O ferimento de Elijah ainda estava no início do processo de cicatrização, quando viu o braço de Scarlett ele ficou impressionado, pois o ferimento havia desaparecido, só restando o sangue.
“Uau...” Ele disse perplexo. Elijah sabia que ela se curava rápido, mas isso... Não é a toa que ela dito, na primeira vez que ele lambeu sua ferida, que ela se curaria sozinha, a ferida era profunda, mas ele não tinha refletido muito sobre suas palavras.
Jessica engasgou de horror e agarrou os ombros de Scarlett, olhando-a nos olhos, neste instante um pensamento repulsivo cruzou sua mente.
“Há quanto tempo você se cura tão rápido?” Ela sussurrou. Scarlett fixou os olhos da sua mãe, pois essa não era uma verdade para a qual ela se sentia pronta para compartilhar... “Quando eu...” Scarlett começou a responder.
“Desde criança.” Elijah completou, agora ele também encarava Jessica, que cambaleou para trás em meio a soluços. Scarlett olhou para Elijah, que apenas balançou a cabeça. “Ela precisava saber... Você não pode continuar lutando contra tudo isso sozinha.” Ele acrescentou baixinho, essas palavras tocaram em algum lugar profundo de Scarlett e ela franziu a testa.
“Eu estou sozinha. Eu ‘estava’ sozinha e sempre estive.” Scarlett respondeu friamente. Ela conseguiu machucar a si mesma e a Elijah com essas palavras, ela vislumbrou a dor nos olhos azuis, mas quem mais ficou perturbada foi Jessica.
Amelia acompanhou a mulher para o canto mais distante da sala, as peças do quebra-cabeça começavam a se encaixar. Agora, Scarlett observava todos os rostos chocados demais para falarem qualquer coisa, então, um burburinho de cochichos preencheu o salão.
“Vocês não vão encontrar nenhuma ferida em mim, porque eu me curo rápido. É verdade que Hank me jogou de um lado para o outro como se eu fosse uma boneca, mas nenhum hematoma ficou tempo o suficiente no meu corpo para que fosse usado como prova. Se o relatório médico e os relatos de cinco anos atrás não foram o suficiente, então acho que isso aqui põe um ponto final na questão...” Scarlett disse com calma. A sala ficou em silêncio, ela olhou ao redor e viu a tristeza, decepção e culpa no rosto dos homens e um olhar orgulho em Elijah. Algo no olhar dele fez seu estômago revirar.
“Então, temos que admitir... Hank Williamson foi morto em legítima defesa, na tentativa de cometer um crime. Ele não receberá um funeral adequado, você pode fazer o que quiser com o seu corpo imundo.” Elijah disse encarando o pai de Hank. Por sua vez, Jackson deu um breve aceno com a cabeça.
“Pelo menos vamos lhe dar um enterro digno.” Fiona falou, seus olhos castanhos não escondiam a tristeza. Então, ela olhou para Scarlett se aproximando. “Por favor, Scarlett?”
Scarlett franziu a testa, com uma expressão fria, então desviou o olhar. Fiona procurou com seus solhos de corça o apoio de Elijah, mas Scarlett balançou a cabeça prestes a ir embora. A reunião já tinha terminado, portanto, não havia mais motivo para ela estar ali, no entanto, antes que ela pudesse dar dois passos, Elijah a agarrou pelo pulso.
“Você prometeu que nós íamos conversar.” Ele disse em um tom ameno. Fiona estava prestes a tocá-lo, mas ele rosnou para ela. “Afaste-se Fiona! Ele não terá permissão para um enterro digno, já está decido. Agora, aprenda qual é o seu lugar ou não vou me importar em te expulsar do bando!” Sem dizer mais nada, ele levou Scarlett para fora do salão, deixando Fiona devastada.
“Elijah!” Scarlett falou querendo que ele parasse por um instante, então ele se virou e a carregou no colo, fazendo o coração dela disparar e, subiu as escadas. “Aonde você está me levando?!”
“Para o meu escritório querida.” Ele disse, seus olhos brilhava. Ela franziu o cenho.
“Não tente me controlar...”
O sorriso de Elijah logo desapareceu, ele a colocou no chão, pois não queria que isso pudesse desencadear memórias ruins. Scarlett escondeu seu próprio sorriso, de fato ele era gentil... mas não o suficiente. Lá embaixo, ele dispensou Fiona, mas assim que Scarlett não estivesse por perto, ela estaria grudada em Elijah... Então, ele entrou no escritório, segurando-a com delicadeza. Então, fechou a porta e a trancou, quando ele foi se aproximar dela, Scarlett caminhou em direção a janela.
“Sobre o que você queria conversar?” Ela perguntou indo direto ao ponto.
“Algumas coisas... Você pode, por favor, ao menos olhar para mim?” Ele perguntou se indo em direção a ela. O coração de Scarlett disparou no mesmo instante, ao perceber que ele estava bem atrás dela. O calor de seu corpo contra ela, então, suspirou e se virou cruzando os braços sobre o peito. Ele a conduziu até a escrivaninha e se sentou, em seguida, ele a colocou sobre a mesa na sua frente. Elijah a contemplou, com as mãos apoiadas em suas coxas.
“Bom, então diga logo.” Ela disse, olhando naqueles olhos que tanto amava.
“Eu deveria estar ao seu lado e não há desculpas para minha ausência. Eu falhei com você...” Elijah começou a falar, vendo a dor que se instalou nos olhos dela. Então, pegou as mãos de Scarlett, sem se importar com o sangue em sua mão. Ele as beijou suavemente. “Eu sei que você pensar que está sozinha e quando precisava de alguém, não havia ninguém ao seu lado. Seja com seu pai... Hank... você é a única que sofreu, enquanto tudo que eu fiz... foi fazer promessas vazias... promessas que eu realmente quero cumprir, mas não pude...”
Ele olhou para baixo e Scarlett sentiu uma dor aguda no coração. Ela podia ver que as mãos do Alfa tremiam de leve, naquele momento, ela desejava poder puxá-lo para seu peito e passar os dedos por seus cabelos castanhos. Dizer que estava tudo bem. Por que ele sempre conseguia desarmar sua determinação? Porém, ela não se moveu em direção a ele, apesar da dor esmagadora em seu coração, ela queria dizer que ele não tinha culpa.
“Você não queria me decepcionar... eu só...” Ela suspirou encarando a janela. “Eu pensei que ele conseguiria o que queria... eu realmente pensei que você viria... então, percebi que só tinha a mim mesa... Apenas garotas como Fiona conseguem seu cavaleiro do cavalo branco...” Ela hesitou, com os olhos ardendo. Ela engoliu em seco, tentando conter as lágrimas, por sorte, seu cabelo escondia parte de seu rosto, pois ela não queria olhar para Elijah. Essas palavras cortaram o coração ele, a culpa e o arrependimento queimavam sua alma. Ele se levantou e a puxou contra seu peito.
“Sinto muito... sinto muito, Vermelho, peço desculpa... eu deveria estar lá por você, com você. Por favor, me dê uma última chance para provar...” Ele sussurrou, com a voz embargada pela emoção. Ele se afastou para trás, segurando seu rosto, suas próprias emoções havia causado um estrago dentro dele, ao ver as lágrimas nos olhos dela. “Eu amo você e somente você... gostaria de nunca tê-la confortado, apenas cumpri meu dever como seu Alfa. Você é a única para mim, gatinha... Por favor...” Seus polegares ásperos acariciaram suas bochechas. Em seguida, colocou um beijo terno em sua testa. “A deusa te fez forte, porque você uma lutadora e tanto...”
Scarlett não conseguia mais segurar as lágrimas, ela fechou os olhos, deixando-as escorrer pelo rosto. “Eu sempre sou aquela que tem de se defender sozinha.” Ela sussurrou. “Não posso fazer isso, não posso confiar em alguém que pode não estar presente quando eu preciso.”
Scarlett sabia que Elijah a salvara de seu pai e que também levou um tiro no seu lugar... Seu peito se contorcia de dor com aquelas palavras, pois ele quebrara sua confiança tantas vezes, que ela tinha medo de acreditar nele. Ele caiu de joelhos, a cabeça na mesma altura do seu busto e a olhava debaixo para cima, puxando-a para encostar sua testa na dela.
“Então, e se eu precisar de você... para continuar vivendo neste mundo? Sem você não há motivo para viver, eu preciso de você gatinha, mais do que tudo...” Elijah disse, seus olhos lacrimejavam. Naquele momento, toda a determinação de Scarlett se dissipou e um soluço escapou. Por que eles estavam tão perdidos, tão perto, mas ao mesmo tempo tão distantes?
Elijah enterrou a cabeça na barriga de Scarlett, que afastou as pernas, permitindo que ele a puxasse para mais perto. Ela fechou os olhos e outro soluço escapou de seus lábios, enquanto ela o envolvia em seus braços, chorando contra seu cabelo.
Esse amor... Isso a assustava, mas ao mesmo tempo ela nunca tinha sentido tantas emoções como quando estava com ele. Nunca estivera tão feliz, contente e completa. Como ela podia abaixar sua guarda, quando ele mesmo já tinha feito isso e construído seu próprio caminho, apesar do tanto que ela tentasse mantê-lo longe.
Os dois amantes permaneceram ali, abraçados. O sol que entrava pela janela aqueceu os corpos. Duas almas tão diferente, como o sol e a lua. No entanto, ambos se encaixavam como duas metades de um todo. O vínculo entre eles era extremamente forte, de maneira que nenhum dos dois sentia necessidade de ter o vínculo de companheiro.
Suas mãos nunca a soltaram, massageando e acariciando as costas dela de maneira reconfortante. Ela poderia não ter visto, mas ele esteve lá por ela muito mais do que ela mesma imaginava, em pequenas coisas que ele nunca teria feito por ninguém. De um homem que não acreditava no amor, ela destruiu o todos esses pensamentos e o tornou um crente no amor. Ele a fez enfrentar seus demônios interiores. No fim, ela precisava dele tanto quanto ele precisava dela, só assim ela se sentia verdadeiramente completa.
Somente quando Scarlett parou de chorar, Elijah parou de afagar suas costas e se afastou, olhando-a em seus lindos olhos verdes, enxugando suas lágrimas.
“Sobre o que mais você queria falar?” Ela perguntou baixinho, ele não sabia em que pé estavam, mas confiaria no amor entre eles e apenas seguiria em frente. Elijah sabia que ela se importava, mesmo não tendo dito que o amava...
“A respeito de você voltar a fazer parte do bando, já faz muito tempo, Scarlett. Se você tivesse a ligação psíquica... as coisas poderiam ter sido diferentes.” Ele sussurrou. Scarlett desviou o olhar, pois sabia que isso era verdade, mas seu olhar ardia com determinação.
“Sinto muito, mas não vou me juntar a este bando de novo…”