Capítulo 90
2204palavras
2023-05-02 21:18
Katherine chega quase no fim da manhã no aeroporto de Londres, ela está usando uma peruca de cor preta e anda o tempo todo de cabeça baixa evitando as câmeras, ela vai direto para o estacionamento da lanchonete que tem ali perto, conforme ela combinou com Andrew, ao avistá-la ele pisca os faróis para chamar a atenção dela.
– Como ele está? – Questiona ela logo ao entrar no carro.
– Não sabemos, somos fugitivos também. Você está linda com esse barrigão. – Ele abraça-a.

– Vou completar oito meses em alguns dias. Me leve até a minha mãe e Grace, quero contar a elas primeiro. – Ela tira a peruca e joga no banco de trás, soltando os seus cabelos.
– Grace se recusou a ir, só estamos com a tua mãe.
– Tudo bem, vamos resolver isso logo.
– Ethan vai me matar por eu estar aqui, não é?
– Ele vai matar o Vincenzo e eu. – Diz Andrew rindo.
– Eu cuido dele para vocês. Não se preocupe.

Andrew dirige de volta a Canterbury, durante toda a viagem Katherine e eles vão conversando animados, como se fossem velhos amigos, quando ele estaciona no esconderijo, Katherine fica nervosa e com medo da reação da mãe dela.
– Andrew, eu não sei se consigo fazer isso. – Diz ela com a respiração acelerada.
– Fique calma, você consegue. Ela ficará muito feliz em ver você bem. – Ela suspira e desce do carro, Andrew leva-a até onde está sua mãe, ela avista Eleanor sentada de costas, Vincenzo a observa e dá um enorme sorriso ao vê-la. Katherine se aproxima de sua mãe, suspira e toma coragem para falar.
– Mamãe. – Chama ela de forma doce em meio as suas lágrimas de emoções, Eleanor sente todo o seu corpo se arrepiar com aquela voz, ela leva a mão ao peito, tentando se convencer que ouviu certo. – Mamãe, sou eu. – Repete Katherine convencendo sua mãe de que ela está ali, Eleanor levanta-se e vira-se não contendo suas emoções, seu primeiro impulso é levar as mãos a boca desacreditada ao ver sua filha, Katherine a puxa para um abraço. – Eu estou aqui, mamãe, eu estou aqui. Desculpa-me por fazer isso, eu precisei. – As lágrimas são incessantes no rosto das duas. – Me perdoe mamãe, por favor me perdoe por todo esse sofrimento.

– Minha filhinha, você está viva? Eu não perdi você. Eu te amo, eu te amo muito. – Diz Eleanor beijando todo o rosto de Katherine. – Você está aqui, você está linda. Isso é perfeito, eu te amo minha bebê. – Eleanor abraça-a forte, Vincenzo e Andrew sorriem com aquela cena. – Minha menina, vocês estão bem, meu amadinho, vovó está aqui. – Diz ela colocando as mãos na barriga de Katherine.
– É uma menina mamãe, é a Lily. – Katherine está muito emocionada. – Eu te amo mamãe, é tão bom vê-la bem.
– Que nome lindo, Lily, a princesinha da vovó, eu amo tanto vocês.
– Mamãe, eu prometo que vou explicar tudo à senhora, mas agora eu preciso ir ajudar o meu marido. Eu amo muito você, ficaremos bem agora. A senhora ficará com um desses rapazes, eles são meus amigos, cuidaram de mim, é graças a eles que estou viva. – Diz ela sorrindo para Vincenzo e Andrew.
– Eu vou te levar Katherine. – Diz Vincenzo se aproximando e abraçando-a. – Bom te ver, você está linda.
– Obrigada Vincenzo, é ótimo ver você também. Me leve até o Ethan.
– Andrew, para não termos que explicarmos muito sobre tudo isso, divulgue à imprensa o áudio completo de Harry e Amélia.
– Você que manda chefe.
– Ficaremos bem mamãe, eu te amo. – Ela beija a sua mãe e sai com Vincenzo. – Pegue a minha peruca no carro, aposto que está cheio de jornalista na porta da delegacia.
– Com certeza, logo que chegarmos eles vão tentar me prender Katherine, até você se identificar, não se assuste com isso.
– Tudo bem, eu vou ficar calma.
Logo que chegam na delegacia os fotógrafos ficam agitados ao avistarem um dos cúmplices do assassinato da Sra. Carter, eles especulam que ele se entregar e fazer um acordo e a mulher de óculos escuros e cabelos negros, que mantém a cabeça baixa, deve ser a sua advogada. Eles tentam se aproximar para fazerem perguntas, mas os policiais os afastam, algemando Vincenzo e o levando para dentro.
– Soltem ele, vocês não têm motivos para o prenderem. – Diz Katherine.
– Ele é cúmplice do assassinato de Katherine Walker.
– Ele não pode ser cúmplice de algo que nunca aconteceu, eu estou viva. – Diz ela tirando os óculos e a peruca deixando os policiais sem entender, eles chamam o investigador do caso.
– Que brincadeira é essa? – Questiona Brock ao se aproximar.
– Eu sou Katherine Carter, como o senhor pode ver, eu não estou morta. Eu quero ver o meu marido, o senhor pode me levar até ele?
– Não é assim que as coisas funcionam. – Ele ordena que soltem as algemas de Vincenzo. – Venham comigo. – Katherine e Vincenzo o seguem até uma sala de interrogatório. – Comecem me explicando que brincadeira é essa? – É Vincenzo que explica.
– A Sra. Carter estava correndo risco de vida, Ethan, Andrew e eu arrumamos uma maneira de protegê-la, por um tempo, ela nem deveria estar aqui, Ethan não queria.
– Por quê?
– O áudio divulgado no noticiário no mês passado é uma conversa de Harry Dawson e Amélia Carter, eles estavam trabalhando juntos para assassinarem Katherine. Não sabemos a motivação deles, apenas o que eles queriam fazer.
– E por que não procuraram a polícia?
– Sem querer ofender, a Sra. Carter é uma mulher muito poderosa, ela acha que pode comprar o mundo e nós sabemos muito bem que as pessoas são facilmente corrompidas.
– O senhor pode trazer o meu marido até aqui? – Antes que ele responda, um policial os interrompe.
– Sr. Brock, o senhor precisa ver isso. – Ele levanta-se e sai da sala, o policial mostra para ele as notícias, todos os canais estão reproduzindo o áudio completo, as pessoas estão chocadas ao descobrirem que Amélia Carter foi a mandante daquele crime hediondo.
– Isso é uma loucura. – Resmunga Brock. – Leve Ethan Carter até a sala de interrogatório. – Ordena ele, voltando para a sala. – As atitudes de vocês são gravíssimas, a polícia deveria ter sido informada sobre isso. Vamos expedir um mandado de prisão a Amélia Carter e Harry Dawson.
– Eu sei que foi errado, muitas pessoas sofreram com isso, mas olhe para mim senhor Brock, eu estou grávida, eu queria proteger minha filha, aquela mulher é muito influente e perigosa, não se engane por ela ser idosa. – Quando termina de falar a porta se abre e Katherine sorri emocionada ao avistar Ethan, ele, por outro lado, está incrédulo por ela estar ali, ela corre e o abraça, mas ele não corresponde.
– Que merda você está fazendo aqui, Katherine? Eu mandei você ficar longe daqui. – Questiona ele muito irritado.
– Você estava precisando de ajuda, eu vim te ajudar.
– Você vai entrar no próximo voo para os Estados Unidos e vai sumir daqui, Katherine está morta.
– Ela não vai a lugar nenhum. Temos muito o que conversar.
– Eu quero o meu advogado, agora.
– Tudo bem, Sr. Carter, como quiser. Pode ligar para ele. – Diz Brock empurrando o telefone na direção dele.
– Vincenzo, ligue, eu não sei o número dele. – Vincenzo olha para Brock que autoriza ele realizar a ligação, em poucos minutos o advogado chega na delegacia.
– Sr. Carter, o que está acontecendo?
– Sr. Pirce, essa é a idiota da minha esposa, como você vê ela não está morta, é apenas uma burra que se colocou em perigo carregando a minha filha ao decidir voltar para Canterbury.
– Ethan, você quer parar com isso! – Diz Katherine irritada, Ethan atualiza o advogado de toda a história.
– Então, Sr. Brock, você não tem motivos para manter meu cliente preso, Katherine está viva.
– Eles mentiram, tiraram tempo e recursos da polícia.
– Eu sei, mas não é o suficiente para mantê-los presos, o estado cuidará disso, mediante a um processo. Eles estão certos, as pessoas são facilmente corrompidas, olha quantas pessoas estiveram envolvidas nesse esquema, tudo que eu vejo é um marido e pai preocupado com o bem-estar da sua família. – Brock não tem outra opção, além de liberar eles.
– Quais os próximos passos, doutor?
– Aguardar o processo do estado, com certeza iremos perdê-lo, mas devido à gravidade da situação vocês não serão presos, apenas sentenciados a serviços comunitários e uma multa para ressarcimento dos recursos utilizados pelo estado, nesta investigação.
– Ótimo, cuide de tudo. – Ethan observa Katherine colocando a peruca de volta e seus óculos escuros, ele está cheio de raiva naquele momento, ela sai de braços dados com ele de cabeça baixa, enquanto todos os veículos de comunicação informam que ele foi liberado, Grace e Isabella não acreditam naquilo, Isabella ao saber de toda a história, passou a ignorar o Andrew também.
– Como você permitiu uma coisa dessas, Vincenzo? – Questiona Ethan irritadíssimo ao entrar no carro.
– Não é culpa dele, Ethan, eu decidi vir.
– Não me dirija a palavra nesse momento Katherine, eu estou muito irritado, a um passo de ser o homem que você odeia. – Diz ele fechando os olhos. – Você ficou maluca? Ou é apenas uma burra mesmo? Em poucos minutos todos os noticiários vão anunciar que você está viva e nós não sabemos onde está a doente da Amélia!
– Me desculpa Ethan, eu não podia deixar você ser preso, sendo que estou viva.
– Vincenzo, nós leve para a mansão. – Diz Ethan ficando em silêncio, eles não trocam uma palavra até chegarem. – Era só o que faltava. – Diz Ethan avistando Grace e Isabella na frente da sua porta, ele desce do carro batendo a porta e Vincenzo o segue, enquanto Katherine fica tomando coragem para encarar a sua amiga.
– Vocês são dois filhos da puta, assassinos, mentirosos. – Grita Grace descontrolada indo para cima de Ethan que a segura e empurra-a.
– Vá se foder, Grace, a idiota da sua amiga está viva, dentro daquele carro, vocês são mulheres burras. – Diz ele entrando na sua casa, Vincenzo passa a mão na cabeça enquanto observa a cara de espanto de Grace e Isabella, ele vai atrás de Ethan.
– Eu escutei direito? – Ela está em choque sem conseguir se mexer.
– Eu acho que sim, Grace. – As duas prestam a atenção na porta do carro se abrindo, elas observam a mulher morena descer do carro e encará-las, Katherine sorri sem graça enquanto tira a peruca, Grace cai para trás ao comprovar que é a sua amiga.
– Me desculpa, amiga. – Diz Katherine em lágrimas se abaixando para ajudar a amiga.
– É você mesma? – Questiona Grace chorando enquanto passa as duas mãos no rosto de Katherine.
– Sim, Grace, sou eu mesma, eu voltei amiga. Por favor, diga que me perdoa. As coisas precisaram ser assim, Lily e eu estávamos correndo perigo.
– Lily? Então eu terei uma sobrinha? – Diz ela abraçando Katherine emocionada, as duas caem no chão. – Ai meu Deus, me desculpe. – Diz ela levantando-se e ajudando Katherine a se levantar.
– Sim, é uma menina. Grace me desculpa te fazer sofrer, por favor amiga. Eu não queria isso, mas foi necessário.
– Eu não vou te perdoar por não confiar em mim!
– Não diga isso, por favor. Eu queria contar, mas quanto mais pessoas soubessem, menor a chance de sucessos, eu precisei fugir da Amélia e do Harry, me perdoa por favor. Eu te conto tudo, depois que eu conseguir acalmar o meu marido, antes que ele me mate.
– Você é tão idiota, Katherine, você não sabe pelo que passei, pelo que sua mãe passou. E tudo que você pensa é no idiota do seu marido.
– Grace, eu sei, eu sofri todos os dias, enquanto meus dias eram vazios e solitários, eu chorava noites e noites ao imaginar o sofrimento de vocês, mas eu fiz por ela, Grace, pela minha filha, você não conseguirá entender agora, mas foi por ela. – Diz Katherine chorando, Grace abraça a amiga.
– Que bom que você está aqui, viva e com a minha princesa. – Diz Grace de forma meiga para acalmar a amiga. – Eu te amo Katherine.
– Eu também te amo Grace, por favor me perdoe.
– Katherine, é tão bom te ver bem, você está linda com esse barrigão. – Diz Isabella com um leve sorriso quebrando o clima pesado.
– Muito obrigada Isabella. – Katherine sorri. – Vamos entrar. – Elas entram e avistam Vincenzo sentado no bar. – Onde ele está Vincenzo?
– Trancado no escritório. – Responde ele bebendo seu whisky, Katherine suspira e caminha até lá, Grace observa Vincenzo, mas nenhum deles quebra o silêncio.