Capítulo 33
1575palavras
2023-03-31 18:54
CAPÍTULO 33
Luana Smith
Igor me falou que me ligaria e nada de me ligar até agora, já estou aqui um bom tempo com ele, e até já percebi que está cansado. O pior de tudo é que saí sem dinheiro e nem sei como vou voltar para casa, não quero ter que ligar para o Igor e pedir para que o motorista me busque, ou que ele venha me buscar, já me humilhei demais... então já que estou perto do orfanato vou ficar por lá com o Thor... assim posso ver as crianças e ele pode descansar.
Fui caminhando devagar com o Thor pela rua que ia direto para o orfanato, eram poucas quadras dali aonde eu estava. Chegou um momento que ele cansou, então peguei ele no colo e ele ficou quietinho olhando o movimento, e quando passavam crianças ele abanava o rabinho. É claro que eu estava levando ele para o lugar certo, ele iria adorar ver as crianças e elas iriam adorar ver ele também.
Quando cheguei no portão, encostei na grade e fiquei olhando o movimento das crianças. Thor já levantou as orelhinhas e começou a cheirar ali onde a gente estava, algumas já apareceram no portão, e vi quando o Louis brincava de chutar bola com os meninos do outro lado do jardim. Então a Mia uma das meninas que sempre vem me cumprimentar, pediu para que a madre abrisse o portão e eu entrei com o meu novo amigo.
— Tia Luana! Você tem um cachorrinho? Deixa eu ver? — me abaixei para mostrar a ela, e coloquei o Thor no chão, e então já apareceram muitas crianças em volta dele, e ficaram todos alegres, pois não tem cachorro no orfanato, apenas um gato, mas ele vive sumindo pelos telhados.
— Deixa eu ver, tia! — falaram e eu achei melhor prender ele no pé da pequena árvore, as minhas pernas já estavam cansadas, então as crianças ficaram felizes, e eu fui me sentar no banco.
Louis veio na minha direção, e me cumprimentou com um beijo no rosto, todo sorridente, se sentando ao meu lado.
— Como está, Luana? Já vi que fez um novo amigo! — brincou, olhando para o Thor.
— Sim! Ele é do meu marido, viemos passear um pouco! — falei.
— Ele é uma gracinha, sempre quis ter um cachorro... — se levantou e foi até o Thor, e começou a brincar com ele.
Quando ele voltou, se sentou de novo ao meu lado, e me olhou diferente.
— Você já assinou aquele acordo de divórcio? — Pisquei várias vezes, tentando assimilar... como ele saberia daquilo?
— Co... como sabe daquele acordo? — perguntei, confusa.
— Eu o vi aquele dia. Mas você estava tão feliz no caminho para a casa deles, que senti
pena de você e não lhe contei. — falou apenas, e me lembrei que o vi lendo algo aquele dia.
— Eu e o Igor somos de mundos muito diferentes, Louis... eu já deveria ter imaginado que as coisas seriam assim entre a gente, e acabei sendo ingênua... agora eu só espero que ele seja bom para o bebê, apenas isso! — falei, olhando para o cachorrinho e me lembrando a importância dele na vida do Igor, e foquei no Louis para não chorar, já chorei demais.
— Eu sinto muito! Você sempre poderá contar comigo! Sempre me achará por aqui...
— Pois é! Eu já iria mesmo perguntar isto... você sempre está aqui, mora aqui perto, ou algo parecido? — perguntei enquanto observava atentamente as crianças cuidando do Thor.
— Na verdade eu fui adotado pelo padre aqui da paróquia! Morei muitos anos aqui com eles, e eu também sou órfão! Tenho uma irmã que procuro há muitos anos, desde antes do padre me encontrar aqui na beira do portão, em um dos muitos dias que fiquei à procura da Luana! — me olhou e sorriu. — sim a minha irmã tem o mesmo nome que o seu, talvez seja por isso que você tenha me chamado tanta atenção...
— Nossa! Eu sinto muito, eu não sabia da sua história, mas me conta como foi tudo isso! — perguntei colocando a minha mão sobre a dele, gostaria de confortá-lo de alguma forma.
— Eu e ela fomos a uma padaria, ela queria comer pão de morango que era o seu preferido, então juntamos as moedas que tínhamos e fomos. Ela era menor que eu, então eu disse: “me espera aqui do lado de fora, e não saia daqui que eu já volto!“ E fui comprar o pão, pois se ela quisesse alguma outra coisa eu não poderia comprar, e isso sempre me frustrava... então comprei o pão e quando saí... ela não estava mais ali! Eu procurei por tudo, mas ninguém viu a Luana por ali, nem os atendentes, nem as pessoas na rua, nem as que chegaram depois, nada! Nem sinal dela, e nisso estou eu até hoje! Eu vago por essas ruas á procura dela, aquele dia que te encontrei foi um desses dias eu estava procurando, por isso te visualizei com tanta facilidade! — ele falou, e eu o abracei.
— Caramba! Vou te ajudar a encontrar a sua irmã! Daremos um jeito, Louis! Mas, como chegou a morar aqui? — perguntei voltando ao meu lugar.
— O padre sempre me via aqui na frente do portão, e até que um dia eu aceitei a ajuda, já havia perdido muito peso, morava nas ruas, quase não comia, vivia para procurar a minha irmã! — falou ele, e eu continuei segurando a sua mão, tentando o acalmar um pouco, ele parecia nervoso falando da irmã, provavelmente sente muito a falta dela.
— Mas, não perca as esperanças! Tenho certeza que se procurarmos nos lugares certos, a encontraremos! Tenha fé! — ele apertou um pouco mais a minha mão, e passou a outra fazendo um carinho em cima.
— Deixa eu te ajudar, Luana? Assim como não pude ajudar a minha irmã? Gosto de ajudar a quem eu conseguir, e essa é a minha tarefa de vida! Você sempre poderá contar comigo! — Falou ele.
— Claro! Também vou ajudar você! — olhei para ele, e depois para o Thor, mas...
— Céus! Cadê o Thor? Meu Deus, o cachorrinho sumiu! — coloquei as mãos na cabeça.
— Calma! Ele não deve ter ido longe, vamos procurar aqui dentro! — ele falou e eu comecei a me repreender mentalmente, como não fui capaz de perceber que as crianças não estavam mais ali, e o cachorro também havia sumido, foi a única coisa que o Igor me pediu... que era para que eu cuidasse do cachorro, e agora consegui fazer exatamente o contrário, com certeza ele irá me odiar.
Eu e o Louis saímos procurando pelo Thor por todos os lados... fomos pelo jardim, por todas as salas, o pátio, a cozinha, os quartos, e nada. Mas fiquei completamente apavorada quando vi que o portãozinho de trás do Orfanato estava entre aberto fiquei muito nervosa.
— Louis... O portão está aberto! Será que ele foi para a rua? E, as crianças? Será que nenhuma saiu? — perguntei apavorada.
— Não! Esse é o horário do banho, o cozinheiro deve ter ido buscar algo e não o encostou direito, mas não se preocupe que vamos encontrá-lo.
— Misericórdia, se o Igor souber que perdi o cachorro, certamente abandonaria o bebê! O que eu faço, Louis? — perguntei apavorada, e ele Franziu o cenho.
— Se ele fizer isto, é porque é um idiota! E você não precisa de um idiota na sua vida, Luana! Não precisa dele! Mas, não se preocupe que eu vou te ajudar, e vou encontrar! Mas, apenas pelo fato que adorei o cachorrinho, e tenho medo que aconteça algo com ele, e também por você! Agora esse Igor que se lasque! — falou, parecendo chateado.
— Obrigada! Eu não tenho como te agradecer! Também vou procurar!
Ele segurou no meu ombro, e disse:
— Vá para a sua casa! Eu procuro por aqui!
— Não é justo, Louis! Fui eu quem o perdeu! — comentei.
— Sim! Mas, normalmente quando eles fogem, eles sempre encontram o caminho de volta para a casa! Então as chances dele ter ido são enormes! Assim você também garante que ele não foi pra lá! — falou, e eu o abracei.
— Obrigada, Louis! Você é um ótimo amigo! Espero que a gente encontre, pois o Igor não me perdoaria nunca! — falei.
— Você se preocupa demais com esse Igor! Ele não merece tudo isso, Luana! Se preocupe com você, e tome cuidado ao sair na rua, preste atenção com o trânsito, aquele dia você estava distraída e quase foi atropelada! — falou ele.
— Certo! Agora vamos logo! Até depois!
— Até mais!
Saí de lá às pressas olhando por todos os lados das ruas, o Thor era um cachorro muito pequeno, então pela lógica não haveria ido muito longe, já que fazia tão pouco tempo que eu ainda tinha o visto ali perto de mim, naquela árvore.
Fui andando, e começou a escurecer e ficou um pouco mais difícil de enxergar, mas em nenhum dos lugares aonde eu olhava eu vi o cachorrinho, e comecei a me desesperar, pois vi que cheguei em casa e ele não estava comigo e nem havia voltado para lá... Agora o negócio complicou, como eu explicaria isso para o Igor?