Capítulo 29
1962palavras
2023-04-15 00:02
“Por mais que você queira me matar agora... Você deveria das uma olhada nela.” Rafael disse e Elijah logo se virou para olhar Scarlett, pois pensava que o amigo estava tentando distraí-lo, até ver o rosto dela. Seu estômago revirou ao ver como ela estava pálida.
“Dr*ga, Vermelho! Você está bem?” Ele murmurou segurando seu rosto, ela piscou um pouco atordoada e sua cabeça estava mil, com um único pensamento.
“Não... Como... eu não entendo.” Ela balbuciava, tentando compreender como a marca de Zidane cortou seu laço com o bando tão facilmente, por mais que fosse se formar um vínculo entre eles, mas...
“Ele é um Alfa. Quando um Alfa marca alguém, os laços com o outro bando são rompidos, é o que geralmente acontece... Não se preocupe, vamos voltar para casa e papai vai poder reconectá-la ao nosso bando.” Ele falou, tendo mudado o rumo de sua frase no meio do caminho e então afagou os cabelos sedosos de Scarlett.
“Eu vou buscar umas bebidas quentes...” Rafael disse ao sair rapidamente do quarto. Scarlett fechou os olhos, apoiando a cabeça nas mãos.
“Eu estraguei tudo, fiz tudo errado.” Ela sussurrava. “O que a mamãe vai dizer quando descobrir...”
“O lado bom é que ele quebrou o vínculo com Jessica... eu sei que foi da pior maneira possível, mas quando o seu companheiro te marcar, a sua marca também irá desaparecer.” Elijah disse, sentindo o amargor das próprias palavras. Ela olhou para ele, sem esconder a mágoa que carregava nos olhos.
“Você está me confundindo, Elijah... se meu companheiro me marcar, isso significa que... nós vamos terminar. Nada vai poder remover a marca do meu pescoço...” Ela sussurrou, ainda confusa com as palavras dele. Pois, o que ele tinha acabado de dizer contradizia todas as promessas anteriores, então ela prosseguiu: “Eu pensei que você tinha dito que nunca iria me deixar. Ou isso foi apenas no calor do momento?”
Elijah sentiu uma pontada de dor ao ver a raiva e o ódio fulgurando nos olhos dela.
“Não, aquilo foi de verdade, mas talvez... talvez nós sejamos companheiros.” Ele disse esperançoso, ela o encarou afastando a mão dele.
“Pare com esses joguinhos estúpidos, Elijah. Não torne as coisas mais complicadas do que já estão. Há um segundo você estava falando sério sobre nós dois, depois você fala que o meu companheiro precisa me marcar. Eu estou cansada disso, por favor Elijah, vá, eu quero dormir.” Scarlett falou deixando claro que não tinha energia para discutir. A dor de atravessava seu peito como uma lança só se agravou e ela não conseguia lidar com essa conversa inútil.
“Eu não vou deixá-la, Vermelho, nós vamos pensar em alguma solução. Apenas pare de tentar me afastar.” Ele disse, com um brilho perigoso nos olhos, mas ela não lhe respondeu.
“Está bem.” Scarlett disse, deitando-se no travesseiro de costas para ele. Elijah soltou um leve suspiro, então cobriu seu corpo curvilíneo com o lençol. Então, ele deu um beijo terno em seu pescoço, sem se importar com o calor que irradiava da marca horrenda.
“Não...” Ela murmurou, enquanto seus olhos ardiam por causa das lágrimas. O toque dos lábios de Elijah enviou uma onda sutil, embora fria, através de seu corpo.
“Isso doí?” Ele perguntou gentilmente e acariciando o braço de Scarlett, que fechou os olhos.
“Não... Na verdade, é reconfortante... mas não faça isso.” Ela murmurou, com a sensação de nojo, pois sabia que irradiava um calor estranho. “É horrível só de olhar, imagina tocar nessa coisa.”
“Desde que não esteja te machucando, eu não vou parar.” Elijah falou com convicção, deitando-se ao lado dela, Scarlett não respondeu, mas não conseguia parar de pensar em como alguém arrogante como Elijah havia se transformado em uma pessoa tão carinhosa e amorosa. Alguém por quem ela estava se apaixonando profundamente. A própria ideia de amor fazia seu coração bater mais forte em seus ouvidos. Ela sabia que essa era a verdade, mas aceitá-la era diferente.
Ela manteve os olhos fechados, mesmo quando ele deslizou gentilmente um braço sob sua cabeça, enquanto o outro envolvia sua cintura e a mantinha próxima a ele. Elijah depositava beijos suaves e reconfortantes sobre a marca.
Scarlett sentiu lágrimas caírem no travesseiro, o toque dele era tão terno e amoroso. Ela tinha medo de perdê-lo, embora achasse que não o merecia. A deusa da lua a odiava, era impossível que ela fosse abençoada com um companheiro tão incrível... Portanto, ela não queria criar falsas esperanças, em seu interior ela sentiu sua loba se entristecer diante tal perspectiva.
Os lábios de Elijah nunca a deixaram, a dor latejante diminuiu com as carícias ternas, o que a ajudou a cair em um sono tranquilo. Ele lhe deu um último beijo em seu pescoço, no momento que escutou uma batida na porta.
“Entre.” Ele disse calmamente. A porta foi aberta e Rafael entrou trazendo uma bandeja que exalava o aroma do que seria chocolate quente.
“Ela está dormindo?” Ele perguntou.
“Sim...” Elijah respondeu, ajeitando-se para que ficasse ligeiramente encostado na cabeceira da cama.
“Olha, eu sei que muita coisa aconteceu e não estou aqui para julgá-lo, só quero dizer que estou aqui, sempre que precisar.” Rafael falou ao se sentar em umas das cadeiras e entregando a Elijah uma das canecas, depois de pegar uma para si. Então, Elijah soltou um suspiro.
“Obrigado, devo muito a você. Eu preciso ir embora, mas será ótimo se pudermos assinar o tratado de paz antes de eu partir.” Rafael sorriu ao ouvir essas palavras.
“Claro, a papelada já está pronta. Você vai contar ao seu pai sobre a história da marca?”
“Sim, pois a marca da minha madrasta desapareceu...” Ele disse um pouco ressentido, embora soubesse que Jessica não tinha culpa. Rafael apenas assentiu.
“Acho que vocês dois são companheiros, independentemente do que aquele pai pert*rbado dela fez, vocês vão sobreviver. Eu te conheço há anos e você nunca tratou uma garota tão bem como você a trata, você só mostra o seu charme para conseguir tirar as calças de uma mulher...” Ele disse olhando para Elijah, com um sorriso malicioso.
Ele continuou, “A menos, é claro, que ela seja apenas uma parceira casual, por acaso você está com outras também?”
Elijah emitiu um rosnado baixo e a cor de seus olhos se alterou para o tom de cobalto escuro. “Ela não é a p*rra de uma parceira casual.”
“O que eu quis dizer...” Rafael disse se levantando, bebendo o resto da bebida quente. “Faltam menos de 2 meses para a lua de sangue, tenho certeza que haverá boas notícias para vocês dois.”
Elijah tinha esperanças de que isso fosse verdade, pela primeira vez ele rezava por uma companheira, para que Scarlett fosse sua companheira, não porque ele a deixaria, mas porque queria remover aquela marca dela. Para reivindicá-la como sua... “E você, já encontrou sua companheira?”
“Oh, sim...” Rafael confirmou, coçando a nuca timidamente.
“Sério? Então, por que você não está marcado? Não me diga que ela não quer esse seu traseiro?”
“Na verdade, ela quer. Ela é sexy pra caramba, a mulher mais linda que já vi... mas a família dela tem certas visões religiosas, nós precisamos nos casar antes de podermos acasalar.” Ele resmungou, isso fez um sorriso arrogante despontar no rosto de Elijah.
“Parece que seus futuros sogros já o colocaram sobre controle.” Ele disse com arrogância, Rafael apenas soltou um suspiro em concordância.
“Sim, mas vale a pena, se isso significa que vou poder ter a minha princesa.” Rafael disse em tom sonhador.
“Como ela é?” Elijah perguntou, imaginando quem teria conquistado seu amigo italiano.
“Ela tem olhos grandes e cinzentos, lábios carnudo deliciosos, cabelos pretos e espessos... Mas, de qualquer maneira, estou apenas supondo, ela usa um véu, mas ela é linda...” Ele disse, fazendo o sorriso de Elijah crescer.
“Então, basicamente, você não viu muita coisa, caramba. Você vai ter esperar para conhecê-la, hein?” Ele brincou.
“Eu não me importo ter que esperar, ela vai valer a pena.” Rafael rebateu, embora ele quisesse poder acasalar e marcá-la naquele instante. “Bom, descanse um pouco, até amanhã de manhã.”
“Até amanhã, obrigado pela bebida. Se você falhar como um Alfa e decidir passar o título para Alejandro, pelo menos você se trabalhar como barista.”
Rafael o encarou com uma expressão séria. “Acredite, Alejandro adoraria isso.” Ele disse se referindo ao irmão de 15 anos, que era bastante temperamental. Ele saiu do quarto e Elijah se acomodou na cama, dando alguns beijos no pescoço de Scarlett. Então, com um suspiro, ele fechou os olhos, pensando que o dia seguinte seria longo...
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No dia seguinte, Scarlett amanheceu um pouco mais quieta do que o costume, ela havia escapado dos braços de Elijah antes que ele acordasse. Durante o café da manhã, Elijah e Rafael conversaram sobre o tratado a ser assinado.
Enfim, Scarlett e Elijah estavam prontos para voltar para casa. Algo pelo qual ambos não ansiavam, mas por motivos diferentes.
Scarlett estava usando um vestido cinza estilo Jersey, que caía até o meio da coxa, além disso ela estava com botas pretas de salto alto e um xale vermelho envolta do pescoço. Ela precisava manter a marca escondida até eles darem a notícia aos seus pais.
Rafael os acompanhou até a entrada da casa do bando, assim que seu irmão se aproximou com as chaves do carro de Elijah. Ele era alto, tinha quase um metro e oitenta de altura, era muito mais magro que o irmão. Ao contrário de Rafael que tinha um olhar caloroso, seus olhos eram frios e escuros. O cabelo dele estava penteado para trás, mostrando suas orelhas furadas. Além disso, ele usava uma combinação de vários colares e estava repleto de tatuagens ao longo do pescoço e dos braços, ao menos era o que Elijah e Scarlett conseguiam ver. O pescoço foi o que mais chamou a atenção deles, pois os lobisomens deixavam o lugar em que o companheiro os marcaria vazio.
“Já terminou de me examinar? Os tanques estão cheios.” Ele disse, sua voz grave soou áspera quando jogou as chaves para Elijah.
“Então, esse é o pequeno diabinho.” Disse Elijah olhando para o menino, fazendo Alejandro arquear uma de suas sobrancelhas espessas.
“Mesmo os demônios são anjos quando comparados a mim.” Ele disse, dando a ambos um olhar frio e depois saiu, mas não sem antes fitar o irmão.
Scarlett observou o menino se afastando, ele parou como se sentisse que ela o observava, então virou a cabeça com agilidade. Uma mecha do cabelo preto caiu nos olhos dele, os quais eram contornados por cílios grossos, mas mesmo assim, isso não os tornava menos perigosos. Ele lanço um olhar frio, o que fez o coração dela disparar. Por segundo, ela pensou ter visto seus olhos mudarem de cor, mas isso não era possível, afinal ele tinha apenas 15 anos, ainda não tinha o seu lobo. Então, Scarlett sacudiu a cabeça, pensando que deveria ter sido apenas um truque de luz. Ao olhar para trás, o menino já tinha sumido.
“Não ligue para ele, espero que seja apenas uma fase...” Rafael disse tirando-a de seus pensamentos. Scarlett soltou um suspiro.
“Eu tenho pena da companheira dele...” Ela disse, Rafael riu com o comentário.
“Tenho certeza que ela vai saber lidar com ele, afinal, companheiros são feitos para nos completar, certo?” Ele falou casualmente.
“Concordo…” Ela reiterou. Porém, falar sobre os companheiros estava se tornando um fardo para ela, pois tinha medo de encontrar o seu. As palavras de Elijah na noite passada ecoaram em sua mente, e se eles fossem companheiros? No entanto, ela duvidava que isso pudesse ser verdade.
Eles se despediram de Rafael, agradecendo por tudo antes de partirem do Bando Black Storm e voltarem para casa, prontos para enfrentarem o que estava por vir...
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