Capítulo 71
1744palavras
2023-05-15 10:26
A noite já havia caído, mas a mansão do Alfa do Bando Desert Storm parecia em chamas com todas as luzes acesas. Eles haviam retirados todos os que estavam na pavorosa casa principal do bando, sendo que a maioria era composta por ômegas. Com isso, eles conseguiram levar os mais feridos para o hospital e aqueles com algum conhecimento médico ajudavam. Além disso, alguns médicos do bando de Rafael virem socorrer, assim como os de um bando vizinho, o qual ficou imensamente feliz ao saber que Zidane tinha morrido. No entanto, a ajuda só veio de fato após saberem o que tinha acontecido e ver quem era o novo Alfa.
Os mortos foram todos reunidos e Rafael se despediu, levando consigo seus homens e os corpos dos que morreram em combate, afinal a família de cada um esperava que retornassem. Scarlett se desculpou mais uma vez pela perda dos guerreiros, no fundo ela tinha a sensação de que não conseguiria enfrentar as companheiras daqueles que partiram.
Então, ela envolveu os braços em volta de si mesma, mesmo vestindo um suéter de lã macio, estava frio. Ela caminhou até a mesa, no jardim da mansão, onde Aaron e Elijah estavam discutindo.
“…11 do bando Silver Fang e 29 do Crimson Moon.” Elijah estava dizendo, com uma expressão séria no rosto. “Rafael perdeu 15…”
“E nós perdemos 45.” Aaron completou com um suspiro profundo. Ambos ergueram os olhos quando Scarlett se aproximou, o vento frio soprava ao redor deles, mas todos os quartos da mansão estavam ocupados, portanto, era melhor ter aquela discussão do lado de fora. Elijah a puxou para perto e lhe deu um beijo nos lábios, antes de abraçá-la com força.
“Quantos mortos no total?” Ela perguntou.
“143.” Aaron respondeu com os olhos envoltos em sombras.
“Zidane matou 93 membros de seu próprio bando antes de partir, cerca 40 estão em estado grave e podem não sobreviver, além das centenas que estão se recuperando.” Elijah acrescentou.
“Aqueles que o apoiaram, 70 deles estão nas celas, cerca de 380 foram mortos, mas não temos certeza deste número. Esses são os que o guerreiro líder disse serem os responsáveis. Além disso, temos o fato de Alejandro ter enlouquecido, um dos nossos lobos disse que a maneira como ele matou aquelas mulheres, era como se ele estivesse aproveitando cada segundo. Naquela bagunça definitivamente deveria ter uns 130 corpos.” Aaron disse fazendo Scarlett estremecer ao se lembrar do campo cheio de corpos.
“Se ele não tivesse feito aquilo, provavelmente teríamos mais baixas...” Elijah disse franzindo a testa profundamente. “Acho melhor não mencionarmos nada sobre Alejandro. Não sei o que Rafael está escondendo, mas devemos muito a ele.”
Aaron e Scarlett assentiram.
“Como Monica está?” Ela perguntou a Aaron, assim que ele começou a dobrar as listas que havia feito, com todos aqueles que morreram.
“Aliviada que acabou e que você está segura.” Ele respondeu.
“Alfa Scarlett...” Alguém disse, ser chamada de Alfa era algo que Scarlett ainda não se acostumara a ouvir, ela se virou e viu Michael, o guerreiro líder, ele tinha a patente mais alta e os havia apoiado. Agora, ele atuava como um porta-voz do restante do bando, afinal, muitos ainda estavam desconfiados de Scarlett.
A condição de Candice era crítica, aparentemente, a concentração de acônito era elevada e isso afetou os órgãos interno, no entanto, ela disse a eles que cometeu o grave erro de falar para Cade sobre o plano. Foi um erro terrível e ele não perdeu a oportunidade de contar a Zidane. Scarlett pensou em reunir todos aqueles que sabiam do ataque e usar o comando Alfa para descobrir se alguém os havia traído, mas decidiu deixar essa ideia de para lá. Afinal, eles também não sabiam como descobriram em que carro Scarlett estava.
“Michael.” Scarlett disse, se afastando de Elijah. “Está tudo bem?”
“Nós gostaríamos de saber o que você pretende fazer. Há rumores de que você é a companheira do Alfa Elijah e bom, ele também tem um bando.” Michael disse abaixando a cabeça. Naquele momento, Elijah ficou tenso, pois era algo que ele também se perguntava, embora tivesse sugerido que eles unissem os dois bandos, ele não tinha certeza do que Scarlett decidiria. Além disso, eles precisavam de retornar, os corpos já tinham sido enviados de volta, mas ele queria estar presente nos funerais.
“Primeiro, Michael, olhe nos meus olhos quando falar, pare de fazer reverências.” Scarlett falou com uma expressão solene. “Quanto ao que perguntou... vou fazer uma reunião amanhã de manhã, às 9h, reúna todos aqueles que puderem participar. Pretendo manter a ligação psíquica com os outros aberta, assim todos poderão me ouvir.”
“Obrigado, Alfa.” Ele respondeu e hesitou prestes a fazer uma reverência, lembrando-se de suas palavras e foi embora.
“Bom, acho melhor nos recolhermos também.” Aaron disse cansado. Scarlett assentiu, enquanto ela e Elijah entravam, a casa ainda lhe dava arrepios, pois cada cômodo a fazia se lembrar das coisas horríveis que Zidane havia feito. Ela parou no meio do caminho e algo lhe ocorreu, então olhou para Elijah.
“Vá para o quarto em que ficamos da última vez. Eu preciso de fazer uma coisa, vejo você em breve.” Ela disse, Elijah ficou um pouco desconfiado, então ela lhe deu um beijo carinhoso antes de se afastar. Elijah ficou observando-a até ela sumir de vista, mas não a seguiu, ao invés disso, ele subiu as escadas embora soubesse que só conseguiria relaxar quando estivesse em seus braços.
Scarlett deixou a mansão, seu coração batia forte enquanto ela olhava para a garagem isolada. Aquele lugar era assustador e lhe trazia memórias assombrosas. Então, examinou rapidamente seu em torno e caminhou em direção a garagem, esperando que seus bloqueios estivessem firmes, não queria que Elijah sentisse as emoções que ameaçavam afogá-la.
‘Respire fundo.’ Ela disse a si mesma, assim que entrou na garagem, passando pelos carros chamativos e indo para o quarto nos fundos. Scarlett conhecia a senha, já a vira inúmeras vezes... Enquanto apertava a sequência de números se perguntou se ainda era a mesa... Em seguida, a porta fez um ‘click’, ela a empurrou e uma fraca luz branca se acendeu, seu coração acelerou ao ver as condições em que o quarto estava.
O lugar estava todo coberto pela poeira, as paredes tinham marcas profundas de garras nas placas de metal e tudo estava quebrado, a única coisa intacta era a mesa manchada de sangue, a qual ficava no centro. As memórias das torturas que ela sofreu ali invadiram sua mente e ela teve que enfrentar os fantasmas de seu passado.
Ela franziu a testa ao ver papéis e várias fotos espalhadas pelo chão. Seu sangue congelou ao perceber que as imagens eram de quando ela era criança, fotos borradas tiradas do CCTV ao redor do território do bando. Ela nunca entendeu a obsessão de Zidane em querer abusá-la. Então, seu olhos pousaram na parede ao lado da porta e Scarlett engasgou, ali havia um enorme mapa da Inglaterra. Fios e cruzes vermelhas estavam espalhados por toda a parte e uma foto de sua mãe estava ali também, junto um desenho de como ela ficaria quando crescesse. Scarlett ficou perplexa em como a imagem era semelhante, embora houvesse diferenças, assim ficou óbvio que seu pai tinha se esforçado muito para encontrá-la.
Scarlett se lembrou de como Jackson, há muito tempo, tinha usado sua influência para manter as identidades de Indigo e ela em segredo, para que elas não aparecessem no sistema, quando elas foram para uma escola, a qual ele era um apoiador financeiro importante, elas conseguiram ficar sob sigilo e descrição.
Scarlett examinou, uma última vez, o lugar que lhe causara tantos pesadelos. Ela abriu uma das gavetas, pois lembrava-se de onde ele costumava guardar o isqueiro. Então, voltou para a garagem, pegou uma lata de óleo, que usou para espalhar pela sala. Scarlett não queria queimar o lugar por completo, além de querer evitar um incêndio maior, no entanto, as paredes de metal manteriam o fogo controlado. Assim que esvaziou a lata, jogou-a no chão e pegou o isqueiro que havia encontrado, acendeu-o e o atirou na direção da mesa salpicada de óleo. Ela ficou observando o lugar pegar fogo e assim que o fogo se espalhou, Scarlett deu um sorriso sombrio, mas satisfeito.
Enfim, Scarlett tinha acabado com Zidane em todos os sentidos... Ela se virou e fechou a porta, prendendo as chamas que se espelhavam lá dentro. Na verdade, ela não se importava se a garagem pegasse fogo ou não. Então, ela viu Michael e acenou para ele.
“Queimei o quarto dos fundos, mas antes tirei os carros da garagem, acho que podemos vendê-los. Não apague o fogo, apenas garanta de que permaneça contido.”
“Sim, Alfa.” Ele respondeu, Scarlett lhe deu um pequeno aceno antes de voltar para a mansão...
Elijah a observou da janela do andar de cima, sabia exatamente aonde Scarlett tinha ido, ele sentiu quando ela levantou o bloqueio em suas emoções, mas mesmo assim, ele sentiu a ansiedade se infiltrar. Enfim, a porta do quarto se abriu e ele caminhou até ela, trazendo-a para seus braços, ela passou o braço em volta da cintura dele, agarrando-o com força.
“Ele se foi, está tudo acabado.” Ele sussurrou em seu ouvido, o coração dela batia forte e ela se soltou, com a respiração trêmula e sendo invadida pelas emoções. Dor, medo, tristeza, arrependimento, alívio e culpa. Então, Elijah a levou para cama e a colocou em seu colo.
“Vai ficar tudo bem, gatinha.” Elijah disse baixinho, Scarlett olhou nos olhos dele, enroscando os braços no pescoço e ombro dele, enquanto o puxava para um beijo apaixonado. Elijah a beijou de volta com igual paixão, sua língua deslizou para a boca dela, fazendo-a gemer e o prazer percorreu seu corpo, então ela deslizou as mãos sobre o peitoral dele.
“Vermelho...” Ele murmurou.
“Eu quero você.” Ela sussurrou, virando no colo para montá-lo, Elijah olhou nos olhos dela, sabendo que ela buscava por uma distração para a dor que sentiu. Então, ele a puxou para mais perto, pela parte de trás do cabelo, beijando-a com mais intensidade. Se assim ela se sentiria melhor, então ele estava disposto a fazer o que fosse necessário.
Os beijos ficaram mais intensos e quentes, mais desesperados, as mãos percorriam o corpo um do outro, a sensação da pele e do calor dos corpos juntos ajudou a amenizar a dor que os atravessava e, acima de tudo, o alívio de estarem juntos e seguros.