Capítulo 45
1587palavras
2023-05-01 00:02
“Scarlett, você está bem?!” Jackson perguntou aflito, logo depois, Jessica veio correndo e puxou Scarlett para seus braços, assim que o Beta a colocou no chão. O abraço aumentou a queimação da pele extremamente sensível.
“Eu só quero ir para o meu quarto, posso pegar um pouco de gelo?” Ela sussurrou para sua mãe. Jessica a observou, o pânico tinha lhe tomado, ao mesmo tempo em que procurava por ferimentos em Scarlett. Amelia saiu apressada da casa, preocupada, além de parecer ter envelhecido dez anos na última meia hora e arrependida por não ter contado logo a Elijah onde Scarlett estava. Se ela tivesse contado, tudo isso poderia ter sido evitado.
“Claro! Indigo, Jackson, peguem gelo.” Jessica instruiu enquanto ela e Amelia carregavam Scarlett para dentro.
Quando ela já estava acomodada na banheira com muito gelo, as três fêmeas a cercaram. Jessica foi consumida pela culpa, tudo aquilo era culpa do pai de Scarlett. Como ela odiava aquele homem... mas Jessica ficou confusa com o que Nick contou a eles. Algo de ruim havia acontecido na caverna... Mas, por que Scarlett não tinha nenhum arranhão? Scarlett fez algo de ruim sem ter um motivo, bom ela era bastante temperamental...
“Eu nunca deveria ter a deixado.” Amelia falou carinhosamente acariciando seus cabelos. Scarlett se encolheu com o toque, seu corpo inteiro doía, embora estivesse entorpecido ainda conseguia sentir a dor agonizante. Porém, ela não tinha mais energias para gritas e ficou imóvel.
“Não é sua culpa, eu que sou azarada, vovó... Vocês poderiam ir embora...? Eu quero ficar sozinha...”
“Não diga isso criança, ao menos me deixe ficar...” Amelia franziu os lábios.
“Ou eu.” Indigo falou baixinho, sentindo-se muito chateada quando viu a irmã naquele estado. Foi quando uma memória bastante nebulosa, de há muito tempo, cruzou sua mente, mas ela não conseguiu entender o que significava.
“Eu disse para saírem, apenas me tragam gelo de hora em hora...” Scarlett sussurrou, um gemido fraco escapou por entre seus lábios após outra onde de espasmos, deixando as mulheres aflitas e querendo ajudá-la, mas não tinha nada que podia ser feito. Então, alguém bateu na porta do banheiro, era Jackson, ele não entrou, porém parado no batente da porta dava para ver como ele estava chateado.
“Scarlett, eu sei que talvez isso não seja o que um pai deveria dizer nessas horas, mas e quanto ao garoto pelo qual está apaixonada, tenho certeza de que se você ligar para ele, ele vai... você sabe...” Jackson ficou vermelho com as próprias palavras e Amelia lhe encarou incrédula. Ela sabia que Scarlett não precisava de nenhum outro questionamento.
“E se esse garoto não estiver apaixonado por ela? Gostaria que ela usasse o cio para seduzi-lo? Você é realmente estúpido! Como se tornou o Alfa? Agora saia daqui!” Amelia ralhou, fazendo Jackson recuar, sua tia realmente era uma mulher implacável. Ela olhou de volta para Scarlett, que nem reagiu, a dor contorcia o rosto dela, mas mesmo assim seus olhos estava vazios.
“Onde está Elijah?” Indigo perguntou, aumentando a dor de cabeça de Scarlett.
“Ele está com os outros investigando este assunto. É melhor que ele fique longe de casa, de qualquer maneira... Afinal, eles não são irmãos de verdade, o cio dela pode... afetá-lo.” Jackson disse, neste momento Scarlett riu com sarcasmo. Então, agora eles não eram mais irmãos? Quando se tratava das leis da natureza esta era a resposta... mas ela não se importava, não mais. Ela estava farta.
“Vocês não poderiam simplesmente me deixar em paz?” Ela disse com um tom frio. Assim, Jessica lhe deu um beijo gentil em sua testa, antes de se levantar e lutando para não cair no choro. Era Scarlett quem estava sofrendo, ela não tinha nenhum direito de chorar.
“Se precisar de alguma coisa é só gritar, vamos deixar a porta do quarto aberta.” Ela disse, mas Scarlett não respondeu, querendo que eles fossem embora para não precisar mais se controlar. Ela mordeu o lábio com fora tentando conter a dor, querendo que tudo isso passasse... que todos a deixassem em paz para sempre...
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Então, todos seguiram para o corredor e deixaram a porta do quarto aberta.
“Por ser a marcar de um Alfa... vai ser bem pior...” Amelia disse sem se alterar. 
“Eu odeio ele, não consigo acreditar que ele fez isso com a própria filha. Quem é capaz de uma coisa dessas?” Jessica cuspiu, Jackson a abraçou, triste por sua família estar se desfazendo. Amelia suspirou.
“Um monstro, é claro.” Ela disse tomando a dianteira e descendo as escadas. “Vou fazer um chá, acho que ninguém vai conseguir dormir esta noite.”
Já Indigo a seguiu se arrastando. Ela sabia que seu pai biológico tinha marcado Scarlett, porém havia algo mais que a incomodava.
“Você está bem Indy?” Jackson perguntou preocupado, enquanto ajuda Jessica a se sentar na cadeira. 
“Eu não sei... sinto como se houvesse algo que eu não consigo me lembrar...” Ela falou colocando a cabeça entre as mãos.
“É melhor não lembrar, provavelmente são memórias horríveis do seu pai.” Jessica disse afagando seus cabelos escuros. Indigo franziu a testa, mas será que esquecer ou tentar esquecer tornaria as coisas mais fáceis?
Das duas filhas, Scarlett se assemelhava com Zidane, já Indigo tinha mais traços em comum com Jessica. Scarlett também herdara a teimosia de seu pai e sua mãe sempre soube que ela era forte, no entanto, agora se questionava se não exigira demais de Scarlett. Ela parecia... quebrada e vazia.
“O que aconteceu exatamente, Jackson?” Amelia perguntou, trazendo uma bandeja de chá quente para a mesa. Jackson hesitou e lançou um olhar para a filha caçula.
“Indigo…”
“Eu não sou mais criança, por favor, pare de me tratar como uma.” Ela falou entre dentes, no fundo, ela queria que Elijah estivesse ali. O que tinha acontecido? Por que ele não estava com Scarlett? Será que era mentira, quando ele disse se importar com ela? “Quer saber, eu vou dar uma volta... Podem continuar.”
Seus pais assentiram, sem questionar quando ela pegou sua caneca e saiu da cozinha. Jackson contou às duas mulheres as informações que tinham reunido até o momento, Hank tentou assediar Scarlett e ela o matou. Se ele tinha conseguido ou não, só Scarlett ou um exame médio poderiam dizer. Ele omitiu a maneira como ela o matou, mas logo a notícia de sua morte se espalharia...
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Elijah continuava correndo, sem saber há quanto tempo ele estava ali, odiando cada centímetro de si mesmo por não estar lá para Scarlett. Ele só conseguiu controlar seu lobo quando desacelerou ofegante. A terra sob seus pés estava seca e o ar quente, no entanto ele se sentia sufocado.
Elijah caminhou até o riacho que ficava nas proximidades, bebeu um pouco de água, mas logo percebeu que mais uma vez quebrara sua promessa. Ele havia prometido a si mesmo que não iria deixá-la... então, rapidamente ele voltou para casa, já tinha perdido muito tempo.
Ele manteve a ligação psíquica aberta, portanto, Aaron pôde mantê-lo atualizado, apesar do sofrimento, ele deixou claro que queria lidar com a situação, não seu pai. Quando estava chegando na beirada da floresta, avistou Indigo subindo a pequena colina.
Ele parou, rosnando para que ela parasse aonde estava. Por ainda não ter sua loba, ela não podia se conectar mentalmente, mas compreendeu que ele ordenou que parasse. Ele trotou para trás de uma árvore, não muito distante, transformando-se de volta. Ele procurou sua muda de roupas, que estava na árvore, então vestiu uma calça. Por outro lado, Indigo não escondia sua raiva.
“Como você pôde deixá-la sozinha?!” Ela disse chorando e batendo no peito dele. “Alguma coisa ruim aconteceu com ela, e você deveria estar lá para protegê-la!”
Elijah não disse nada, embora cada palavra fosse uma verdade amarga, a qual ele não podia evitar.
“Eu sei...” Ele disse em um tom brando. Indigo parou de bater no peito dele, ao ouvir como a voz dele estava destruída, de repente ela recuou, percebendo que o ferira. “Eu estou indo até ela agora... eu sei que estou atrasado... e provavelmente ela não quer me ver... mas eu preciso ir.”
Indigo assentiu e os dois caminharam em silêncio em direção à mansão do Alfa mais uma vez. Eles entraram quando as vozes na cozinha cessaram.
“Elijah... você não deveria estar aqui.” Jackson disse, saindo da cozinha tenso. Elijah olhou para ele e o cheiro intoxicante de Scarlett, embora fraco, estava mexendo com seu lobo. Ele podia sentir o aroma e desejava ir até ela.
“Eu consigo me controlar.” Ele disse calmamente. “Eu preciso vê-la.”
“Eu não acho que isso seja uma boa ideia.” Jackson rebateu, com a voz firme de um Alfa. Elijah não respondeu, apenas passou por seu pai, mas Jackson soltou um rosnado e agarrou seu braço. “Elijah, estou te avidando.”
“E eu estou te avisando.” Elijah rosnou de volta, seus olhos brilhavam perigosamente. As duas mulheres saíram da cozinha e viram a tensão entre os dois Alfas.
“Ela está no cio, não precisa que você vá perturbá-la Elijah! Ela já passou por bastante coisa esta noite!” Jackson rosnou, sua paciência estava no limite com a teimosia do filho.
“Eu sei! Eu que ela passou por muita coisa... E que está no cio...” Elijah baixinho, a arrogância e a raiva sumiram de sua voz quando ele olhou para o pai. Assim, a dor e o conflito eram claros como o dia e, pela primeira vez na vida, o jovem Alfa deixou seu orgulho de lado. “Ela precisa de mim, pai, por favor, deixe-me vê-la.”