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As duas crianças de seis anos caminhavam com dificuldade no frio, indo em direção à casa da senhora que sempre lhes dava guloseimas fresquinhas. Os dois carregavam as mochilas que haviam preparado. Eles não queria ficar em casa, algo na casa da vovó Amy os atraia, então eles decidiram que queriam passar a noite lá.
Ambos estavam esperançosos para que seus não percebem o sumiço.
“Tem certeza de que a mamãe e o papai não vão perceber que saímos?” Kiara perguntou insegura, seus olhos de corça não escondiam o medo e a preocupação.
Liam balançou a cabeça.
“Não, eu disse ao papai que íamos dormir cedo.” Ele respondeu confiante.
“E o papai acreditou em você? O papai ou a mamãe sempre nos colocam na cama.” Kiara respondeu com ceticismo.
“Claro, eu disse ao papai que agora somos grandes.” Liam respondeu fazendo um aceno com a cabeça.
Kiara assentiu, embora ainda se sentisse um pouco insegura.
“Liam, está escurecendo.” Kiara comentou, seu irmão segurava sua mão com firmeza, não queria que ela tropeçasse ou caísse, além disso ele se certificou de andar em um ritmo bom para ela. Liam sabiam que Kiara não enxergava no escuro...
“Não se preocupe, Kia, estou aqui com você e eu sou um Alfa. Vou te proteger.”
“Você ainda não é o Alfa, Liam.” Kiara refutou, encarando o irmão, que era apenas meia cabeça mais alto do que ela.
“Mas, ainda vou cuidar de você.” Ele respondeu, beijando a testa da irmã. “Vamos, ou eu preciso de carregar você?”
“Não, posso andar seu bobo. Olha lá, é a casa da vovó Amy!” Ela exclamou animada.
Os gêmeos correram de mãos dadas, Liam sempre se assegurando de que sua irmã não caísse ou tropeçasse em alguma coisa. O brilho quente da cabana logo a frente era tão acolhedor. A fumaça subia pela chaminé, prometendo calor e conforto lá dentro.
A porta foi aberta antes mesmo de eles chegarem, Amelia já os esperava com um pequeno sorriso no rosto.
“Ah, eu estava esperando vocês dois. Entrem, eu preparei um chá...”
“É chá de canela?” Liam perguntou empolgado enquanto farejava o ar.
“E outras coisas... Agora entrem e fechem a porta. Não quero que a minha casa fique gelada!” 
“Desculpe, vovó!” Kiara disse, correndo para dentro.
Amelia pegou sua mão para ajudá-la a entrar, enquanto isso Liam fechou a porta rapidamente, sentindo-se aliviado por eles terem chegado até ali sem serem vistos. No entanto, ele nem percebeu que Daniel os seguira em silêncio, dando a Amelia um pequeno aceno pela janela antes de ir embora.
A cabana cheirava a canela e alguma coisa que estava assando, os gêmeos inalaram profundamente o aroma. Então, enormes sorrisos encheram seus lábios, sua mãe era uma boa confeiteira, mas havia algo de especial nos doces da vovó Amelia.
“Então, vocês dois avisaram a seus pais que estão aqui?” Amelia perguntou, lançando um olhar para os gêmeos.
Liam apenas piscou e acenou com a cabeça, por outro lado, Kiara parecia se sentir culpada e seu pequeno coração estava disparado dentro do peito.
“Nós avisamos.” Liam disse com confiança, enquanto ajudava Kiara a tirar sua mochila e bater a neve de seu cabelo, livrando-se de qualquer floco de neve perdido. “Você não precisa se preocupar, vovó. Eu já sou um menino grande.”
Kiara sorriu e acenou com a cabeça, sabendo que seu irmão sempre a protegeria.
“Hum.” Amelia balançou a cabeça. “Meninos... são todos iguais...”
Ela deixou os gêmeos se ajeitarem, tirando as botas e os casacos, enquanto foi dar uma espiada no forno. Os biscoitos estavam quase prontos... Agora, ela procurava pelos muffins de chocolate triplo e os rolinhos de canela que havia feito mais cedo.
“Então vamos tomar um pouco de chá e eu vou aproveitar para jantar. Agora, venham me ajudar a pôr a mesa.”
Kiara riu enquanto se apressava para ajudar, Liam fez uma careta e então foi pegar os pratos. Amelia não disse nada, deixando-os escolher quais pratos levar a mesa. Era assim que as crianças aprendem a ter certa independência, embora não lhe restasse dúvidas de que aqueles dois já eram bem independentes, afinal, eles chegaram até ali sozinhos.
Dez minutos depois e Liam colocou uma música no rádio, não sem antes mexer um pouco no aparelho. O menino era inteligente, altruísta e paciente. No entanto, Amelia podia ver isso se tornar um teste para ele no futuro.
‘Ah, como a vida era imprevisível!’ Ela deu um sorriso fugaz, enquanto observava a neve cair lá fora. 
Assim que a mesa foi posta e os muffins, biscoitos e pãezinhos foram colocado no centro, junto com três fumegantes canecas de chá, todos se sentar à mesa.
“Agora, por que vocês dois não me contam, por que não avisaram seus pais que viriam para cá?” Amelia os interrogou.
Os olhos de Kiara se arregalaram quando ela lançou um rápido olhar para Liam, que imediatamente largou o biscoito. Ambos se questionavam como ela descobrira a mentira deles.
“Eu forcei Kiara a vir comigo, fui eu quem mentiu.” Ele admitiu rapidamente.
‘Ah, sempre disposto a proteger os outros... Se ao menos ele percebesse que eu podia ver a trama de mentiras, mas realmente Kiara queria vir.’ Amelia refletiu consigo mesma. Era verdade que a culpa nos olhos da menina falou mais alto do que qualquer palavra.
Ela levantou uma sobrancelha.
“Ah é? Bom, tenho certeza de que seu pai não vai ficar feliz com isso!”
“Umm...” Liam hesitou.
“Não foi culpa do Liam, ele só veio porque eu disse que queria vir aqui.” Kiara logo acrescentou, pegando a mão do irmão de maneira protetora.
“Assim está melhor, prefiro ouvir a verdade.” Amelia disse e deu um gole no chá.
“Você vai nos mandar para casa?” Kiara perguntou tristonha.
“Você não nos quer aqui, vovó?” Liam acrescentou.
Amelia riu divertindo-se.
“Não façam esse olhar de cachorrinho perdido! Vocês dois, comam os doces, eu vou colocar o jantar no forno. Depois que tal um joguinho?”
“Vovó Amy, podemos jogar com aquelas cartas?” Kiara perguntou com entusiasmo.
Amelia fez uma pausa e olhou para a criança esperançosa.
“Muito bem.” Ela concordou, apressando-se para terminar de preparar o jantar, antes de ir para o quarto e abrir uma caixa trancada, da qual ela retirou uma pilha de cartas.
“Olha, as cartas chiques da vovó.” Liam exclamou, voltando para a mesa depois de ter colocado todos os pratos para o lado.
Enquanto isso, Kiara limpava a mesa e Amelia sorriu para eles.
“Eu amo ver vocês dois trabalhando em equipe, espero que apesar dos caminhos da vida, vocês estejam sempre presentes um para o outro.” Ela comentou.
“O que você quer dizer?” Kiara perguntou. “Eu nunca vou deixar o Liam!”
“Sim, Kiara tem que ficar ao meu lado, ela é minha melhor amiga!”
“Você não disse que Damon era seu melhor amigo?” Kiara perguntou com um beicinho triste.
“Porque a Raven disse que ela é sua melhor amiga.” Liam rebateu com um leve rubor cobrindo suas bochechas. “Ela é tão mandona!”
“Então, você pode ser meu melhor amigo especial.” Kiara disse, pensando em como Raven e Liam eram especiais para ela.
“Agora sentem-se e para começarmos.” Amelia falou à medida que misturava as carta antes de colocar dez carta de cabeça para baixo sobre a mesa. “Kiara, você pode começar, escolha três cartas.”
“Adora como a vovó Amy nos fala do futuro!” Kiara exclamou animada, rapidamente ela selecionou três cartas e as entregou para a avó.
Amelia riu.
“É apenas um jogo, querida, ele não mágico de verdade.”
“Eu acho que é.” Kiara disse entusiasmada. “O que diz o meu futuro?”
Quando Amelia olhou para a primeira carta, ela teve que mascaram a expressão de espanto que ameaçava brotar em seu rosto. A carta continha a figura de uma fera de olhos vermelhos.
“O que a carta está dizendo?!” Liam perguntou curioso.
“É um lobo...” Amelia disse, mostrando a carta.
Mas, não era um lobo, ‘É um Lycan, mais exata.’ Ela pensou.
“Oh, um lobo.” Kiara falou pendendo a cabeça para o lado. “Ele é muito feio...”
Liam riu.
“É grande e assustador.”
“Hmm...” Então, Amelia virou a próxima carta. Desta vez ela não escondeu a expressão aflita. Um julgamento? Kiara teria dificuldades... “Você terá que passar por um teste.”
Então, Kiara ficou quieta, perdida em pensamentos enquanto Amelia virava a última cata. E enfim, um sorriso cruzou os lábios da mulher.
“E você vai florescer.” Ela afirmou.
“Florescer?” Kiara perguntou confusa.
“Sim.” Amelia respondeu, sem explicar a ela o que isso significava.
Ela encarou a carta e seus olhos brilharam, de fato grandes coisa esperavam por Kiara...
“Agora é a minha vez.” Liam disse, já um pouco impaciente e seus olhinhos azuis brilhavam de ansiedade.
“Claro.” Amelia assentiu e embaralhou as cartas de novo.
“Florescer...” Kiara murmurou mais uma vez antes de balançar a cabeça, sem entender o significado daquilo.
Amelia colocou outro conjunto de cartas sobre a mesa e Liam avançou rapidamente, porém parou pensativo. Ao contrário de sua irmã, que havia escolhido as três cartas de um vez, ele hesitou, refletindo com seriedade, como se a escolha fosse fazer alguma diferença. Assim, ele selecionou a primeira carta e entregou solenemente a Amelia.
“Vai logo, Liam!” Kiara fez um beicinho irritada.
“Eu quero escolher devagar.” Ele afirmou, antes de pegar as outras duas cartas e entregá-las a Amelia.
“Claro, querido. Agora vamos ver o que as cartas dizem sobre você.” Ela falou e virou a primeira carta e ela arqueou uma sobrancelha.
“Quando você amar, será um amor profundo.”
Em seguida, ela virou a segunda carta.
‘E esse mesmo amor se tornará um teste para você...’ Ela pensou, não querendo dizer isso em voz alta.
“O que é?” Kiara perguntou.
“Liam terá que enfrentar um teste.” Amelia disse depois de um momento.
“Um teste?” Liam repetiu.
“Sim.”
Por fim, Amelia revelou a última carta e a analisou profundamente. ‘De todas as cartas... é esta?’ Ela olhou para o menino diante dela, aquilo não era possível...
“O que diz aí?” Kiara perguntou em um sussurro abafado.
“Ah, eu não sei o significado dessa...” Amelia respondeu tranquilamente, prestes a devolver a carta para a pilha, mas Liam foi mais ágil a pegou, então ele examinou a figura da carta, inclinando a cabeça cheio de curiosidade.
O que isso significava?
Antes que ele passasse mais tempo examinando a carta, Amelia arrancou-a de suas mãos.
“Ok, fim de jogo! Que tal vocês dois irem para o meu quarto e começaram a arrumar os cobertores extras para Liam dormir no sofá?” Ela sugeriu as crianças. 
“Está bem!” Kiara concordou, da mesma maneira que Liam acenou com entusiasmo, passar a noite na casa da vovó Amelia significava noite de cinema na cama! E não havia horário de dormir.
Então, as duas crianças saíram correndo, Liam sempre segurando a mão de sua irmã com força enquanto ela tropeçava no meio caminho. Assim que as crianças deixaram a sala, Amelia virou a terceira carta em sua mão, olhando-a com gravidade.
Independentemente do futuro... ela tinha fé em sua família. Não importava o que aparecia no caminho, eles sempre superavam. Então, balançando a cabeça, ela embaralhou as cartas, antes de guardá-las na estante. ‘Foi apenas uma leitura boba... provavelmente não significou nada.’
Através da porta aberta do quarto, ela observou Liam.
Sim, com certeza foi uma leitura equivocada!
Com esse pensamento em mente, ela voltou para preparar o jantar. Ansiosa para passar algum tempo com aquelas duas joias especiais que riam e se divertiam no quarto.
De fato, aquela noite de inverno seria adorável...