospital e talvez até permanecer aqui, se apresse! Vamos logo, antes que ele saia de lá... — falou o Ruan, meu assistente.
Olhei para a Luana que ainda fazia exercícios, lindamente, e me aproximei novamente.
— Querida! Eu vou ali dentro do consultório, pois preciso falar com o médico um pouquinho, e já volto, tá bom? — perguntei.
— Tá bem!
Fui com o meu assistente até o consultório, e o médico estranhou um pouco eu ter voltado ali.
— O que foi agora, senhor Smith? A sua esposa passou mal? — perguntou, já se levantando.
— Ahh... não é nada disso! Sente- se doutor Harris, vim te pedir um favor! — falei sorridente e me sentei em uma cadeira, e o meu assistente preferiu permanecer em pé.
— Não entendi, senhor Smith... O que temos nós, para conversar que não seja sobre a sua esposa e o seu filho? — perguntou ele, irônico, e eu já falei que não gosto deste médico? O seu jeito me irrita!
— Eu vim lhe pedir que fale coisas boas do hospital! Vai ter uma conferência essa semana que se aproxima, e as empresas do grupo precisam de uma alavancada, e o senhor como médico, se explicando, seria perfeito! Eu sei que tem intenções de deixar este hospital, mas peço que reconsidere... — falei, e ele ficou me olhando de forma estranha, olhava para o meu rosto e piscava por algumas vezes e depois voltava a olhar para o meu assistente... não sei se isso queria dizer algo bom ou ruim ao meu problema, mas esperei que ele dissesse algo.
— Eu não entendi muito bem aonde o senhor quer chegar, senhor Smith! Mas fique tranquilo, que eu já fui convidado para essa conferência, então o que posso lhe adiantar é que direi a verdade, e não o que o senhor me pede para fazer! Se esse hospital, de fato é um bom hospital, o senhor deveria ficar tranquilo, não acha? — falou o médico, e vi que precisaria pular logo para o plano “B”.
— Desde que o senhor concorde, doutor! Qualquer condição será aceitável para mim! De quanto estamos falando? — abri a minha pasta preta, com muito dinheiro, e o médico arregalou os olhos, era só questão de segundos, e tudo estaria esclarecido e resolvido.
— Eu não acredito no que estou vendo, senhor Smith! O senhor passou o dia inteiro encenando? Você se aproveitou das expectativas que a sua esposa tinha para você? Você fingiu
ser um bom marido! Eu não consigo entender isto! A única coisa que importa para você é o dinheiro, e você resolve tudo com isso. Você tratou a sua esposa e o hospital da mesma maneira... é um egoísta, hipócrita! — Falou o médico, se levantando da sua cadeira.
— Não, claro que não! Posso ter aproveitado a oportunidade, mas fiz tudo que fiz hoje, para agradar a Luana, mas o senhor não tem nada a ver com isso, qual o seu problema comigo, doutor? — perguntei também me levantando, e senti o meu assistente me cutucar.
— Senhor, vamos embora! — ignorei, e fixei os meus olhos no médico, mas acho que deveria ter ouvido o meu assistente, pois o médico pirou...
— Você é um cínico, mentiroso de merda! Quero que o seu grupo se exploda! Você só pensa em si mesmo, é ridículo! Eu escolho aonde trabalho, e para quem trabalho, porque sou honesto! Posso bater no peito e dizer que não trapaceio ninguém, mas você... suma daqui senhor Smith! SUMAM! A MINHA PACIÊNCIA ACABOU, E ESPERO NUNCA MAIS VÊ-LO NAS CONSULTAS DA LUANA, NÃO CONFIO EM VOCÊ! — Fiquei pasmo... eu estava sendo enxotado do meu próprio estabelecimento... aquilo era ridículo.
Fechei a minha maleta preta com o dinheiro, e precisei sair, o médico foi abrindo a porta, e querendo nos empurrar com as mãos, e o meu assistente já havia saído, e eu fui obrigado a sair também, deixando o médico maluco lá.
A Luana estava do lado de fora da porta e estava muito assustada pelos gritos, começou a fazer um monte de perguntas e eu simplesmente não consegui responder, e para ajudar ainda, o meu azar foi maior... o meu assistente falou justamente o que não deveria dizer:
— Se acalme, senhora! O chefe veio apenas tratar de negócios hoje, mas já estamos de saída, venha conosco! — na mesma hora pude reparar que os olhos da Luana perderam o brilho, e isso provavelmente me daria problema depois... vou ter que explicar a ela toda essa situação! Ela pode pensar da mesma forma que o médico, pelo que eu estou vendo.
Ela ficou em silêncio e não me perguntou nada, entrou no carro e nem me olhou, percebi que ficou apenas olhando para fora e nem um minuto virou o rosto para falar comigo, ou me perguntar algo. Preferi deixar assim e levei ela para casa, pois precisava voltar para a empresa resolver umas pendências.
Quando cheguei na empresa, levei um belo susto ao ver o senhor Thompson sentado à minha espera...
— Senhor Thompson! Que surpresa! Não agendamos nada, hoje... não é? — sorri amarelo.
— Ah, não! Mas, eu vim agilizar as assinaturas. Já terminou o contrato, não é? — perguntou ele.
Parei em sua frente e respirei fundo, eu não poderia assinar aquele contrato de forma alguma, mas também não havia pedido opinião dos sócios e nem da minha avó, então eu precisaria adiar enquanto pudesse, para me decidir como eu iria fazer isto. Convidei o senhor Thompson para entrar na minha sala, e assim que ele entrou comecei a explicar.
— Teremos que esperar por mais alguns dias, senhor Thompson! Eu estava analisando o contrato, e reparei em vários erros... Então como não gosto de erros, pedi para que fizessem outro, da maneira que eu queria e isso levará mais alguns dias! — menti, pois já está pronto, sim.
— Não está me enrolando, não é senhor Smith? Sabe que eu tenho pressa em começar a mexer naquele lugar, não sabe? — perguntou desconfiado.
— Não! Estou dizendo a verdade! Logo eu ligarei e terminaremos com isso! — falei.
— Certo! Eu vou aguardar o seu retorno, senhor Smith! Será ótimo fechar negócios com o senhor! — levou a mão para me cumprimentar, e eu a apertei.
Fiquei muito aliviado quando ele saiu da minha sala... depois que soube das intenções desse homem, não consigo mais ficar tranquilo em saber que venderei aquelas terras para o próprio diabo, ele não tem nenhuma boa intenção, e não posso simplesmente ajudá-lo a destruir algo tão bonito e tão grande, ainda mais pensando em todas as pessoas que moram lá! Posso ser egoísta assim como aquele médico falou, posso pensar mais em dinheiro do que em algumas outras coisas... posso! Sou humano! Mas, não sou uma pessoa ruím, não sou cruel... é acredito que a minha avó concordará comigo...