Capítulo 31
1563palavras
2023-03-31 18:53
CAPÍTULO 31
Luana Smith
Tive uma noite muito ruim, não consegui dormir quase nada, pois fiquei me virando e acordando durante a noite toda. É complicado dormir em um lugar que não é a sua cama, ou o seu quarto, principalmente quando se trata de um local em que você sabe que não está sendo bem-vinda, Isso é terrível!
As minhas costas ficaram desajeitadas e acordei com um pouco de dor no corpo, então me assustei quando abri os olhos e dei de cara com a Edineide me olhando, me assustei...
— Ahh! Que susto, Edineide! Está tudo bem? — Perguntei.
— O patrão pediu para eu acordar a senhora para tomar café! — falou ela.
— Ahh... é isso? Mas, ele não foi trabalhar? Agora ainda vou ter que aturar ele durante o dia? — Perguntei de cara feia, e a coitada da Edineide arregalou os olhos, levando as mãos até a boca.
— Senhora... não diga isso! O menino Igor é boa pessoa! Eu o conheço a um bom tempo! Acho que a senhora deveria tentar... — disse ela tentando defender ele, o que era comum, já que trabalhava para a família Smith, mas eu a cortei.
— Esquece, Edineide! Aquele lá, não merece a minha perca de tempo! Vou lá ver o que ele quer! Cadê os meus óculos, hein? — Perguntei, pois não me lembro de tê-los guardado para dormir.
— Ahh! São esses? — me entregou, e eu agradeci.
— Que estranho... devo ter tirado enquanto dormia!
Levantei toda amassada daquele sofá e fui ajeitando os cabelos com as mãos, pois ainda não trouxe as minhas coisas da minha casa.
Acompanhei a Edineide até uma sala muito chique aonde havia uma mesa de jantar com muitas cadeiras, e o Igor estava sentado na ponta tomando o seu café da manhã, e mexendo sem parar em seu celular.
Ao entrar no local, ele fingiu que eu não estava ali e continuou mexendo nas suas coisas, e tomando o seu café.
— Senhora, sente-se aqui! — Edineide falou puxando a cadeira. — tem bastante coisas gostosas, que a dona Olga pediu para eu fazer!
— Obrigada, Edineide...
— Não sei pra quê, tantos doces! O melhor é comer as frutas! Desse jeito o meu filho nascerá com diabetes! — enfim falou o Igor, me espetando.
— Então coma você, apenas frutas! Já que o filho também é seu, então deixo esse cuidado contigo! Certamente saberá muito bem! — zombei, e a Edineide riu, mas quando levou um olhar invertido do Igor, parecia um fantasma, assustada, e virou de costas na mesma hora, disfarçando mexendo no armário.
— Se apresse que vamos no médico! Agendei um horário com um médico conceituado que atende a nossa família, na verdade ele nos encaixou, então não podemos nos atrasar! — falou ele sem me olhar, com os olhos no celular, e aquilo era uma agonia.
— Eu, na verdade preciso das minhas coisas, vim direto do trabalho, ontem e nem tenho o que vestir hoje! — ele me olhou por alguns segundos, e começou a fazer uma ligação.
— Preciso que tragam um vestido liso, em tons neutros, um conjunto de lanjerie, sapatilhas, e um casaco leve!
— xxxxxxxx
— Você tem quinze minutos, não se atrase! — Ele falou na linha, e desligou.
— Pode tomar um banho, que a Edineide logo lhe levará a sua roupa! Depois mandarei alguém te levar para buscar as coisas que eu te dei, as suas não deve usar! — disse com cara feia, e nem me dei ao trabalho de responder, apenas comi umas uvas, pois o meu estômago não estava nada bom, logo de manhã é quando eu tenho mais enjoos.
Conforme ele falou, aconteceu... e eu achei bonita a roupa que trouxeram, mas fiquei parecendo mais velha, com roupas de rica.
Ele me esperou no carro, e foi estranho andar com ele agora, pois havia um motorista no volante, e eu fui no banco de trás, sozinha, e um silêncio absurdo até o local que ele havia agendado a consulta.
O vi conversando com o motorista, que ouviu as instruções, e saiu do estacionamento do hospital! Não entendi muito bem, mas deixei assim mesmo, quanto menos eu falasse com ele, melhor, eu vou evitar certos incômodos.
Mal chegamos e já ouvimos o meu nome ser chamado no painel.
Era estranho o meu novo nome, aquela não parecia ser eu... já não bastava uma roupa que eu não escolhi, parecendo uma madame, que não sou, e agora isso: “Luana Smith”, não parece ser eu...
Ao entrarmos no consultório, um médico muito simpático nos atendeu:
— Bom dia, doutor Harris! — Igor falou e cumprimentou o médico.
— Bom dia! Senhores Smith! A sua avó me pediu uma consulta, eu ainda não o conhecia! — falou o médico para o Igor. “Mais uma gentileza da dona Olga”, penso.
— Bom, dia! Com licença... — falou o Igor e foi atender o celular.
— Como a senhora tem se sentido? Tem sintomas? — perguntou o médico.
— Eu tenho bastante enjoo, principalmente pelas manhãs e tenho comido bem pouco. Às vezes também acontece de eu ter tontura, e até mesmo vomitar se comer demais. Antes de eu descobrir a gravidez eu estava tentando comer e aí eu vomitava tudo, agora eu não como tanto, como só em pouquíssimas quantidades, para tentar segurar no estômago, estou fazendo certo, doutor?
— Na verdade, pelo visto você ainda não começou o pré-natal não é? Você já deveria estar tomando um remédio para isso, vou lhe receitar um que evita os enjoos e tonturas e se sentirá melhor e poderá se alimentar melhor também! — explicou ele.
— Eu não comecei ainda... — falei sem graça, vendo que o Igor não voltou mais, ficou falando com alguém no telefone, e me esqueceu ali.
— Certo! Você pode se deitar ali na maca?
— Claro, doutor! — respondi.
— Só puxe o vestido para cima, e desça bem a parte de baixo, para que eu te examine corretamente! — falou ele, e vi que olhou para o Igor que agora o olhou e veio até a mim.
O médico colocou um gel na minha barriga e logo já estava com o aparelho de ultrassom para verificarmos o bebê. Ele pausou a imagem e puxou um zoom em uma pequena sementinha borrada, que havia no fundo da imagem, fiquei observando e ele enquadrou a imagem em cima de uma partezinha, e logo pudemos ouvir o som do coração do nosso bebê outra vez.
Fiquei maravilhada de poder ouvir esse barulhinho outra vez, pois a primeira vez eu só sabia chorar pois não estava em um momento muito bom. Observei que o Igor ficou olhando por alguns segundos e logo em seguida o seu celular tocou outra vez então ele precisou atender, e mais uma vez se distanciou da maca aonde eu estava. O médico olhou a situação com o cenho franzido, e discretamente se abaixou e me fez uma pergunta:
— Tem certeza que ele é mesmo o seu marido?
— Ahh... ele é muito ocupado, doutor! Dê um desconto a ele, deve estar cheio de trabalho! — tentei explicar, pois fiquei bastante envergonhada com a pergunta do médico. Pelo visto não é só eu que tenho reparado nos maus modos do Igor, mas infelizmente nem sempre vou conseguir limpar a barra dele.
O Igor voltou para próximo da gente, e o médico disfarçou e continuou com o atendimento:
— Está tudo bem com o bebê! Tudo dentro das normalidades de um bebê com uma gestação de cinco semanas e meia! Apenas lhes aconselho a não terem relações sexuais fortes durante a gestação, precisam tomar cuidado com isso! — o Igor sorriu um pouco irônico, como se achasse algo muito engraçado no que o médico falou:
— Foi um acidente! Eu não serei estúpido de deixar isso acontecer de novo! — o Igor falou, e o médico o olhou com cara de poucos amigos, e eu queria sumir de lá.
O doutor continuou me dando instruções e me explicando como deveriam ser feitas algumas coisas durante a gravidez, mas o Igor nem ouviu porque o seu telefone não parava de tocar, e ele ficava levantando a cada segundo que se sentava. Percebi que o médico ficou bastante incomodado mas não me falou mais nada.
Quando estávamos saindo, o Igor saiu depois que eu, e percebi quando o médico o segurou pelo braço para lhe falar algo. Eu fingi continuar caminhando, pois estava curiosa para ouvir que o médico diria, mas consegui ouvir as coisas que ele falou e fiquei de queixo caído:
— "Senhor, todo bebê é enviado por Deus a este mundo com amor. Nenhum deles é um acidente! Da próxima vez, a menos que você aprenda a respeitar a sua esposa e seu bebê, não venha mais até a mim".
Ainda bem que eu estava de costas, e nenhum dos dois pode perceber que eu ouvi o que o médico disse, mas eu achei bem feito! Realmente, o Igor não merecia estar aqui! Ele não deu a mínima importância para a consulta e ficou atendendo todas as ligações que apareciam e não deu a mínima para o filho. Fui andando devagarinho na frente e notei a presença dele vindo logo atrás de mim, então me dirigi até a saída do hospital.